Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 23
Atitudes




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Minhas torturas aconteciam diariamente, mas escapei uma vez, pois fiquei gripada e disse que era contagiosa. E, como eu bem sabia, elas me inibiram de suas vidas por algum tempo. Eu estava gripada, mas muito feliz. Aproveitei pra passear pelos terranos.

Como faltava uma semana pro baile e estava um frio enorme, fui andar próxima ao campo de quadribol. Eu ainda não havia decidido se iria ou não ao baile de inverno. Com Fred ou sem? Eu queria ir, mas as duas opições não me eram satisfatórias.

Enrolei mais meu cachecol ao meu pescoço. E foi nesse movimento, que trombei com alguém e a levei junto. Retirei o cachecol do meu rosto e vi Fred por cima de mim. Notei a vassoura dele ao nosso lado.

– Dá pra sair de cima de         mim, grifo?

Ele sorriu e aproximou mais         seu rosto do meu.

– Não, sonsa – eu         poderia ter batido nele, mas não foi ofensa. O “sonsa” é de         Sonserina. Ele fez igual a mim que o chamei de grifo, abreviação         de Grifinória.

Fred beijou minha testa,         desceu para a têmpora, seus lábios passearam por minha bochecha,         desceram até meu queixo – Estava me perguntando quando ele me         beijaria de verdade –, ele olhou-me.

– Tá esperando o quê?

Fred sorriu e tocou meus         lábios, beijando-me.

Eu poderia ter ficado o         tempo todo beijando-o, mas já estava congelando. Virei meu rosto e         espirrei.

– Deixa eu te ajudar.

Ele me ajudou a me         levantar. Abracei-me e dei um selinho nele, antes de sair correndo         em direção ao castelo. Não podia correr o risco de nos verem         juntos.

Pouco me importava com o         fato de estar pior no dia seguinte. A lembrança de ficar, pelo         menos alguns minutos com Fred era ótima. Valia a pena ficar de cama         por isso. Meu pai queria me obrigar a ir pra enfermaria, mas eu         birrenta que só, prometi pegar leve nas pegadinhas com o professor         Bins, que ninguém sabia.

Giulia, com seu nojinho de         patricinha, ficou distante de mim. Geovanna estava ocupada com seus         pretendentes e por isso eu não a via.

Eu sentia diferença na         Giulia, mas era época de baile e muitas garotas ficam paranóicas         nesse período.

Eu relutava pra não meter         a mão na cara da Parkison, que ficava se insunuando na minha         frente, dizendo que podia ficar com qualquer garoto. Ela com essa         mesquinhice e seu jeito idiota, não conseguiria pegar nem         resfriado.

Pra não matá-la, decidi         rabiscar em meu caderno uns desenhos homicidas. Nada contra ela, mas         o fato dela respirar já me deixava com raiva. Meus rabiscos saim         tão vivos que eu me imaginava matando-a.

Tal pensamento me fez         sorrir. Ela me olhou com repulsa e eu não aguentei e caí na         risada. Parkinson saiu do quarto, deixando-me aos risos.

Ouvi um barulho no salão comunal e fui ver o que era. Desci as escadas e deparei-me com rosas e Gian Cheege. Juntei dois mais dois. Tentei voltar, mas ele me segurou, fazendo-me olhar dentro de seus olhos.

– Eu queria fazer uma         surpresa, mas você descobriu...

– Não preciso de tudo         isso.

Soltei-me dele e voltei pro         quarto. Eu gostava do Gian, mas de uns tempos pra cá ele ficou         obsessivo por mim. Eu queria distância dele, mas ele continuava a         me querer.

– Que foi, Aira? –         entrei no banheiro e vi Geovanna.

– O Gian.

– Ele é chato, mas         depois você se acostuma.

Seria difícil conviver com         ele.

§§§

Era o dia do baile. Todas         estavam se matando por um pedaço do espelho. Eu era a única que         estava tranquila e pouco ligava pro que elas faziam.

– Não se matem antes de         estarem no salão.

Saí sorrindo do ambiente.         Peguei minha mochila e saí da masmorra.

Entrei no banheiro da Murta         que Geme. Era o lugar ideal pra me arrumar. Eu dissera a todos que         não iria ao baile. Eu marcaria presença nesse baile.

Vesti meu vestido preto e         baloné, coloquei meus all star. Fui em frente ao espelho e comecei         a me maquiar. A maquiagem de sempre. Sorri pra passar o blush e me         perdi em pensamentos.

– Quem eu estou querendo         enganar?

Deixei o pincel de lado e         olhei-me no espelho.

– Estou coberta por uma         máscara...

Passei a mão no rosto,         borrando todo o meu trabalho. Retirei a maquiagem pesada e fiz um         mais leve.

Prendi uma parte do meu         cabelo e deixei algumas mechas verdes – que fiz com um feitiço –         caírem sobre meu rosto.

Deixei o banheiro e andei         vagarosamente pro salão, onde todos já estavam lá. Procurei com         olhar, enquanto passava entre a multidão, Fred. Parei bem no meio e         olhei pra ele, que também estava parado. Ele estava tão lindo.

Nos movimentamos. Ficamos         de frente um pro outro...

– Aira? – olhei pro         Gian, que estava ao meu lado.

Havia sido um sonho.

Olhei pra ele. Não queria         ficar ali. Tinha que entrar no salão.

Gian segurou meu braço e         me prensou contra a parede. Observei os olhos dele mudarem.

– Dá pra me soltar?

– Não.

Ele aproximou seu rosto do         meu e eu desviei. Gian segurou meu rosto e tocou meus lábios. Ele         queria aprofundar o beijo, mas eu não. Eu tentava empurrá-lo, mas         era em vão. Chutei bem no seu ponto fraco e saí dali. Mas ele me         agarrou.

– Você não vai sair         antes de eu ter o que quero.

– Me solta!

– Quem mandou me deixar         doido?

Ele tapou minha boca e me         empurrou contra a parede.

– Seja boazinha!

Eu morde a mão dele.

– ME SOLTA! - gritei.

Gian bateu no meu rosto.         Fiquei calada. Ele era tão gentil, mas ali era um monstro.

Ele me apertou mais contra         a parede. Eu tentava gritar, mas ele me impedia.

Senti o corpo de Gian ser         retirado do meu com violência. Abri meus olhos e não suportei:         chorei, por ver que Fred estava brigando com Gian.

– Seu cretino! Se tocar         um dedo nela, eu te mato!

Gian levantou-se e limpou o         sangue da sua boca.

– É o que veremos.

Ele saiu andando na direção         contrária ao salão.

– Está tudo bem?

– Está – respondi ao         Fred.

Eu o abracei.

– Obrigada.

Senti o cheiro dele e         fiquei mais tranquila.

– De nada.

Afastei-me dele. Ainda         tinha o baile. E o desgraçado do Gian não acabaria com meus         planos.

Adentrei o salão e         procurei uma mesa onde me sentar. Vi Giulia e Geovanna sentadas         próxima as janelas.

Sentei-me ao lado de Giulia         que levantou-se e foi até Zabine. Eu poderia jurar que ela não me         queria ali.

– Oi – disse Geovanna,         sentada desleixadamente e com o rosto depressivo.

– Quem perdeu um membro?

Geovanna abriu um sorriso         tímido. Ela deve ter lembrado do que me contara; do dia em que fez         um feitiço de transfiguração errado e fez sua companheira perder         um braço.

– Que foi que houve?

– Meu par está         interessado em outra garota...

Se eu bem conheço a         Geovanna, aquele não era o motivo de sua expressão.

– Diz de uma vez, se não         gritarei aqui no salão que você ama o Harry Potter.

Isso era brincadeira, mas         ela sabia que eu era doida de fazer isso. E dizer que ela ama o         Potter, nunca mais seria esquecido por ninguém.

– Ele não olha pra mim.         Já tentei diversas maneiras, mas ele me ignora.

Tentei pensar em quem         seria, mas ela não deu pistas.

Vi Gian entrando no salão,         empunhando a varinha.

– Droga! - exclamei.

– O que foi?

– Morte.

Geovanna levantou-se. Eu         andei o mais rápido possível pra alcançar Gian, mas ele estava         muito longe.

Empunhei minah varinha e         apontei pra ele. Mas o desgraçado saiu da minah mira.

– Volta, infeliz – eu         disse, procurando por ele.

Virei-me e dei de cara com         Gian.

“Merda”, pensei na         hora.

Ele abriu um sorriso         sisnistro e segurou meu braço.

– Dessa vez não dá pra         escapar.

– Gênio, como pensa em         sair daqui comigo com todas essas pessoas?

Ele pegou a varinha e         aponteou pra mim.

– Seu cretino...

– Deveria pensar antes de         falar.

Como ninguém percebia eu e         Gian no meio do salão, um apontando a varinha pro outro?

– Gian. Dá pra colocar         na sua cabeça que não te quero?

Soltei-me dele e apontei a         varinha rente ao seu rosto.

– Você não tem escolha,         Snape. Você será minha!

Odeio ser tratada como         propriedade. Não queria lançar nenhum feitiço contra ele, mas se         continuasse dessa forma, acabaria fazendo.

– Sonha, Cheege. Que é         só isso de mim que terá!

– Você gostou tanto         daquela noite...

Merda! Ele queria usar         chantagem, agora? Não houve nada, mas era a palavra dele contra a         minha. Ele é puro sangue e ainda tem a Laura Cheege que acredita         que rolou algo entre mim e seu filho.

– Pelo que eu saiba não         houve nada.

Estava tentando manter o         controle.

– Como não houve? –         pessoas paravam pra olhar aquela conversa inusitada. – Seu rosto         não mentia...

Guardei minha varinha no         suporte em baixo da saia do meu vestido e virei-me.

– Passado e passado. E         você é horrível – virei meu rosto e sorri. – Boa sorte com         outra, seu cretino.

Percebi quando ele faria um         feitiço. Desviei a tempo. O feitiço chocou-se contra a parede.

– Está bem! – bufei e         fui até ele. – Tem coragem o suficiente pra me acertar?

Aproximei meu rosto do         dele. Já que ele me queria tanto, usaria disso para pegá-lo.

– Você terá mais uma         chance. Somente mais uma – olhei para os olhos dele e me         aproximei. – Me beija, Gian.

Ele guardou a varinha e         segurou minha nuca.

Não gostei do beijo dele.         Era estanho. Aguentei até o último minuto. Afastei-me dele.

– Percebeu?

– Não tem jeito, né?

– Não.

– Ainda não desisti de         você.

– Pode ir sonhando!

Procurei Fred, mas ele não         estava mais ali. Ele com certeza vira o beijo.

Saí do salão, à procura         dele, mas não o via. Pensei em todos os lugares em que ele poderia         estar. O único que me veio a cabeça era o campo de quadribol. Mas         o que ele faria ali?

Atravessei a neve, tremendo         e abraçando-me.

– Fred?

Ele não respondia.

Sentei-me no chão e me         abraçei. Eu estava péssima. Perdia o único garoto que amava de         verdade. Desamarrei meu cabelo, deixando ele cair sobre meu rosto.         Retirei meus all star. Levantei-me e andei pela extensão do campo         desprotegida. A única peça que eu usava era meu vestido.

Mesmo tremendo, continuei         andando. Cada vez era mais lento meus passos, mas eu não me         importava.

Caí de joelhos no chão.         Tentei me reerguer, mas não consegui. Apertei a neve em minha mão.         Fechei meus olhos lentamente...


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Notas finais do capítulo

Não me matem pelo final do capítulo.