Meu nome é Lílian Elizabeth Olivier, eu morava na Califórnia com meu pai, Steve Olivier, e minha madrasta, Sylvia Bayck. Nunca havia conhecido minha mãe, mas sabia que ela era uma mulher muito ocupada. Meu pai me contava que ela era a responsável pela noite aparecer, e eu achei que era só uma maneira de dizer, mas eu estava completamente errada.

Eu morava em uma gigantesca casa, com meu pai e minha madrasta. Meu pai é dono das quatro Starbucks da Califórnia, o que nos rende uma gorda conta bancária. Eu estudava na California Hills, uma escola só para garotas, onde eu tinha duas melhores amigas e comparsas. Nós sempre aprontávamos, mas sempre tirávamos notas ótimas na escola, apesar de eu ter Dislexia e TDAH. Eu odiava todas as aulas, exceto a que eu escolhi fazer, mitologia grega.

Eu me sentia mais ligada àquele mundo do que a esse, era lá onde eu me encaixava. Com Poseidon, Zeus, Hades, Atena, Ártemis, Afrodite, Hermes, Ares e os outros. Mas quem eu mais admirava era a deusa e deusa primordial Nyx, deusa da noite. Não sei se tem alguma relação com eu me sentir melhor a noite, com eu adorar tanto Nyx, mas meu pai também gosta bastante da deusa.

Minha madrasta não era má, ela era uma das pessoas que eu mais gostava. Sempre me ajudava nas lições de casa e nunca contava para meu pai das vezes que eu era levada a diretoria.

Minha vida era uma maravilha, até que um dia uma Fúria me atacou em meu próprio quarto. Era sexta-feira a noite e eu estava lá na minha cama lendo House of Night (Quando eu vi que tinha Nyx nesse livro fui logo comprando e viciei), com muita dificuldade por causa da dislexia, quando eu ouço um barulho de vidro se estilhaçando e um barulho estranho. Eu sabia que era uma fúria, porque já havia visto muitos desenhos nos meus livros de mitologia, a mesma cara feia, as mesmas garras e a mesma pele enrugada. E então ela me atacou, aquela coisa até que era bem rápida.

Eu não sabia o que fazer até meu pai abrir minha porta brutalmente, e cortar a cabeça daquela coisa fora com uma faca de bronze que tinha pendurada na minha cozinha.

_Que porra era aquela? - perguntei depois que o choque passou.

_Primeiro, não fale palavrão Lílian. E segundo, durma, amanhã conversaremos.

_Pai, como você a mandou embora? - insisti.

_Durma, Lílian, já disse que amanhã conversaremos.

_O que está acontecendo? - insiti mais ainda, tentando arrancar alguma resposta daquele homem.

_DURMA, LÍLIAN, JÁ DISSE QUE CONVERSAREMOS AMANHÃ! - Nunca havia visto meu pai tão nervoso, então achei melhor ir dormir.

Contrariada apaguei as luzes e liguei meu abajur. Durmi pensando no que estava acontecendo e não havia passado dois minutos, pelo menos era o que eu achava, e acordei com a porcaria do sol na minha cara. Obrigado por me acordar, Apolo (modo ironia on). Estendi a mão para apagar o abajur e em cima da cama havia um colar com um 'L' e uma pulseira com um pingente de estrela, ambos de ouro, embaixo destes havia um pequeno bilhete azul com as letras prateadas dizendo:

'Pra você, minha querida, seu pai lhe esplicará tudo. Com amor, sua mãe.'

Coloquei a corrente e a pulseira e com um salto saí da cama e desci as escadas, lembrando de tudo o que acontecera na noite anterior.

_PAAAAII! - gritei deslizando para a cozinha. - Olhe o que mamãe me deixou pela noite.

_Acalma-se Lílian. O que foi?

_Mamãe de deu esse colar e essa pulseira e deixou um bilhete dizendo que já é hora de você me explicar tudo. Me conta tudo. AGORA! - exigi. Agora ele não me escapa.

_Sylvia já fez suas malas, está na sala. No carro eu te explico tudo. - contou ele, vencido.

_Mala? Que mala? Pra que uma mala? - perguntei rápido demais.

_Pro carro, Lílian. - ele suspirou e pegou a chave do meu Smart no chaveiro.

Fui correndo, sentando no banco do passageiro, ansiosa por várias explicações. Meu pai entrou calmamente no carro, e deu a partida. Meu coração palpitava rápido no peito, com medo de tudo aquilo, com medo de nunca mais vê-lo, ou ver Sylvia. Eu não tinha ideia do que esperar.

_Lílian. - começou ele - Lembra de quando eu te disse que sua mãe era responsável pela noite aparecer? - eu somente assenti, o deixando continuar. - Bom, não era brincadeira, nem maneira de dizer, ela realmente é a responsável por fazer a noite aparecer. Lílian, sua mãe é Nyx. - eu arregalei os olhos chocada, não era possível. Ele esperou um pouco para eu processar a informação e continuou. - Sendo assim, você é uma meio-sangue. Nyx, antes de ir embora, me explicou o porquê de não poder ficar com você e me pediu para que a levasse ao Acampamento Meio-sangue.

_E onde fica esse tal Acampamento Meio-Sangue?

_Long Island, New York. Continuando, aquilo que lhe atacou era uma Fúria, um monstro mitológico. Esses monstros só podem sem mortos com armas de bronze celestial, e seu colar é um colar mágico, se você apertar o 'L' ele virará uma espada de bronze celestial com o símbolo de sua mãe cravado em diamantes. E a sua pulseira é um escudo também de bronze celestial, com o mesmo símbolo da espada.

_UAU! Isso é... Isso é... Incrível. Eu não acredito. Então essa mecha azul no meu cabelo é uma marca de Nyx?

_Exatamente, querida. Além disso, sua mãe me visitou e me disse que te reclamará na fogueira de hoje a noite, seja lá o que isso quer dizer. Ela também lhe disse que lá você terá um chalé só pra você, já que é a única filha dela, além de um lugar para exercitar seus poderes e um livro falando sobre todos eles.

_Espera. Eu tenho poderes? Tantos poderes que minha mãe conseguiu escrever um livro sobre eles? Ah, cara, isso é incrível. - eu estava nas nuvens, até que caiu a ficha. - E você, e Sylvia? Ficarão lá no Acampamento também?

_Não, querida, nós não podemos passar, somos mortais e as barreiras não permitem. Nyx me disse que terão duas pessoas para te receber assim que chegasse no Acampamento. Você passará o verão todo lá, e voltará para casa para passar o outro ano conosco. - Steve olhou para frente e sorriu para mim. - Olha só. Chegamos. Até mais, minha pequena. Nos veremos em breve.

_Tchau pai, mande um abraço para Sylvia e um para a pequena Katherine. - Abracei-o e peguei minha mala. Katherine é minha irmãzinha, Sylvia está grávida de 8 meses e eu escolhi o nome dela.

No pé da colina estavam uma garota loira com os cabelos encaracolados e olhos assustadoramente cinza, se bem que eu não posso falar nada já que meus olhos são azuis marinhos com mesclas lisáses, e um garoto de cabelos negros arrepiados, provavelmente inimigo do pente, e olhos tão verdes quanto o mar. Não pude deixar de ver seu corpo perfeito, ele usava uma calça jeans e uma camiseta laranja com os dizeres 'Acampamento Meio-Sangue', assim como ela.

_Olá, meu nome é Annabeth Chase. - Ela estendeu a mão e eu apertei. - Sou filha de Atena.

_E eu sou Percy Jackson, filho de Poseidon. - ele fez o mesmo que ela e eu apertei a mão dele. - Nós somos os seus guias, tudo o que precisar é só pedir.

_Meu nome é Lílian Elizabeth Olivier, e eu sou filha de Nyx, deusa da noite. - os olhos deles se arregalaram.

_Fi-filha de Nyx? - gaguejou a loira. - Como? Você é loira!

_Bom, eu tenho uma mechinha azul aqui, ó. - eu mostrei a parte azul do meu cabelo e ela pareceu satisfeita.

_Vamos, vou te levar para dentro. Antes que aquele monstengo volte. - resmungou Percy.

Subimos a colina e lá tinha um grande pinheiro com lã de carneiro dourada pendurada em um de seus galhos. Espera um pouco, lã dourada?

_Esse aí é o Velocino? - perguntei abismada.

_Ah, é sim, como sabe? - perguntou o garoto.

_Bom, eu adoro mitologia grega. - enroscado no tronco estava um dragão muito bonito. - Ah, cara, isso é um dragão?

_É, esse é Peleus, nosso dragão de guarda. Ele deixa o Pinheiro de Thalia e o Velocino a salvo. - explicou Annabeth fazendo cafuné no dragão.

_Quem é Thalia? E por que esse é o pinheiro dela? - perguntei inocentemente.

_Loonga história. - Vou te ensinar uma coisa, quando alguém fala 'Looonga história' é porque não quer te contar. Então fiquei queita e continuei andando. O garoto gritou. - QUÍROOOON! ELA CHEGOU!

Pára tudo. Quíron? O treinador de heróis fica aqui? Eu o adoro.

_Olá criança. Como se chama? - perguntou ele. O homem tinha o tronco de humano e o resto do corpo era um garanhão branco.

_Lílian. Lílian Elizabeth Olivier, mas pode me chamar de Lily.

_Tudo bem, Lílian. Venha, vamos acomodá-la no chalé 11. - disse ele já galopando em direção ao chalé 11.

_Quíron! - chamou Annabeth. - Ela já sabe quem é a mãe dela.

_Já sabe? - Quíron se virou para mim. - Muito bem, vou deixar sua mala na Casa Grande e quando sua mãe a reconhecer eu lhe levo até o seu chalé. Annabeth, você e Percy podem mostrar a ela o Acampamento?

A loira assentiu e nós três conhecemos o Acampamento. Eles me mostraram a Praia onde acontecem os fogos, e onde foi o primeiro beijo deles depois de começarem a namorar, mostraram o Riacho Zéfiro, os Estábulos, o Arsenal, a Arena, os Campos de Morangos, os Chalés, o Pavilhão do Refeitório, a Parede de Escalada que soltava lava quente, o Anfiteatro, a oficina de Artes, a Quadra de Vôlei e a Casa Grande. O Acampamento é incrível. Eu estava voando, literalmente, quando uma garota trombou em mim. Ela era até bonita, tinha um corpo magro e curvas bem delineadas, seu rosto era fino e delicado e seu cabelo bem cuidado.

_Olha por onde anda, novata. - urrou ela. Garotinha mais mal-educada.

_Clarisse? É você mesmo? - Annabeth parecia aturdida.

_É, pois é. A pedido do Chris as garotas de Afrodite me deram um banho de loja e arrumaram meu cabelo.

_Você está... muito bonita. - ponderou Percy. Clarisse murmurou um obrigada e continuou seu caminho.

_Quem era? - perguntei.

_Clarisse La Rue. Filha de Ares. Ela é meio grossa assim mesmo, mas fica mais suportável quando você a conhece. - explicou o filho de Poseidon.

E assim foi o dia, conheci pessoas de chalés diferentes, treinei esgrima com Percy e tentei escalar a parede, mas não consegui.

Um barulho de concha sendo assoprada ecoou pelo Acampamento e Annabeth me levou até a Praia dos Fogos e me disse que era hora da Fogueira. Ela me disse que as chamas da fogueira refletia as emoções dos campistas e hoje estava laranja berrante. Todos cantavam músicas alegres e os filhos de Apolo tocavam. No meio de uma das músicas todos os olhos se voltaram para mim, estupefatos. Olhei para cima e vi o holograma de uma estrela prateada rodando acima da minha cabeça. Esse era o símbolo de Nyx, vulgo minha mãe. Agora sim, eu havia entendido o que era ser reclamada.

_Contemplem Lílian Elizabeth Olivier, filha de Nyx, a deusa da noite.

Todos bateram palmas e alguns garotos assoviaram.

_Vamos, Lily, vou te levar até o seu chalé.

O meu chalé. Meu próprio chalé. Ele era incrível. Ficava perto da Parede de Escalada, era o único por ali. Ele era azul escuro, exatamente da cor da noite, e dentro brilhava com uma luz prateada incrível refletida pelas paredes brilhantes como estrelas. O céu refletia a noite lá fora e mudava conforme o céu mudava. Só havia uma cama de casal no centro de tudo, um enorme lustre pendia do teto e haviam três escrivaninhas. Em uma delas estava o tal livro que meu pai me contou, intitulado 'Os poderes de Nyx'. Em cima dele havia outro bilhete de minha mãe, igualzinho ao anterior, mas esse contava mais do que o que ela deixou em casa.

'Lily,

Leia este livro com atenção e treine muito tudo o que estiver aqui, porque tenho certeza de que precisará. Espero que meu teto enfeitiçado te ajude a contemplar sua madrinha me ajudando a tranformar a noite nessa coisa tão magnífica. Sim, sua madrinha é Ártemis, minha mais fiel ajudante. Saiba que sempre poderá contar comigo é só pensar em mim, que eu te ajudarei no que puder.

Com amor, Nyx'