Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 35
Capítulo 35 - Kataomoi


Notas iniciais do capítulo

Gomen pela demora!
A essa altura, voc~es já devem até estar acostumadas -.-' Fico feliz por não me abandonarem, mesmo assim!
Já faz um tempo desde que fiz isso... mas esse capítulo vai ser narrado em terceira pessoa, por que é importante mostrar a visão dos outros personagens... Depois, me digam o que acharam n_n
Ah, eu mudei a capa da fic, depois me falem sua opiniões *0*



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Branco e puro, como a neve...

Aquele inocente amor...

Kaoru-kun.

Naquela época, você era tudo para mim.

O inverno finalmente havia chegado novamente, colorindo de branco toda a paisagem. O vento soprava fortemente, e o ar gélido congelava tudo o que tocava. Ao longe, através da densa névoa, era possível distinguir um jovem casal, andando de mãos dadas. A garota, de longos cabelos castanhos encobertos por uma grossa touca de lã, sorria tolamente, enquanto o garoto, de cabelos vermelhos que se destacavam na paisagem monocromática, fitava-a ternamente a cada segundo. A garota, Hanako, estava com Kaoru, o seu namorado, voltando para casa. Ela tremia compulsivamente, amaldiçoando-se por dentro por não ouvir sua mãe e colocar mais casacos. Encolheu-se nos braços de Kaoru, desacelerando o passo. Ele sorriu, abraçando o corpo dela contra o seu. Os dois seguiram, felizes e satisfeitos apenas com a presença um do outro.

— Olha, Kaoru-kun – ela exclamou subitamente, admirada – está começando a nevar de novo! É tão bonito... – suspirou, tocando com a mão os pequenos flocos que caiam vagarosamente. Correu para frente, girando no mesmo lugar enquanto mirava a neve branca flutuando no ar.

Kaoru corou, sorrindo de um jeito estranho. Ela era tão fofa! Ele queria apenas poder abraça-la para sempre, e não precisar soltá-la jamais.

— Sim... – foi apenas o que conseguiu pronunciar.

Logo, eles se aproximaram da casa de Hanako. Em frente ao portão, pararam, ao mesmo tempo, perfeitamente sincronizados.

— Acabei de lembrar, o Natal está chegando! Você já decidiu que presente quer? Eu estou economizando, então você pode pedir o que quiser!

— Eu já sei o que quero – ele disse, de uma maneira tão séria que a fez sentir arrepios – Wakamiya Hanako. Eu quero Hanako-chan de presente.

O rosto dela queimou, a uma velocidade alarmante, tornando-se genuinamente escarlate. Havia mesmo ouvido direito?

— Na noite do dia 24, eu reservei um quarto de hotel. Por favor, pense sobre isso. – ele disse, sem hesitar, e então, se afastou. Aquilo era constrangedor, e ele não conseguiria manter a pose por muito tempo. Sem hesitar, deixou para trás uma garota boba e incrédula, que ainda demorou mais alguns minutos no frio para digerir a informação.

Do outro lado da rua, escondida por arbustos e uma lata de lixo, alguém testemunhava a rápida e terna cena entre os dois. E não estava nem um pouco feliz com isso.



— Hitachiin Hikaru- kun. Você pode sair um pouco? – a garota alta, de cabelos curtos e alinhados disse, no tom de voz elevado que fez extinguir todos os outros ruídos da sala. Havia apenas poucas garotas, com Hikaru, e todas elas fitaram a porta com irritação palpável. Estavam tentando convencer o garoto a sair com alguma delas, e mesmo não tendo sucesso algum, podiam jurar que ele estava quase cedendo.

Hikaru bufou, encarando a garota com dúvida e escárnio. Reconheceu os olhos verde-escuros e mordazes. Era a irmã da amiga de Hanako, a garota que andava correndo atrás de Kaoru. Yoko era o nome dela, não é mesmo?

— O que alguém como você quer comigo? – ele indagou, sarcasticamente, enquanto se esforçava em sorrir.

— Apenas venha – ela apertou os olhos, batendo o pé em irritação – É um assunto do seu interesse.

Levantando do lugar, Hikaru andou na direção da garota, enquanto praguejava baixinho. Os dois andaram, em passo acelerado, até o telhado, onde Yoko finalmente parou, escorando-se na grade de proteção.

— Você não está me confundindo com outra pessoa? Aquele que você gosta é o Kaoru. Eu sei só de olhar.

— Eu também sei só de olhar – ela cerrou os olhos, ameaçadoramente – Você está apaixonado pela Wakamiya, não é?

Hikaru não conseguiu disfarçar a surpresa. Ela sabia só olhando? Sério mesmo?

Ele queria poder pensar em milhares de respostas irônicas que até fizessem aquela garota insuportável chorar, mas nada veio em sua mente. Enquanto ele tentava não corar, ou fazer qualquer outra coisa constrangedora, ela se pronunciou.

—Vamos direto ao ponto – ela sorriu, de uma maneira perversa, que ficava deslocada em um rosto tão bonito.- Devemos unir forças?

Ele levantou uma das sobrancelhas, intrigado.

— Eu sei o que você fez durante o Festival Escolar. Ajudar os dois enquanto eles estavam tendo problemas... Sinceramente! Isso foi estupidez! Querendo dar uma de cupido, você achou que a Wakamiya se comoveria e viria direto para os seus braços? É claro que não!

Em silêncio, Hikaru ouviu tudo o que aquela garota tinha a dizer. Ela era irritante. Não irritante do jeito da Hanako, que fazia com que ele quisesse beijá-la apenas para calar sua boca. Não, ela era irritante de uma maneira que faria ele esquecer todo o cavalheirismo que sua mãe lhe ensinou tão cuidadosamente, e desejar jogá-la telhado abaixo.

É claro que ele sabia que era estupidez ajudar o casalzinho em crise. Ele também tinha consciência que nada disse faria Hanako se apaixonar por ele. Ela não era assim, e o amor que sentia por Kaoru era sincero – apesar de ele odiar admitir isso. Ainda que tenha sido doloroso, ele não se arrependeu. Apenas para ver aquela garota sorrindo por um momento... mesmo que não tenha sido para ele. E é claro que ele jamais diria algo assim para ninguém, nem para Yoko, muito menos para Hanako!

— Hikaru! – Yoko se aproximou, com o olhar feroz - Vamos fazer Kaoru e Hanako se separarem. Se der certo... o caminho estará livre para você, assim que Kaoru for meu.

Hikaru sorriu sadicamente. Aquilo realmente fazia muito sentido. Era o tipo de coisa que ele costumava fazer facilmente em outros tempos.

—Interessante... – sorrindo, ele pressionou Yoko contra a grade, usando seu próprio corpo. Seus rostos se aproximaram.

— O-o que você está fazendo? – ela gritou exasperada, afastando Hikaru com dificuldade.

— Só estou brincando com você – ele riu, notando a reação desesperada de Yoko, e então se afastou – Mas é melhor saber que eu não sou uma pessoa baixa como você. Eu conseguirei a pessoa que eu amo por mim mesmo, sem precisar recorrer a métodos sujos.

— E o que você faria se soubesse que Hanako e Kaoru vão passar a noite do dia 24 juntos? Em um hotel? – ela gritou, exasperada.

Hikaru empalideceu, com os olhos desfocados tornando-se enevoados. Aquilo não podia ser verdade...!

— C-como você ficou sabendo? – Ele tentou de alguma forma perceber algum tom de falsidade no tom de voz da garota, algo que denunciasse que aquilo não passava de uma grande mentira.

— Ouvi por acaso, outro dia – ela desconversou, jogando para trás da orelha as mechas que o ventou trouxe para junto do seu rosto – Você não se importa que Kaoru tenha aquela garota completamente?

Hikaru hesitou. Era óbvio o que se passava em sua cabeça agora. Yoko sorriu.

— Então, podemos fazer um acordo?





Hanako não conseguia se concentrar em nada. O treino de karate daquele dia era apenas um pequeno borrão em sua memória, que ela só sabia que havia acontecido por causa dos arranhões e hematomas, e da dor que sentia quando mexia a perna esquerda. Mesmo agora, enquanto ela terminava de se trocar para ir embora, estava difícil de manter a mente focada. Milhares de pensamentos zuniam em sua cabeça, e eles podiam ser resumidos em apenas uma frase:

Faltam 3 dias para o Natal.

Seu coração acelerava e seu rosto esquentava, só de pensar nisso. A todo o momento, Hanako balançava a cabeça com força para os lados, tentando afastar os pensamentos, mas eles simplesmente não paravam de surgir. E ela não podia deixar de perceber que, apesar de estar acanhada e com medo, estava realmente feliz. Ela queria, do fundo do coração, pertencer de corpo e alma à Kaoru-kun, e queria que ele também pertencesse a ela.

Um ruído da porta se abrindo cortou sua linha de pensamentos. Hanako sobressaltou-se, correndo para se esconder atrás dos armários do vestiário. Não importando quem fosse, ela vestia apenas a lingerie e a camisa do uniforme, que ainda estava aberta, e não queria ser vista dessa maneira por ninguém. A não ser Kaoru. No dia de Natal.

Inconscientemente, prendeu a respiração, tentando ouvir quem se aproximava. Uma voz exaltada se fez presente, e ela se esforçou para reconhecê-la.

— Então, por que você me chamou aqui, Yoko-chan? É o vestiário feminino, daqui a pouco as garotas do time de softball irão vir se trocar...

— Eu não irei demorar, Kao-tan. Tenho algo a dizer para você.

Hanako vacilou. Aquele era Kaoru! E ele estava com Yoko! O que os dois estavam fazendo, sozinhos?

Ela não pode se conter, e inclinou a cabeça para fora, tentando visualizar alguma coisa. Kaoru e Yoko estavam colocados bem a sua frente, e ela tinha visão privilegiada. Nessas condições, ela estava quase preferindo não poder ver nada.

Yoko avançou para Kaoru, com lágrimas nos olhos. Abraçou-o, segurando com força o paletó do uniforme escolar.

— Eu amo você Kaoru! Sempre amei! Por favor, termine com a Wakamiya-san, e saia comigo! Eu faria tudo o que você me pedisse! Eu seria sua por completo, de uma maneira que Wakamiya jamais será capaz de ser.

— Yoko... – Kaoru colocou gentilmente as mãos nos ombros da garota, que ainda chorava – Eu...

— Não! Eu sei o que você vai dizer! – ela o interrompeu – Você sabe o que eu sinto por você, desde que éramos crianças! Você sempre soube! Então por que... por que você a escolheu e não a mim? Por que você não me esperou!?

Yoko afundou seu rosto no colo de Kaoru, limpando as lágrimas, e voltou a encará-lo.

— Desde que eu era pequena – ela fungou – eu tenho te admirado, Kaoru. Você sempre se sobressaia em tudo, e eu ficava para trás. Você até mesmo preferia brincar com a Aiko, e vivia dizendo o quanto ela era divertida e fofa! E eu aguentei esse tempo todo, dividir você com minha irmã. – seu rosto se contorceu em uma expressão que só podia ser descrita como raiva – Eu quis me tornar uma mulher bonita, para ser compatível com Kaoru. Eu me esforcei na escola, sempre tentando atingir a perfeição! Então por que você escolheu a Wakamiya??? – ela elevou sua voz, com as lágrimas voltando a sair. – Ela não se sobressai em absolutamente nada! Ela é abaixo da média em tudo! Uma pessoa que não pode realizar nada, sempre incomoda as pessoas, é dependente e inútil! Uma garota assim não combina com Kaoru!!!

Hanako sentiu os olhos queimando, mas não deixou que as lágrimas caíssem. Sentia-se patética, por que cada uma das palavras que Yoko proferiu, eram realidade. A única coisa da qual podia se orgulhar, eram de seus sentimentos por Kaoru – e isso estava sendo tirado dela nesse exato momento, e então, ela se tornaria verdadeiramente inútil. Estava prestes a sair dali, e gritar, chorar, bater em Yoko... qualquer coisa que não fosse ficar parada, mas antes que se movesse, Kaoru se pronunciou.

— Desculpe, Yoko – ele disse, calmamente, afastando-a com cuidado excessivo. Yoko fitou-o com atenção, as lágrimas paradas sobre a face lisa – A culpa é minha, por ter lhe dado falsas esperanças. Perdoe-me, não foi minha intenção. Porém, eu não sou esse cara perfeito que você idealizou. Eu sou chato, e me focava demais apenas no karate. Eu nunca tive nada que me motivasse a mudar. Eu sou mimado, e acomodado. No entanto, Hanako... me aceitou, apesar de todas as fraquezas. Ela disse que me amava do jeito que eu sou. E eu quero mudar, por ela. Eu quero me tornar um homem apropriado, para ela. A única por quem eu posso me apaixonar completamente, é Hanako.

Yoko apenas ficou parada, estática, no mesmo lugar. Não conseguia sequer piscar, e sua respiração tornou-se pesada e irregular. Ela não esboçou reação. Seu rosto estava lívido, branco como papel. Seus olhos desfocados, perderam o brilho, e ao dar o primeiro passo, em direção à saída, vacilou. Suas pernas bambearam, e ela quase foi-se ao chão. Quase, pois Kaoru, em um reflexo instantâneo, segurou-a.

Yoko soluçou, empurrando Kaoru para longe, e tropeçando, saiu correndo. Estava claro, tanto para o garoto quando para Hanako, que observava tão calada quanto possível, que Yoko não estava bem, mas ambos chegaram a mesma conclusão de que seria pior ir atrás dela.

Kaoru ainda ficou mais alguns minutos parado no vestiário, fitando o vazio. Hanako considerou se seria sensato ir falar com ele, mas antes que pudesse agir, Kaoru foi embora.

Sozinha novamente, Hanako respirou fundo, soltando o ar devagar. Aquilo era muito para sua mente. Estava feliz pelo que Kaoru disse, obviamente, mas seria mesmo certo construir sua felicidade em cima do sofrimento de outras pessoas?


O que ela não sabia, enquanto considerava ingenuamente sua situação, escondida entre os armários antigos e corroídos do velho vestiário feminino, era que a pessoa que mais sofreria com essa história, era ela mesma.







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Notas finais do capítulo

Reviews? *-----*



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