Mensagens escrita por WinnieCooper


Capítulo 32
Xeque-Mate


Notas iniciais do capítulo

O fim .-.



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Xeque-Mate

E é lógico que a primeira pessoa que vejo assim que abro meus olhos é minha mãe.

– Rony! – ela exclamou aliviada.

Logo sou sufocado pelos cabelos dela em meu rosto enquanto me abraça apertado.

– Me diga que se lembra de tudo – ela voltou a falar ainda me sufocando em seus braços.

– É... é... mãe, eu preciso respirar... – disse com dificuldade.

– Vou chamar um curandeiro – e então antes que eu pudesse responder sua pergunta, de que sim, eu lembrava de tudo, ela saiu porta a fora.

Reparo em volta e tenho quase certeza que estou no Hospital St Mungus. Fechando os olhos tento assimilar tudo que ouvi nas últimas horas.

Descobri quem manda as mensagens, falei com Dumbledore, sou um personagem fictício. Devo estar doido mesmo.

Comecei a rir descontrolado na minha cama e as pessoas que dividiam o quarto comigo começaram a me encarar seriamente.

Mas ai ela chega. Aquela coruja cinza. Para na minha frente e me diz com seus olhos cor de âmbar “Acorde Ronald, isso é muito maior que possa imaginar”.

Solto a carta de seu bico e tenho certeza do que tem dentro.

Eu já havia visto seu conteúdo.

Ou será que mudou?

Encaro o envelope, com a mesma letra de sempre escrito apenas meu nome.

Respiro fundo tentando criar coragem para abrir.

Afinal, se tudo aquilo tivesse mesmo sido real, as coisas já deviam ter terminado, a ultima jogada já havia sido lançada.

Fecho os olhos e lembro da última resposta dela para mim “Continue vivendo, são só as páginas que acabam por aqui”

Antes que eu concretize o ato de abrir mesmo a carta, minha mãe entra feito um furacão no quarto, junto de vários Curandeiros. Como se eu fosse tão importante assim.

Eles fizeram muitos testes em mim com feitiços e poções até se certificarem que eu estava totalmente bem. Logo chegou meu pai para me visitar, o Percy, o Jorge, o Gui e até o Carlinhos da Romênia. O que deu na minha família para virem todos? Só quando minha mãe foi convencida pelo meu pai de que precisava mesmo dormir que fiquei sozinho no quarto.

Quando ia abrir a carta, estando pela primeira vez em paz em horas, o Harry e a Gina apareceram.

– Ei Rony – Harry me cumprimentou sorrindo parado na porta do quarto ao lado da Gina.

Reparo no rosto da minha irmã, abatido, com imensas olheiras. Sem falar de seus cabelos que não veem pente há um bom tempo. Me pergunto o que terá causado isso nela. Fico com meus olhos presos na imagem amedrontada dela quando me dou conta que o Harry está do meu lado dando um pequeno soco em meu ombro fazendo minha atenção se voltar pra ele.

– Você estava sofrendo alguma espécie de crise de identidade? Já vivi isso, sabe?

– Por quê? – perguntei confuso pelo inicio da conversa que estava tendo com o Harry.

Minha irmã continuava parada na porta, escorada no portal, como que com medo de chegar perto de mim, seus braços estavam cruzados e sua expressão era de tristeza. Algo não estava certo.

– Bom, esse lance de se jogar na frente de um ônibus, eles não são como o dos Bruxos em que você ergue o braço e param na sua frente, o que esperava com tudo aquilo?

– Ah sei lá Harry, nem pensei direito eu só...

– E quando você pensa direito? – minha irmã perguntou num sussurro, fungando, limpando o seu nariz extremamente vermelho. Parecia que havia pego um resfriado.

– O que deu em você Gina? – questionei preocupado.

– Olha a pergunta que ele fez, Harry! – ela exclamou raivosa dessa vez chegando perto de mim.

– É que sabe Rony, você se lançou na frente de um ônibus em movimento né? – Harry respondeu.

– Ah é... isso – me dei conta do que estavam falando – Mas gente, não foi porque eu estava tentando me matar não ta?

Harry começou a rir do meu lado e Gina permanecia parada carrancuda com os braços cruzados.

– Ela vai gritar comigo não vai? – perguntei olhando pro Harry que parou de rir e encarou minha irmã tentando decifrar suas expressões.

Sorrindo ele respondeu:

– Acho que vai se surpreender Rony.

Nesse instante, antes de me dar conta de qualquer sinal, Gina me abraçou apertado. Enquanto eu dava tapinhas em suas costas completamente abalado pela reação dela, senti lágrimas caírem em minha roupa.

O que eu havia feito?

Só agora fui me dar conta de que a loucura que tinha feito, havia afetado toda as pessoas que me amavam.

Harry olhava completamente serio para a cena da minha irmã me abraçando e chorando, talvez se lembrando de tudo que havia feito, pensando no bem dela e pela primeira vez se dando conta, que sim, talvez tentando protege-la a havia feito sofrer ainda mais.

– Eu nunca te disse isso sabe Rony, e eu nem devia, mas é que a possibilidade de te perder me afetou tanto que nem estou mais raciocinando, saiba que você é meu irmão preferido – ela sussurrou no meu ouvido.

Sei que meus olhos estão arregalados, e não sei ao certo o que dizer.

– Não fique se achando, mas é verdade, você tem que me prometer uma coisa Rony.

– O que? – perguntei a apertando um pouco no abraço.

– Me prometa que nossos filhos vão brincar juntos, me prometa que vai ser padrinho de meu filho e eu do seu. Me prometa que não irá morrer antes disso.

– Ok, eu prometo.

– Mas tem que ser de verdade, tipo voto perpetuo, que se você quebrar morre.

– Sabe o que acabou de me dizer Gina? – perguntei ainda sentindo seus braços fortemente em volta do meu pescoço – Que se eu morrer antes de cumprir a promessa, eu morro. Isso não tem sentido.

– Acredite, tem sentido Rony – respondeu Harry sorrindo com os olhos.

– Se você morrer antes de cumprir o trato morre, entendido? – ela ergueu a cabeça e esticou o dedo mindinho com a intenção que eu segurasse com o meu.

– Nossa promessa de crianças? – perguntei cumplice.

– Nossa promessa de crianças – ela confirmou.

Eu sorri, olhando o rosto marcado de lágrimas da minha irmã, lembrando de como brigávamos e fazíamos as pazes, estiquei meu dedo mindinho e entrelacei no dela.

– Prometo que se não cumprir minha promessa eu morro.

– Isso – ela disse suspirando limpando o resto das lágrimas do seu rosto.

Saindo de cima da cama que eu estava ela se aproximou do Harry.

– Nossa estou morrendo de fome – disse como se estivesse no assunto em pauta que estávamos conversando.

– Porque não vai a cantina pegar algo? – disse o meu melhor amigo colocando uma mexa teimosa de seu cabelo atrás da orelha.

– É eu irei – ela começou a caminhar para porta – Ah meu Merlin! – gritou assustando a mim ao Harry e aos vários pacientes que compartilhavam o quarto comigo – Eu esqueci de avisar a Hermione que você havia acordado, ela irá me matar.

Então saiu porta a fora correndo.

– Ela não comia desde que você, bom, desde que você...

– O que eu fiz com a minha família Harry? – perguntei.

Eu estava consciente de que algo havia acontecido com todos eles.

– Acho que pegaram novas doenças, sabe? Como aquelas que você ajudou todos a se curarem, inclusive eu.

Será que tudo que fiz foi em vão?

Olho o envelope na minha mão ainda não aberto, ali teria a resposta, sei que sim.

– Como é?- pergunto angustiado.

– O que?

– A sensação de dever cumprido – completei ainda não encarando meu melhor amigo. Apenas esperando.

– Quando descobrir me diga como é.

Eu suspirei deixando um pequeno riso escapar de meu nariz.

– Se eu te contasse uma coisa Harry, você provavelmente me chamaria de maluco.

Pensei na resposta da pessoa que me manda as mensagens.

– Mais maluco do que eu te achei ao se lançar na frente de um ônibus?

Então rasguei o envelope e caiu um Rei branco de lá de dentro. Abrindo o pedaço de pergaminho sorri lendo o que havia escrito.

“Eis o segredo, é muito simples:

Viva, mesmo que for somente dentro de alguém.

Viva, mesmo que só existir na imaginação de alguém.

Você mudou tanta gente, não estou dizendo da sua família, estou dizendo de pessoas de carne e osso que levam você e seus ensinamentos.

Viva, mesmo que as páginas já tenham acabado.

Viva.”

– É mais uma missão?

– Não – respondi sorrindo largamente – Já acabou, e sabe o que é mais esquisito?

– O que?

– Não sinto um alivio, eu vou sentir falta disso aqui.

Virando o pedaço de pergaminho, leio um Ps:

“Aqui está o endereço da página da web ‘https://www.fanfiction.com.br/historia/112329/MensagensAlgumas coisas precisamos ver para acreditar não é?

Peça ajuda a Hermione, ela sabe o que fazer com esse emaranhado de letras e números.

Continue vivendo Rony”

– Fica sem isso de dor pra curar, de algo ou alguém pra salvar? – Harry perguntou como se tivesse lendo minha mente – Bem vindo ao meu mundo.

Esticando a mão ele me puxou pra um abraço.

– É bom ter nós dois de volta, não acha? – me perguntou retoricamente.

Acho que sim, eu ainda tenho muitas coisas a viver, mesmo que as páginas acabem por aqui.

– Ele está mesmo acordado – ouvi a voz de uma mulher na porta.

Me afastando do Harry vi os mesmos cabelos esvoaçantes da garota dos meus sonhos. Ela estava lá, a mãe dela, bem e viva. Mais do que isso, a Hermione estava do seu lado, abraçada a si mesmo como se estivesse com muito frio.

– Eu vou atrás da Gina – anunciou o Harry saindo do quarto, não sem antes cumprimentar a Senhora Granger e a Mione.

– Oi Ronald – a senhora quebrou a distancia e me abraçou.

– Por favor me chame de Rony, Senhora Granger.

– Então me chame de Jane.

– Tudo bem – eu confirmei com a cabeça sorrindo.

A Hermione suspirava pesadamente e não desgrudava os olhos de mim, como se estivesse com medo de eu cometer outra loucura.

– Então deu certo? – perguntei tentando puxar assunto totalmente constrangido – Quer disser isso do reverter o feitiço da memória?

– Estou de volta graças a você não é? – a senhora Granger respondeu. Ouvi a Hermione fungar, mas evitei encara-la, sei que era minha culpa ela estar dessa maneira. Meu coração se dividiria ao meio se ela começasse a chorar em meus braços como a Gina por minha causa.

Quantas lágrimas já a fiz derramar por minha culpa?

Acho que a mãe da Hermione percebeu algum clima estranho no ar porque a próxima coisa que disse foi:

– Eu vou te esperar lá fora está bem Hermione? Demore o tempo que precisar – antes de sair deu um leve beijo na testa dela.

Resolvi a encarar. Ela mordeu os lábios apreensiva e resolveu conversar:

– Você está bem?

– Ótimo Mione – me apressei a confirmar.

– Com dores de cabeça?

– Não, curandeiros passaram aqui e me lançaram um monte de feitiços, me deram um monte de poções para confirmar. Eu estou completamente bem.

– Se lembra de tudo? – ela questionou tirando suas mãos em volta de si e começando a caminhar para perto de mim.

Se eu me lembro de tudo?

Lembro do beijo na cama, do beijo de volta, do nossos momentos tristes no banheiro de casa, do nosso “Eu te amo”.

Sorrindo ergui meus braços no ar esperando um abraço, ou quem sabe até um beijo. Respondi:

– Sim, de tudo, cada detalhe.

– Ótimo – ela sorriu torto.

Suspirei fundo e fechei meus olhos esperando. Estava querendo isso há muito tempo. Nosso reencontro sem dores do passado, como será?

– HERMIONE! – exclamei horrorizado a encarando.

Ela estava me batendo com o travesseiro. Tudo bem que não machuca de fato, mas ela estava batendo muito forte.

– Ah Hermione, “Isso é pelo bem da Humanidade, o seu bem, minha Rainha!” – ela reproduzia minhas falas acertando o travesseiro em cada parte do meu corpo que alcançava.

Estou com um déjà vu de quando voltei pro acampamento na época da guerra, não sei por quê.

– “Não esquece que eu te amo tá?” – dessa vez ela gritou quando terminou de exclamar minha fala, jogou o travesseiro atrás de si e começou a me dar socos com os punhos fechados – Seu idiota! O que tinha na cabeça?

– Ei, ei, ei! Calma ta legal? – segurei seus braços.

Os cabelos estavam todos caídos na frente de seu rosto, alguns fios grudados nas lágrimas que ela derramava.

– Não chore Mione – acariciei seu rosto um momento.

Ela logo se livrou de minhas mãos e voltou a me bater.

– Estou chorando de raiva seu palhaço!

– Eu tento ser gentil e levo socos. O que foi que eu fiz de errado? Eu estava pensando em você! – resolvi gritar.

Veja bem, eu sei que estávamos em um Hospital e que os pacientes que dividiam o quarto comigo olhavam para cena assustados, mas a Hermione estava me deixando nervoso.

– Pensando em mim se lançando na frente de um ônibus? Suicídio para me salvar?!

– Sua mãe estava dentro daquele ônibus se ainda não percebeu! Achei que era inteligente.

– AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH – ela gritou me dando um soco que fez meu estomago doer – Sua mente brilhante pensou “vou me lançar na frente do ônibus, me atropelam, eu paro o veiculo, a Hermione encontra a mãe dela voltando a respirar, eu morro fazendo algo grande”!

A Hermione devia parar de me conhecer.

– Já pensou no fato de isso ter sido romântico? – lhe entreguei um sorriso amarelo.

– Tentou pensar em maneiras racionais de parar o ônibus, como com a varinha, furar um pneu ou sei lá. Ah não! Isso é muito para a sua capacidade de raciocínio!

– Um muito obrigado não seria desperdício! – gritei no mesmo tom que ela chateado.

Então ela voltou a reclamar e falar o quão estupido fui. Seu rosto estava vermelho de raiva, os olhos estreitos, a testa franzida, o dedo indicador constantemente levantado em minha direção. Lembrou-me nossas discussões no salão comunal.

Nossas brigas que me provocavam saudades agora.

Brigas?

– Hermione – a chamei em um tom risonho.

– Não venha dizendo meu nome em forma de deboche, eu ainda não terminei!

Eu não aguentei ouvir outro grito dela e comecei a rir.

– Não dê risada, isso é muito serio! – voltou a berrar me fazendo rir ainda mais.

– Nós estamos brigando – sussurrei em resposta, esperando que ela percebesse.

– Nós estamos brigando? – perguntou estática raciocinando.

– Nós estamos brigando – confirmei com o maior sorriso que consegui entregar a ela.

– Oh meu Deus! Nós estamos brigando! – rindo ela pulou em mim, me abraçando segurando meu pescoço, deixando seus pés soltos no ar.

– Lembra do que conversamos? – perguntei sentindo a boca dela perto da minha, me esforçando para não gruda-las agora.

– O dia que voltássemos a brigar as coisas estariam de volta a sua orbita original.

– Tudo está bem novamente? – perguntei com o peito subindo e descendo.

Ela mordeu seus lábios e aproximou nossos rostos ainda mais. Nossos lábios roçando um no outro, como se ela quiser provar sabores comigo que não tínhamos experimentado ainda.

– Acha que seremos sempre assim? – seus lábios fizeram cócegas nos meus.

– Assim como? – perguntei só para ouvi-la falar aquilo que desejava na voz dela.

– Briguentos que se amam?

– Nascemos assim, o que espera?

– Que continuemos assim para sempre enquanto durar.

Então nossos lábios finalmente se unem. Escuto palmas ao fundo, na certas os pacientes que esqueci completamente, ou curandeiros e funcionários que vieram separar nossa briga? Provavelmente nos chamando de malucos. Malucos apaixonados?

Sei que somos.

Sei que a vida tem um sentido quando estou com ela, quando sinto meu coração batendo com o dela, e nossas mãos se perdendo um no outro, e como já não consigo me imaginar sem ela por perto. Sem suas broncas, sem seus gritos, sem seus beijos de reconciliação. Nós somos e sempre seremos assim. Amor através das brigar. Amor em forma de Rony e Hermione.

xx

Não sei quando foi que a vida voltou ao normal, quer dizer, ao seu grau de normalidade.

Sei que um dia, eu dormi e não tive nenhum pesadelo. Sei que minha mãe voltou a dar todas as broncas que ela era capaz de dar, e que meu pai as recebe mais que todos da casa por sua mania de mexer nas quinquilharias dos Trouxas.

Falando em meu pai, ele “achou” um carro de brinquedo fabricado pelos Trouxas, que é movido com um controle, e fica, segundo minha mãe, “brincando” com isso pela casa toda. Nem preciso dizer que já quebrou várias coisas, o que causou vários gritos e consequentemente risos.

– Eles sempre me lembraram você e a Hermione – Harry comentou um dia ao meu lado.

Eu ri balançando a cabeça negativamente incrédulo.

– Nem vem Harry, eu e a Hermione? – disse mais para convencer eu mesmo, mas no fundo sabendo que era real.

Quase me vejo no futuro assim.

O Percy vai casar perto do Natal, minha mãe já está resolvendo todas as coisas com a família da Audrey. Não que ela aprove a Audrey inteiramente, acho que ela sempre vai ter algum tipo de ciúmes com os filhos saindo da sua “toca”, mas ela sabe que jamais vai encontrar outra pessoa adequada ao Percy. Audrey o curou, e ele precisa tomar essa poção milagrosa todos os dias de sua vida.

O fato é que ele continua um chato, só pensa em trabalho e seguir as regras. O que vira alvo de várias pegadinhas do Jorge. Um dia ele resolveu testar seu novo produto das “Gemialidades Weasley” no café da manhã do Percy, era um comprimido espumante irreversível, onde quando colocado no copo de café despercebidamente, começava a sair uma espuma descontrolada, fazendo a papelada do meu irmão se manchar toda, provocando risos e discussões logo às sete da manhã. Para falar a verdade, não vi muita utilidade na loja para esses comprimidos, foram criados só para atazanar o Percy mesmo. Posso vê-los fazendo isso para sempre, mesmo adultos, mesmo idosos e jamais mudar.

Falando no Jorge, as coisas na loja estão indo otimamente bem, obrigado. Ele continua inventando produtos e mais produtos que vendem feito água. Acho que na verdade todos precisam dar risada depois de todas as dores que viveram na guerra. E que lugar melhor para comprar risadas sem ser numa loja de logros e brincadeiras? E a Angelina está lá, o ajudando, mais do que isso, ambos estão aprendendo a respirar o mesmo ar, a andar com as próprias pernas. A viver, sem dor e sem culpa.

Sei que meu irmão só se recuperou totalmente quando foi visitar o tumulo do Fred e gravou suas próprias palavras para ele: “Como irei enganar a mamãe sozinho agora?”. Ele não chorou, apenas olhou para cima rindo descontroladamente e disse:

– Por favor! Enlouqueça todos ai! Me mande uma tampa do vaso do além, estou com saudades.

O tempo é realmente um ótimo instrumento quando usado para curar feridas, mesmo aquelas que jamais vão se cicatrizar.

O Harry resolveu morar na antiga casa do Sirius. Não era o melhor lugar para falar a verdade, mas ele resolveu que era bom, porque ficava em Londres e era mais perto do Ministério. Alias, eu e ele estamos fazendo o curso de Auror no Ministério da Magia, a Hermione poderia fazer também se ela quisesse seguir essa carreira mesmo sem ter terminado a escola, mas ela não quis. O fato é que o meu melhor amigo pela primeira vez tem um lugar que pode chamar de casa, onde ele leva à namorada, sem meu consentimento, é claro, para namorarem em paz. Onde eles planejam como vai ser o futuro. Porque sabe? Agora eles podem, não é? Não existe mais Voldemort, não existe mais medos, existe uma esperança de uma vida pela frente.

A Gina é grande parte disso, na verdade eu acho que ela se permitiu viver a vida dela quando viu que nem o Harry e nem ninguém da família dela estava gritando por socorro. Veja, ela até fez um teste para ser artilheira dos Harpias de Holyhead e incrivelmente passou, mesmo sendo tão jovem. Ela só não resolveu jogar agora, porque está cursando o ultimo ano em Hogwarts. Com a Hermione.

Bom, a garota dos meus sonhos? Ela esta cursando Hogwarts, conseguiu entrar esse ano ainda, é claro, o que não conseguiria? Eu a visito todos finais de semana, vantagens de ser um dos heróis da segunda grande guerra. Uma noite, antes de ela voltar pra lá, porém, eu fui jantar em sua casa e conhecer oficialmente meus sogros.

Nem sei se posso chama-los assim. Veja, eu fiz tudo errado, levei um ramalhete de flores que apareceu todo quebrado devido a quantidade de vezes que tinha caído no chão enquanto ensaiava nervosamente minha fala do outro lado da porta antes de tocar a campainha. Fala, que foi treinada em vão, já que fiquei totalmente sem palavras quando vi a Hermione, hipnotizado, essa é a definição para meu estado, o que já ganhei automaticamente a desaprovação do meu sogro. Na verdade eu não posso reclamar em nada do meu sogro e nem da minha sogra, o jantar estava ótimo, e quando eu disse pra Hermione que queria checar um endereço de Web, eles nem se importaram em deixar nós dois sozinhos no quarto dela. Acho que cuidar da Mione nesse tempo todo me fez ganhar pontos com eles.

– Aqui está Rony. É está à página – ela apontou para a tela do, como chama mesmo? Compitador.

– É aqui que está minha vida? – perguntei retoricamente.

A Hermione não me chamou de louco quando contei sobre eu ser um personagem fictício, na verdade ela citou livros que já havia lido que explorava essa possibilidade. Autores conversando com seus personagens, e concluindo com sua mente brilhante, ela ficou feliz até por ser parte disso. Uma personagem literária.

– Veja, essa tal de Winnie Cooper dividiu sua historia em 32 capítulos mais um epilogo.

– 32 peças de xadrez – disse erguendo as sobrancelhas – Ela transformou a história em um tabuleiro de Xadrez.

– Várias pessoas leem – Hermione mudou a página que estávamos, parecia que em cada capítulos as pessoas que liam a historia, comentavam e faziam teorias – Elas realmente gostam de você Rony.

– Será que ajudei todas essas pessoas? – perguntei mais a mim mesmo – Ei tem um epilogo não é? Coloque lá, preciso ler como vai ser minha vida no futuro.

– Ronald... – ela ia começar a me contestar.

– Mas Hermione, não foi você mesma que disse assim: “Se eu pudesse dar uma espiada se quer no futuro, talvez eu ficasse mais aliviada”. Qual é? Ai está à chance de dar essa “espiadinha no futuro”.

– Não – ela negou gentilmente com a cabeça, levantando da cadeira que estava sentada, me levando junto de si, para longe da tela daquele aparelho Trouxa – O futuro, só diz respeito a gente, sem se ater as palavras que os outros dizem.

Eu sei que ela está certa. Ela sempre está.

Preciso dizer que só descobri ontem. Quando fui visita-la em Hogwarts. Descobri ontem, e quero te contar agora.

Veja, eu tenho plena consciência de que não sou a pessoa mais romântica do mundo, sou aquele que beijou uma garota na frente da Hermione só porque havia descoberto que ela tinha deixado o Krum enfiar a língua nela, em todo caso era o ciúmes, eu só não sabia. Mas veja, eu jurei que um passeio nos ares com uma vassoura pelos campos de quadribol seria romântico.

Logico que a Mione gritou o “passeio” todo e deixou bem claro que odiava voar.

– Você não é aquela garota que queria adotar um dragão? – zombei ainda nos ares.

– Cale essa boca!

O fato é que eu estava gostando mesmo da mão dela em volta de mim, tentando se proteger.

– Não sente isso Hermione?! – perguntei gritando, sorrindo, sentindo o vento bagunçar meus cabelos. Sentindo a liberdade.

– Medo?! O tempo todo! – ela apertou mais o braço em volta de mim se possível.

– Não – neguei com a cabeça – Não sente que podemos flutuar, voar para bem longe dos problemas e começar de novo?

– Sinto que já recomeçamos – respondeu depositando um beijo nas minhas costas.

E quando pousei na torre de Astronomia e sentimos uma chuva nos encharcar não fizemos menção de sair do nosso abraço.

Nunca pensei que ela seria minha, mas aqui estamos. Vivos apesar de tudo, acho que isso é o mais importante de tudo. Nós dois vivos.

– E se todos pudessem amar como você e eu, imagina como o mundo seria.

– Cheio de brigas – ela respondeu risonha.

– E reconciliações.

– Lotado de amor, seria um mundo incrível. Utópico.

Então eu percebi, sentindo ela em meus braços, que sim, a felicidade havia chegado. Que havia finalmente vencido esse jogo. Olhando para cima gritei:

– Xeque-mate!

E como se finalmente enxergasse pela primeira vez, depois de terminar o meu mais difícil e mais esquisito jogo de Xadrez, eu percebi. E conto para vocês agora.

Eu não salvei as pessoas, eu não levei mensagens a elas.

Foram elas que me salvaram.

Eu era a mensagem.



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Notas finais do capítulo

N/B: Nao tenho palavras para descrever isso.
Uma grande fanfic, baseada em um livro incrível.
Nao sei o que dizer, realmente nao sei.
Talvez vocês possam dizer o que sentem melhor do que eu nesse momento, afinal, estou absolutamente sem palavras.
Nada que eu diga é o bastante.
Por favor, digam o que pensam desse capítulo.
Pois pra mim, nem mesmo a palavra "perfeito" é o suficiente.
O único que eu posso fazer agora é agradecer a Winnie, por mais um grande trabalho...
Agora, só falta o epilogo, que mal posso esperar para ler.
Algo me diz que será a melhor parte ♥
N/A: Primeiro desculpa a demora, eu disse que minha vida ia virar uma loucura esse ano por isso ia me aposentar não disse? Por essa razão a demora...
Nem ficou perfeito Rose ahahahaha
Bom sobre esse capítulo, a sua única função foi mostrar que Rony e Hermione voltaram a brigar, todo mundo comemora, e como as coisas andam... Tudo caminhando novamente muito bem obrigada.
Ei eu não quero fazer despedidas aqui. Eu odeio despedidas, elas exigem muito apelo emocional, elas me fazem chorar...Enfim... só vou me despedir no epilogo tá?
Que eu já escrevi, sim milagres acontecem, e que eu gostei bastante, ficou do jeito, pela primeira vez, como eu queria desde o começo da fic ^^
Espero que não tenham me abandonado
Eu posto o epilogo na semana que vem... Ok amores?
BEIJOSSSS