[Bella]

Pela manhã seguinte, logo cedo minha mãe veio me visitar.

Recebi um abraço quente e confortável, saudades imensas da minha mãe.

- Ah mãe que saudade, me desculpe por não ir visitá-la é que. – Ela fez sinal de silêncio para mim.

- Bella, tudo bem, precisamos conversar. – Seu olhar era temeroso.

- Claro, vamos até meu quarto. - Ela me acompanhou receosa. O que será que ela esconde?

- Filha, eu sei que você está grávida, mas é que eu preciso te contar algo. – Minha mãe nunca agiu assim.

- Tudo bem mãe... – Dei o melhor sorriso que pude, para confortá-la.

- Seu pai voltou.

O quê? Ele voltou? Pra quê?

- O que ele quer?

- Filha eu não fui sincera com você. – Seus olhos brilhavam um pouco. Ela estava chorando?... Mas por quê?

- Como assim mãe? – Já estava totalmente confusa.

- Quando eu conheci seu pai, eu era bem jovem, você sabe, minha mãe era governanta de uma casa de família rica, a família do seu pai. Foi o típico caso de amor proibido, então eu fiquei grávida de Emmet, e nós escondemos isso da família dele, mas quando foi a sua vez, ele contou pra família dele que ficou muito aborrecida, então nós fomos morar naquela casa, e as coisas eram difíceis, pois a família dele era muito poderosa. – Ela respirou fundo, ainda sem me olhar. - Nós vivemos com muitas dificuldades. Quando você tinha cinco anos, seus avós provocaram um acidente, você ficou um mês em coma, e então seu pai não agüentou e decidiu ir embora para que os pais dele nos deixassem em paz. – Eu estava chorando. – Minha querida eu não pude evitar. É que ele descobriu que contraiu câncer e precisava nos ver, ao fim da vida.

- Mas mãe e os pais deles? Eu não posso perder Pietra. – Ela tinha um resquício de felicidade resgatada em seu olhar.

- Meu amor, seus avós morreram. Há cinco anos.

- Hm.

Essa questão era algo que eu não poderia ter uma resposta lógica, vivi anos considerando que meu pai nos abandonou e quando eu descubro a verdade, é... Tão confuso.

- Minha filha, você me perdoa? – Como ela pensa que eu não vou perdoar? Ela é humana e ama também.

- Claro mãe, a culpa não é sua. – Não é dela e nem do meu pai.

- Obrigada minha querida. – Nos abraçamos novamente. Sempre seu abraço me reconforta, me dá carinho e proteção.

Eu sempre quis meu pai, e sempre achei impossível, mas e agora? Eu tenho essa chance, e eu não posso desperdiçar.

- Eu queria vê-lo.

- É? – Ela pareceu ficar feliz.

- Estar grávida mexe com meus sentimentos. Estou complacente. – Nós rimos um pouco.

- E como estão? As informações de Alice estão atrasadas.

- Não muito, hoje decidimos o nome, e outro detalhe. – Acho que minha mãe não me condenaria.

- Qual?

- Edward quer que eu seja a mãe verdadeira da Pietra, não, eu vou morar com você ainda, mas é que se ela precisar de uma mãe eu vou estar disponível. – Ela abriu um enorme sorriso.

- Como pode? Sinto um orgulho imenso de você e de Emmet uma vergonha.

- Mãe ele errou, porém não há o que fazermos. – E isso verdade, seu sinto raiva e vergonha, mas ele ama a Rosalie, e caraça! O amor muda tudo.

- É. Seu pai queria marcar um almoço, mas na verdade ele queria vir agora. - Ela sorria feito boba.

- Estão juntos? – Era claro, mas ela contando melhor ainda.

- Sim e vamos nos casar mês que vem. – Sua felicidade era tamanha.

- Que lindo isso mãe.

- Eu sei que ele está doente, mas eu o amo e mesmo que seja para aproveitar um mês, duas semanas, um semestre, eu fico com ele. Fomos privados disso por muito tempo. – Novamente duas bobas chorando, mas isso é tão bom pra minha mãe.

- Mãe, o importante é serem felizes.

- Obrigada. – Eu a abracei.

- Se importa de Edward almoçar conosco? Temos algumas coisas da Pietra.

- Sem problemas querida.

- Ok. Onde?

- Na casa dele, ele é chefe de cozinha. – Eu tenho tanto a descobrir dele.

- Está morando lá?

- Algumas noites.

- Mãe, mãe. – Sorri maliciosa.

- Sou noiva ainda, vamos fazer as coisas certas.

- Bom mesmo.

Ela anotou o endereço e se foi. Tomei um banho ainda perdida na história complexa da minha família, mas eles vão ser felizes e é isso o que importa; prolonguei o banho por mais alguns minutos.

Me troquei com o cuidado de escolher um sapato totalmente confortável, para não doer tanto as costas.

Edward chegou enquanto eu terminava de calça-los.

- Precisamos almoçar em um local diferente hoje. – Eu disse assim que abri a porta.

- Desejo? – Seus olhos brilhavam de felicidade.

- Ainda não.

Contei a história do meu pai pra ele e ele ficou feliz por mim.

- Pai é tão essencial quanto mãe, eu estou feliz por você.

- Obrigada, é muito importante, esse momento de ser mãe me deixa mais sensível.

- Tá vendo Pietra, você adoça sua mãe. – Ele olhou para a minha barriga, e eu chorei, era a primeira vez que ele falava que eu era a mãe mesmo.

- O que há?

- É tudo isso me deixa mais... é esqueça, vamos nos atrasar.

- Tudo bem.

- E só um detalhe, eles vão se casar em breve e meu pai é portador de câncer.

- Sinto muito por isso.

- É.- Baixei os olhos triste. - Agora vamos.

Ele agarrou meu braço e descemos as escadas.

- Mãe, nós voltaremos em breve, até mais.

A casa do meu pai era grandiosa como a dos Cullens, um pouco menor, eu acho que faltava a luz que Esme irradiava naquele local.

Ele veio nos receber pessoalmente.

- Isabella!? – Seus olhos brilharam, eram orbes castanhos como os meus.

- Pai? – Ele me abraçou.

- Devemos ter cuidado, com a minha netinha? – Ele sorriu mais ainda.

- Mãe, não era pra contar. – Fico feliz que ele aceitou bem.

- Eu pedi pra ela assim que soube da gravidez. – E deu um abraço em minha mãe, que casal lindo junto.

- Tudo bem, é... Esse é o Edward. – Eu indiquei.

- Prazer em conhecê-lo. – Edward estava um pouco temeroso?

- Sou Charlie, Charlie Swan. Vamos entrar o almoço está pronto.

Ele nos serviu. Uma comida, excepcional. Nós conversamos animadamente sobre um pouco de tudo. Mas chegou em um assunto delicado...

- E Bella, como você ficou grávida? É estranho.

- Hm... – Edward tomou partido e resolveu dizer. - Charlie eu me divorciei da minha esposa, nosso casamento ia bem, mas eu queria ser pai e ela não podia ter filhos, Bella sempre me ajudou, ela trabalha no meu café. Então eu perguntei se ela aceitaria ser uma barriga de aluguel, mas ao me divorciar precisava que Pietra tivesse uma mãe e nada melhor do que a própria Bella para fazer isso.

- Que confusão isso hein? Mas não os julgo, a vida é cheia de surpresas. – Ele sorriu novamente para minha mãe.

- Estou feliz pelo casamento. – Comentei mudando de assunto, falar daquilo é delicado para o Edward.

- Mês que vem já. – Meu pai parecia saltitar com Alice.

- Bella você é a dama de honra.- Minha mãe disse.

- Gorda desse jeito? – Que absurdo.

- Está linda. – Os dois disseram ao mesmo tempo. O celular de Edward tocou, ele pediu licença e foi atender.

- Obrigada, mas mesmo que me digam mil vezes estou um pouco mal. – Dei um meio sorriso.

- Imagino. – Minha mãe devia entender mesmo.

- Preciso ir, me desculpem. – Edward anunciou triste.

- Há algum problema?

- Rosalie apareceu, ela vai assinar os papéis hoje nem que seja a força. – Ele disse um tanto duro, mas ainda sim, sofria.

- Hm. Ok.

Ele deu um beijo em minha bochecha, acariciou a barriga e se foi.

- Vamos pra sala? Quero saber tudo de você minha filha.

- Eu também.

Passei a tarde toda com meu pai, e depois ao anoitecer me deixou em casa, tomei um banho e cai no sono. Aquele dia foi maravilhoso, a ligação estabelecida com o meu pai foi algo mágico, para a minha vida ficar perfeita preciso de Pietra em meus braços.

O meu sono foi se esvaindo. Acordei pela madrugada, e fui beber um pouco d’água, Edward estava em seu quarto as luzes acesas.