Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 37
Borgin & Burkes




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Snape me colocou sentada de frente pra ele, na sua sala, cômodo que eu já conhecia bem, infelizmente. Nesse ano, sua sala já não estava tão cheia de poções como nos anos anteriores, já que agora ele ensinava DCAT. Nada era pior que a Umbridge, nossa professora do quinto ano, mas ele estava quase lá...

Deixei a minha mente completamente vazia, mas sabia que se ele realmente quisesse, podia decifrar todos os meus segredos, até os sobre a família Lestrange. Eu não sabia de que lado Snape realmente estava, não podia deixá-lo saber sobre Rabastan, mesmo eu nem o conhecendo direito.

Eu simplesmente sabia que ele era do bem e tentou me proteger, não podia traí-lo.

Pensando nisso, percebi que teria que contar tudo, sem mentiras, para que ele não entrasse na minha mente.

Snape apenas me encarava, como se esperasse que eu contasse alguma coisa, exatamente como Dumbledore fazia. Eu odiava aquilo, simplesmente odiava. Porque funcionava. Eles nos faziam pensar na exata coisa que não deveriamos contar.

Pensei no armário, se eu falasse sobre aquilo estaria morta. Não no sentido figurado, mas literalmente morta.

Ótimo.

- O que o senhor quer falar comigo? – perguntei, fingindo inocência. Ambos sabíamos que aquilo soou mais falso do que qualquer coisa.

- Como você sabia o que estava acontecendo no banheiro? – me perguntou direto e engoli um seco. Não podia mentir.

- Eu segui Draco, nós estamos namorando. – falei e apreciei o som de “namorando” saindo da minha boca. Nem liguei se Snape iria acreditar em mim ou não, eu simplesmente não podia deixá-lo entrar na minha mente.

- Por que ele estava no banheiro da Murta-Que-Geme?

Ah, então era ela a menina misteriosa. Minha competição era uma fantasma... Teria que falar com Barão sobre isso, talvez ele desse um jeito nela.

- Eu não sei. Ele estava triste porque tínhamos brigado. – falei, sem delongas. – O que Potter usou nele?

Snape desviou o olhar de forma suspeita e eu supirei. O que estava acontecendo?

- Um feitiço proibido. – disse por fim e eu pisquei. Harry Potter não era assim, ele não usava feitiços proibidos, era pra ele ser o cara do bem que mataria Voldemort. Por que as coisas estavam todas erradas?

- Uma das Maldições Imperdoáveis? – perguntei, porque sempre fui curiosa e eu simplesmente amava ver Snape desconfortável assim tão de repente.

Ele me repreendeu com seu olhar e eu apenas dei de ombros, o que ele queria dizer era que realmente não era da minha conta, mas era. Era muito da minha conta, eu queria saber se Harry Potter estava em condições para matar o meu tio ou eu teria que fazê-lo.

Ok, ok, tinha toda aquela história da profecia, e Potter mesmo admitiu ser o Eleito, então acho que não tínhamos escolha a não ser confiar nele o futuro do mundo bruxo. Ótimo.

- Não mude de assunto, Miller. – Snape ralhou, vendo que eu não ia falar mais nada. – Quero saber o que Draco está planejando.

Pisquei confusa, mas ele sabia. Ele tinha se proposto a ajudar, o que era aquele joguinho do nada? Ou Snape era um ótimo duplo espião ou ele era simplesmente maluco. Talvez os dois...

- O senhor sabe, professor. – respondi. Eu sabia que estava sendo completamente imprudente, mas era verdade, ele não me enganava, por que estava fazendo isso? Além do mais, não podia deixá-lo entrar na minha mente e descobrir sobre o armário e Rabastan.

- Eu sei sobre o que? – perguntou, jogando verde. Que insuportável!

- Sobre o que Draco está planejando. – repeti o que ele tinha me perguntando. – Sobre seu plano e o que ele quer fazer. Com certeza Dumbledore já te contou e eu não me importo de que lado o senhor está, mas por favor, não deixe que Draco perca todo a sua essência fazendo isso e...

Snape levantou-se subitamente, soltando um pigarro.

- Saia. – ele disse, me interrompendo e eu ergui as sombrancelhas. Por que aquilo tinha o perturbado tanto? Não entendi, mas também não quis ficar para saber. Eu precisava saber o que tinha acontecido de verdade, precisava falar com Murta-Que-Geme.

Eu sai da sala rapidamente e fui em direção ao banheiro. Estava virando a esquina de un dos corredores, quando fui segurada e levada para um canto estreito, tudo foi rápido demais e quando percebi, já estava sendo cercada por Suzanna e Beatrice.

- Isso é uma intervenção. – Cece começou e eu franzi a testa, por Merlin, minhas amigas tinham finalmente enlouquecido. – Você andou estranha esse ano todo, matando aula, desmaiando por ai, a gente quase nunca mais te vê. O que raios está acontecendo?

- Cece! – Su a repreendeu. – O que estamos tentando dizer, Liz, é que qualquer coisa que esteja acontecendo, você pode contar conosco. Já sabe, né? Não queremos que se meta em encrencas sozinha. Lembra no segundo ano quando você estava morta de medo de ser pega pelo basilísico e não ia em nenhum lugar desacompanhada?

Ah sim, eu lembrava muito bem daquilo. A única vez que eu podia me sentir bem por ser da Sonserina foi em vão porque eu achava que não era sangue-pura. Bons tempos quando eu me preocupava com coisas tão pequenas.

- Eu sei. Mas nada está acontecendo. – menti. Eu não podia contar sobre Draco, simplesmente não podia. Elas não iriam entender. Então me lembrei da minha última memória e imaginei que aquilo era tudo bem para eu contar. Podia culpar todo o meu comportamento com o fato de eu estar muito abalada com tudo o que eu estava lembrando.

Certo, quem me dera.

- Eu sei que vocês vão falar que eu preciso reprimir as minha memórias. – eu comecei, já imaginando o olhar reprovador de Suzanna. – Mas eu quero muito saber o que aconteceu comigo.

- Eu também! - Cece falou, agora olhando para Su como se tivesse pedindo permissão por ter essa opinião.

- Tudo bem, tudo bem. Depois não falem que eu não avisei. – ela disse emburrada e cruzou os braços.

Contei para elas tudo sobre Rabastan, Belatriz e Rodolfo, mencionando tudo o que Draco tinha me contado sobre eles também. As duas me olhavam incrédulas e Su estava roendo suas unhas, como se eu tivesse contando o enredo de uma novela.

- Eu conheço a família Lestrange! – Cece disse. – E essa Belatriz era uma Black, uma das famílias mais tradicionais de sangue-puro do mundo bruxo, Liz!

Pisquei várias vezes, eu sempre esquecia que Cece e Su eram de fato sangue-puras e que suas famílias eram como clãs e cada uma era interligada de alguma maneira. Todos naquele “mundo de pureza” se conheciam de alguma forma.

Me condenei por não ter pensado em contar para elas antes, era óbvio que elas saberiam sobre essas pessoas.

- Eu não acredito que um dos Lestrange é um traidor! – murmurou, inconformada.

- Cece, cala a boca! Ninguém pode saber disso! – avisei, urgente. – Vocês não podem contar para ninguém! - continuei, como se não fosse óbvio.

Beatrice bufou.

- Claro que não, Liz! Você sabe que a minha família não apoia Você-Sabe-Quem.

Quis dizer que eles também não lutavam contra, mas preferi ficar quieta. Eu entendia porque algumas famílias simplesmente não tomavam partido. Fiquei imaginando o que aconteceria quando houvesse uma guerra de fato.

Quer dizer, Voldemort apenas considerava sangue-puro aquele que não tinha trouxas em toda sua antecedência, o que era praticamente impossível. Ele mesmo era mestiço e entrou na Sonserina, como alguém podia ser tão hipócrita?

Essas poucas famílias puras teriam que se juntar a ele, ou ele não teria nenhum exército, já que era completamente contra trouxas virarem bruxos. O que não fazia sentido, convenhamos.

Fiquei pensando se talvez toda essa loucura de Voldemort não tinha uma razão por trás, não é possível que alguém quisesse matar todos os nascidos trouxas assim do nada. Algum dia eu ia me dedicar em entender o meu tio.

- Mas nunca imaginaria que os Lestrange seriam traidores... – ela continuou e eu mandei ela diminuir o tom de voz.

- As paredes de Hogwarts tem ouvidos, Cece, pelo amor de Merlin, fica quieta. – Su interveio e fez um feitiço para nos isolar sonoramente. Agradeci mentalmente e fiquei imaginando quantos quadros de Hogwarts simplesmente não se importavam com absolutamente nada, porque eles provavelmente sabiam de tudo.

- Não são todos os Lestrange, apenas Rabastan. E eu não me lembrei de tudo para saber o motivo... – expliquei.

- Mas Liz, você tem certeza do que lembrou? – Su perguntou e eu acenei que sim.

- Por que? – Cece tirou as palavras da minha mente.

- Porque a Borgin & Burkes foi fundada por Caractacus Burke e outro homem chamado Borgin. Eu nunca vi ninguém além deles lá. – ela explicou arrumando os óculos e eu franzi a testa. Nunca soube como Suzanna sabia dessas trivialidades, mas não questionava, ela sempre nos salvava.

- Mas Su, esses caras são centenários, eu soube pelos meus pais que Você-Sabe-Quem teve seu primeiro emprego lá, então eles já podem ter morrido e Rabastan tomou posse, não sei... – Cece retrucou e eu apenas fiquei olhando, porque não sabia de nada sobre aquelas coisas. Me senti subitamente muito ignorante sobre a minha própria história. Afinal, todas as minhas memórias implantadas eram da história inglesa e não de coisas como quem era dono de lojas influentes da Travessa do Tranco.

- Magos das trevas vivem muito, vai saber quantos anos Você-Sabe-Quem realmente tem. Além do mais, olhem para Dumbledore...

Eu e Cece rimos, enquanto Su percebia o que tinha falado com inocência e corando. Não se permitia falar mal dos professores de Hogwarts, ainda mais do diretor.

- Bom, eu sei o que eu lembrei. – esclareci. – Talvez Rabastan fosse só um ajudante.

- Mas como ele te manteria em segredo de Belatriz, Rodolfo, Borgin e Burkes? – Suzanna perguntou. Ela sempre perguntava as coisas certas, que nos fazia ficar pensando por horas sem chegar a nenhuma conclusão.

Dei de ombros.

- Não sei, só sei o que eu contei.

Su parecia intrigada e eu sabia que ela iria pesquisar sobre aquilo mais tarde.

- Isso é muito estranho. Eu vou...

- Pesquisar mais tarde, já sabemos. – Cece completou e eu ri. – Liz, desencana. Quer dizer, o que importa o que você fez quando era pequena com esse cara? Acho que as memórias que você tem que se focar são as de seus pais reais, tenta esquecer dessas perguntas sem respostas.

Era verdade, mas eu simplesmente não conseguia. Cece, mais do que ninguém, devia saber como era ser curiosa.

- Além do mais, o que você vai fazer? Se juntar aos Comensais da Morte, contar que você é sobrinha de Você-Sabe-Quem e descobrir com Rabastan sobre o seu passado negro? – ela falou brincando, mas eu engoli um seco.

Eu queria falar com Rabastan. Eu iria falar com ele, assim que o plano de Draco desse certo. Percebi que trazê-los para dentro de Hogwarts tinha se tornado o meu interesse também e que eu não iria mais sabotar aquilo... Já era tarde demais.

- Claro que não, Cece! – Suzanna respondeu por mim e eu apenas acenei. – Mas eu concordo, você tem que esquecer isso. Não é o que Dumbledore gostaria!

Suspirei. Dumbledore tinha mentido pra mim por seis anos, eu não me importava com o que ele gostaria. Simplesmente não dava a mínima e não entendia porque Su confiava tanto nele.

- Eu não consigo, Su, preciso descobrir o que aconteceu comigo e com meus pais biológicos. – falei. – E vocês falaram que me apoiariam não importa o que fosse, então é isso que está acontecendo... Vocês estão comigo?

Cece acenou com a cabeça e soltou um pigarro como se dissesse “Sempre estive, dã”, e Suzanna respirou fundo.

- Claro que sim, Liz. – disse por fim e eu dei um sorriso falso.

Elas sorriram de volta e voltamos a andar, mas eu ainda precisava ir falar com Murta e não podia deixar Draco sozinho na ala hospitalar. Depois de Peter, dispensar as minhas amigas tinha se tornado mais fácil do que deveria, elas achavam que estávamos namorando escondido. Não entendia como os rumores de mim e de Draco ainda não tinham chegado no ouvido de Cece, mas agradecia mentalmente pelo fato.

- Preciso ir ver Peter. – falei descaradamente e elas riram baixinho, zombando da situação.

- Quando é que vamos conhecer seu príncipe, hein, Lizzie? – Cece perguntou, obviamente me caçoando.

Que tal nunca?

- Não sei. – murmurei, fingindo indiferença.

- Quero vê-lo amanhã sem falta. – Cece mandou e eu engasguei. – Leve ele para a nossa mesa no Salão Principal na hora do almoço.

Pensei em uma desculpa, mas já estávamos chegando na parede do Salão Comunal da Sonserina, previsava agir rápido.

- É...

- Se você não levar, vou achar que está inventando outra paixonite. – ela disse brincando, mas eu notei o tom presunçoso em sua voz. Aquilo me irritou, causou o efeito que ela queria que causasse, eu me senti desafiada.

Cece sempre soube como me afetar, acho que era por isso que brigávamos tanto. Vi o olhar repreendedor de Su sob ela e suspirei.

Sendo impulsiva, como sempre, respondi:

- Ele estará lá.


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Notas finais do capítulo

Ooi gente linda, cap novo pra vocês ♥
Esclareci um pouco mais sobre a história da memória da Liz, mas ainda tem muito do passado dela vindo por ai na próxima fic. (sim, SP vai ter uma continuação)
Enfiim, gostaram? Me avisem *-*

Beijão :*



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