Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 9
Capítulo 9 - Shinjiru janai


Notas iniciais do capítulo

Algumas coisas vão ficar mais claras nesse capítulo... eu acho...

Boa Leitura o/



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Suspirei, acho que pela milésima vez essa manhã. Estava agora na Cerimônia de Inicio do Ano, o Presidente do Conselho Estudantil está discursando longamente sobre a vida escolar, a juventude, cerejeiras florescidas e mais um monte de bobagens. Chato. Muito chato. E mesmo que fosse interessante, eu não conseguiria prestar atenção em nada. Minha cabeça está tão cheia de pensamentos que já estou ficando zonza. Ah! Não poderia haver um primeiro dia de aula mais cheio quanto esse...

Olhei rapidamente para o lado do salão onde Kaoru-kun está. E é claro, ao lado dele, está sentado uma cópia exata, que ri com escárnio(os assentos estão divididos em ordem alfabética, então eles acabaram sentando um do lado do outro) . É fácil perceber quem é quem, além das expressões totalmente opostas nos rostos. Enquanto Kaoru-kun está com seu uniforme perfeitamente alinhado, o Príncipe Pervertido, ou melhor, Hikaru-san, está sentado com desleixo, e seu uniforme está arrumado de qualquer jeito, com a camisa meio aberta, o nó da gravata frouxo, sem falar naquele riso de canto totalmente irritante.Eu ainda não acredito que fui idiota em acreditar nele! Droga...

Agora, lembrando de tudo isso, percebo o quanto fui ingênua...

Prazer em conhecê-lo, Hitachiin Kaoru, eu sou Hitachiin Hikaru.

C-como? – Kaoru-kun mal conseguia falar.

Ao que parece, seu pai andou pela Inglaterra, há dezesseis anos atrás, e lá conheceu a minha mãe, ou devo dizer, nossa mãe... – ele parou para analisar a reação da platéia diante dos fatos que narrava, mas tudo o que pode ver, foi o Kaoru-kun o fitando com interesse e perplexidade, enquanto sentava-se num banco ali perto – sim, sim, parece que o admirado e amável Kaoru-kun não é o filho legítimo que imaginava ser... bom, continuando, quando seu pai soube da gravidez, de gêmeos, resolveu levar um dos filhos para ser criado como seu herdeiro, já que sua esposa era estéreo, e o outro, ficou com a mãe... resumindo... você teve sorte... eu não... história interessante, não?

Kaoru-kun estava paralisado, de fato, nem mesmo piscava. Aquilo tudo deve ter sido um choque muito grande.

Por que? – eu não me contive, e todas as perguntas saltaram da minha boca – por que você falou da dupla personalidade?

Ah! Eu disse isso? – ele coçou o queixo de um jeito despreocupado - Eu não queria que você soubesse a verdade... era uma boa história, não acha? Me veio assim de repente...devo ter visto num filme... eu não esperava que você acreditasse tanto assim – como é possível ele fazer uma cara tão desentendida e inocente assim? Que irritante!

E como você tem a mesma marca de nascença?- eu puxei ele com força pela gola da camisa. Kaoru-kun assustou-se.

Como você sabe da marca de nascença, Hanako-chan?

Somos gêmeos apesar de tudo – ele deu de ombros.

As lágrimas se acumularam nos meus olhos, enquanto eu soltava aos poucos o aperto dos dedos na camisa. Eu não podia chorar naquela hora, não na frente desses dois. Me esforcei ao máximo em não deixar elas caírem, eu não vou chorar, não vou chorar! Afinal, eu sou um homem ou um rato? Nenhum dos dois...

Você mentiu para mim... – as palavras saíram fracas da minha boca, e eu já não podia fazer nada – eu...acreditei...

Saí correndo dali, com as insistentes lágrimas enfim descendo. Eu não sabia para onde estava indo, e inconscientemente acabei topando com Haruhi-chan ao dobrar em um corredor. Expliquei tudo o que aconteceu a ela, que me surpreendendo um pouco, não disse nenhuma vez o quanto eu fui ingênua e idiota, apenas sorriu, limpou meu rosto molhado e me abraçou, e depois me levou até o salão de eventos onde ocorria a cerimônia de entrada.

O discurso do representante acabou, e todos se levantaram ao mesmo tempo, um murmúrio baixo de muitas pessoas falando ao mesmo tempo pode ser ouvido. Corri até onde Haruhi-chan estava, para irmos juntas ver em que classe estávamos, mas ao que parece, ela já tem companhia. Tamaki-san e seu sorriso galante já estavam lá, oferecendo ajuda. Traidora! Tudo bem, eu posso aceitar ser jogada pro canto desse jeito, vou deixar você se divertir com ele, não vou atrapalhar!

Andei, meio perdida naquele mar de gente, procurando algum ponto de referência, até que percebi uma familiar chama alaranjada correndo impaciente. Kaoru-kun, eu tenho certeza. Eu o segui, nem sei ao certo porque, mantendo sempre alguma distância. Ele parou subitamente, e segurou no braço de alguém. Hikaru-kun! Não posso acreditar! O que eu estou fazendo aqui, ouvindo uma conversa tão íntima?... não importa o quanto isso é errado, eu não consigo sair...

Então... você é meu irmão? – Kaoru-kun perguntou, não sabendo como iniciar uma conversa.

Achei que eu já tinha sido bastante claro antes – Hikaru-kun foi rude, mas eu não esperaria outra coisa.

É por sua causa que ultimamente estranhos estejam gritando comigo na rua?

Sim – Hikaru-kun riu malicioso – eu achei que seria interessante se o sério e bom estudante, Hitachiin Kaoru tivesse uma má reputação.

Por quê?– indagou incrédulo.

Desde que eu descobri sobre a sua existência, eu tenho te odiado – ele disse, inexpressivo, antes de sair dali calmamente, deixando para trás Kaoru-kun perturbado.

Você não devia ouvir conversas escondida, coelhinha – A  voz rouca no meu ouvido me sobressaltou, e causou arrepios involuntários.

Anh... eu... – sem conseguir formular nem mesmo uma frase, só me restou sair correndo, pela segunda vez hoje. Mas a minha fuga não foi bem sucedida, pois meu corpo foi enlaçado por ele.

Espere... – ele pediu, abraçado a minha cintura. Não me restaram muitas escolhas – eu... me senti culpado por você, eu não devia ter feito isso, sabe... por isso eu quis vir aqui, e aparecer para você, agora eu não vou mas fingir ser o Kaoru!

EU ODEIO VOCÊ! – gritei, e ao sentir seu aperto se soltar saí correndo finalmente.

-

Eu sempre acreditei em destino, em futuros prometidos e tudo mais, mas agora estou convencida de que Destino não passa de um velho pervertido que fica pregando peças e dando gargalhadas logo depois.

Aposto que foi ele quem me colocou na mesma sala do Príncipe Pervertido... Velho Maldito... claro que não posso reclamar de ter ficado também na mesma sala do Kaoru-kun... que não parece estar se sentindo nenhum pouco a vontade com toda essa situação...

Estou aqui, na frente do quadro de avisos onde estão as listas das turmas, amaldiçoando internamente o Velho, o diretor, ou seja lá quem fez essa lista...

Eu não entendo...

Mesmo dizendo que odeia Kaoru-kun, ele entrou na mesma escola... no que ele está pensando?

Droga! Ele tá olhando pra cá! Idiota... vou apenas ignorá-lo!

-

Finalmente o primeiro dia de aulas.  Meu assento (graças a Kami) é bem distante do Hikaru-kun, do Kaoru-kun também, mas eu fico perto da janela... não é ruim...

Na hora do almoço, eu fui me encontrar com Haruhi-chan, que está na mesma sala que Tamaki-kun. Ele realmente é uma boa companhia, muito engraçado, espero que Haruhi aprenda o que é senso de humor convivendo com ele.

Ei, olha, é o Kaoru-kun! – apontei para uma grande árvore rodeada de bancos de pedra, do outro lado – eu vou lá falar com ele!

E vai me deixar aqui sozinho? – Tamaki estava de novo à beira das lágrimas.

Você não precisa de mim aqui – respondi divertida – tem a Haruhi-chan!

Ele sorriu radiante, e virou-se para Haruhi com o melhor olhar sedutor, mas ela apenas virou a cara.

Fui até o banco onde Kaoru-kun estava almoçando, sozinho, o que é raro já que ele está sempre cercado dos seus amigos, e daquelas garotas oferecidas. Ele estava bem aborrecido, mas isso era mais que compreensível.

Ah! Hanako-chan – ele sorriu ao notar minha presença, mas esse sorriso não chegou até seus olhos. Doía vê-lo assim tão deprimido. Sentei ao seu lado, esperando por alguma coisa, e ele começou a falar sem que eu perguntasse nada.

Eu tentei encontrar mais informações sobre o Hikaru ontem, mas... eu não tenho ninguém para perguntar – ele dizia baixinho, olhando para o céu – meu pai morreu há algum tempo atrás, e eu estou meio hesitante em perguntar a minha mãe sobre os relacionamentos do meu pai. Eu queria que o Hikaru me dissesse mais detalhes, mas ele realmente me odeia.

Não é sua culpa – me apressei em dizer – nem do Hikaru! Ele está se comportando desse jeito agora, mas quando vocês se conhecerem melhor tenho certeza que ele vai gostar de você! – Ah! O amor fraternal... pode haver coisa mais linda?.... Imagens deles dois se abraçando depois do tão esperado reencontro povoavam minha mente, e eu afastei elas rapidamente...algo me diz que Kaoru-kun não ia gostar do que eu estava pensando.

Muito Obrigado – ele me agradeceu, e eu fiquei deslumbrada por um momento, com o seu sorriso, que dessa vez era verdadeiro – Você mudou – ele continuou – não evita mais o meu olhar quando estamos conversando. Antes você sempre olhava pra baixo, como se estivesse com vergonha – era por que você é muito bonito, eu precisava de tempo pra me acostumar... – então eu não havia notado antes... mas você tem olhos muito bonitos.

Olhos Bonitos... ele me ... elogiou?

É a segunda vez essa semana que ele me elogia hehehe... eu to tãaao feliz!!! Acho que vou sair voando... ou desmaiar...

Oh! Ele está corado! Muito corado! Que lindo!!!

E-e-eu vou indo, então...eanh... – ele saiu meio cambaleante, com o rosto em chamas, como os cabelos.

-

Ah! Aqui está! – peguei um livro da prateleira abarrotada da biblioteca. Um livro de Karate! Eu vou estudar e me esforçar bastante!

Ah! Tem outro lá em cima! Fiquei na ponta dos pés tentando alcançá-lo, mas por mais que me esticasse não cheguei nem perto do livro.

Não alcança? – uma voz melodiosa ressoou nos meus ouvidos. Kaoru-kun? – Eu ajudo você, baixinha! – Não! É o Hikaru-kun.

Eu vou demorar a me acostumar com essa situação.

Ele esticou o braço atrás de mim, chegando facilmente aonde estava o livro. Eu podia sentir o abdômen dele tocando minhas costas... Droga! Eu me proíbo de sentir essas coisas!

Aqui está – ele me estendeu o livro – eu nem preciso dizer que você nunca vai conseguir lutar karate.

Obrigada - Peguei o livro irritada, me esforçando em fazer um olhar no mínimo malvado ou algo assim. Falhei miseravelmente na tentativa de intimidá-lo com o olhar... – eu ainda estou brava com você!

Que? Você é irritante, coelhinha... – ele pôs as mãos atrás da cabeça, bagunçando o cabelo, num gesto despreocupado.

Quer dizer que você pode me contar quantas mentiras quiser, e eu quem sou irritante por ficar brava com você?

Sim, sim, entendi, princesa... – aquela parecia uma tentativa (totalmente péssima) de parecer uma pessoa gentil – como posso fazer pra você se sentir melhor?

Bem... eu queria que você não odiasse o Kaoru-kun... – eu não queria ver aquela expressão melancólica no rosto dele novamente.

Huh?!

Você não o conhece bem! Tenho certeza que se vocês se aproximarem um pouco, vão gostar um do outro.

Não seja estúpida eu nunca vou gostar de garotos, muito menos daquele idiota! Entendeu? – ele apertou minhas bochechas com força, furioso – e toda vez que você começa a falar Kaoru-kun isso, Kaoru-kun aquilo, eu começo a odiá-lo ainda mais! – dizendo isso, ele segurou meus pulsos.

Por que?

Merda! – ele praguejou, com o rosto vermelho... ele deve estar corado de raiva.

Ei! O que está fazendo? – a voz de Kaoru-kun ressoou, alta e clara.

Não é da sua conta.

Eu tenho algumas coisas para falar com você! E não trate Hanako-chan dessa forma! – Kaoru-kun segurou Hikaru pelo ombro, virando-o para si.

Não toque em mim – Hikaru rosnou, investindo contra Kaoru, com seu semblante coberto pela raiva. Kaoru bloqueou o chute dele, deixando Hikaru ainda mais desvairado.

Os dois começaram a lutar, bem ali na minha frente, e eu não sabia o que fazer. Qual é o problema deles? Pelo amor de Deus, eles só cresceram separados, não há motivos para brigar!

Eles trombaram juntos na estante atrás de mim, e ela veio caindo na minha direção. Tudo o que me restou foi fechar os olhos com força e esperar pela dor, que não veio. Abri os olhos devagar, e o que vi me deixou pasmada.

Hikaru e Kaoru estavam segurando a estante em cima de mim, juntos.

Você está bem, Hanako?

Você está bem, coelhinha? – eles disseram em uníssono.

Sim...

Eles me salvaram, juntos! Estavam tão sincronizados...

Se machucou? – falaram em uníssono novamente, cada um segurando uma das minhas mãos.

Eu estou bem... e vocês?

Não tem problema afinal! – responderam juntos novamente. Essa coisa de falarem juntos está começando a assustar. E mesmo eles dizendo que estavam bem eu pude notar suas mãos inchadas e vermelhas.

Não me imite!

Eu não estou!

No momento em que eles vieram me salvar, seus pensamentos se alinharam. Eu ainda não sei o que Hikaru está pensando, tenho minhas preocupações, eu espero que ele e Kaoru entendam um ao outro.

Ei vocês dois! Obrigada por me salvarem – eu disse, sorrindo.

Eles me encararam um pouco surpresos, e logo depois enrubesceram, ao mesmo tempo.

Mesmo que não percebam... eles estão em perfeita sincronia.



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Notas finais do capítulo

Reviews!!! o/

~onegaai