Escolhas escrita por sophiehale


Capítulo 35
34 - Already gone


Notas iniciais do capítulo

Acho que vocês vão gostar do capítulo; estão esperando por isso há um tempo já hahaha. Espero que eu esteja certa.Obrigada alinica, mamita e Relsanli pelos reviews! =)



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Capítulo 34

Já fui embora

Remember all the things we wanted?

Se lembra de todas as coisas que queríamos?

Now all our memories, they're haunted

Agora todas as nossas memórias estão assombradas

We were always meant to say goodbye

Nós fomos feitos para dizer adeus

Even without fists held high

Mesmo sem punhos levantados

Never would have worked out right

Nunca teria dado certo

Already gone – Kelly Clarkson

A cirurgia de Royce, marcada para o final daquela tarde, durou algumas horas e foi um sucesso; exatamente como a doutora Grimm me dissera.

-Ele quer ver você. – Victoria me disse depois de uma hora de descanso após o término da operação. Já se passavam das onze horas da noite. As crianças, sem saberem exatamente o que tinha acontecido, dormiam sentadas no sofá da sala de espera.

Respirei fundo, tomando coragem para encarar Royce. A última coisa que eu queria naquele momento era que ele me dissesse que me queria de volta.

Decididamente não, eu pensei. Ele nem devia lembrar do que acontecera depois de uma cirurgia na cabeça.

-Tudo bem. – concordei após alguns segundos. Victoria me guiou até o quarto onde estava meu ex-marido.

-Vou deixá-los a sós. – ela anunciou com voz baixa assim que chegamos. Eu assenti, e vi quando Royce tentou virar a cabeça enfaixada para me receber.

-Não, não precisa. Eu vou até aí. – falei no mesmo tom de voz que a doutora. Não queria incomodá-lo de forma nenhuma.

-Lie. – ele disse com alguma dificuldade. Devia estar cansado.

-Oi Royce. – ignorei o apelido ridículo com um sorriso meio forçado. Ele percebeu, rindo de leve.

-Desculpe, eu não consigo evitar. – ele disse, me fazendo revirar os olhos.

-Como está se sentindo?

-Parece que não durmo há décadas. Meus olhos estão pesados...

-Vá dormir então. Nós podemos conversar mais tarde... – sugeri, mas ele me interrompeu.

-Preciso falar com você agora, Lie. – Royce disse. – Quero pedir desculpas pelo jeito que te tratei ontem. Você não merecia.

E eu jurando que ele não se lembraria de ontem.

-Hmmm – balancei a cabeça, dando uma risadinha. – Parabéns... É a primeira vez que me pede desculpas.

-Eu fui idiota. – ele continuou, me fazendo arregalar os olhos com a surpresa que me tomou. Aquele era o mesmo Royce King com quem eu tinha me casado? O imaturo, infiel e plenamente egocêntrico? Aquele Royce não sabia de nada a não ser dele mesmo.

-O que aconteceu com você? – minha voz saiu meio estranha, desafinada. Tive que controlar o volume com que falava novamente. – Quero dizer...

-Eu sei o que quer dizer. – ele bocejou, parecendo-me verdadeiramente exausto. – É a minha experiência nesses dias que me mudou. Eu não quero que os nossos filhos fiquem com a impressão ausente que eles têm de mim quando eu morrer... E também não quero que a mãe deles tenha aversão a me ver.

Eu sorri. Ele também.

Eu realmente tinha aversão a vê-lo.

-Você não vai morrer. – o corrigi, porém.

-Não agora... – ele concordou e bocejou mais uma vez. – Mas um dia. E eu quero que Travis e Ella se lembrem do pai deles na infância. É importante.

-Eu sei. – concordei. Sempre soube. E o mesmo valia para mim; eu precisava ignorar um pouco o trabalho e dar mais atenção aos meus filhos. Por mais que eu gostasse de meus casos infindáveis, era por meus filhos que eu vivia. E eu tinha que demonstrar aquilo para eles.

-E antes que você pense em alguma coisa, aquela ideia de voltarmos foi mesmo estúpida. – sorri. Era mesmo estúpida; era exatamente essa a palavra certa. Nós não tínhamos jeito juntos, nunca conseguimos nos completar; o que faltava nele faltava em mim também. Éramos simplesmente incompatíveis.

A única coisa que tínhamos feito juntos e que dera certo foram os nossos filhos. As pessoas mais importantes do mundo para nós.

-Eu não tenho nada a ver com isso - ele começou novamente - mas tenho que dizer que aprovo você e Emmett.

-É. Não tem nada a ver mesmo. – eu o garanti. – Mas por quê? Ele pode ter salvado a sua vida de um jeito estranho e tudo... Mas mesmo assim, ele acabou com você.

Royce revirou os olhos.

-Ele não acabou comigo, me pegou desprevenido. – ele se defendeu, me fazendo concordar com ele em uma ironia óbvia. – Sabe, se você quiser ficar com ele, fique. Eu não vou mais encher a cabeça de Travis.

-Então você admite? – arqueei uma sobrancelha. Royce fez uma careta. – Eu sabia.

-Tá bom. – ele admitiu. – Mas eu só queria que o meu garoto gostasse de mim. Não queria nenhum médico metido a besta tomando o meu lugar.

-Seja médico ou não, nenhuma pessoa pode tomar o seu lugar. – eu o confortei. – Você é o pai deles. Não tem como mudar isso... E eu já tentei, acredite.

-Eu sei. – ele deu um meio sorriso. – Trégua?

-Trégua. – eu sorri também.

Ficamos ali naquele clima bom. Era a primeira vez em anos que eu me sentia daquele jeito perto do meu ex-marido – e não tinha nada a ver com romance. Eu enxergava nele apenas a pessoa que eu queria apresentar aos meus filhos como pai.

-Sempre achei que depois de uma surra você ia tomar jeito. – brinquei; ele revirou os olhos e bocejou outra vez. – Eu vou deixar você descansar. Mais tarde eu trago Travis e Ella para visitarem você.

-Eles estão aí? – ele perguntou com os olhos apertados de cansaço.

-Na sala de espera... Mas estão dormindo como uns anjos. – sorri. Royce, então, deixou-se levar e acabou por dormir em poucos segundos.

Eu não queria acordá-lo, então praticamente saí na ponta dos pés para que o salto que eu estava usando não fizesse um barulho muito alto quando tocasse a superfície do chão. Fechei a porta e retornei à sala de espera. Ella continuava dormindo, pendurada em Travis, que agora tinha os olhos bem abertos e tentava se livrar daquele abraço de sua irmã sem acordá-la. Eu ri da situação e ele tomou um susto quando viu que eu estava ali.

-Vem cá, eu ajudo. – eu estendi a mão para ele. Meu filho pegou-a sem nenhuma objeção e levantou-se devagar, fazendo com que Ella escorregasse no sofá e ficasse um pouco mais confortável... Bem, era isso que parecia para mim com ela esparramada daquele jeito e com a boca aberta de um sono que não acabaria tão cedo.

-Obrigado. – ele murmurou e eu mal pude ouvir. Era difícil para Travis falar esse tipo de coisa para mim. – Onde está o meu pai?

-Acabei de chegar do quarto dele. – eu sorri, sentando-me com ele no outro sofá. – Ele está bem, só muito cansado. Está dormindo agora.

-Eu queria vê-lo. – Travis resmungou e eu fiz carinho em seu ombro.

-Você vai. – prometi. – Daqui a pouco, quando ele acordar... Vocês dois. – apontei para Ella no sofá. – Se vocês quiserem, podem faltar à escola e ter o dia inteiro com o pai de vocês.

-O horário de visitas inteiro, né? – ele me corrigiu com um sorriso torto. Eu o abracei pelos ombros.

-O horário de visitas inteiro.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Hahaha. Por favorrrr, não esqueçam os reviews :)

Beijos!!