Capítulo 3

You’re never fully dressed without a smile

-Quer ir na frente? – Angelina perguntou a George, sorrindo – Eu preciso mesmo tirar esse uniforme. Não quero causar essa primeira impressão na minha futura sobrinha.

George riu; as palavras de Angelina soaram como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros. Por um instante pensou que ela se afastara porque simplesmente não queria ir.

Angelina, porém, o conhecia bem demais para deixar aquilo passar.

-Por Merlin, George! – ela suspirou. – Você anda tão inseguro em relação a mim.

Ele ficou quieto, o que lhe deu a oportunidade de adiar a mudança de roupa e continuar falando.

-É lógico que eu amo quando você ri assim, sem motivo aparente. Mas eu sei quando você está feliz e quando não está. – ela afirmou, colocando as mãos em torno do rosto de seu namorado. – Não esquece que quero sempre estar com você.

George sorriu.

-Se você quiser estar comigo, é melhor trocar de roupa mesmo... Um banho também não seria nada mal. – ele tapou o nariz. – Você está fedendo.

Angelina encarou o namorado com os olhos semicerrados, mas logo riu junto com ele. George Weasley estava voltando. Aos poucos, mas ele estava chegando.

-Bom ver que ouviu o que eu lhe disse hoje de manhã. – ela sorriu, mostrando seus impecáveis dentes brancos que contrastavam perfeitamente com sua pele negra. – Mas eu não estou fedendo!

Ela se fingiu de emburrada e ele apenas deu de ombros, como se dissesse que não podia dizer nada para mudar aquilo. Angelina lhe jogou a almofada que jazia em cima de sua cama e os dois riram.

Foi nesse clima descontraído que, depois de Angelina colocar uma calça e uma blusa de inverno, os dois aparataram de mãos dadas em direção a A Toca.

-E finalmente as margaridas dão o ar da graça! – Ron bufou. – Bill não quis contar o nome dela até agora.

Angelina soltou a mão de George apenas para cumprimentar o emburrado Ron, o bebê no colo de Bill e o restante dos Weasley, que ainda estavam na sala.

-Podemos subir? – Bill perguntou a Molly, em menção ao quarto de Ginny onde Fleur estava. Molly apenas assentiu e a família toda subiu para o terceiro andar, ao som dos resmungos de Ron com ocasionais "Já não era sem tempo."

O quarto de Ginny agora estava mais abarrotado de gente do que nunca esteve. Fleur tinha uma expressão um pouco abatida, mas nada que influenciasse em nada a sua beleza de uma verdadeira descendente de veela. Bill foi o primeiro a entrar e lhe depositou um beijo na testa, sentando ao seu lado na cama.

-Como você está? – ele perguntou à Fleur, que pegou a filha de seus braços e começou a acariciá-la.

-Muito bem. Melhorr impossível. – ela disse com seu sotaque francês, que já se suavizara bastante, e sorriu para Bill. Ele fez o mesmo.

Todos contemplavam aquela cena com um sorriso no rosto. Exceto Ron, é claro. Ele revirou os olhos.

-Alguém quer me dizer o nome dela? – ele finalmente perguntou, impaciente.

Hermione deu uma cotovelada em sua barriga, o que o fez gemer baixinho.

-Tudo bem, ele está cerrto. – Fleur o defendeu. O sorriso parecia permanente em seu rosto.

Ela se virou para o marido e, pelas expressões de ambos, a história parecia ser longa. Dessa vez George bufou junto com Ron.

-É só um nome, por Merlin! – George disse. – Não precisa enrolar.

E de repente ele sentiu a cotovelada que Angelina deu em sua barriga. Todos riram baixinho, exceto o próprio George e Ron, que permanecia emburrado.

-Então. – Bill começou. – O nome dela é uma homenagem a todos nós. Fleur que o escolheu.

-O nome dela não é Weally, é? – Ron perguntou com cara de nojo, fazendo menção ao sobrenome da família.

George arregalou os olhos, de repente considerando aquilo.

-Weally Weasley. – ele disse em voz alta, olhando para o bebê nos braços de Fleur. – Isso não é um nome...

-É uma missão. – Ron completou a fala de George, deixando todos surpresos, já que aquilo era típico de Fred. Os dois irmãos, então, encararam a todos com olhares questionadores, sem conseguirem entender. Aquilo havia soado tão natural...

-O que foi? – George arqueou uma sobrancelha. Aquela proximidade entre os dois era estranha de certa forma, já que o irmão mais próximo dos gêmeos nunca foi Ron, mas Ginny.

Bill e Fleur se entreolharam e riram, quebrando o silêncio momentâneo que se formara.

-Nóm, o nome dela nóm è Weally. – Fleur respondeu, ignorando a pergunta feita por George, mas ele e Ron suspiraram aliviados por saber que o nome da sobrinha não seria motivo de piada em Hogwarts.

Todos riram de suas expressões, embora ainda estivessem surpresos pela proximidade de ambos. O silêncio perdurou mais uma vez, mas logo foi interrompido por Bill antes que Ron ou George voltassem a reclamar.

-Todos estão cansados de saber que dia é hoje, não estão? – Bill fez uma pergunta obviamente retórica e a família toda pareceu estremecer. Naquele dia fazia exatamente dois anos que se dera a Batalha de Hogwarts. Dois anos da morte de Lupin, Tonks... Dois anos sem Fred.

George apertou os olhos, impedindo as lágrimas de saírem. Angelina apertou firme a sua mão. Arthur envolveu Molly com um braço delicadamente, Hermione encostou a cabeça no ombro de Ron e Ginny fez o mesmo com Harry. Charlie abaixou o olhar, enquanto Percy se apoiou em sua noiva, Audrey. Era difícil pensar naquilo.

-Apesarr de tudo o que aconteceu – Fleur continuou. – , è uma data imporrtante e merrece serr lembrrada como uma victoire.

Fleur sorriu e disse pausadamente a palavra “vitória” em francês. E então todos sorriram, sem exceção, e entenderam a mensagem subliminar.

-Eu quero apresentar a vocês – Bill acariciou o bebê no colo de Fleur. – Victoire Delacour Weasley.

As lágrimas já começavam a aparecer nos olhos de todos os presentes daquele quarto, principalmente nos de Molly e até Arthur, que raramente chorava daquela maneira. Era a saudade de Fred, a felicidade pela vitória da Batalha, a primeira neta recém-chegada e a emoção que a data por si mesma já trazia.

-E quem vai ser o padrinho? – George perguntou com um sorriso de criança, enquanto tentava, em vão, limpar lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto.

A família riu.

-Sinto muito Georgie. – Bill se levantou e segurou o ombro do irmão com um sorriso. – Mas o padrinho da Victoire será o Percy... Se ele quiser, é claro.

O irmão, que antigamente causava tantos problemas por defender piamente o Ministério, parecia tão surpreso quanto o resto dos Weasley.

-Eu? – Percy pediu desnecessária confirmação. Bill e Fleur assentiram sorridentes. No fundo, Percy ainda se culpava pelo o que acontecera com Fred e não achava que merecia aquela honraria.

-A vitória da Batalha também cabe a você. – Bill começou a explicar. – Você foi corajoso, Percy. Você não deixou nossa família na mão na hora do aperto e devemos muito a você.

Percy olhou para Arthur, Molly e, por fim, George. Parecia implorar por um tipo de pedido de desculpas, como quem dissesse que não fora capaz de proteger Fred. E, com aquele mesmo olhar, era como se pedisse permissão para aceitar aquele convite também.

A reação de George se revelou como uma total surpresa.

-O que foi? – ele perguntou, arqueando uma sobrancelha. Sua voz soava um tanto emocionada, mas era divertida. – Se você não quiser, eu quero.

Percy deixou algumas lágrimas escaparem e foi abraçar o irmão mais novo.

-Obrigado Georgie. – ele agradeceu e foi rapidamente correspondido.

-Vá conhecer a sua Victoire. – em uma tentativa fracassada, George imitou o sotaque de Fleur, o que acabou fazendo todos sorrirem.

-Ah. Ron? – George chamou o irmão mais novo, fazendo a atenção da família se dividir entre Percy com Victoire no colo e na conversa que se iniciaria ali. George sorriu tristemente quando Ron olhou para ele, respondendo ao seu chamado. – Ia ser legal se você pudesse me ajudar lá na loja. Estou precisando mesmo de alguém.

George finalmente substituiu o olhar triste pelo de o que seria o de um verdadeiro maroto , enquanto Ron – acompanhado de todos os presentes na sala – o encarava surpreso, mas como um sorriso radiante no rosto.

Era isso. George Weasley estava oficialmente de volta.