Assim que os exatos dez minutos passaram, eu já podia ouvir os meninos de longe. Gritos, bagunça, reclamações dos vizinhos. Dei uma leve olhada novamente em mim no espelho, e resolvi descer, procurei pela casa e me surpreendi ao descobrir que Alfred nem Lorena (minha cozinheira) não estavam.

Por um simples e básico bilhete, descobri que estavam na casa de Lorena e que voltavam o mais rápido possível. Um imprevisto havia acontecido (algo com o cano do banheiro, ou algo assim) e era obrigatória a presença de Lorena, e como ela não mora perto, Alfred se ofereceu para levá-la.

Ouvi outro barulho. Os meninos agora apertavam a companhia como loucos. Gargalhei e abri o portão, gritando que iria apenas pegar minha bolsa, e que se quisessem entrar, a porta estava aberta. Ouvi alguns gritos e parei rapidamente no corredor, olhando-me no grande e extenso espelho que eu havia pedido para Papai colocar no corredor.

Um barulho de escadas chamou minha atenção, e ao olhar, meu olhar se encontrou com o de Tom. Ele sorriu calmamente e pude sentir seu olhar me avaliando. E ele durou muito em meu pés.

- Que foi, Tom? - Me aproximei, estranhando sua reação, ele fez uma leve careta.

- Se eu te pedir um favor, você faz sem reclamar? - Fiz uma leve careta. Me lembrava Josh.  Já tinha até certeza de seu pedido. “Tire esse shorts!”

- Não vou tirar o shorts! – Tom riu calmamente e eu olhei-o, sentindo-me curiosa.

- Não é pra tirar o shorts, alias, belas pernas. – Arregalei os olhos, agradecendo novamente a minha pele morena e belisquei Tom, vendo-o rir ainda mais, - Só coloca um tênis. Ou chinelo. Tanto faz. Mas nada de salto, princesa.

- Tá.

Entrei em meu quarto, e me surpreendi que, sem nem pedir, Tom me seguiu. Olhei-o brava e ele mandou-me um beijo, andando calmamente pelo quarto. Observei calmamente enquanto ele parava em frente ao meu grande mural de fotos. Seus dedos passaram por algumas, e eu fui em direção de meu closet. Procurei por um tênis, e, receosa, resolvi pedir a ajuda de Tom.

- De caminhar ou só pra mostrar?

Tom riu, uma risada fraca.

- De correr, de preferência.

Fiz uma leve careta. Íamos pro Shopping! Correr pra onde? Liquidação?

Derrotada, puxei um Nike Dunk Versão Toy Story 3. Meu xodó. Havia ganhado de meu Tio Andy. Era meio como uma brincadeira. Ele dizia que como em baixo havia escrito ‘Andy’, isso dizia que eu era sua propriedade. Muito tenso. Mas ele é legal.

Sai do closet, e observei Tom. Ainda parado em frente á meu mural de fotos. Andei calmamente até ele e parei ao seu lado. Entendi rapidamente porque ele parecia tão pensativo. Ele estava observando uma pequena foto minha e de meus pais. A única.

- É a única foto ‘espontânea’ e não forçada que tenho com eles. Tenho várias de sessões de fotos, e tudo mais. Mas essa é a única que quando eu olho, eu realmente tenho esperança de que um dia, eu vou ter minha família de volta.

Forcei um sorriso fraco. Me surpreendi com os braços de Tom me abraçando. Abracei-o em resposta, me sentindo pasma como estar em seus braços era reconfortante. Quase como se... fosse meu lugar.

Ouvimos um barulho e Tom rapidamente me soltou, assustado. Olhei para a porta, receosa.

- Acho melhor descermos. – Olhei para Tom assustada e gargalhei junto com ele. Estranho termos pensado e falado a mesma coisa.

Descemos – ainda rindo da nossa fala junta – e descobrimos que o ‘barulho’ era pela pseudo-queda de Dougie. Ele havia tentado pular de um sofá para outro, e havia caído. Eu ri.

Saímos rapidamente e fomos pro Shopping. Já estou me acostumando á ir de ônibus. É até legal. Quando você tem Tom & Companhia para fazer você rir. E passar vergonha.

- MAS MICAELLY, NÃO FAÇA ISSO COMIGO. VOCÊ NÃO PODE DEIXAR JOGAR O FRUTO DO NOSSO AMOR NO LIXO. COMO PODE PENSAR EM FAZER ISSO? NÃO ME AMAS? NÃO AMAS NOSSO FUTURO FILHO? - Segurei meu riso, observei, havíamos chegado ao Shopping. Vi uma mulher que parecia estar com nojo de mim puxar a cordinha e dei minha deixa, indo em direção á porta de saída.

- AMO TOM. MAS VOCÊ NÃO ENTENDE. ELE NÃO VAI TER FUTURO. COM VOCÊ PEDINDO MOEDAS E ROUBANDO, E EU DANDO POR ALGUNS TROCADOS, O QUE ESSA CRIANÇA VAI TER? - Encostei-me ao poste da porta e olhei para Tom, dramaticamente.

Tom deu um longo passo, puxando minhas mãos e juntando as suas, antes de falar.

- Nosso amor.

E então saímos correndo do ônibus, junto com o povo atrás de nós, gargalhando, pois uma velhinha que passava havia ouvido e falava sobre como os jovens de hoje não esperam nem casar.

Ri calmamente e apressei meu passo, olhei para Tom e sorri agradecida.

- Nunca me diverti tanto. – Soltei. Todos pararam rapidamente e me perguntei se havia falado algo de errado. Não.

- Ao seu dispor, senhorita. – Olhei levemente assustada Danny, fazendo uma reverência engraçada pra mim. Retribui, erguendo minha saia imaginária e Danny piscou, fazendo um gesto como se dissesse ‘me liga’ e virando-se, jogando seu braço ao redor do pescoço de Mari.

Olhei para Tom, que riu calmamente e me puxou, fazendo o mesmo que Danny.

- Ele está feliz. Estava preocupado com ás meninas. Mari é seu ‘sol particular’ e ver ele brilhando para outras pessoas o deixa estressado.

Olhei rapidamente, vendo Danny cochichar algo para Mari, fazendo-a rir e sair correndo em direção á porta do Shopping. Mari virou-se, fazendo um gesto como se dissesse ‘fazer o quê’ e saindo correndo em direção á entrada do Shopping. Atrás de Danny.

- Então eles são o que? - Olhei para Tom curiosa e Tom fez uma leve careta.

- Ninguém sabe. Nem mesmo eles. Eles são amigos e de vez em quando ficam. Mari faz Danny uma pessoa melhor. Mas Mari é melhor que Danny acha, e enfim as pessoas estão vendo isso. Ela está virando tipo uma rainha na escola dela. Tem festas todo dia e garotos caindo aos seus pés. Danny estava estressado porque acha que pode perder sua garota. Ele estava descontando em você porque você é minha garota.

Olhei para Tom rapidamente e Tom sorriu. Um sorriso fraco, mas doce. Mordi meu lábio fracamente e deixei para perguntar sobre o ‘minha garota’ depois. Voltei meu olhar para o Shopping. Já estávamos na porta. Ela abriu-se automaticamente e eu percebi que ninguém estava lá. Não no piso que entramos, quero dizer.

- Aonde estão eles? - Perguntei rapidamente e Tom riu, calmo.

- É por isso que ‘corremos’ dos seguranças. Brincamos de pega-pega. Cada casal tem que ir atrás dos ‘solteiros’ e pega-los. Quem for pego, vai pra praça de El’ Dourado e espera todo mundo lá. Quando alguém de lá mandar uma mensagem dizendo que todos foram encontrados, voltamos.

- Só isso? - Perguntei, ironicamente. E Tom riu, acrescentando.

- Os casais perdedores pagam o lanche de TODO MUNDO! – Dei um pulo, puxando Tom rapidamente, fazendo-o rir.

Saímos correndo como loucos. Achamos Larissa, Bryan, Allan, Andrew, Debbie e Destiny.

E estava tenso.

Puxei Tom rapidamente quando vi que o segurança que estava de olho em nós estava perto. Tom murmurou um ‘shhh’ e eu estranhei, procurando o que ele olhava e achei rapidamente. Era uma garota. Ou melhor, Brandy. De biquíni. Se mostrando para Josh. Senti minhas pernas bambas e me apoiei em Tom, chamando sua atenção.

Tom virou-se, colocando seu braço em volta de minha cintura, preocupado.

- Está tudo bem Mika? Aconteceu alguma coisa?

- Josh. – Foi à única coisa que consegui dizer.

Tom franziu as sobrancelhas parecendo tentar lembrar-se dele e então ele lembrou. Tom fechou a cara. Pude sentir seus braços se apertando em volta de minha cintura e rapidamente fiquei preocupada.

- Ele está só olhando ela de biquíni, não é?

Mordi meu lábio e respondi, receosa:

- Na verdade, ele meio que terminou comigo hoje. Aquela hora que estávamos prestes a entrar na água que recebi uma mensagem. Era uma foto. Dele beijando a menina que está de biquíni.

Tom ficou quieto. E isso me deixou ainda mais preocupada.

- Tom? O que aconteceu?

Puxei rapidamente seu rosto, e ele por fim me olhou. Senti um arrepio subir. Um sorriso malicioso em seus lábios.

- Nada, pequena.

E antes que eu pudesse retrucar, Tom me puxou, levando-me até dentro da loja. Arregalei os olhos, e observei enquanto Tom puxava um dos primeiros biquínis que via pela frente, entregou á mim e me empurrou pra dentro de um provador. Revirei os olhos, entendendo á idéia de Tom.

Coloquei o biquíni e me surpreendi. Parecia um dos que eu tinha que havia comprado no Brasil. Enfiado na bunda, e fazendo meus seios parecendo ainda maiores. Fiz pose e pude ouvir Tom me chamando.

Resolvi fazer como deveria ser o plano de Tom. Abri a porta do provador e Tom estava sentado no longo sofá – que compartilhava com Josh, que babava em Brandy em um biquíni muito mais inocente que o meu – e eu andei lentamente até ele.

Tom assobiou, chamando a atenção de Brandy e Josh. E eu pude ver pela cara de Josh, que ele definitivamente, ia se xingar pelo que fez hoje de manhã.

Tom levantou-se, e eu pude perceber que ele estava quase babando. Ele puxou minha mão, fazendo-me dar uma leve voltinha. Ri calmamente e observei Tom, juntando as mãos.

- Valeu, velho. Depois dessa, eu JURO que vou ser um ótimo menino... – Tom sorriu malicioso antes de continuar, - Outro dia.

E antes que eu pudesse ao menos piscar, Tom me empurrou pra dentro do provador, colando seus lábios aos meus. Senti um arrepio e me senti ser encostada na parede.

Os lábios de Tom estavam... ágeis. Forçando-se contra os meus, e por mais que sentisse uma fraca dorzinha, os lábios de Tom junto aos meus fazia toda a dor desaparecer. Joguei meus braços em volta de seu pescoço, agarrando sua nuca com força e fazendo Tom aproximar-se mais ainda.

Ouvi um leve barulho. O celular de Tom. Desencostei meus lábios dos de Tom, fazendo Tom gemer em protesto.

- Seu celular! – Falei, como se fosse obvio e Tom suspirou.

- Deixa ele pra lá. – Tom puxou o celular e eu pude ver Tom agilmente tirando a bateria do celular. Seus olhos voltaram-se pra mim. Luxúria era tudo que eu consegui ver. E eu adorei isso.

Tom colou seu corpo no meu novamente, seus lábios descendo contra meu pescoço, e eu soltei um baixo gemido ao sentir Tom morder levemente meu pescoço. Minhas pernas amoleceram e Tom envolveu minha cintura com seu braço, aproximando-nos mais ainda se possível.

Suspirei fracamente e puxei Tom, fazendo ficar com seus olhos fixos nos meus. Colei nossos lábios novamente e mordi seu lábio inferior, sentindo Tom apertar-me mais junto a si. Um gemido saiu de seus lábios abafado pelos meus e eu tive que sorrir.

Desgrudei nossos lábios, puxando a blusa de Tom. Tom não se importou de tira - lá por si só. E eu juro que se não fosse pelo braço de Tom me segurando, eu teria caído ali mesmo.

Passei minha mão receosa por seu muito bem feito tanquinho e Tom se encolheu, e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Tom puxou-me novamente, colando nossos lábios ferozmente.

Ouvi um barulho. Tom pareceu ouvir também, mas não se importou. E então eu ouvi uma voz. E isso Tom pareceu ouvir.

- É BOM VOCÊS SAIREM DAÍ POR VONTADE PRÓPRIA, OU EU ENTRAREI PARA TIRA-LOS DAÍ. – Olhei para Tom, assustada.

- SÓ UM MOMENTO. – Gritou Tom e eu olhei para mim mesma assustada. – Se veste! – Tom cochichou, enquanto, desajeitadamente colocava sua camisa. Mordi meus lábios ao perceber que havia um grande e visível volume em sua calça que Tom parecia inutilmente tentar esconder com sua camisa.

- Com você olhando? - Cruzei meus braços frustrada e Tom gemeu em frustração, jogando sua cabeça pra trás. Segurei o riso. Definitivamente engraçado o sofrimento de Tom.

- Eu fecho os olhos. – Tom virou-se, batendo levemente a cabeça na parede. Percebi que seus olhos estavam fechados e aproveitei.

Tirei a calçinha do biquíni primeiro e coloquei minha calçinha. Um baque na porta. Outro grito de ameaça do guarda. Tirei a parte de cima e rapidamente coloquei meu sutiã. Coloquei minha blusa e me assustei quando Tom virou-se, esticando-me meu shorts. E ele estava vermelho como um pimentão.

Mandei-lhe um beijo e Tom virou o rosto, obviamente ainda envergonhado. Ri, derrotada e puxei meu shorts, colocando-o rapidamente. Agradeci ao fato de não ter tirado as meias, e enfiei meus pés em meus tênis e Tom destrancou a porta.

Provavelmente havia o Shopping inteiro ali. Tenso.

Tom sorriu, sem graça, e eu abaixei minha cabeça. Tom me cutucou e eu estranhei. Ele fez um gesto para a entrada da loja e eu franzi as sobrancelhas. Então, Tom sussurrou:

- Corre!

E eu corri, como nunca corri antes. Com Tom do meu lado, gargalhando dos seguranças que agora vinham atrás de nós e eu tendo de rir de tudo aquilo.

Principalmente, pelo fato de que havia sido extremamente divertido.