Bokura no Love Style escrita por Shiroyuki


Capítulo 19
Capítulo 19 - Asagohan


Notas iniciais do capítulo

Nyaan~ Aí está o capítuloo, aproveitem :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113485/chapter/19

Estava tudo escuro. Ou talvez eu apenas estivesse de olhos fechados. Minha cabeça zunia, berrava em protesto, e eu tinha a impressão de que algo como um piano, ou que sabe uma dezena deles, havia caído em cima de mim. Tentei encontrar meus olhos e abri-los, mas o pequeno exercício exigiu um esforço descomunal e minha cabeça martelou dolorosamente de novo.

Levei alguns segundos para focar minha visão, até que tudo ao meu redor parasse de girar e dançar, e lentamente me sentei. Onde eu estava mesmo? Era um quarto bem normal, e simples, eu tinha a vaga ideia de já ter estado aqui. Tudo era branco ou azul claro, exceto o edredon laranja berrante que me cobria. Eu ainda vestia as mesmas roupas que lembro de ter escolhido da última vez... mas minha memória estava tão embaralhada que tudo depois disso era simplesmente um borrão. Meu cabelo estava solto... passei a mão tentando estabelecer alguma ordem, mas tudo  que consegui foi tocar num ninho de ratos. A única coisa familiar por ali era a minha jaqueta, cuidadosamente dobrada num canto da cama.

Tentei forçar minha mente a lembrar de qualquer coisa, mas ela só sabia latejar. Repentinamente, um cheiro invadiu o quarto. Era delicioso... panquecas? Pareciam panquecas... Já não importava mais onde eu estava, ou quem havia me trazido aqui (por que eu tenho quase certeza de que não vim com as minhas próprias pernas). Aqui tem panquecas!

— Eu quero a minha com manteiga e mel... – tenho duvidas se balbuciei isso em voz alta ou se eram apenas os meus pensamentos. Levantei da cama com dificuldade, sentindo o frio arrepiar minha pele quando eu afastei o edredon. Estava tudo tão turvo, enevoado, que eu tinha a sensação de que poderia sair voando a qualquer minuto... será que devo tentar...? Tudo isso parece um sonho... provavelmente é... Sim, é um sonho!

— Mamãe? – eu arrisquei, ao passar pela porta e chegar até uma cozinha, onde o maravilhoso cheiro era mais forte. A luz do dia era forte ali, e me cegou completamente.

— Eh? Quem aqui é sua mãe? – uma voz rude e rouca respondeu. Desde quando minha mãe fala assim comigo? Será que essa é a Izumi-chn fingindo ser minha mãe? Abri os olhos, me acostumando com aquela o Sol que brilhava intenso pelas enormes janelas. A minha frente, um garoto ruivo, com olhar irritado e usando um avental amarelo de babados, balançava uma frigideira – Mamãe se transformou no Hikaru! Por que? – eu gritei inconformada, enquanto lágrimas começavam a se formar no canto dos meus olhos.

— Idiota! Ainda tá dormindo? – o ruivo se aproximou e bateu com a mão na minha testa – essa é a minha casa!

— Sua casa?

— Você ficou bêbada noite passada, e como não acordava de jeito nenhum, eu te trouxe pra minha casa – ele explicou.

Noite passada...

Oh! Sim! Eu fui à festa e boas vindas ontem! Eu me confessei para o Kaoru bêbado... QUE CONSTRANGEDOR! Depois disso, eu briguei com o Hikaru, e então... e então.. não me lembro de nada que aconteceu depois disso...

A compreensão tão rápida dos fatos me fez ficar tonta. Sentei numa cadeira que havia por ali, enquanto absorvia a todas as informações. Foi o Hikaru quem tomou conta de mim? Ele realmente tem um lado bem gentil... sorri inconscientemente ao pensar nisso.

— Apresse-se e coloque essas roupas! – Hikaru jogou algumas peças na minha direção. Ele falava sem olhar para mim, parecendo ocupado com a comida – suas roupas estão bagunçadas e sujas. Se troque e coma seu café-da-manhã, e então você pode ir para casa.

— B-bem... obrigada. – me dirigi novamente até o quarto, e coloquei as roupas que ele me emprestou. Era uma camiseta simples, azul-claro com uma estampa, e uma calça de sarja. Ficou enorme em mim, mas eu me senti bem mais confortável com elas. Elas tinham um cheiro diferente... era agradável, de canela, ou de pão quentinho... era tão bom...  esse só pode ser o cheiro do Hikaru! Como eu sou pervertida!

Voltei para sala, depois de fazer meu rosto parar de corar. Na mesa que ficava entre a sala e a cozinha, inúmeros pratos, com tudo o que existe num café-da-manhã ocidental, estavam dispostos. Tinha panquecas, com mel, pães, café, leite, chá, suco, um bolo de chocolate, frutas e tudo mais. Eu sentei na cadeira em frente a Hikaru, que estava me esperando, sem nem mesmo saber por onde começar.

— Wow! Hikaru fez tudo isso sozinho? – exclamei admirada. Aquela mesa parecia resplandecer.

— São pratos simples, não há razão para ficar com essa cara de boba – ele respondeu, olhando pela janela. Pude constatar que um leve rubor subiu a sua face.

Isso é incrível! Hikaru vive sozinho aqui nessa casa enorme, e é tudo tão limpinho e organizado. E ele ainda sabe cozinhar! Bem... pensando melhor, ele deve se sentir solitário vivendo aqui...

— Hm... onde estão seus pais? – eu perguntei sem conseguir me conter. Ele me fitou, surpreso por alguns instantes, e então olhou para o vazio, sem me encarar.

— Eu não tenho. Aquele homem não é meu pai, nem nunca vai ser.

— E... e a sua mãe?

— Já morreu há muito tempo, quando eu era criança. É melhor você comer logo, ou vai esfriar – ele respondeu enquanto cortava um pedaço de bolo para mim, e me servia uma panqueca. A sua visível falta de expressão, e frieza no tom de voz, me fez ficar preocupada. Eu disse algo que não devia, definitivamente. Aaah! Como eu sou idiota. Fiz ele ficar triste.

Os pais de Hikaru e Kaoru são a razão do ódio dele. Eu queria tanto poder saber de tudo, tenho milhões de perguntas para fazer... mas eu simplesmente não posso. Não sei porque, eu não consigo dizer nada!

— Se não vai comer nada, então vá para casa. – ele sibilou, irritado.

— Ah! Certo... Itadakimasu! – eu comi um pedaço da panqueca.

Eh?

O que foi? Que cara de idiota é essa? – ele estava cada vez mais esquentado.

— Está... DELICIOSO!!! – bradei chocada. Nunca havia comido uma panqueca tão... perfeita! Terminei de come-la em um instante, e então ataquei  bolo.  Comi tudo o que havia ao meu redor, estava tão gostoso que eu não conseguia parar – tem mais desse aqui?

— Sim, tem mais – Hikaru pegou meu prato e serviu novamente, parecendo bastante surpreso. Comi tudo mais que havia na mesa, até não restar nem mesmo um único pedaço. Seria um desperdício deixar as coisas pela metade, é isso. Parei de repente, sobressaltada com o som que ouvi. Era uma risada, cálida, divertida e verdadeira, como que nunca havia visto Hikaru dar.

— Hanako, você tem realmente um ótimo apetite. Como consegue ser tão pequena, coelhinha? – ele sorria luminosamente, com o rosto levemente corado – você pode ficar com a minha parte também... o que foi? – ele estava me entregando o seu prato, mas parou no meio do caminho, ao notar que eu não esboçava reação alguma.

— Hikaru-kun pode ter essa expressão tão fofa... – falei, incrédula – você devia sorrir sempre dessa forma!

— O que? – Ele corou subitamente, escondendo o rosto com a mão.

— Em comparação com a sua cruel e medonha expressão de sempre, essa de agora a pouco foi muito fofa... – eu expliquei meu raciocínio a ele, enquanto comia outra panqueca.

— Anh? Não vou te deixar comer! Devolve a minha parte – ele tirou o prato cruel e insensivelmente de mim, e levantou no alto. É tão estranho... ele não parece assustador como geralmente é. Na verdade, está sendo agradável ficar aqui com ele... eu gosto disso... seria bom se ao menos pudesse continuar assim!

Ding Dong - A campainha tocou. Hikaru me entregou o prato, que eu peguei sem pensar duas vezes, e se dirigiu a porta, me pedindo para esperar um pouco aqui.

— Você! O que você fez à Hikaru? – uma voz familiar soou da sala. Estava ofegante, e gritava de forma raivosa. Sai da mesa e me dirigi até a sala da frente.

— O que você veio fazer aqui? – ouvi Hikaru murmurar, descrente.

— Kaoru-kun! – eu repeti, ao vê-lo na porta. O que está acontecendo aqui?

Kaoru entrou como um furacão pela porta, e tudo o que pude sentir foram seus braços a minha volta. Ele me segurava de forma desesperada e protetora, e eu pude sentir o alívio que inundava agora. Pude ver com o canto dos olhos, Hikaru nos fitando, uma mistura de irritação, surpresa, e melancolia.

— Kaoru-kun, o que aconteceu? – perguntei a ele, que ainda me apertava com força.

— Finalmente te achei – ele suspirou aliviado – procurei em tantos lugares... eu ouvi que Hikaru tinha te levado... eu... – Kaoru me abraçou de novo, escondendo o rosto corado no meu pescoço. Ele respirava com dificuldade, e estava suando bastante. Ainda vestia as roupas da noite anterior.

Não me diga que... ele procurou por mim durante a noite inteira?

— M-me desculpe, Kaoru-kun!  - eu comecei a chorar, retribuindo o abraço de Kaoru-kun. Molhei seu casaco, enquanto as lágrimas não paravam de sair. – eu não queria ter te preocupado! Eu não sabia que... que... Me desculpa!

— Heh, sinto muito que você tenha vindo até aqui. – Hikaru dizia debochado, com um sorriso irônico no rosto. Ele estava me assustano muito.  Me encolhi no colo de Kaoru, entando entender o que ele estava fazendo -  Mas... você chegou tarde ‘querido príncipe’.

— O que você quer dizer – Kaoru desafiou-o.

— Você realmente não sabe? Uma mulher e um homem juntos uma noite inteira, você acha mesmo que não aconteceu nada entre a gente? Durante o tempo que você a procurava desesperadamente, eu já fiz o que queria!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nyan, nyan, o que acharam? espero ansiosa pelos reviews >w