Opera Paris escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 31
Capítulo 29 - Realidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/112239/chapter/31

N/A: Mês cheurs lecteurs, (minhas queridas leitoras), este capítulo contém algumas expressões em francês e, ao lado de cada uma delas tem um pequeno número, que corresponde ao seu significado, localizado ao final da página. Fiquem atentas a isso. Boa leitura. Merci.

Capítulo 29 – Realidade

“O amor não começa e termina do modo que pensamos. O amor é uma batalha, o amor é uma guerra; o amor é crescimento contínuo.”

(James Baldwin)

Edward retesou-se. Ele nunca soubera como ia contar a elas sobre sua vida ou, não imaginava, como seus irmãos iriam lhes contar sobre suas próprias vidas. Porém, tentando não demonstrar o nervosismo e o pequeno tremor que percorria suas mãos, ele e todos os outros seguiram Isabella até a sala de estar. Aquela era uma das raras vezes em que o jovem conde sentia-se intimidado, Edward Cullen nunca se intimidava, ele sempre enfrentava seus inimigos e tentava enfrentar seus medos. 

“Mantenha seus amigos perto, e seus inimigos mais perto ainda.” Ele costumava dizer quando estava tratando de algum assunto que entrava no campo da inimizade política. “Mas sempre enfrente seus medos. O medo é a fraqueza do homem”, ele dissera certa vez, quando estava junto com Emmett, caçando javalis em alguma floresta próxima à Londres. 

O Conde Edward Cullen, jovem, porém já considerado homem, com seus 23 anos; cabelos acobreados e olhos dourados; um corpo tonificado pelo exercício constante, cujos braços eram fortes e protetores, e cuja região localizada em suas partes baixas provocava suspiros e gemidos das damas da corte; impressionava qualquer um, ou qualquer uma, quando abria sua boca. Ele era um homem de muito caráter e inteligência, isso, sempre fora claro para as pessoas; porém, sua personalidade era obscura às outras pessoas que não fossem intimas a ele. E, era por isso mesmo, que ele temia ter que contar toda a verdade para sua, até então, noiva Isabella Swan. 

- O que tem tanto para nos falar? – Rosalie perguntou, usando um tom curioso. Seus olhos azulados cintilaram com a sugestão de um assunto tão importante que merecia a atenção de todos. 

Jasper, quase alheio a tudo, estava disperso em sua própria mente, tentando imaginar como seria doloroso se sua amada bailarina esguia não o aceitasse. Era como se seu coração lhe fosse arrancado do peito. Distante, ele ouvira a voz de Rosalie, soando como sinos e lhe trazendo de volta ao cômodo do chatêau praiano. Como irmão de Edward, ele partilhava da maioria daquelas informações tão preciosas, afinal, ele convivera tanto tempo com o irmão, que acabou se tornando deveras parecido com ele. Jasper tinha tudo o que queria, e, diga-se de passagem, sempre conseguira tudo e todos aos seus pés. Porém, de que adiantava a beleza de suas ondas douradas até a altura das orelhas; ou um corpo de um deus grego; olhos topázio cintilantes e feições angelicais, se ele não teria o amor de Alice Brandon? 

Lentamente, ele observou Emmett, que mantinha uma expressão tão séria quando a dele e de Edward. Emmett passaria pelo mesmo, é claro; ser dotado de tanta beleza e fortuna não os faria mais felizes, se não tivessem suas damas ao seu lado. A ausência das três só tornaria tudo pior. 

- É um tanto... – Jasper hesitou. – Complicado de lhes explicar, por isso levará tempo. 

- Nós nunca falamos com mais ninguém, além de Gerárd, Fontaine, Madeline ou os outros empregados de nossas casas. – Edward disse-lhes. Ele aceitou a taça de vinho que Gerárd lhe oferecia. De alguma maneira, o álcool lhe deixava um pouco mais seguro para falar. 

- É algo tão grave assim? – Alice, curiosa, perguntou. – Eu estou ficando impaciente. – Ela bateu o pé. 

- Edward, isso tudo tem algo a ver com o fantasma? – Isabella perguntou, de repente, ligando um fato a outro. 

- Oui, má cherry. – Ele assentiu. 

- Por que? – Ela ergueu uma sobrancelha, agora se sentindo atraída por aquele problema. 

- Pourquoi¹ depois que lhe vi pela primeira vez, não pude lhe esquecer. – Ele murmurou, mantendo-se afastado dela. 

Isabella sentiu seu estômago e sua mente revirarem. Quando teria sido a primeira vez que ele lhe vira?, ela questionava-se. Porque ela sabia que o havia visto depois que cantou em sua primeira Opera, quase um ano atrás; porém, algo lhe dizia que deveria ir mais fundo. Então, como se procurasse uma agulha em um palheiro, tentou lembrar-se das vezes que andava pelo teatro, mas as únicas coisas que lhe vinham à mente eram suas lembranças de infância. Seu pai, o acidente e o estranho. 

- Oh, mon Dieu! – Ela exclamou. Num átimo, lembrou-se da carruagem que estava levando-lhe, ainda criança, para o teatro, onde iria viver pelos próximos quinze anos. Mentalmente, ela era uma espectadora de seu acidente; via a carruagem desviando de um bando de rebeldes e, então, via a luz prateada da luz banhando o rosto embaçado de um estranho, que tinha cabelos de cobre. – M’ étrange!²

E como se fosse um filme que passava em sua cabeça, por mais clichê que isso parecesse, Isabella sentia-se dessa forma. Seus olhos arregalaram-se e então, sentiu como se um medo inconsciente invadisse seu corpo, era o torpor. 

- Permita-me terminar de contar minha história, milady. Depois, poderá deixar-me se quiser. – Edward sibilou, mas Bella – e nenhuma das outras duas – não encontraram sua voz. 

“Depois daquele dia, em que a salvei e cuidei para que as pessoas certas a encontrassem, não consegui lhe tirar da minha mente.” Ele exibiu um sorriso morno. “Eu estava voltando para Londres, para tratar de negócios com o senhor meu pai, e eu simplesmente não conseguia esquecer a figura de porcelana da menininha. Então, o mais rápido que pude, voltei a Londres e organizei minha mudança para Paris, onde eu poderia ficar de olho em você. 

“Quando cheguei, instalei-me em uma pensão singela e, aos poucos, fui instalando-me e, visitando-a, sempre de longe, no teatro. Cuidei para que Fontaine lhe encontrasse e para que você recebesse todos os cuidados, através de Madame Renée. Com o tempo, nós nos tornamos amigos e, quando você começou a dançar, me tornei o fantasma. Foi através dele que pude estar sempre perto de ti, com ele eu via a senhorita crescer e, cada vez mais, tornar-se a mulher que eu amaria com todas as minhas forças. Eu sabia que tinha que esperar e, tentei ter paciência, milady, tentei ter a paciência que eu nunca tivera em toda minha vida.” Ele terminara, respirando profundamente, tentando encontrar nos olhos de Isabella, algo que mostrasse desaprovação. 

- Então se monsieur salvara-me, como pode ter a mesma juventude? – Ela perguntou. 

- Porque nós fomos amaldiçoados pela noite há muito tempo atrás. – Jasper finalmente falou. 

- Como... Vocês são... Os demônios da noite? Aqueles que as pessoas temem? – Rosalie encarou-os, procurando indícios da noite naqueles seres belos. 

- Oui, nous sommes les vampires.³ – Jasper dissera. 

- Espera. Quando disseste nós, refere-se a Emmett também? – Rosalie exasperou-se, seu rosto virou tão bruscamente em direção ao Barão que alguns fios saíram do lugar. A esta altura era possível ver o rubor subindo por suas bochechas. – Refiro-me... à isso.  São por esses motivos que vosmice tem o mesmo sobrenome que eles? 

- Sim, je suis a vampire, aussi.4 – Ele tentou fazer com que sua expressão não fosse tão dura. 

Rosalie retesou-se. Aquele gesto fez Emmett cambalear, ele não queria que sua dama do moinho lhe deixasse, porém, era deveras homem e cavalheiro, para deixá-la ir, se assim fosse sua vontade. Ele estudou-a, observando os olhos azuis emoldurados pelos fios louros ondulados encararem-lhe de uma estranha forma. 

- Mon dieu! – Alice soltou um suspiro. – Eu já tomei minha decisão. – Ela disse num silvo baixo, fazendo com que Jasper sentisse suas barreiras ruírem. 

Porém Alice, quando ia falar, levantou-se e dançou até o conde louro. Ela pousou sua mão sobre o rosto dele. 

- Como podem ser amaldiçoados se são tão belos e bons? – Ela disse suavemente. – E como podem ser demônios se tens feições angelicais? Se todos os três tem este bom caráter? Como pode, meu caro conde, ser um demônio se amou quando a viu pela primeira vez e, depois certificou-se de cuidar dela? Como podes achar que és um ser negro, um ser maligno, se, mesmo depois de todo esse tempo, continuou amando-a? – ela dirigiu-se à Edward. 

- Não está assustada?  - Jasper perguntou-lhe, segurando em suas mãos. 

- Acho que sempre desconfiei. – Ela sorriu. – Mas não estou assustada, estou surpresa. E para moi5 pouco importa sua natureza, pouco me importa se achas que é um demônio, se chama a si próprio de ser negro ou vampiro. Je t’aime6, Jasper. – Ela encarou os olhos profundamente dourados. 

- Eu preciso... Preciso de ar. – Isabella levantou-se e andou em direção à porta da frente, enquanto Rosalie continuava olhando para suas mãos, perdida em seus pensamentos. 

- Eu nunca tivera nada além de homens para entreter. – Ela sibilou. – E você, mesmo sendo um barão, um homem de classe e rico, de boa família, pouco se importou se eu era tachada de cortesã... Para o senhor, pouco importou se eu era tão, ou menos culta, do que as outras damas que estiveram em sua presença. 

- Porque escolas existem para ensinar, dinheiro é produzido todos os dias e só existe uma Rosalie para que eu possa amar. – Ele sorriu e a abraçou. 

Emmett sentiu seu peito encher-se com a alegria, como nunca havia sentido antes. Agora ele sabia como seus pais sentiam-se, agora ele sabia o que Carlisle sentira quando conheceu Esme, quando a viu pela primeira vez há séculos e séculos atrás. Ele jamais deixaria que sua Rosalie escapasse de seus braços, nunca mais, nunca mais daria essa chance ao destino. 

Entretanto, Edward estava silencioso, tentando consolar-se com o fato de que Isabella precisava pensar. Fontaine dissera-lhe que ela tivera passado por coisas demais e suportado tudo muito bem, mas suas estruturas estavam abaladas e ela precisava de um tempo sozinha. 

- Deixe-a. – Alice sorriu. – Nenhuma de nós teve pais para consolar-nos. Eu tive minha mãe por alguns anos, embora não me lembre; mas nós tivemos que aprender a consolar a nós mesmas. Tivemos madame Renée, que sempre nos ajudara, mas não é a mesma coisa, Edward. Só Deus sabe o que ela está sentindo. 

- Alice tem razão. – Rosalie enxugou suas lágrimas. – Eu sempre aprendi a viver sozinha, assim como elas, apesar de viver entre muitas meninas, mas não é a mesma coisa. Bella passou por tanta coisa... Fingiu-se de morta para você, o que foi difícil e agora... 

- E agora precisa lidar com a realidade. – Alice disse, dando as costas a todos eles, sendo seguida por Rosalie. 

- Senhor, vá refrescar-se. Vá alimentar-se. Os três. Quando ela voltar, irá lhe procurar. – Gerárd disse-lhes. 

A contra gosto, Edward subiu as escadas, seguindo Madeline, que iria lhe mostrar onde era seu quarto. Ele adentrou e fechou a porta. Observou o ambiente ao seu redor; era singelo, em tons pastéis e não tinha tantos afrescos como a maioria das casas, seus móveis eram todos em tons claros, tornando aquele lugar bem iluminado. Ele tirou seu paletó e jogou em cima da cama. Desabotoou a camisa de algodão, deixando a os raios da tarde praiana pousarem sobre sua pele. 

- Não devia fazer isso. – Emmett e Jasper entraram no quarto, observando o peito nu de Edward, que agora ficava avermelhado. 

- Já estou cogitando me atirar ao sol a pino. – Edward resmungou, voltando a penumbra, observando sua pele voltar ao normal.

- Não diga tais asneiras, Edward! – Emmett rosnou. – Não sabe o que diz. 

- Não. Não sei. – Ele entrou no banheiro e bateu a porta. 

Havia uma tina quase cheia de água quente, quando ele terminou de despir-se. A água quente parecia reascender o calor que há muito não sentia, porem, era temporário, ele sabia. 

Ela precisa de tempo, ele tentava consolar-se. Mas não conseguia esquecer a angústia que sentia só de pensar que Isabella poderia lhe dizer não. Mas eu vou esperar, esperarei até que não seja mais possível. Se seu último suspiro for a minha aceitação, terei um pouco de felicidade em minha longa vida. Eu fui paciente e ainda sou. Ele pensou por fim, deitando a cabeça num encosto fofo, deixando seus pensamentos voarem para tempos longínquos, onde ele vislumbrava a pequena menina crescer na dança e na música. 

¹Pourquoi – Porque.

²M’ étrange – Meu estranho.

³Nous sommes les vampires. – Nós somos vampiros.

4Je suiu a vampire aussi – Eu sou um vampiro também.

5Moi – Meu, mim.

6Je t’aime – Eu te amo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yey! Olha quem voltou!!
Desculpem a demora pelo post... Mas tive alguns probleminhas para resolver ^_^
Espero que gostem do capítulo! Em breve eu volto para postar outro...
Beijinhos ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Opera Paris" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.