Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 24
Vinte e Quatro




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Shunrei não podia acreditar no que estava acontecendo.

Um leve tremor percorreu seu corpo quando Shiryu pousou a mão em sua cintura, e um arrepiou se instalou em sua espinha quando ele a beijou.

Havia sido um ato totalmente inesperado. O que não significa que ela não quisesse, pois certamente ansiava por isso, mas estavam falando sobre trabalho e, de repente, um beijo.

Um breve pressionar de lábios, quase inocente. E quando ele se afastou, parecia tão surpreso quanto ela. Shunrei podia ver confusão em seus olhos e isso a fez recear. Não queria que ele se arrependesse.

Estava gostando muito dele e desejava que fosse recíproco.

Não sabia ainda como ele se sentia, mas um novo arrepio se espalhou pelo seu corpo assim que ele inclinou-se para mais um beijo, que foi prontamente correspondido.

Desta vez, Shiryu sabia exatamente o que queria, por isso o beijo era seguro, confiante, e deixou Shunrei totalmente rendida.

Shiryu deslizou a mão pela cintura da jovem, travando-a em um abraço, enquanto a outra mão se perdeu nos fios de cabelo da nuca dela, aprofundando o beijo.

Quando suas línguas se tocaram, Shunrei não pode evitar que um suspiro de puro deleite escapasse.

As delicadas mãos de Shunrei se agarraram a camisa daquele homem que tinha entrado de maneira tão abrupta em sua vida, mas que escolheu ficar. E de quem ela não gostaria de abrir mão nunca.

Shiryu estava totalmente entregue, sem preocupações ou reservas. Aquele beijo transbordava todos os sentimentos que vinha sentindo e era a coisa mais incrível do mundo.

E a vontade não cessava...

— Shiryu, você não acredita n... – Seiya invadiu a sala dele, como sempre, fazendo-os interromper bruscamente o beijo. Assim que irmão mais novo percebeu o que tinha feito, arrependeu-se – Ahh... Uau!

"Parabéns Seiya" — Ele mesmo se censurou, mentalmente.

Shiryu limpou a garganta, desfazendo lentamente o abraço em Shunrei, que se escondia em seu peito, com vergonha.

— Seiya...

— Não, não... Não! Tudo bem, por favor, continuem... Não estou mais aqui... – Deu três passos rápidos para trás, acertando as costas na porta, que havia largado aberta – Alias, nunca estive.

— Seiya... – Repetiu inutilmente, pois o mesmo já tinha batido a porta, saindo. Suspirou longamente – Às vezes me pergunto por que não disse pra minha mãe que queria um cachorro, ao invés de um irmãozinho.

O comentário fez Shunrei sorrir tanto que Shiryu não se conteve, sorrindo também. Estavam felizes, ponto.

Depois dos risos, Shunrei o olhou com tanta ternura que não pensou duas vezes em retomar de onde foram interrompidos.

***

— Está sentada? – Seiya mal esperou chegar à sala para ligar para sua cúmplice.

— Estou, por quê? – Respondeu a jovem de cabelos arroxeados.

— Advinha quem eu flagrei aos amassos, agorinha? – Finalmente sentou-se em sua cadeira, girando-a, feliz. Parecia um menino que tinha acabado de ganhar um doce. Depois de um breve momento de silencio, Seiya sorriu da entonação que Saori usou.

— Nãaaaao! Não pode ser! – Falou animada – Não me diga que foi Shunrei... E... – Esperou que Seiya completasse.

— Na verdade, você me pediu para não dizer, então...

— Seiya!! Para com isso e desembucha! – Foi imperativa, apesar de já estar sorrindo. Então Seiya apenas sorriu, para provocá-la um pouco mais – Seiya é serio?

— Seriíssimo, minha querida. Eu tenho o péssimo habito de entrar na sala do Shiryu sem bater e acabei atrapalhando os dois. Espero que isso não seja um problema.

— Ah, para o seu bem, é bom que não seja mesmo! – Advertiu, mas logo seu tom descontraído voltou – Mas, aconteceu!  Você não imagina como eu estou feliz – Saori sorria alegremente pela certeza do plano ter dado certo! – Shiryu é um rapaz que não se encontra fácil... Eles se gostam, não há dúvidas, agora que se assumiram é só deixar rolar. Se precisar, a gente aperta um pouco mais.

Seiya sorriu. Essa menina era incrível... Tão incrível que ele já não sabia o que faria com o relacionamento deles. Sabia, desde o começo, que tinha um propósito, mas também estava gostando de estar com ela... Desde o princípio.

E agora que o irmão tinha se rendido, o que seria deles?

— Nosso plano deu certo, cúmplice... Meus parabéns! – Falou rasteiro.

— Sim, perfeitamente – Respondeu apenas.

— E... O que fazemos agora? – Arriscou. Não era o momento, mas estava ansioso.

— Como assim?

— Falo de nós dois... Bem, o acordo... – Houve um momento de silêncio. Se ela quisesse, ele continuaria sem dúvidas, mas e se para ela foi apenas por causa do acordo mesmo?

Saori ainda não tinha respondido quando batidas na porta chamaram a atenção de Seiya. Era Shiryu, já entrando.

— Depois a gente resolve isso... Preciso desligar.

— Seiya, espera... – Seu tom de voz parecia urgente.

— Chegou o disco voador, beijos... – Baixou o tom de voz o máximo que pode e desligou, ainda em tempo de ouvir a risada doce, do outro lado.

Endireitou-se na cadeira, enquanto Shiryu sentava-se a frente dele, do outro lado da mesa. Fitou o irmão, tentando não sorrir e falhando miseravelmente.

— Então... Ah, cara, me desculpe por não bater. Entendi agora, te garanto que vou bater, todas as vezes que precisar... – Sorriu malicioso.

— Era a Saori na linha? – Seu tom de voz era bem calmo.

— Talvez... – Sorriu sem jeito — Não me culpe, eu com certeza não esperava ver você se pegando com a Shunrei na sua sala... Até pensei que a proximidade facilitasse as coisas entre vocês, mas com certeza não estava preparado, não agora – Deu risada.

— Eu não estava esperando por isso também. Na verdade, eu não sei... Perdi o controle.

— Finalmente, não acha? Você não precisa controlar tudo Shiryu, pode viver um pouquinho também – Advertiu.

— Obrigado – Shiryu disse de modo tão sincero que surpreendeu o irmão mais novo.

— Pelo que?

— Por insistir.

Seiya sorriu... Ele sempre foi só um fanfarrão, se comparado a Shiryu. Sempre tão sério, tão centrado... Tão... Adulto.

Tudo o que ele deseja é a felicidade daquele que sempre prezou pela sua felicidade.

— Que isso... – Comentou, sem jeito – Então, você a chamou para sair? Ela se declarou primeiro... Como foi que aconteceu? Eu fiquei bem surpreso.

— Não, nada disso... Ela foi me mostrar os balancetes. Shunrei identificou o que está errado naquele contrato, acredita?

 — Mentira! – Falou, realmente surpreso – O que é?

— As filiais. Todos os dados fornecidos excluem as filias, por isso os dados não batem.

— Ah, porra, não acredito. Sério que os dados estavam errados? E a gente não viu isso? – Seiya colocou as mãos na cabeça, desacreditado.

— Pois é... Não é exatamente nossa função Seiya, talvez precisássemos de um olhar de fora, de alguém que fosse dessa área, especificamente. O Algol teria entendido de imediato... Foi o que a Shunrei fez...

— Cara! Te entendo agora... Também teria dado um beijo nela por isso... No rosto, relaxa... – Esclareceu antes mesmo de Shiryu pudesse pensar qualquer coisa, sorrindo.

— Idiota... – Shiryu sorriu – Ela realmente ama o que faz. Estava tão empolgada falando dos dados, como se não fossem só números. Estava tão linda... – Comentou, rememorando a cena em sua mente – Sei lá o que me deu, quando percebi, já tinha beijado...

— Você tem uns fetiches bem estranhos... Números, Shiryu? – Ironizou.

— Você me entendeu... – Shiryu sorriu, descontraído.

— Sim, eu sei. No momento em que coloquei meus olhos nela, eu soube que era perfeita pra você. E quanto mais nos conhecíamos, mais eu tinha certeza... Mas como você é teimoso feito uma mula... Eu fiquei meio preocupado de você deixar a chance passar.

— Por isso se aproximou da Saori? – Questionou.

— Bem... – Deu de ombros – Achamos que seria mais fácil pra vocês... Mas, enfim, esta feliz? – Sorria largamente.

— Mais do que eu achei que fosse possível.

— Isso é tudo que me importa, cara! – Levantou-se indo na direção do irmão que também se levantou – Vem aqui, parabéns! FINALMENTE! – Falou alto, enquanto abraçava o irmão.

— Você é impossível – Shiryu comentou, assim que se afastaram do abraço – E Saori?

— Está mega feliz também... – Começou a dizer, enquanto apoiava-se em sua própria mesa, mas foi cortado.

— Não, não é isso. Falo de vocês dois. Vocês só começaram esse relacionamento para nos aproximar, eu entendi. Mas, sei que há muita afinidade entre vocês. Não é verdade?

— Odeio sua percepção das coisas... – Seiya colocou as mãos nos bolsos, pensativo... – Estava pensando nisso agorinha... É verdade que nos envolvemos por causa de vocês... Fingimos interesse um no outro, pois sabíamos que vocês resistiriam... Pareceu uma boa ideia – Sorriu amarelo.

— Só que seu interesse não é fingimento... – Afirmou.

— Nunca foi, ela fascinante... Só que agora, acho que estou gostando mesmo dela.

— E isso é ruim?

— Só se ela não gostar de mim... – Coçou a nuca – Não sei o que fazer...

— Não é só parar de fingir? – Shiryu concluiu como se explicasse como somar dois mais dois – Tenho certeza que ela não estava fingindo também... Na verdade vocês são bem óbvios, desculpa dizer...

Seiya sorriu e passou as mãos nos cabelos.

— Odeio você... Porque você complica algumas coisas simples e para outras acha soluções tão fáceis? Podia só ter se rendido aos encantos da Shunrei, desde o começo, sabia? Não ser tão cabeça dura.

 Shiryu quase gargalhou.

— Quer que eu peça desculpas?

Seiya olhou as horas e decidiu que não queria esperar.

— Quer saber? – Falou enquanto dava a volta na mesa, pegando seus documentos, celular e as chaves do carro. Voltou para Shiryu e pôs a mão em seu ombro – Meu irmão, eu estou mega feliz por você, sério! Agora segura as pontas aqui pra mim, preciso esclarecer uma coisa.

Piscou para o irmão e foi embora, deixando Shiryu sem necessidade de mais explicações.


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