Aira Snape escrita por Ma Argilero


Capítulo 10
Predição


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews. A fic tem um recomendação. Obrigada mesmo!
Mon amour, vocês dão tanta inspiração.
Um capítulo fresquinho para vocês.



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Voltei a Hogwarts, e como sempre, abracei Giulia e Geovanna, mas muito mesmo. Ficar dois meses inteiros sem vê-las era muito tempo. Giulia estava usando brincos de argola, o par que eu dera há dois anos atrás, e meus cabelos ficou preso neste acessório. Tentei retirar, mas não consegui e nem ela. Então tivemos que ir andando até o trem com as cabeças um lado da outra.

  Quem via a cena caía na risada. E não era pra menos, duas garotas andando coladas. Eu olhava ferozmente pra quem risse em minha frente. Não estuporaria ninguém, mas eu tive vontade.

  Entramos na cabine e após vários minutos de tentativas, consegui retirar o brinco da orelha dela e ela conseguiu livrar meu cabelo daquele objeto. Giulia colocou o brinco de volta. Era por isso que nunca gostei de usar brincos, eles se prendem em lugares e depois não querem mais sair.

  Sentei-me e fiquei penteando meus cabelos, lentamente e tomando o maior cuidado de não embaraçar e acabar ficando careca ao tentar pentear. Levantei meu olhar para Giulia e Geovanna que me fitavam, incansavelmente.

  - Ouve alguma coisa? – perguntei. Pela cara que elas fizeram parecia que sim.

  - Desde quando você usa isso no rosto e isso nas unhas? – levantei minhas mãos e vi minhas luvas arrastão pretas, que deixa metade de meus dedos para fora. Somente usava uma não mão direita. E minhas unhas estavam com esmalte roxo púrpura.

  - Isso? – virei minha mão pra ela. – É apenas o meu novo estilo. E a maquiagem no rosto é fabulosa.

  Olhei meu reflexo no vidro e vi meus olhos delineados e minha boca levemente vermelha.

  Ela ainda não tinha visto as minhas outras roupas, somente a que eu estava usando naquele momento. Tinha reformulado meu guarda-roupa inteiro. Aquelas roupas de menininha se foram pra sempre, junto com as tralhas do passado. Fitei meu coturno preto até o meio da canela e minha meia preta um pouco acima do joelho. Minha saia de pregas vermelha e minha blusa vermelha e básica.

  - Gostaram do meu novo estilo? – disse me levantando e dando uma voltinha.

  Elas ficaram caladas por um momento, talvez pensando que eu era louca, e finalmente, deram suas conclusões.

  - Diferente... – disse Geovanna, analisando mais um pouco minhas vestes.

  - Muito diferente... – disse Giulia.

  Peguei uma fita preta e puxei meu cabelo para formar um rabo de cavalo. Amarrei a fita e apertei com força e dei um laço. Olhei minhas amigas e sorri de canto.

  Parado na porta, se encontrava um garoto do quarto ano. Não sábio o nome dele, mas sabia que era do quarto ano, pois já o vira conversar com garotos deste ano. Olhei-o e ele saiu dali. Eu sorri, cabisbaixa e mordi meu lábio.

  Eu sabia que com a mudança eu atrairia olhares. Hogwarts me fez tão bem, que de invisível, fiquei popular em pouco tempo. E agora com meu estilo totalmente novo, tinha a certeza de que seria meu ano. Eu teria prestigio e conseguiria o que quisesse.

  O trem parou e de repente tudo esfriou. Giulia e Geovanna sentaram-se ao meu lado e Giulia abraçou a irmã, tentando protegê-la de qualquer perigo. Não deixaria nem um mal acontecer a elas e a mim, apontei minha varinha para a porta e uma mão podre e nojenta apareceu. Nunca tinha visto tal criatura repugnante.

  Ela foi andando até mim e senti frio e meu corpo ser consumido por tristeza. Já havia lido sobre eles, mas nunca pensei em encontrá-los. Escorei-me na parede e antes que ele ficasse mais perto, uma luz tomou conta do trem e a criatura sumiu. Giulia abaixou-se, tentando me ajudar, já que eu fui parar no chão. Fui ajudada por ela e pela Geovanna e elas me deitaram no assento.

  A sensação foi uma das piores de minha vida. Era como se somente existisse tristeza e nunca mais eu fosse ver a felicidade novamente... Em menos de três minutos eu estava bem e resolvi ver se aquelas coisas ainda estavam ali. Saí da cabine, com minha varinha apontada e andando. Ouvi um barulho atrás de mim e virei-me apontando a varinha pra cara dele. Era um homem, que pediu licença e passou por mim. Abaixei a varinha e guardei no cós de minha saia.

  Enquanto voltava, ouvi vozes conhecidas. Sempre reconheceria aquela voz em qualquer lugar que eu fosse. Abri a porta da cabine, com um estrondo, sobressaltando ele e seus amigos, incluindo Pansy, que entrou no grupinho no ano anterior. Entrei, com as mãos entrelaçadas nas costas e olhei pra eles.

  - O que quer Stwert?

  - O que eram aquelas coisas? – eu tinha lido sobre elas, mas não me lembrava do nome.

  Malfoy ficou sério e fechou a porta da cabine. Sentei-me sem ele dizer que sim ou não. Estava pouco me importando com as regras.

  - Eram dementadores, guardas de Azkaban. Eles se alimentam das tristezas das pessoas – explicou-me Malfoy.

  Lembrei-me das fotografias de dementadores, dando o beijo. A pessoa que tivesse a honra de receber o beijo dessas criaturas das Trevas tem o destino como certo: a morte.

  Levantei-me e parei na porta, o homem que eu vira passar minutos antes, acabara de passar. Saí e fechei a porta, sem ao menos olhá-la. Segui o homem e ele parou na cabine onde tinham os três garotos que todos conheciam na escola, depois de tudo que eles fizeram nos dois anos anteriores. Vi Potter deitado e perguntei-me se ele havia sido beijado. Eu deveria ter sorrido com o pensamento, mas não, apenas andei até lá e fiquei parada, vendo o homem tentar acordá-lo.

  - O que houve com ele? – eu perguntei e todos viraram seus olhares pra mim.

  - O que quer Stwert? – Weasley foi ríspido comigo. Não me importei e entrei dentro da cabine e peguei seu pulso para sentir seus batimentos cardíacos. Estavam muito fracos.

  Levantei-me e fitei os três, que me observavam.

  - Não é porque que sou sonserina que vou querer matar o Potter...

  Apontei a varinha pra ele.

  - Enervate.

  Potter acordou tossindo e foi acudido pelos amigos. Olhei bem nos olhos dele. Ele sofreu e eu poderia ter tido o mesmo destino que ele. O quase beijo era atormentador.

  Virei-me e ouvi a voz de Granger.

  - Obrigada – sua voz falhou um pouco.

  - Não tem de quê... – Guardei a varinha. – Vê se fica vivo Potter, Malfoy não vai gostar de saber que perdeu sua diversão. – Não gostei de dizer isso, mas fora preciso.

  Deixei a cabine deles e segui para a minha. Chegando lá encontrei minhas amigas com as vestes de Hogwarts. Não queria trocar de roupa, então a única coisa que fiz foi colocar a camisa, com alguns botões abertos e a gravata solta; a saia, que encurtei e não coloquei o sapato formal. Se eu pegasse detenção, não estava nem aí. Até que seria legal sair um pouco da linha. Estava sentindo falta de alguém berrar o que eu tenho ou não o que fazer.

  O trem desembarcou na estação de Hogsmead, eu peguei a carruagem, com aqueles testrálios, que não são tão horríveis, quanto da primeira vez que os vira. Somente os vejo, por que vi um primo meu ser morto em um acidente de carro, quando eu tinha seis anos. A minha vida está cheia de atrocidades, desde que eu me lembre. Sempre foi mórbida e não mudaria. Não dava muita atenção para aquelas criaturas, mas eu sabia como eles se sentiam. Somente pessoas que já viram a morte são capazes de vê-lo. Eles são rejeitados, como eu sempre fui. Olhei para minhas amigas e depois para as criaturas, elas nem fazem ideia de que existe vida puxando as carruagens.

  E mais um comunicado de Dumbledore. Esses comunicados estavam ficando constantes. Ele disse que os dementadores protegeriam (não acredito em proteção por parte deles) os terrenos de Hogwarts contra um fugitivo de Azkaban, que era muito perigoso e que nenhum aluno deveria se aventurar tarde da noite.

  Olhei para ao meu redor e percebi garotos me fitando. Não sou modesta e tenho a certeza que eles estavam seduzidos por mim. Sorri de canto e estiquei o pescoço para ver a mesa dos professores. Eu havia visto um rosto familiar e queria ver quem era esse conhecido. Avistei o homem que estava na cabine do trio de ouro. Observei atentamente suas feições. Ele era magro, cabelos castanhos e olhos, um pouco pálido, roupas de segunda mão. Pensei por um momento que ele fosse parente dos Weasley, mas descartei a ideia, pois ele não era ruivo e nem possuía olhos azuis.

  Eu, Giulia e Geovanna fomos para as masmorras antes do banquete acabar. Entramos em meu quarto, que divido com Giulia e mais outras três garotas chatas. Sentei-me na cama e elas, cada uma em um lado meu. Contei as novidades, já que não ouve muito tempo na vinda a Hogwarts. Ge adorou a minha vingança, Giu também, mas não demonstrou em sorriso. Eu tinha a forte suspeita de que ela não gostava de falar sobre trouxas.

§§§

Acordei com desejo de quebrar regras e ser uma nova Aira. Entrei no banheiro e olhei-me ao espelho. Meus longos cabelos não estavam mais tão atraentes para mim. Fiz uma medição rápida com a mão e gritei, chamando Giu, que entrou no banheiro.

  - Pode fazer um favor a mim? – perguntei a ela, vendo seu reflexo no espelho.

  - Claro Ra! – odeio esse apelido, mas não tem outro. Ou seria esse ou Ai, ou Ira, ou Air, então Ra é melhor.

  - Pode cortar meu cabelo?

  Ela não gostou da ideia de cortar meu cabelo, mas acabou aceitando. Fiquei parada e esperei ela fazer um feitiço cortante. Senti um peso fugir de meus ombros. Olhei aos meus pés e vi meus cabelos espalhados. Os peguei e joguei no lixo. Fitei-me ao espelho e vi o resultado. Estava dois palmos fechados abaixo do ombro, cortado em V.

  Entrei em baixo do chuveiro e nem sequei depois que me enxuguei. Vesti minha roupa e desci com minhas amigas para tomar café. Tinha a enorme suspeita de que a primeira aula da segunda-feira do terceiro ano seria de Poções. E acertei. Observei alunos de todas as casas me fitando. Chacoalhei meus cabelos com a mão direita, os deixando volumosos. Voltei minha atenção ao meu café da manhã.

  Seguimos para a aula de poções. Sentei-me ao lado de Giu e fitei Snape, que continuava o mesmo ser arrogante e meu ídolo. Ele era um exemplo em como ser na frente de pessoas indesejáveis. O fitei por meros segundos e desviei meus olhos para uma prateleira onde havia diversos frascos de poções. Tive vontade de ir e ver aqueles rótulos, que eu nunca havia visto.

  Olhei para frente e vi Snape próximo a mim. Olhei dentro de seus olhos. Senti que conhecia aquele olhar de algum lugar, de uma lembrança minha, mas não sabia de qual se tratava. O fitei mais intensamente e levantei minha mão para tocar os cabelos dele. Ele não me causava medo e sim a sensação de segurança.

  - O que está fazendo? – olhei meu braço sendo segurado por ele.

  Tinha características dele, que eu possuía. Puxei meu braço e olhei-o de volta.

  - Ficar me encarando não adianta em nada...

  - Quem disse que estou lhe encarando?

  Seus olhos ficaram em um tom sombrio e melancólico. Segurei a capa dele antes de sair. Erro número um: nunca tentar segurar Snape, quando ele está saindo.

  Respirei fundo e ele olhou-me com ódio e rancor. Abri um sorriso e ele mudou a expressão para sério. Com certeza ele estava incrédulo com minha reação ao seu olhar “horripilante”. Depositei meus cotovelos sobre a mesa e em seguida deixei minha cabeça pender sobre minhas mãos. O olhei e continuei sorrindo.

  - Por que sorri? – perguntou, quebrando o gelo.

  - Apenas tentando saber porque estou aqui...

  Ouvi murmúrios de pessoas que não entenderam o meu comentário. Eu sabia que Snape entendeu, pois saíra e sentou-se em sua mesa e pegou a pena e um pergaminho. Mas um ponto retirado da Sonserina.

  Levantei-me, pegando minha mochila e andando até a porta.

  - Aonde a senhorita pensa que vai? – ouvi a voz arrastada de Snape.

  Virei-me e vi todos os olhares em.

  - Sei que vai tirar pontos da Sonserina por minha causa e também sei que vou continuar a retirar pontos, então melhor eu sair...

  Peguei na maçaneta da porta.

  - Tem certeza que quer ir? – a voz dele estava diferente. Virei-me rapidamente e o observei.

  Estava pálido como sempre, cabelos até os ombros e sedosos, mas aquela voz, naquele exato momento... Pareceu-me paternal, como se eu já a tivesse ouvido tempo atrás. Amarrada em minha cintura, existia uma fita, esta que puxei com força, a fazendo serpentear no ar e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Apertei e peguei minha mochila e voltei para meu lugar, observando ele.

  Quando a aula acabou, eu e Giu fomos andando até a nossa aula de adivinhação. Escolhi a matéria, mas por escolher. Subimos até a torre e esperamos a porta ser aberta. Ao entrar vi um lugar com luzes verdes, moveis rústicos e diferenciados entre si, muitos tecidos e um cheiro de incenso.

  Ouvir ela falando que alguém vai morrer é chato e deprimente. Todos morreremos um dia e não podemos fugir dela. Ela parou em minha frente e fitou-me atrás daquele óculo fundo de garrafa, que a deixavam com o olhar ampliado. Dava vontade de rir ao ver sua cara, mas segurei o riso com esforço. Mas a mulher não saia de perto de mim. Já estava irritada e impaciente.

  - Eu vou morrer por acaso? Um dia eu morrerei e tenho certeza que será uma morte digna, Agora, quero saber porque sua atenção em mim. Tenho cara de pessoa que gosta de ser encarada?

  Ela se virou e andou até sua mesa, parecia ressentida com meu comentário. A Sonserina toda ria em silêncio.

  - Desculpe professora, mas você não pode prever meu futuro... Ou pode?

  Trelawney olhou-me e deu uma longa respirada e olhou para a sua bola de cristal. Levantei-me e sentei em frente a ela. Queria saber se ela era mesmo vidente. Vi borrões aparecerem na bola e luzes verdes e uma coisa, que me pareceu ser uma cobra. Levantei meus olhos, ela continuava a fitar a bola.

  - Seu destino já fora traçado, querida... – sua voz saia desregulada. – Eu vejo aqui na bola de cristal... Que seu futuro é negro... – olhei para a bola e vi negrume. – Você está apta e a maldade...

  Olhei-a e bufei. Pra mim ela não parecia ser vidente.

  - Você descobrirá em breve quem ele é – olhei-a e fiquei indiferente à menção dela. – Seja paciente.

  Sentei-me e o restante da aula foi cansativo e chato. Tivemos que ler folhas de chá e Giu foi à onda da Trelawney, dizendo que meu destino é negro. O dela, após folhear todos os livros referentes a assunto, era a de um futuro brilhante.

  Acordei no meio da noite, suando. Desde o ano anterior não tinha pesadelos. Olhei para a parede e encolhi-me, abraçando meus joelhos e escondendo meu rosto. Não queria pensar no que a professora disse, mas ela poderia ter razão. Eu quase matei uma pessoa e a vingança para mim tem gosto delicioso. Eu poderia me tornar a pior pessoa do mundo. Meu futuro, certamente, seria negro.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Se sou trasgo, respondam, está bem? Pelo menos tenho a necessidade de saber se sou horrível...
Bisous e até o próximo capítulo.