- Sabe, acho que você não fica muito bem com esse chapéu de flamingo! – exclamei rindo.

   Estávamos em um aquário na cidade. Era a segunda vez que eu e Trevor saíamos de verdade. Bem, a primeira vez foi uma completa bagunça, mas mesmo assim conta como um encontro.

- Ei! – disse falsamente ofendido. – Eu fico muito lindão! – rebateu enfiando o chapéu em minha cabeça.

   Comecei a rir mais ainda. Era muito estranho o jeito que eu ficava com ele. Era confortável, mas parecia que ele me escondia algo.

   Ficamos vendo os peixes, passamos a mão em um tubarão-lixa, bom, Trevor passou, mas quem se importa?

   O dia acabou rápido e quando fui ver, já estava na hora de ir para casa. O dia foi legal? Sim, mas tem algo incomodando Trevor.

- O que foi? – perguntei já estacionada na frente de sua casa.

- É que... Bom, acho que eu te amo. – sussurrou indeciso.

- Você me ama? – perguntei apertando o volante, Trevor percebeu.

   Apesar de já estarmos na frente da casa dele, parecia que faltavam alguns bilhões de quilômetros para chegar.

- Sim. – disse ele. Trevor parecia incerto sobre isso.

   Sorri.

- Desculpe-me, não devia ter falado isso.

   Por um segundo, me senti a pior pessoa do mundo, a bruxa dos setenta e um, a minha ex-vizinha que, quando deixávamos uma bola cair em seu quintal ela furava. Velha do capeta!

   Estava mais do que claro que eu gostava de Luke, e não era como amigo, só que o tonto é muito tapado para perceber!

   Só percebi o que fiz, quando senti os lábios quentes e macios de Trevor encostando-se nos meus. Por milésimos, desejei abrir os olhos e encontrar o oceano mais azul me encarando, mas quando abri, um par cor de mel me encarou. Ofeguei voltando o rosto para frente com a boca entreaberta.

- Acho melhor você ir agora. – disse com os olhos arregalados e a voz firme. Uau! A minha voz nunca pareceu tão firme antes.

- Hmm, O.k. Eu acho... – respondeu ele abrindo a porta. – Er... Rach?

   Virei o rosto e fui surpreendida com um selinho. Fiquei meio boba e surpresa. Afastei-me e voltei a olhar para frente.

- Tchau! – disse ele sorrindo.

- Tchau. – respondi meio fria. – Desculpa! – sussurrei arrancando com o carro e indo direto para casa.