Os Anjos da Minha Vida escrita por Brigith


Capítulo 2
Capítulo 2 - Telefonema


Notas iniciais do capítulo

Oi! *-*
Então, mais um capítulo!
Um beijão especial para a Raqueel17, que deixou um comentário. Obrigada :D
Espero que gostem. Até!



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Eu não era uma garota medrosa, nunca fora. Para dizer a verdade, era até durona demais, mas o jeito como ele disse “dos seus pesadelos” fez todas as células de meu corpo se arrepiarem – de medo.
- Relaxa, - falou ele, chegando perto de mim. Perto demais – eu não sou nenhum serial killer. Eu só olhei sua fixa na secretária, o resto foi dedução.
- Nem quero saber o porquê de você olhar minha fixa, mas eu não tenho medo de você. – falei, empinando o nariz – Agora, é melhor fechar o bico. Quero ouvir as instruções do professor e aposto que você quer continuar tendo dentes dentro da boca.
Ele riu e me lançou um sorriso cínico.
- E é você que vai arrancá-los? Se for com a língua, eu deixo.
Corei. Idi-ota.
Cheguei mais perto e lhe dei uma joelhada no meio das pernas. Ele fez uma careta e se dobrou. Bem, eu avisei.
- Se seu poder de sedução se reduzisse a socos e pontapés, você iria se tornar uma solteirona com 27 gatos. – Adam falou, ainda abaixado. Então murmurou – Ainda bem que é bonita.
Bufei.
- Antes só do que mal acompanhada. – disse.
- Então é bom que eu seja uma ótima companhia, certo?
Eu iria responder, mas o professor nos mandou para a quadra. Rebater a bola com os “parceiros”. Não troquei nenhuma palavra adicional com ele e depois que a aula acabou praticamente corri para a casa. Sério, eu já tinha uma penca de problemas, por que iria querer um idiota a tiracolo?
Andei até minha casa, como sempre fazia: fones de ouvido a todo volume, pés no chão, olhos atentos e mente a quilômetros e quilômetros de distância. Tão distante que, quando dei por mim, já estava na porta de meu lar.
Coloquei a chave na fechadura e entrei.
- Mãe? – chamei, mas não obtive resposta.
Fui até a cozinha e vi um bilhete em cima da mesa:
“Filha, desculpe, mas eu tive que sair. Um incêndio aconteceu nesta manhã. Os coitados não conseguiram vencer a morte. Resumindo: muito trabalho. Tem dinheiro em cima da bancada, se quiser se distrair. Faz tempo que você não sai nem se diverte. Mais uma vez, desculpe. Seu pai precisou viajar as pressas e não sei que horas vou voltar. Talvez só amanhã. Cuide-se. Eu amo você.”
Suspirei. Já estava até vendo.
Subi para o meu quarto e troquei de roupa, colocando a mais confortável possível. Peguei meus cadernos, uma bolsa e desci. Aceitei o dinheiro que minha mãe oferecera em bilhete e voltei para a rua. Destino? Biblioteca. Livros. Calmaria.
Assim que cheguei na biblioteca de minha escola, rumei para uma mesa ao lado de uma janela, abrindo os livros e cadernos e começando a fazer todos os deveres que os professores fizeram o favor de passar.
Ok. Talvez eu fosse um pouco nerd, mas francamente, eu queria me dar bem. Sabem, independência. Salário alto. Ah! E um apartamento “bom” em um bairro pouco violento. Sim, sim. Eu sonho alto.
Estava acabando de fazer os temas quando, para minha surpresa, uma garota me cumprimentou:
- Olá. – falou ela, sentando – Sou Hayley. E você é...?
Eu sorri, simpática.
É claro que ela sabia meu nome, ou pelas notas altas ou pelas fofocas mentirosas de Heloisa. Mas estava sendo delicada. E muito legal.
- Prazer, sou Angeline. – me “apresentei”, enquanto batucava o lápis em meu caderno.
- Então, - começou Hayley, cruzando os braços por cima da mesa e me encarando – como nunca conversamos antes?
Dei de ombros.
- Ninguém nunca quer muita conversa comigo, você sabe. – falei eu, indiferente.
Para minha consternação, ela sorriu.
- Aquele novato pareceu querer conversar com você... até você lhe dar um, belo, devo dizer, chute nas partes baixas.
Ergui as sobrancelhas. Alguém tinha visto o pequeno incidente afinal.
- Bem, eu, er...
Ela acenou com a mão.
- Sem estresse. – falou Hayley – Não sou Heloisa, não é como se eu tivesse tirado uma foto e pudesse mandar para o diretor. – ela riu – Garotos podem ser bem idiotas, às vezes.
Eu sorri de lado.
- Ás vezes? – perguntei, irônica.
- Na maioria das vezes. – falou ela, concordando tristemente com a cabeça – Mas ainda tenho esperanças de conhecer uma exceção.
- Sou um pouco mais pessimista. – falei eu e, assim, começamos a falar de vários assuntos.
Hayley era extremamente curiosa, mas sem dúvida era uma graça. Parecia uma daquelas garotas que sempre tentam ver o lado bom de tudo e que adoram ajudar.
“Qual sua comida preferida?” perguntava ela e eu respondia “ lasanha”.
“Cor?” nessa eu tive de pensar, mas quando abri a boca tive certeza “preta”.
E assim foi, até o final da tarde, quando nos despedimos com um “até amanhã” animado.
Eu estava contente. Quem sabe eu não conseguisse uma amizade? Seria bom. Deixar de ser tão reclusa. É.
Assim que ela saiu, peguei todos meus materiais e comecei a andar até em casa. Lá fora, o ar gélido fazia a primavera parecer inverno.
Eu estava com uma blusa manga curta e, caramba, já não conseguia nem sentir os dedos das mãos. Eu respirava com dificuldade, tentando apressar o passo. Mas, (quem já passou por algo assim sabe) não tinha como. O vento fazia meu cabelo ricochetear em minha face e quanto mais rápido eu ia, mais o tempo parecia fechar.
Sinceramente, em minha opinião, o clima deve ser meio “doidão”. Não tem outra explicação. Uma hora está um calor de rachar o crânio e, em outra, parece mais que nós vamos virar picolé.
Estava começando a bater os dentes. Droga.
Anotei mentalmente que, para pessoas como eu, estar prevenida é tudo. Resumindo: mesmo que o calor seja de 40 ° C, leve uma jaqueta com você.
- Você parece estar com frio. – falou uma voz risonha ao meu lado.
Por puro reflexo, levantei meu cotovelo, que iria quebrar o nariz de qualquer engraçadinho, se ele não fosse parado no meio do caminho.
- Calma, - falou Paul, soltando meu braço e tirando a jaqueta que ele próprio vestia. Dando-a para mim – consciência pesada ou friagem no cérebro?
Mesmo que aquilo ferisse profundamente meu orgulho, aceitei a jaqueta e tentei dizer entre o bater frenético de dentes:
- A segunda opção.
- Entendo. – murmurou ele – Então acho melhor começarmos a andar, o tempo está piorando cada vez mais.
Assenti e comecei a andar, olhando interrogativamente para ele.
- Eu acompanho você até em casa. Não quero que você morra congelada. – disse, dando de ombros.
Eu sorri de lado.
- Sua jaqueta é quente. Acho melhor você ir para casa, aposto que ela fará um ótimo trabalho.
Ele me analisou.
- Certo, vou indo. Nos vemos amanhã, tchau, Angeline. – disse Paul, dando a volta e caminhando pelo caminho oposto ao meu.
- Levo sua jaqueta! – exclamei.
Ele se virou, sorriu brincalhão e depois continuou a caminhar.
Por um momento me senti culpada, agora eu estava quente, mas, por outro lado, ele deveria estar congelando. Fiquei nessa de “culpada” por menos de dez segundos. Paul me dera a jaqueta. Eu não teria pedido. Ele deu por espontânea vontade. Coisa que, devo dizer, seu irmão não teria feito.
Fui para casa, que estava vazia, claro.
Corri para meu quarto, jogando minhas coisas em cima da cama e indo direto para o banheiro. Coloquei água na banheira e entrei. Ah! Senti todos os músculos de meu corpo relaxarem. Demorei bastante no banho, mas eu tinha um bom motivo para isso, certo?
Quando saí, coloquei uma calça de lycra e um moletom bastante folgado, daqueles que todo mundo gosta de usar em um dia frio. Voltei ao banheiro e peguei a jaqueta de Paul, que estava no chão. Coloquei a mesma em cima da cama, junto com minhas outras coisas e desci. Fiz um delicioso chocolate quente, e uma pequena porção de pipoca, enquanto escolhia um bom filme para assistir.
Descartei vários títulos até chegar a Alvin e os esquilos 2. Que foi? Aqueles esquilos são extremamente dóceis. Ah! Estava esperando que eu dissesse Romeu e Julieta ou Titanic. Não, em ambos eu choraria demais. Então, nada feito.
Peguei meu chocolate quente, minha pipoca e meu filme e fui assistir.
Hum, adorava fazer esses tipos de coisas. Tirar férias da agitação.
Assisti todo o filme, dei boas gargalhadas e até tive vontade de apertar aqueles esquilos, mas como alegria de Angeline dura pouco, o filme (a pipoca e o chocolate quente também) logo acabou e, olha que coisa, o celular tocou.
Quase me matei ao subir as escadas correndo para atender, e quando finalmente peguei o celular na mão já estava esbaforida.
- Alô? – perguntei, respirando fundo.
- Angeline! – exclamou minha prima do outro lado da linha – Há quanto tempo. Então, como vão as coisas?
Me deixei cair na cama e perguntei:
- Isso é sério?
Ela riu. Uma pausa. Um suspiro.
- Desculpe,meu namorado estava aqui. Sua mãe ligou hoje cedo e contou para minha mãe sobre o incêndio. Ela pediu para mim te ligar, para ver se você ficaria bem. Sabe como é.
Ignorei as perguntas.
- Seu namorado?
Desde quando ela tinha um namorado?
- É. Bem, longa história. Mas e você? Acha que eles vão voltar? – perguntou ela
Eu suspirei.
- Francamente, foi um incêndio. Pelo que Hayley me falou, eles eram jovens. Jovens quase sempre não estão prontos. – respondi
- Hayley? Ual, uma amiga? Estamos evoluindo. Mas escute, independente do que acontecer, você sabe que pode contar comigo.
Eu sorri.
- É claro que sei, mas acho que meu anjo da guarda é forte, não morri até agora, certo?
Ouvi uma risada grave ao fundo. Franzi o cenho.
- Desculpe, ele voltou. De qualquer forma... você já sabe. Só mais uma coisa, Angeline. Anjos da guarda são trapaceiros.
Ouvi um bufo.
- Você acredita? – perguntei, incrédula – Francamente, anjos da guarda?
Ela riu.
- Apenas se cuide. E conte comigo se algum você sabe o que voltar. Beijos, e até mais.
- Beijo, cuide-se também. E pare de ler tantos livros esotéricos, Nora.
Novamente aquela risada.
- Vou parar. – um estalo – Patch! Dá para... (?)
BIP.
A bateria acabou. Beleza.
Sacudi a cabeça. Talvez o idiota do Adam estivesse certo. Eu ia ficar para titia. Até Nora!
Revirei os olhos para mim mesma e, jogando todas as coisas que estavam em cima da cama no chão, deixei-me cair nos braços de Morfeu. Tirando férias da realidade também.
Sinceramente, eu merecia.


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Notas finais do capítulo

E aí? *-*



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