Ah! Hoje é o dia da festa para os novos membros!

Eu estava tão ansiosa que pedi para Haruhi e Aiko-chan virem aqui em casa me ajudar. Aproveitei para pedir para Haru-chan contar tudo o que aconteceu com Tamaki. É uma história de amor tão linda... digna de um mangá shoujo, com certeza. Até mesmo Ai-chii ficou tocada, embora ela tentasse esconder o rosto vermelho e cheio de lágrimas atrás de um urso de pelúcia meu. Coloquei meu guarda-roupa abaixo procurando por alguma roupa, mas definitivamente eu não achei nada que quisesse usar. Depois de um tempo, Izumi também apareceu para ajudar (tudo o que ela fez foi pedir algumas roupas minhas...). Por fim, decidi por um vestido cor-de-rosa claro de babados, que era bem leve, e eu gostava muito e uma jaqueta, caso fizesse frio (a pedido da minha mãe). Vou usar a minha sandália preta de amarrar... ela tem salto alto, será que eu consigo andar sem sofrer um acidente? E o cabelo? Não posso usar as marias-chiquinhas de sempre... acho que só prender uma parte do cabelo no lado , num coque, fica bom... Apesar de não ser bem o que eu queria, é suficiente, e, além disso, pude passar uma agradável tarde entre amigas, mesmo que a metade do tempo eu tenha ficado procurando e provando roupas, e a outra metade, arrumando o guarda-roupa de volta.

Após terminar de me arrumar, de noite, pequei um táxi até o lugar onde seria a festa. Era um karaokê, que era meio famoso aqui, e ficava na mesma rua do café em que eu tive aquele encontro em grupo onde conheci Kaoru-kun... antes que ficasse inundada pelas lembranças (nem todas são boas.. afinal eu gritei umas coisas vergonhosas n meio da rua, e teve aquele sangramento nasal...) entrei no prédio do Karaokê.

Quando cheguei, a festa já havia começado, e estava bem animada. Um dos senpais, se não me engano, Morino-senpai, cantava animadamente no pequeno palco, com uma garrafa na mão e uma bandana ridícula na testa.

Incrível...

— Olha só, nossa pequena mascote chegou! – ele anunciou no microfone, esquecendo de cantar – certo, coloca mais uma!

— Quem foi que deixou o Morino beber? – ouvi alguém falando para outra pessoa.

— Acho que ele não vai se separar do microfone hoje...

— Menores de idade não devem beber! Boas crianças devem seguir esse exemplo!!! – Morino-senpai continuou discursando, com a voz arrastada.

— Aaah! Hana-chan, você veio! – Honey-senpai apareceu, com um enorme bolo na mão, e Mori-senpai nos seus flancos.

— Claro, eu não ia perder...

— Você não quer cantar? – ele perguntou, se enchendo de bolo logo depois.

— Acho melhor não – eu neguei, balançando as mãos para reforçar a ideia.

— Aaanh... que pena, queria ver Hana-chan cantando... – ele continuou, com a cara cheia de glacê.

— Melhor não... – murmurei, me afastando antes eu fosse arrastada para o palco pelo Mori senpai. Tenho certeza que ele faria isso, para deixar Hney feliz, se fosse o caso...

Me sentei em um dos sofás, observando tudo ao redor.

Oh! Aquele é... Hikaru-kun! Não imaginava que ele viria... ele reclamou tanto naquele dia... não consigo entender o que ele pensa! E ele está bem mau-humorado também, não é o jeito certo para uma festa!

— Posso me sentar aqui? – uma voz polida soou nos meus ouvidos. Kaoru-kun! Ele está sorrindo tão educado... está tão lindo... Oh! Esse não é casaco que eu dei pra ele? Hmm... Ah! Eu tenho que dar uma resposta!

— C-claro! – eu dei espaço a ele no sofá. Ele sentou rapidamente ao meu lado, sem olhar na minha direção. De repente, ele começou a se aproximar. Eh? O que ele está fazendo? O que eu faço? Kyaan...

— Se apresse e se esconda aí! O senpai está vindo... quando ele bebe, fica muito chato, e quer que todos o acompanhem... se ele te ver, vai querer que você beba com ele!

— Ah! Entendi... – Morino-senpai passou, com seu copo, abraçado em outro aluno, dizendo “vamos, de uma só vez!”, enquanto empurrava a garrafa goela abaixo do outro.

— De todo jeito... – Kaoru falou, com o semblante meio carregado, depois que o senpai se afastou – Hikaru está aqui, também... é melhor que você não saia do meu lado.

Fiquei impressionada com o que Kaoru-kun disse, e não pude evitar de sorrir... O que devo fazer... estou tão feliz... Mexi no meu cabelo, tentando esconder meu rosto irremediavelmente corado, enquanto Kaoru olhava para o outro lado. Ele está preocupado comigo. Preocupado! Comigo! Mesmo que seja apenas como um irmão uma vozinha chata e realista insistiu em dizer, na minha mente.

— Ei! Você! Kouhai! – uma voz alta e pausada gritou perto de mim.

— E-eu? – fitei surpresa o senpai, que me olhava com um sorriso estranho no rosto.

— Sim, sim! Vamos aumentar  ânimo por aqui! – ele gritava, enchendo um copo até a borda – Venha beber comigo.

— Ah! Eu... nunca bebi antes... – toda essa situação me deixa muito nervosa...

— Não seja tímida! Vamos! Beba tudo num gole só – ele me estendeu o copo. Droga, ele não tá me ouvindo!

Subitamente, o copo foi tirado da minha frente. Kaoru o segurava com força, e o tomou de uma vez só, sem nem parar para respirar.

— Ei, espera! – Honey senpai apareceu de repente, segurando um coelhinho saído sabe-se lá de onde, com um semblante bastante preocupado – Kao-chan, você sabe que a sua tolerância com álcool é muito baixa!

Kaoru baixou o copo, vazio, e ficou me encarando, muito vermelho, e com um sorriso estranho no rosto. Ele paralisou, como se estivesse pensando em algo muito difícil, e inesperadamente, caiu no chão.

— Kaoru-kun! – eu tentei ajudá-lo de alguma forma, mas era inútil.

Os outros membros do clube o carregaram até uma outra sala pr´xima, que tinha um sofá maior e mais confortável. Não posso deixar de pensar que ele realmente está muito atraente com essa face adormecida, os lábios entreabertos, o rosto levemente corado... Tão lindo! Nem parece que está bêbado! Essa situação é realmente estranha... nunca pensei que chegaria o dia em que eu veria Kaoru-kun bêbado... sempre pensei que fosse o Hikaru o mais propenso a isso... Ele estava meio sentado naquele sofá e eu estava ao seu lado.

— E-eu cuido dele... podem voltar para a festa – eu disse para os senpais, que aos poucos foram voltando para o karaokê. Apenas Honey-senpai ficou, e me encarava com visível apreensão.

— Sabe, Kao-chan não gosta muito de beber. Na última festa de boas-vindas, ele bebeu e passou mal, e desde então ele jurou que nunca mais beberia. Sabe, eu fico surpreso por alguém teimoso como o Kao-chan defender uma garota – um sorriso esperto brincava nos lábios do loirinho – bem... ele tomou a primeira oportunidade para sentar perto de você... e depois bebeu no seu lugar... ele realmente deve pensar em você como alguém especial.

Do que o Honey-senpai está falando... isso parece... não, não pode ser realidade, é claro que é só algum tipo de devaneio do Honey-senpai... me recuso a acreditar nisso! Então... porque meu coração bateu tão rápido?

— Ei! Honey-senpai! É a sua vez de cantar! – alguém falou da porta.

— Oh! Certo! – Honey se animou rapidamente – eu vou indo Hana-chan... cuide bem dele, viu?!

Aaah...! as palavras do Honey senpai ainda ecoam em algum ugar da minha mente...

Kaoru-kun

É possível que você... realmente pense em algo assim?

Fitei Kaoru adormecido por alguns instantes... ele fica realmente lindo... eu mal consigo aguentar... meu coração está batendo tão rápido...

O que é esse sentimento? Eu sinto vontade de tocá-lo... eu quero mesmo... estar perto dele...

Hesitante, eu passei a ponta dos dedos no cabelo bagunçado do Kaoru-kun. É tão macio... eu acariciei mais um pouco... eu gosto dessa cor do cabelo dele, e tem um cheiro tão bom... Eu agi sem pensar, quando dei por mim, havia abraçado Kaoru, aspirando seu cheiro, e sentindo o leve calor que emanava do corpo dele. Aos poucos as lágrimas foram embaçando minha visão, sem nenhum motivo.

Por favor, deixe ele continuar dormindo... deixe eu continuar a abraçá-lo... apenas por esse instante... eu quero ouvir o coração dele, senti-lo perto de mim...

Devagar, eu o soltei. Ainda era cedo demais para mim, eu poderia ficar assim para sempre, mas tenho certeza que devo parecer bastante patética agora. Beijei a cabeça dele, de olhos fechados, sentindo pela última vez o perfume dos seus cabelos.

— Kaoru-kun... eu gosto de você – sussurrei inconscientemente, deslizando a mão pelo seu rosto, enquanto as lágrimas continuavam a lavar o meu – eu realmente gosto de você.

Abri meus olhos. Tudo o que vi foram orbes dourados me encarando com confusão e curiosidade.

Não! Isso não pode ser verdade! Ele acordou?

Senti meu rosto em brasas, enquanto me afastava a passos hesitantes para trás.

— Me desculpe! – eu me curvei desajeitadamente antes de sair correndo em direção a porta.

— Espere! –ouvi a voz arrastada e embargada de Kaoru-kun atrás de mim.

Ah! Isso não pode estar acontecendo!

— Eh?

Senti braços me envolvendo de um modo perturbadoramente confortável. Pouco antes de eu chegar à porta. Kaoru-kun me abraçou. Seus lábios encostaram nos meus ouvidos, causando um arrepio involuntário por todo o corpo.

— Não vá!