Ally

Acordei cedo. Eu precisava mesmo sair para ver alguns apartamentos. Eu realmente tenho que sair dessa casa. Eu não posso mais conviver com dois malucos. Já não basta eu ter que trabalhar lá. Tá, ok, eu gosto muito do Bill. Muito mesmo. Mas cada vez mais eu me assusto com eles. Principalmente com o Tom.

Tom Kaulitz.

Um nome muito promíscuo.

Eu sinceramente não sei o que pensar dele exatamente. Primeiro são os papos estranhos de pecado e não sei o que mais. Depois vem a parte que ele pisa nos cacos de vidros. Detalhe: ele estava descalço e ele não se feriu. Depois o jeito que ele conseguiu praticamente me hipnotizar. Eu não sei o que acontece com esse cara. Sinceramente não sei.

Depois de eu me arrumar, desci as escadas para eu comer alguma coisa. Quando cheguei na cozinha, Bill já estava lá. Quando ele me viu, sorriu.

-Bom dia Bill. - eu disse sorrindo para ele também.

-Bom dia. - então ele voltou a mexer alguma coisa no fogão. Eu percebi que ele queria falar alguma coisa, mas parecia que estava evitando isso.

-Bill, desculpa por ontem eu sair praticamente correndo daquele jeito... é que eu tinha me assustado pois o Tom apareceu do nada e... - tentei explicar por cima, bem por cima, o que havia acontecido ontem a noite. É claro que ele já devia saber, pois ele desceu e provavelmente o Tom já contou. Mas eu sinceramente não me sentia confortável para falar sobre isso com o Bill.

-Tudo bem Ally, eu entendo... o Tom me contou tudo o que aconteceu. - quando ele disse isso, corei. Bem que eu imaginei. É claro que ele já sabia. Mas eu percebi uma expressão estranha em seu rosto, não sei... ele parecia estar incomodado ou até mesmo irritado com o que aconteceu.

-Ah... - eu só disse isso para não ficar um silêncio chato.

-Posso te falar uma coisa? - ele disse com cautela, parecendo estar escolhendo as palavras certas para falar comigo.

-Claro Bill, pode me falar. - eu tentei soar normal, mas acho que foi uma tentativa frustrada, pois minha voz saiu trêmula. Não sei porque, mas eu estava um pouco nervosa.

-É sobre o Tom. Eu sei o que aconteceu entre vocês ontem, mas eu só queria dizer pra você tomar cuidado com ele. - eu podia sentir a tensão em sua voz. Mas a maior tensão era a que eu estava sentindo agora em mim mesma.

-Como assim? Que tipo de cuidado? - eu disse devagar, como se eu falando rápido ele não entenderia.

-Ele não é um cara que você pode confiar assim de cara. Eu só confio nele por ser meu irmão. Mas eu falo no sentido de garotas. Ele não é muito fiel com as garotas que ele sai. Eu sei que é estranho eu falar isso pra você, mas eu digo isso para você não se magoar. Me desculpa se eu estou sendo inconveniente, mas eu precisava falar. - ele disse isso de uma maneira séria. A voz dele parecia ficar mais tensa a cada palavra. E meu coração acelerava cada vez mais. Eu não sei o que estava acontecendo, só sei que boa coisa não era.

-Nossa... eu nem sei o que dizer... mas obrigada pela dica. Vou tomar cuidado. Mas não se preocupe, entre nós não há nada. Foi só aquele momento mesmo. Pra falar bem a verdade eu não sei o que deu em mim para acontecer aquilo... - eu disse essa última frase bem baixo, achando que ele não tivesse ouvido.

-Pois eu sei... - ele disse mais baixo ainda, mas eu consegui ler os seus lábios e ver o que ele disse. Porém eu preferi não prolongar aquele assunto que estava me incomodando tanto. Honestamente eu queria saber o porquê da última frase do Bill, mas eu não estava com cabeça para isso -Bem... eu fiz panquecas. Você quer? - ele voltou a ficar normal, sorrindo como sempre. Bem melhor assim, com certeza.

-Ah, pode ser. Eu adoro panquecas. - tirei a tensão da minha voz, mas ainda estou tentando tira-la do meu corpo. Então ele colocou um pouco de panquecas em um prato que estava na mesa. O cheiro estava bom e havia cobertura na mesa. Eu adoro cobertura de panqueca.

-Você quer achocolatado ou café mesmo?

-Só café. - então ele se sentou e eu também. Pra minha felicidade o Tom ainda não acordou. E eu espero que ele não acorde até eu sair.

-Por que acordou tão cedo? - ele disse enquanto colocava o café na xícara e depois colocava duas panquecas no prato.

-Pois eu vou ver alguns apartamentos hoje. - fiz o mesmo que ele e depois coloquei muita cobertura nas minhas panquecas. Peguei uma garfada e esperei que ele falasse.

-Ah... quer que eu te leve? - ele levantou uma sobrancelha.

-Ah, não precisa... vai ficar perdendo seu tempo.

-Eu não tenho nada pra fazer... eu não me importo de acompanhar você. - ele disse isso sorrindo e depois deu de ombros.

-Hm, é sempre bom ter uma segunda opinião né? - rimos. Que eu não confiava no Tom era verdade, mas no Bill eu confio, eu não sei porque, mas sinto que eu posso confiar nele tranquilamente.

Terminamos de comer o nosso café da manhã e o Bill foi se arrumar. Subi para pegar a minha bolsa e pra minha total desgraça dei de cara com ninguém mais ninguém menos que Tom Kaulitz. Ah, só porque o dia estava normal...

-Oi Ally. - ele sorriu e parou na minha frente.

-Oi Tom. - dei um sorriso nervoso pra ele. -Er... eu vou pegar a minha bolsa ali. - fui entrando no quarto para tentar disfarçar o nervosismo que eu sentia. Mas aconteceu a última coisa que eu queria que acontecesse. Eu simplesmente não entendo o que se passa na cabeça desse cara. Por que ele faz essas coisas? Acho que ele é algum maníaco. Acho não, ele é um maníaco. Só pode.

Ele entrou no quarto rapidamente junto comigo, fechou a porta e depois a trancou. Ai meu Deus! Socorro! O que esse homem vai fazer comigo agora?

Eu estava totalmente assustada e com medo. Eu tremia, literalmente. Minhas pernas estavam bambas. Eu tive que me apoiar na parede para eu poder me sustentar. Meus olhos estavam arregalados e minha respiração totalmente descontrolada. Ele começou a se aproximar de mim e eu fui indo pra trás, me afastando dele. Vi que em seus olhos haviam um puro desejo que chegava a me assustar.

-Tom, o que você vai fazer? - isso saiu quase um sussurro. Eu não conseguia emitir uma voz totalmente audível. Mas ele escutou. Eu sei que escutou.

-Calma Ally, eu não vou fazer nada que você não queira. - ele me deu um sorriso que foi quase sarcástico.

Quando eu já não tinha mais pra onde ir, eu me encostei na parede e ele já estava a menos de um metro de distância de mim. Quanto mais perto ele chegava, mais a minha respiração ficava alterada. Ele mantinha aquele sorriso sinistro em seu rosto.

Quando ele ficou a centímetros de distância de mim, ele começou a contornar meu rosto com o polegar, me deixando arrepiada. Eu acompanhei o movimento de sua mão com os olhos. Eu não estava entendo o porquê de ele estar fazendo isso. Depois ele chegou com a sua mão em meu pescoço. Ele o acariciou me causando arrepios na espinha. Então ele o puxou de leve e quando ele ia me beijar, ouvi batidas na porta.

-Ally? Você está aí? - ouvi a voz de Bill abafada pela porta. Então eu me recompus, me desvencilhei do Tom, peguei minha bolsa que estava em cima da cama e disse:

-To sim Bill, pode ir descendo que eu já estou indo. - gritei de dentro. Eu não queria que o Bill visse o Tom aqui dentro se não ele ia pensar besteiras.

Meu Deus, o que o Tom está querendo comigo? Tá, é claro que eu já sei muito bem o que ele quer... mas eu não posso me sentir assim toda vez que ele fica a menos de um metro de mim. Eu tenho que me lembrar do que o Bill me falou hoje mais cedo. Tomar cuidado com o Tom. Se o próprio irmão dele disse isso é porque eu realmente tenho que tomar cuidado com o Tom.

Então quando eu ia abrir a porta, Tom disse:

-Não precisa ter medo de mim. - sua voz soou tão fria, que me assustou. Então eu simplesmente parei com a mão na maçaneta. Senti ele se aproximar. Eu poderia ter aberto a porta e saído tão rápido como ele entrou. Mas não, eu sou idiota. Fiquei ali parada. Eu senti que ele estava muito perto. Tão perto que eu pude sentir a sua respiração em meu pescoço. Eu estava com medo de me mexer. Parecia que havia algo me segurando. Algo que me prendia ali. Então senti suas mãos em meus ombros. Involuntariamente eu soltei a maçaneta e deixei minhas mãos paradas ao lado do meu corpo. Ele foi descendo suas mãos sobre o meu braço bem devagar, deixando a minha respiração cada vez mais falha. Com uma das mãos, ele afastou o cabelo do meu pescoço. Senti que ele aproximou mais o seu rosto de mim e pude sentir a sua respiração quente sobre o meu pescoço, até eu sentir os seus lábios sobre o mesmo. Nessa hora eu fechei meus olhos e tentei respirar fundo. Eu tinha que parar com aquilo, mas eu não conseguia. Eu estava paralisada. Eu não conseguia mexer um músculo sequer. Era algo totalmente estranho.

-Viu só? Eu não fiz nada que você não quis. - então ele se afastou de mim, se colocou em minha frente e saiu do quarto.

Meu Deus. O que acabou de acontecer aqui? Eu fiquei novamente hipnotizada por ele. Não é possível, tem algo errado. Não era pra isso estar acontecendo. Precisei de alguns segundos para eu conseguir me mexer e fazer a minha cabeça voltar a funcionar. Quando consegui me recompor, respirei fundo umas três vezes e tentei parecer normal. Desci as escadas e vi Bill sentado no sofá, provavelmente me esperando.

-O que aconteceu? Demorou... - ele me olhou desconfiado. Eu não podia mentir pro Bill. Ele ia descobrir de qualquer maneira, afinal Tom é o seu irmão.

-Um pequeno imprevisto. Tom. - eu disse de uma maneira tensa. E ele percebeu a tensão em minha voz.

-Ele fez alguma coisa pra você? - ele se aproximou de mim parecendo estar preocupado.

-Não Bill, não se preocupe, não foi nada. - balancei a cabeça e ele ficou me encarando.

O problema não é ele tentar algo comigo, mas o real problema é eu não fazer nada pra isso parar.