The Letter escrita por Miss D


Capítulo 1
Capítulo Único - A Carta


Notas iniciais do capítulo

Ahhhhhhhh!!! Não acledito que ta postando minha primeiríssima fic do Crepúsculo aqui *saltinhos de louca*. Espero que vocês amem tanto quanto eu amei escrever. Nos vemos lá embaixo ---->



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“Querido Jacob,

  Não existe uma forma fácil de dizer o que estou prestes a dizer, por isso escolhi fazer deste jeito – o mais covarde, pelo jeito. Não tenho coragem de olhar nos seus olhos e fazer isso. Eu sei que você iria conseguir me fazer mudar de idéia. E é por isso que vai ter que ser assim.

  Já faz uma semana, e eu não agüento mais isso. Eu sei que pedi tempo, mas o tempo está me matando, lentamente, gradualmente. Porque você pediu uma resposta, e eu preciso responder antes que fique louca.

  Eu sabia o que você era para mim desde o princípio. Não, não sobre o imprinting, e sim sobre o que eu sentia e sinto sobre você. Jacob, quero que saiba que você sempre será alguém muito especial para mim. Eu amo você. Mas existe uma grande diferença entre amar apaixonadamente e amar fraternalmente. Você é como o meu irmão mais velho superprotetor – aquele que bate nos valentões da escola quando eles se metem comigo, aquele que olha feio para o garoto que veio me pegar para ir ao cinema. Você é ótimo. Só que não existe nada além disso. Desculpe se eu estou estragando tudo, se eu sou a única anormal nesse grupo de garotas. Já devia saber que eu não sou nem um pouco normal. Você, meus pais, meus tios, o Carlisle e a Esme, vocês dizem que são anormais. Mas se vocês são, então o que eu sou? A anomalia da anormalidade? Uma aberração não-natural? É isso. Então não posso agir como se tudo tivesse que ser como é para as outras pessoas.

  Espero que um dia me perdoe pelo que estou dizendo, e espero que não se sinta preso a mim. Eu não irei forçá-lo a ficar do meu lado se isso o faz sofrer, porque fará. Vai doer quando eu finalmente encontrar uma pessoa com quem ficar, com quem dividir tudo, e não for você. Por isso, de todo o meu coração, eu o liberto, Jake. Liberto para ter sua própria vida.

                                                                                                             Como todo o amor, Nessie”

  Encarei minhas próprias palavras naquela folha de papel. Eram como ácido, corrosivas, ardidas. Certamente doeriam, doeriam como talvez nunca outra coisa jamais houvesse doído.

  E, em mim, elas cortavam. Fatiavam meu coração aos pedaços, aos montes, deixando apenas seus restos. Eu não queria fazer aquilo. Porém era preciso. As coisas não tinham que ser do jeito que era para ser só porque era para ser daquele jeito. Ele não tinha que ficar comigo. Não era obrigado a isso. E eu precisava provar para ele, de alguma forma. Provar que eu não sou um fardo que tem que carregar, que ele pode escolher a vida que quiser, mesmo que eu não possa.

  Porque não existe maior blasfêmia do que esta que acabei de escrever nesta carta. Minha auto-sentença de morte. Minha auto-mutilação. É assim que eu me sinto ao olhar para essa folha: mutilada. Arrasada. Como se nem mesmo todo o ar do universo fosse suficiente para que eu consiga respirar novamente, viver normalmente. Eu sei que ele vai me escutar. Que vai viver sua vida.

  Sem mim. Mas, nem toda a dor do mundo me faria amarrar Jacob a mim, como se eu fosse um poste, e ele, um cachorro, e deixar as coisas seguirem o rumo pré-estabelecido. Não. Não mesmo.

  Atravessei a porta da mansão, em direção a floresta. Se estava disposta a fazer isso, pelo menos faria direito. Já estava sendo uma covarde escrevendo tudo em uma carta, ao invés de na cara dele. Eu simplesmente não podia. Dizer a ele, quero dizer. Pois no momento em que visse aquele rosto moreno; aqueles olhos escuros, brilhantes; aquele sorriso que me aquecia como uma lareira acesa, então tudo estaria perdido. Não poderia.

  No mínimo, tinha de dar a ele a carta pessoalmente. E depois fugir, para bem longe, e não ver a tristeza se derramando de seus olhos. Seria insuportável, mais do que eu conseguiria suportar.

  Andava sem enxergar nada a minha frente. As árvores passavam como enormes borrões verde-escuros. Não que eu estivesse correndo. Na verdade, a cada passo parecia que aquela ferida que eu mesma havia aberto no meu peito estava ficando maior e maior, inchada, coberta de pus. Como se inflamasse ali.

  No entanto, eu estava decidida. Levara quase uma semana inteira para finalmente ver o que eu tinha de fazer, o que era preciso fazer. E esse tempo quase me matou. Eu queria ir lá, na reserva, correr para os braços dele e beijá-lo, deixar que seu cheiro de primavera me invadisse, me preenchesse. Deixasse que pertencêssemos um ao outro, como o planejado.

  Só que não era bem isso que eu queria. Eu queria ter certeza de que existe muito mais do que apenas um feitiço idiota por trás do meu amor por Jacob. Queria ter certeza de que não era como uma poção do amor que o fazia cego com relação a qualquer outra coisa. Eu queria que fosse real. E não era.

  Nem percebi que já havia chegado à estradinha que levava a casa do Jake. Nem percebi que continuara andando. Para mim, já havia desistido, sucumbido ao meu desejo por ele. Mas eu com certeza estava indo mais devagar. Andando como se cada passo me aproximasse da morte.

  Não foi uma comparação tão distante da realidade.

  Três batidas na porta, foi o que eu dei. Tum-tum-tum. Ressoando como batidas de uma bateria sem fim no meu cérebro, cheias de eco, continuando sempre e sempre. Tum-tum-tum, Tum-tum-tum.

  Do outro lado, ouvi passos aproximando-se da porta. Eu o senti antes mesmo que o visse. Acho que seria sempre assim.

  Jacob quase acabou com todo o resquício de sanidade que eu ainda tinha quando abriu a porta sorrindo do seu jeito. Aquele jeito que eu simplesmente adorava. Que era como se o sol tivesse perdido todo o brilho, pois nada se comparava àquilo.

  – Nessie! – exclamou ele. – Senti tanto a sua falta, você nem imagina o quanto!

  – Desculpe – parecia o mais certo a se fazer naquele momento: antecipar o pedido de desculpas por partir seu coração. – Eu vim... – minhas pernas pareciam ter ficado moles de repente – Eu vim para te entregar isso – estendi a carta para ele.

  Jacob a pegou, confuso. Talvez tão confuso quanto eu estava. Ou não. Meu coração batia a toda, prestes a explodir. Como uma descarga de energia que antecede um apagão.

  – Então . Eu... tenho que ir, Jake. Tchau.

E saí correndo. Quem me visse, deduziria que eu vira algum fantasma. E era mais ou menos a verdade. Corri como se minha vida dependesse da distância entre mim e o homem com a carta nas mãos. Como se quanto mais eu me afastasse, menos provável seria que a dor chegasse até mim.

  Quando cheguei em casa, papai me esperava na porta. Eu conhecia aquele olhar. Ele dizia exatamente: “O que foi que você fez?”. Entretanto, no minuto seguinte seu rosto já estava diferente. Olhava angustiado para mim, como se sofresse também.

  – Você tem certeza disso, Ness?

  – O que é que o senhor acha, papai? Eu não quero uma marionete enfeitiçada como namorado. Eu quero alguém que me ame de verdade.

  Papai suspirou, agora parecia que ia dizer algo que nunca pensou que poderia sair de sua boca:

  – Mas, querida, ele te ama de verdade. Mais do que tudo.

  – Não ama nada! Se não fosse aquele imprinting imbecil eu seria apenas um estorvo na vida dele, e você sabe disso.

  – Eu não sei. Não sei o que teria acontecido se ele não tivesse o imprinting.

  – Pois para mim está muito claro – respondi. Meus olhos já estavam tão marejados que eu não conseguia mais enxergar. Esse é o problema de ser uma mutação anormal da anormalidade: todos na minha casa são incapazes de chorar, só eu sou fraca o suficiente a esse ponto.

  Subi as escadas correndo, dois degraus de cada vez. Eu só queria o meu quarto. Só precisava de paz, de solidão.

  Escancarei minha porta e tranquei-a. Caí de bruços na cama, já soluçando compulsivamente. Agora o perdera para sempre. Agora ele estava livre – e eu, presa. Encarcerada em minha própria dor.

  E se Jacob se apaixonasse mesmo? E se ele me esquecesse?

  Isso era loucura. Não foi por esse motivo que eu escrevera aquela maldita carta? Para que ele tivesse outra chance?

  Sentia como se o céu e a terra estivessem se fundindo ao meu redor, prensando-me de todos os lados, como um insetinho sendo esmagado. Dor. Eu chorava ainda mais ruidosamente do que antes, colocando todas as minhas forças naquilo. Lavar minha alma com as lágrimas.

  Por fim, não havia mais o que derramar. Meus olhos estavam secos, e eu encarava, desanimada, o teto do meu quarto. Fixamente, sem ver absolutamente nada. Quanto tempo fazia que eu estava ali deitada, dias? Anos? Tudo seria a mesma coisa para mim. Esme e tia Rosalie vieram bater na porta pelo menos umas vinte vezes cada uma, eu mal as ouvi.

  Papai ameaçou derrubar a porta. Eu pouco me importava. Se ele derrubasse ou não, daria no mesmo.

  Não havia mais... sentido em nada.

  – Filha – mamãe chamou, com a voz de sino preocupada –, abra a porta, por favor.

  Eu ainda era capaz de me levantar? Talvez. Não podia ter certeza. Minha voz se perdera, de modo que seria impossível responder. Continuei onde estava.

  Passou-se mais algum tempo. Uma eternidade tediosa, vazia, na minha opinião. E logo, na minha porta, batia uma pessoa diferente. A pessoa que eu mais precisava ver – e a que desejava fervorosamente que não tivesse vindo.

  Abri a porta mesmo assim.

  Era isso o que eu temia. O que eu mais temia. Ter que encarar aqueles olhos assim. Tristes, cheios de dor. Eu tinha que ser forte.

  Jacob não pronunciou palavra. Apenas olhava para mim. Dei-me conta de que deveria estar péssima, com os olhos inchados e o nariz vermelho. Engoli todo o sofrimento que pudesse estar sentindo e firmei-me ali, tentando parecer bem.

  – Por quê? – perguntou Jake.

– Eu já disse, Jake. Foi por isso que escrevi a carta.

  – Não, não. Eu quero saber o motivo. Eu preciso. Você não entende, eu não posso viver sem você.

  – Vai ter que sobreviver.

  – Por que, Nessie? Foi alguma coisa que eu disse, que eu fiz? O que eu tenho de errado?

  Estava prestes a dizer: “Não é você, sou eu”, mas a frase pareceu tão batida que desisti. Quanto mais eu afastasse Jacob, menos ele demoraria para me esquecer. Acabar de uma vez por todas com aquela porcaria toda.

  – Como eu posso saber o que você fez de errado? A coisa é simples: não aconteceu – engoli seco para dizer em voz alta a próxima frase. – Eu não gosto de você da mesma maneira que você gosta de mim. Achei que tivesse deixado isso bem claro.

  Jacob me encarou, torturado.

  – Está blefando.

  – Não, não estou.

  – Está, sim. Só pode ser isso. Tem que estar mentindo para mim, para me fazer...

  – Jake – interrompi –, Jake! Olhe para mim – peguei seu rosto entre minhas mãos. Sua pele queimava contra a minha, chamas se espalhando por todo o meu corpo. Tentava ignorar aquela sensação. – Existe outra pessoa. É isso.

  Ele parou de respirar.

  – Você está apaixonada... por outro?

  Como doía. Tanto que parecia que a qualquer momento eu não teria mais forças.

  – Estou, Jake.

  – Mas eu...

  – Eu queria te contar, Jake. Mas fiquei com medo de você ficar furioso, ou que acabasse fazendo alguma besteira. Eu achei que se só mandasse a carta você entenderia melhor. Não precisava ter vindo aqui, isso só piora tudo.

  Jacob ainda olhava intensamente para mim. Havia uma dor tão profunda naquele olhar que tive de desviar o meu próprio. Não agüentaria. Ele estava tão... perdido. Por que não era fácil, por que nunca nada podia ser fácil?

  – Tem... Tem razão. Desculpe, Ness. Eu... Eu apenas...

  – Não precisa se desculpar por nada, Jacob – eu respondi, da forma mais desinteressada que conseguia naquele momento.

  – Posso... Posso pedir uma última coisa?

  – O-o q-que? – gaguejei.

  – Me beija?

  Não. Não, não, eu não podia fazer isso. Se eu o beijasse, uma vez que fosse, seria como se estivesse bebendo meu próprio veneno. Seria a pior tortura pela qual eu poderia passar. Ele não podia me pedir isso. Não...

  – Jake... – balbuciei – Por favor, não vamos... Apenas não prolongue isso, ok? Será melhor para nós dois.

  – Por favor... – sussurrou ele, a voz grave ainda mais rouca do que o normal.

  Eu fechei meus olhos. Por que era tão fraca? Por que simplesmente dizia “não” e pronto?

  Porque eu o amava, simples assim.

  E, contrariando totalmente o que havia decidido dentro de mim, beijei-o. Beijei seus lábios quentes, gentis, como um gesto cálido de despedida. Não havia expectativa nenhuma naquele beijo. Mas, ainda assim, foi o suficiente para incinerar-me por dentro. Eu quis chorar ali. Eu quis desmentir tudo o que acabara de dizer. Mas já não podia.

  Percebi que, junto ao meu rosto, Jacob chorava. Suas lágrimas molhavam minha face como as minhas haviam feito momentos antes. Foi como uma punhalada em meu peito.

  – N-Ness – disse ele, assim que nos afastamos –, eu te amo. Independentemente do que acontecer com você, ou comigo, quero que saiba disso. Quero que saiba que isso é a maior verdade na qual acredito.

  Se fosse verdade. Se fosse realmente verdade, Jake. Meu Jake, já não mais meu.

  E saiu. Uma brisa fresca e alegre que passou pela minha vida, e logo a deixou.

  Só que foi porque eu fechei a janela e não a deixei entrar mais.

  Eu também te amo – sussurrei em uma voz que não parecia a minha, tão baixa que poderia ser comparada ao próprio sopro do vento.

  Eu também te amo, Jake.


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Notas finais do capítulo

Críticas? Elogios? RECOMENDAÇÕES (extremamente importante isso)? Estou aberta a reviews, podem mandar. Só que MANDEM ALGUMA COISA, senão uma pessoa aqui vai ficar MUITO BRAVA. rsrsrsrs. Tomara que tenham gostado.

P.S.: Quem quiser, pode me add.

Beijos pra vuxes aí, Miss Doll ;*