Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 28
Capítulo 28 - Daijoubou


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo da festa!!~
Espeero que gostem!!!



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— O que você está fazendo aqui? – Kaoru estava parado na soleira, com a postura rígida e os punhos cerrados.

— Ah, que bom que chegou! Só faltava você para a nossa pequena reuniãozinha ficar completa – Hikaru ironizou, bufando.

— O que você fez com ela, maldito! – Kaoru exaltou-se, puxando-me pelo braço subitamente.

— Eu não fiz nada... por hoje. Estou esperando o momento certo para conquista-la, e não é agora. Pode não ser amanhã, ou depois, mas saiba que um dia eu ainda vou tirá-la de você.

— Eu estou preparado.

Os dois falavam como se eu não estivesse presente, mas não ousei interromper. A intensidade entra sua troca de olhares era tanta que eu quase podia tocá-la. Fiquei receosa de que eles começassem uma briga como da outra vez, mas as palavras que ouvi logo depois me deixaram tão aturdida que quase não acreditei que fossem reais.

— Nós deveríamos ter uma conversa – disse Hikaru, a pessoa de quem eu menos esperava essa atitude.

Kaoru acenou com a cabeça afirmativamente, soltando meu braço. Eu entendi que aquele era um momento que eu não deveria interferir, então rumei o mais discretamente para a porta, com a saia e as sandálias nas mãos. Desci as escadas com o coração apertado de preocupação. Eles ficariam realmente bem, só com uma conversa? Eu reconheço que isso era algo há muito necessário, mas fico insegura sobre os rumos da relação perturbada que os dois mantém entre si... Só queria que eles agissem como irmãos normais, como uma família.

Depois de colocar a sandália novamente, sentindo meu pé protestar em resposta, eu voltei para o salão principal. Procurei rapidamente por alguém conhecido, e encontrei Aiko, ainda no seu posto perto da mesa de coquetel.

— Nee, Aicchi, está se divertindo? – indaguei ao chegar perto suficientemente. Ela apenas acenou com a cabeça, com a boca cheia de comida.

— Aconteceu alguma coisa? – ela perguntou depois de alguns segundos, ainda com a boca cheia. Soltou os salgadinhos que segurava, e limpou a mão no vestido, virando-se para mim. Acho que não consegui disfarçar o meu estado de espírito.

— Hikaru e Kaoru estão conversando no terraço. Eu estou preocupada.

— Ah! Vai dar tudo certo. Aqueles dois idiotas precisavam se acertar, de uma maneira ou de outra.

— Eu sei, mas... e se eles brigarem?

— Você pode ficar tranquila quanto a isso, Hana-chan – Aiko disse confiante, olhando para mim – Pelo que eu conheço do Kaoru, ele só brigaria com o outro se você estivesse lá. No fundo, ele é um exibicionista – ela afirmou, com tanta convicção que acabei por ficar surpresa de não conhecer esse lado do meu próprio namorado, mas as palavras de Aiko me acalmaram um pouco, de um jeito ou de outro.

Vi as pessoas ao redor rumando para a outra sala, então eu e Aiko as seguimos. Donatella-san estava começando a servir o jantar. O salão de jantar não era menos deslumbrante do que o primeiro. Tinha lindas pinturas em todas as paredes, e um castiçal enorme iluminava a tudo como se fosse dia. Inúmeras mesas com toalhas rubras estavam espalhadas pelo local, como num restaurante, com arranjos florais no centro de cada uma, e as pessoas aos poucos se acomodavam.

Nós duas fomos até a mesa onde Haruhi e Tamaki já estavam, deixando mais dois lugares vazios na mesa. Será que depois de conversarem, Hikaru e Kaoru aceitariam sentar na mesma mesa?

Logo um time de garçons e empregadas, todos muito bem vestidos, começou a servir os convidados. A minha frente, a bandeja foi aberta, com uma comida ocidental que cheirava muito bem. Mesmo estando esse tempo todo comendo, Aicchi não hesitou em atacar seu prato, impiedosamente. Tamaki e Haruhi também começaram a comer, silenciosamente e eu os imitei.

— Onde está o Kaoru? – Tamaki perguntou, com uma voz baixa e claramente triste, longe do seu eu habitual.

— Está no terraço... com o Hikaru – respondi, vendo-os ficarem surpresos ao mesmo tempo.

— Bem, só nos resta torcer para que tudo fique bem – Haruhi me disse, suspirando. Concordei, ainda que estivesse com medo.

Esforcei-me em concentrar na comida, então não percebi quando se aproximaram da mesa. Hikaru e Kaoru, um ao lado do outro. Seria impossível diferenciá-los, se não fosse a gravata borboleta desamarrada no pescoço de Hikaru, e o sorriso tranquilizador que Kaoru mandava para mim. Nenhum deles tinha hematomas ou as roupas amarrotadas, então presumi que havia sido uma boa conversa.

       Ambos sentaram ao mesmo tempo, um ao lado do outro e Kaoru à minha esquerda. Mantinham a expressão indecifrável, exatamente iguais, e eu não sabia o que esperar. Queria desesperadamente perguntar à Kaoru o que havia acontecido lá em cima, mas senti que qualquer coisa que dissesse pareceria exagero e intromissão. Antes que eu pudesse pensar em alguma maneira discreta o bastante para levantar o assunto e descobrir o que havia ocorrido, Donatella chegou até nossa mesa, como uma anfitriã deve fazer. Tinha um sorriso absolutamente perfeito iluminando seu rosto.

— Como está o jantar, miei bambini?- Ela disse sorridente, abraçando Hikaru e Kaoru com força, um de cada lado, impedindo-os de comer, ou mesmo de protestarem – miei figli sono davero splendido, non Anaco? – ela exclamou, com um tom de orgulho sobrepujando sua voz. Sorri e concordei, imaginando que o que quer que ela esteja falando, provavelmente é algo como elogios de mãe orgulhosa, como ela fez antes.

— Sobre aquilo de antes – Hikaru disse, sem se desviar dos carinhos de Donatella, para minha surpresa – eu já me decidi.

Kaoru sobressaltou-se, deixando cair a comida do garfo. Olhou para Hikaru, intrigado. Eu estava totalmente alienada da conversa, mas me esforçava para compreendê-la. Quase podia sentir as comichões de curiosidade na sola dos meus pés.

Donatella sorriu lindamente, bagunçando os cabelos de Hikaru.

— E então, accetterá di vivere qui con me e con Kaoru? – ela indagou com seu sotaque irresistível. Foi a vez de Tamaki deixar a comida cair. Ele sussurrou algo no ouvido de Haruhi, que por sua vez ficou ainda mais pasma. Ela se aproximou de mim, por cima de Aiko, e pediu que eu emprestasse meus ouvidos. Era quase uma brincadeira de telefone sem fio. Eu ri com a ideia, e me aproximei.

— Ela perguntou se o Hikaru quer vir aqui, morar com ela! – ela disse baixinho e discretamente. Prendi o ar, a fitando com incredulidade. Me alinhei na cadeira novamente, lançando um inevitável olhar de preocupação para Kaoru. Ele sorriu e segurou a minha mão gentilmente, tranquilizando-me. Hikaru sibilou, olhando para nós, e então se pronunciou para Donatella.

— Eu aceito. Quero morar com você. – ele disse convicto, com um sorriso determinado.

Espere, Kaoru-kun, isso está bem para você?

O que raios aconteceu naquela sacada com vocês dois? Isso até parece um tipo de realidade alternativa!!!

Kaoru, como se lesse meus pensamentos, deu uma pequena batidinha na minha testa, com um sorriso que evidenciava que estava tudo bem. Acho que a minha cara chocada estava óbvia demais. Sério, quanto tempo realmente durou essa conversa? Será que a casa toda foi sugada por um buraco negro e só eu não percebi?

-

O jantar e todo o resto da festa haviam sido ótimos. Eu e Kaoru dançamos, e então fugimos para o jardim, onde haviam mais casais escapando. Tive vontade de pedir para conhecer seu quarto, mas percebi a tempo que tipo de sentido isso poderia ter, e depois do que aconteceu da última vez, achei melhor não ter tanta confiança em mim mesma.

O carro em que estávamos parou em frente à minha casa, despertando-me das lembranças recentes. A luz da frente estava acesa, o que significa que Izumi não foi dormir até que eu chegasse, e eu tenho certeza que não foi por preocupação. Mamãe ainda está viajando, então tenho certeza que ela deve estar bem.

Apertei a mão de Kaoru entre os meus dedos, pedindo silenciosamente para que ele viesse comigo. Ele deu algum dinheiro ao taxista e desceu do carro. Eu o segui, aninhando-me ainda mais no casaco do smoking que Kaoru havia me emprestado, ao sentir o vento cortante do início do inverno. Já é inverno novamente? Faz quase um ano desde que eu entrei no Ouran, e tantas coisas aconteceram nesse tempo!

Kaoru me envolveu em seus braços, um pouco antes de abrir o portão, e de repente, eu já não sentia mais frio. Ele passou a mão nos meus cabelos, que há essa hora devem estar totalmente desarrumados, e então desceu até meu rosto. Fechei meus olhos para sentir seu toque, mas então, uma imagem me fez acordar e lembrar o que eu queria falar desde o começo, quando ficamos sozinhos.

— E o Hikaru? – perguntei, quebrando totalmente o clima, quando ele estava prestes a me beijar.  Ele suspirou decepcionado, e então tirou a mão do meu cabelo. Lastimei o momento e o calor perdidos, mas não podia mais voltar atrás.

— Nós conversamos seriamente, sobre tudo, e por fim, decidimos que não há razão para uma guerra ou algo assim. Há muitas coisas que eu quero saber, sobre o que aconteceu, e ele também. Minha mãe quer que ele vá morar lá em casa, e seria impossível se continuássemos daquela maneira, não é?

— Por que não me contou antes? – indaguei com um biquinho, mas logo me recompus – Isso quer dizer que vocês não estão mais brigados? – atropelei as palavras, esperançosa.

— De certa forma... – ele respondeu, não muito claro, mas era o suficiente. Abracei seu pescoço com força, com as pernas para o ar. Ele apertou minha cintura, surpreso, e riu também.

— Irmãos devem mesmo ficar juntos. Eu estou feliz que vocês estejam bem, Kaoru-kun! – exclamei, me aproximando do seu rosto.

— Eeei! Hanako-nee-chan! Já está na sua hora – ouvi Izumi gritar da sacada. Amaldiçoei-a internamente, mas não soltei Kaoru – se quiser trazer seu namorado, eu não conto pra Tia, mas você vai ter que me deixar brincar um pouco com ele também!!!

Não grite essas coisas no meio da noite, pirralha!!! O que será de mim se os vizinhos ouvem?

— É melhor eu ir – ele disse, me beijando carinhosamente e então se afastando cedo demais. Devolvi seu casaco, ainda relutante – e outro dia eu brinco com você, Izumi-chan – ele acenou para ela, sorrindo docemente.

Não! Ela não merece esse sorriso!!!

Depois de vê-lo se afastar a pé, a caminho da estação de trem, eu entrei em casa. Izumi já estava de prontidão, no seu pijama das Meninas Superpoderosas, e usando minha pantufa de coelhinhos.

— Suas amigas fizeram um bom trabalho em você – ela disse depois de me analisar dos pés à cabeça. Era seu jeito de dizer que eu estava bonita, e eu apenas acenei agradecendo.

— Devia ter me visto no início da festa – brinquei, piscando um olho. Ela gargalhou, como sempre fazia com qualquer comentário que fizessem.

Tirei as sandálias incômodas e a flor branca do cabelo, arrancando alguns fios sem querer. Mandei Izumi desligar as luzes, afinal, já era madrugada, e ir dormir de uma vez, mas ela apenas ficou me seguindo aonde eu ia. No banheiro, lavei o rosto durante bastante tempo, até ter certeza que os quilos e quilos de maquiagem bruta haviam sido diluídos. Analisei-me no espelho, com os olhos inchados e vermelhos, assim como as bochechas, de tanto esfregar. Meu cabelo estava destruído, e tudo o que restava da noite de princesa era o vestido, que se conservava impecável, ainda que a minha aparência não o fizesse justiça nesse momento.

Apesar de estar como a abóbora da Cinderella depois da meia noite, eu me sentia estranhamente feliz, e com a sensação crescente de que algo que eu esperava muito se realizou.

Não preciso pensar muito pra entender que é por causa da quase-reconciliação de Kaoru e Hikaru. Tenho certeza de que isso é obra de Donatella-san, e também confiança de que ela ainda vai conseguir realizar muitas mudanças mais em ambos.

Sorri para mim mesma, ignorando a presença imposta de Izumi e rumei ao meu quarto. Tirei o vestido – com muito esforço, admito – e coloquei o meu mais velho e confortável pijama. Amarrei os cabelos numa trança desleixada e a franja no alto, sem me importar com os efeitos negativos que isso terá neles amanhã, dos quais eu com certeza me arrependerei. Soltando um “boa noite” que poderia ser traduzido livremente para “cai fora”, me aninhei formato de bolinha na cama em fechei os olhos.

A imagem do ruivo veio quase imediatamente, mas eu estava com sono demais para me assustar por aquele não ser o ruivo certo. Era Hikaru, com seu olhar melancólico e perdido no meio das estrelas, me contando sobre sua mãe.

E tudo o que eu fazia era ouvir.

Mas, por que raios, eu não queria apenas ouvir?

O que eu queria… era consolá-lo. Abraçá-lo. E dizer que tudo acabaria bem.

E, no meio de tudo aquilo, eu realmente acreditava que tudo acabaria bem.


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Notas finais do capítulo

Nee, o próximo capítulo é um especial, que já está flutuando na minha cabeça a muito tempo, espero que gostem XD
Deixem reviews, onegai!



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