Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 37
Capítulo 37 - Warui Yume


Notas iniciais do capítulo

Gomen nee pela demora, eu sei que isso é muito ruim! Porém! Eu tenho uma novidade. Eu estou adiantando os capítulos tanto quanto puder, para que possa postá-los uma vez por semana, no mínimo. Espero que consiga!
Bom, vamos ao capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113485/chapter/37





Eu queria... que isso não passasse de um sonho ruim.


Eu queria que a noite passasse logo, que a escuridão fosse embora.

Eu queria acordar logo, e sorrir novamente.

Eu esperei pelos raios de sol, que me reaqueceriam, e me fariam ter vontade de recomeçar.

Mas a manhã não veio.


























Sozinha no meio da neve, encolhida no casaco novo que ela havia comprado mais cedo, especialmente para a ocasião, Hanako ainda esperava por Kaoru. Ele poderia ter esquecido o encontro deles? Ela não via como, considerando que fora ele mesmo quem o marcara. Não, depois do que eles haviam planejado para essa noite, definitivamente não. Será que, por causa da nevasca, os trens haviam se atrasado? É... poderia ser algo assim.

Enquanto ela divagava, se celular tocou. Atrapalhada, ela remexeu na bolsa até encontra-lo, sentindo-o escapar das suas mãos várias vezes antes de enfim conseguir pegá-lo e atender imediatamente.

— Kaoru-kun! O que aconteceu... – ela atendeu, agitada, mas logo sua voz foi morrendo, à medida em que ela ouvia as palavras de Kaoru, do outro lado da linha. Ele desligou logo após falar, e ela deixou sua mão cair sem vida ao lado do corpo. Mal podia acreditar naquelas palavras. Sem outra opção, começou a andar, rumo ao Hospital onde Kaoru estava.



Do lado de fora do vidro, Hanako viu o motivo pelo seu encontro frustrado. Deitada sobre uma cama, com aparelhos ao seu redor e uma máscara de oxigênio cobrindo seu rosto, estava Yoko. Os curtos cabelos lilás acinzentados emolduravam o rosto, cor de osso. Os olhos, sempre tão displicentes, estavam completamente fechados, e uma espessa olheira formava-se logo abaixo, naquela pele quer era sempre tão impecável e bem-cuidada. De pé ao seu lado, Aiko fitava a irmã com os olhos tristes, segurando suavemente a mão que repousava sobre o lençol branco. O único som do ambiente era proveniente da máquina ligada à Yoko, que bipava a cada segundo, indicando os batimentos cardíacos.

— Por que isso aconteceu? – Hanako indagou depois de observar, para Kaoru que estava ao seu lado – Por que Yoko-san está assim?

— Ela está com uma doença terminal, os médicos disseram. Ela estava em tratamento nos Estados Unidos, mas o interrompeu para vir até o Japão... por minha causa – ele sussurrou a última parte, desviando os olhos com pesar – Agora mesmo, os pais dela estão discutindo o seu estado com os médicos. Parece que... ela não tem muito mais tempo...

Hanako ofegou, em choque. Kaoru deixou seu corpo cair, sobre um dos bancos ao lado da parede. — Ela está assim por minha culpa! – ele exclamou, e lágrimas espessas lavaram seu rosto. Hanako sentiu seu coração doer com aquela imagem – É por minha causa que Yoko-chan está nesse estado!

Sem nada mais a dizer, Hanako abraçou com força a figura inerte de Kaoru, apoiando seu rosto nos cabelos macios dele. Sentiu os braços dele circundarem sua cintura, trazendo-a para mais perto, e sua cabeça apoiando-se no seu ventre. Sua roupa ficou úmida com as lágrimas que não paravam de sair, e ele estava tremendo tanto! Hanako era incapaz de falar qualquer coisa para consolá-lo, e acabou por chorar junto a ele, torcendo para que ele não visse suas lágrimas. Ela sabia o que aquilo significava. Sabia sim. E por isso, tinha que agir agora, antes que não restasse coragem para fazer o que tinha que ser feito.

— Vocês dois deveriam ir para casa – uma voz cortou o ar, e Hanako se desprendeu de Kaoru, secando imediatamente o rosto.

— Aiko... – ela balbuciou, aflita – Eu... eu...

— Está tudo bem. Minha irmã é forte – Aiko murmurou, sorrindo melancolicamente – Mas eu acho que não fará bem a ela ver essa cena de vocês dois... por favor, vão para casa. Vocês podem voltar amanhã... – ela pediu, e mordeu os lábios, contendo os soluços. Sem dizer mais nada, sua pequena forma deus as costas, sumindo pelo corredor, com os bastos cabelos cor de lavanda flutuando logo atrás.

— Vamos... – Kaoru tentou sorrir, segurando com força a mão dela. Hanako entrelaçou os dedos com os dele, respirando fundo, e os dois seguiram para fora, andando em silêncio pelos corredores angustiantes até chegar ao lado de fora, com o vento do inverno os saudando.



Depois de algum tempo caminhando, Hanako decidiu que era a hora para falar. Se ela não dissesse nada agora, jamais teria outra oportunidade. Seu coração agitou-se incontrolavelmente, implorando para que ela não o fizesse, mas dessa vez, só dessa vez, ela o ignoraria. Mas antes disso, ela tinha um último desejo.

— Kaoru-kun... – ela chamou, quebrando o silêncio que se constituíra – Você pode me dar o meu presente de Natal agora?

— Hanako...! Eu... sinto muito... – ele se espantou com o repentino pedido – Eu... eu o deixei cair quando entre com Yoko na ambulância, me deculpe... eu comprarei outro quando...

— Não. – ela o interrompeu, muito mais calma do que imaginara que estaria - Não é desse presente que eu falo. Estou falando do outro... o que nós prometemos naquele dia... Eu quero você, Kaoru-kun.

— Hanako-chan... – Kaoru corou, quando finalmente entendeu as palavras de Hanako – eu não acho que seja hora...

— Não. Essa é a hora certa. Na verdade, não haverá outra hora. Isso é por que... eu acho que você terminará comigo em breve, não é? Era nisso que você estava pensando esse tempo todo, não era? – Hanako sorriu, segurando Kaoru pela manga do casaco, obrigando-o a parar de andar – Eu o conheço bem, Kaoru, tão bem que às vezes isso me surpreende. Eu sei exatamente o que passa pela sua cabeça. Eu sei que você está pensando em terminar comigo, para ficar ao lado da Yoko-san. Você se sente culpado, e quer recompensá-la de alguma forma – As lágrimas que ela não queria surgiram, teimosas, e se acumularam na beira dos seus olhos. Kaoru sentiu-se fraquejar, e nada havia que pudesse ser dito nessa hora – Eu entendo, Kaoru-kun, eu realmente entendo. Você é uma pessoa gentil. Você só quer ficar ao lado da Yoko-san até o fim, mesmo que isso seja à custa da sua felicidade. Eu... não quero terminar com você! Definitivamente não quero. Mas... ao ver o estado da Yoko-san... não há mais nada que eu possa fazer. Então... será que você pode me dar o meu presente de Natal agora...? E depois disso eu o deixarei ir...

— Hanako... – Kaoru a abraçou com força, E Hanako cedeu, deixando que as lágrimas rolassem livres pelo seu rosto, marcado de dor. Ele desejou que ela nunca mais saísse dos seus braços. Mas isso já não era mais possível. Hanako acertara em cheio, todos os pensamentos que passavam pela sua mente. – Eu sinto muito. Por favor, me perdoe – ele sussurrou no ouvido dela, sabendo que aquelas palavras nunca seriam suficientes. Com uma terrível dor no peito, ele aceitou o que estava por vir. Aquele seria o seu Adeus.








Hanako ainda dormia, com o semblante calmo e suave. Kaoru a observava ressonar, não sabia há quanto tempo, passando a mão nos cabelos castanhos, tão longos e sedosos. Aspirou o cheiro deles mais uma vez. A última vez.

Durante a noite anterior, Hanako tinha a mais triste expressão que ele já a viu fazer. A mais triste, contudo, também era a mais bela. Ela era linda, por inteiro. E, mesmo que por apenas uma vez, pertenceu por completo a ele, e somente a ele. Foi embaraçoso, é verdade, mas também, era a mais importante memória que ele possuía. E, ele sabia, era a dela também.

Terminou de se vestir, e fitou mais uma vez a figura adormecida. Acariciou seu rosto, aproximando o rosto e depositando um delicado beijo em sua testa. Logo depois, tocou os lábios, suave e demoradamente.

Aishiteru, Hanako. – sussurrou, para que apenas ela ouvisse – Embora eu tenha dito que jamais a abandonaria, eu quebrei a minha promessa. No fim das contas, acho que não mereço você...

Ele se afastou de uma vez, sentindo que se permanecesse mais um pouco naquele quarto, não conseguiria ir embora. Deu as costas, não sem antes lançar um último olhar na sua direção, gravando a imagem na sua memória.

Hanako era muito mais forte do que ele supunha. Ela conseguiria se reerguer sozinha, ele tinha certeza. Ela era capaz de se recuperar. Ele, no entanto, não tinha essa mesma certeza sobre si mesmo.

Enrolou o cachecol no pescoço, ao sair, sentindo o frio da manhã assolando-o por completo. Aquele era o cachecol que ele havia emprestado a Hanako no dia em que ela fez o exame para entrar no Ouran. Ele estava repleto de lembranças, e tinha o cheiro dela. Ou era ele quem estava com o cheiro dela impregnado no corpo. Ele não sabia dizer, mas desejou que assim permanecesse, por tanto tempo quanto pudesse.

— Eu te amo... – ele sussurrou para o vento, enquanto caminhava. Eu te amo, eu te amo, eu te amo... essas palavras ecoavam em sua mente, causando dor insuportável. Sem que percebesse, Kaoru começou a chorar no meio da rua.

Mesmo que eu não esteja do seu lado agora, Hanako, eu te amo. Nunca duvide disso, por favor.

As lembranças se amontoaram em sua mente, até que ficar de olhos fechados se tornou insuportável. Ela abriu os olhos verdes, apenas para ver o lado da cama vazio, ainda com as marcas de que ele esteve ali. Ela esticou a mão, tocando o local. Estava frio. Cerrou os dentes, com as lágrimas vindas em cascatas. Soluçou audivelmente, como uma criança. Enrolou-se nos lençóis, que ainda tinham o cheiro dele, e encolheu o corpo em forma de bolinha, tornando-se tão pequena quanto podia. Desejou poder sumir por completo, apenas para que essa dor lancinante em seu peito sumisse também.

Depois de chorar até que todas as lágrimas tivessem se esgotado, ela sentou na cama, sentindo uma onda de calma surpreendente, assim como sempre acontece com quem tem uma crise de choro. Com a mente em branco, levantou, colocando sua roupa, e deixou aquele lugar repleto de recordações.

Andou pela cidade, sem ver nada ou ninguém ao seu redor, e foi direto para casa. Abriu a porta, vendo sua mãe varrendo a sala, e Izumi assistindo televisão com os pés erguidos sobre o sofá.

— Tadaima... – ela disse, sentindo sua própria voz estranha ao ouvi-la, como se não pertencesse à ela.

— Ah, filha! Como foi a festa de Natal? – a mãe perguntou, interessada.

— É, Onee-chan, como foi a festa de Natal? – Izumi brincou, e riu alto, só então notando a expressão de Hanako, e deixou sua risada silenciar-se imediatamente.

Hanako sentou ao lado de Izumi no sofá, mordendo os lábios, com o queixo tremendo. Uma nova crise de choro parecia se aproximar.

— Izumi-chan... – ela murmurou para a prima, consciente da presença atenta da mãe logo atrás – O Kaoru-kun me deixou! – ela gritou em desespero, agarrando-se à prima e chorando copiosamente. Izumi não sabia o que dizer, e abraçou a prima de volta. Tudo o que Hanako queria agora era agir como uma criança mimada, e ser consolada, não importando o quanto isso fosse patético. Ela queria ser cuidada, abraçada, e talvez, com isso, a dor passasse um pouquinho. Ela só queria que a dor passasse.

Ela só queria que isso não passasse de um pesadelo.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Digam o que acharam, onegai *u*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bokura no Love Style" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.