Carnival Arc escrita por Senhorita Mizuki


Capítulo 1
Carnival


Notas iniciais do capítulo

Título: Carnival
Autora: Senhorita Mizuki
Categoria: Slash (malexmale)
Gênero: Drama
Classificação: PG-13
Personagens: Harry Potter e Draco Malfoy
Nota: Originalmente escrito para o desafio da ML Potter Slash Fics, cujo tema era Fantasias/Máscaras.

Sumário: Fui sábio ao fechar os olhos e representar? Estive hipnotizado, paralisado, pelo que meus olhos encontraram?



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Carnival

Well, I've walked these streets
A virtual stage
It seemed to me
Makeup on their faces
Actors took their places next to me

Passou os dedos levemente pela textura acetinada da máscara negra, antes de vesti-la. Mirou-se no espelho de corpo inteiro que havia no quarto que dividia com seus colegas da casa. Caía-lhe perfeitamente, assim como sua roupa, na sua esguia e eterna aparência de principezinho. Na sua tenra infância, sua mãe mandava fazer roupinhas que mais pareciam ter saído dos livros de contos de fada que ela lhes lia antes de dormir.

Bem, naquela noite ele representaria um. Sombrio e caído, talvez. Virou-se conferindo o que parecia ser uma versão maior daquelas roupas. Sua pele pálida e luzidia era ressaltada pela máscara negra, ele mordiscou e passou a língua pelos lábios, vendo-os ficarem cheios e vermelhos. Focou-se nas íris acinzentadas e passou os dedos longos impacientemente pelos fios de cabelo loiro-platinado, ficando de súbito irritado.

Mas naquela noite não queria ser o príncipe frio da Sonserina, não queria ser Draco Malfoy. Lançou um olhar para a escrivaninha ao lado de sua cama, onde repousava uma carta de lacre aberto, o lacre dos Malfoy. Definitivamente, não naquela noite.

Com alguns feitiços de transfiguração que conhecia mudou a cor dos seus olhos claros, tornando-os da cor violeta2. Ninguém se espantaria, estariam todos pretendendo ser outra pessoa. Suspirou e lançou o mesmo feitiço nos cabelos, mudando o loiro para um dourado mais intenso. Sim, aquilo seria perfeito.

Passou pela sala comunal vazia, os sonserinos já haviam saído, em bandos. Não queria ser um deles, somente naquela noite. Amarrou sua capa com um cordão trançado, cobrindo apenas um ombro estreito.

Naquela altura deveriam estar todos em Hogsmeade, das janelas altas podia-se ver o vilarejo em luzes coloridas. Podia-se quase ouvir a música. Era dia de carnaval, Hogwarts havia permitido a alunos do quinto, sexto e sétimo ano que fizessem parte da festa de rua. O que significava uma longa noite de bebida e amassos para os inquietos adolescentes.

Fazê-los esquecer por algum momento a ameaça da iminente guerra, distraí-los dos boatos que corriam pelo mundo bruxo. Sim, eles se divertiam e se preocupavam com os exames finais, enquanto homens de índole duvidosa juntavam suas forças com o Lorde das Trevas. Distinguiu algumas figuras que pareciam mais a guarda de algum banco feito Gringotes, seus olhares deixavam escapar nada. "Pessoal de Dumbledore, suponho", pensou Draco.

Logo ele percorria as ruas salpicadas de gente, fantasiadas e com suas máscaras a esconder suas verdadeiras identidades. Gôndolas haviam sido enfeitiçadas para que deslizassem, como se estivessem sendo navegadas por canais invisíveis. Riu-se, uma versão bruxa de Veneza. Havia ido uma vez a própria Veneza, lembrava-se que havia se embrenhado no meio de trouxas fantasiados. Seu pai lhe dera uma bronca por ter saído de perto dele e se perdido no meio de não-bruxos.

Seu pai. Forçou-se a não pensar mais nele, a não pensar na carta em cima de sua escrivaninha. Recebida há alguns dias, esperando uma resposta. Uma resposta que definiria seu destino, que havia sido traçado a ele por alguns anos, desde que aquele homem voltara a assombrar.

Reconheceu alguns alunos, infelizmente muitos não sabiam entrar no espírito daquela festa. Afastou-se deles, não queria ser reconhecido ou abordado. Somente ficar sozinho, perambulando sem nome e rosto, sentir olhares curiosos sobre si. Ele sorria aos gracejos recebidos, de pierrôs bêbados, bailarinas desavergonhadas, madames fogosas. Ria e declinava gentilmente os convites.

Well, I've walked these streets
In a spectacle of wealth and poverty
In the diamond market
The scarlet welcome carpet that they just rolled out for me

Os pubs estavam abertos, lotados de fanfarrões. Músicos estavam posicionados em cada esquina, fazendo com que a música os acompanhasse a cada cantinho do vilarejo. Archotes queimavam, criando uma iluminação peculiar, fazendo com que os rostos mascarados ficassem meio à penumbra. Draco havia visto algo semelhante, nas últimas férias que passara na mansão, fora obrigado a assistir. Mas a atmosfera era bem diferente daquela.

Arrepiou-se e instintivamente abraçou-se, tentando se convencer que era apenas por causa da brisa noturna. Precisava de uma bebida, de álcool, alguma coisa para deixá-lo ao menos ligeiramente zonzo.

Sem pestanejar dirigiu-se a um desses pubs. A maioria da clientela estava naquela hora da noite alterada, então não se importaram com o jovem loiro, novo o bastante para ser proibido de pisar naquele lugar. Aproximou-se de um homem que o olhara de cima a baixo logo que entrara, lançando-lhe um dos seus charmosos sorrisos. Um pouco de flerte e Draco saía com uma garrafa de vinho em mãos.

Certamente não era dos vinhos finos que um digno Malfoy como seu pai possuía, mas servia para o propósito. Arrancou a rolha e a jogou displicentemente, sorvendo a bebida do gargalho, limpando a boca com as costas das mãos. Em um beco próximo, ouviu risadas de garotos. A curiosidade o levou até lá.

Encontrou alguns adolescentes de Hogwarts, nem precisava vê-los sem máscara e fantasia para saber que pertenciam a Grifinória. Alguns seguravam garrafas de firewhisky e passavam uns para os outros, imaginava onde haviam conseguido. Algo dizia a ele que tinha algo a ver com um estudante chamado Finnigan. E do que Weasley pretendia estar fantasiado? Drácula?

Riam alto demais e se apoiavam nas paredes, sentavam-se no chão, incapazes de se manter em pé. Patético. Estúpidos grifinórios não sabiam beber, como tudo que faziam, eles eram precipitados e exageravam. Essa mistura nunca dava coisa muito boa.

Draco decidiu se afastar antes que fosse percebido, não era da sua conta. Porque, essa noite não ia atuar como um sonserino. Preferia passar despercebido e esquecer o que era.

Alguém trombou em si e perdeu o equilíbrio, segurando-se nas suas vestes de veludo. Malfoy explodiria, empurraria quem quer que fosse e diria em voz arrastada "olhe por onde anda, idiota!". Ao invés disso, se viu dizendo que estava tudo bem, quando a pessoa se desculpou, atrapalhada.

Have I been blind?
Have I been lost inside myself and my own mind?
Hypnotized, mesmerized, by what my eyes have seen?

Então se deparou com grandes olhos verdes, brilhavam, refletindo o fogo dos archotes. Draco engoliu em seco, só conhecia uma pessoa com aqueles olhos, que não estavam atrás dos costumeiros óculos, mas emoldurados por uma máscara simples, parecida com a sua e que cobria metade do seu rosto. Harry Potter.

Parecia um tanto... Alterado. Cheirava a firewhisky. Bem, ali estava um grifinório que definitivamente não sabia beber. Ele claramente mal se mantinha em pé, e mesmo tendo se desculpado, continuava agarrado nas vestes de Draco. Provavelmente iria direto ao chão se o soltasse.

- Hum... Está tudo girando... – murmurou, com um longo suspiro.

- Aposto que sim. – disse ironicamente, mas surpreendendo-se suavizou a voz – Eu acho que você precisa se sentar.

Passou um braço por sobre seus ombros, encaminhando-o para um banco vazio, atrás de uma lojinha. Sentaram-se um do lado do outro, Potter pendeu a cabeça para trás e a apoiou na parede, cerrando os olhos. Draco sorveu mais um gole da sua garrafa de vinho, observando o garoto de esguelha. Alguns foliões passavam por eles, sem lhes dar atenção, a música estava distante.

Subitamente se viu novamente na mira dos olhos verdes, engasgou com a bebida. Seu rosto estava próximo demais, com as faces rubras, provavelmente efeito do álcool, e Draco corou, mas não era pelo mesmo efeito. O grifinório o olhava intensamente, abertamente e sem pudor, parecia curioso com alguma coisa.

- Eles são... Violeta. – constatou, depois de uma longa análise dos seus olhos.

- Sim, eles são. – piscou e instintivamente recuou.

- Eu não te conheço, conheço? – sua voz estava um pouco embriagada.

- Não, não creio que me conheça. – balançou a cabeça, enfatizando a resposta.

Potter nunca devia ter olhado muito para ele, além das rixas, brigas e quando se encaravam feio. Porque se prestasse bastante atenção, saberia que ele era o único na escola com aquele queixo pontudo, pele tão pálida, lábios finos e vermelhos. Mas Draco sim, o havia observado o bastante para reconhecê-lo sem uma análise cuidadosa. Desde seus onze anos, obcecado pelo arquiinimigo de escola. Apenas assim, perseguindo o grifinório sem descanso, ele seria notado, com aquele grande idiota ofuscando sua luz, estragando sua importância como um bruxo de linhagem pura.

Seu pai sempre lhe dizia para conhecer bem seus inimigos, ser o mais próximo possível. Ah, e ele conhecia Potter. Sabia que mordiscava o lábio quando estava nervoso, que encolhia os ombros quando se constrangia. Que seus grandes olhos verdes ficavam injetados e brilhavam através dos óculos quando estava realmente irritado. Ele não fazia idéia de como o olhar dele passava tanta coisa. Os de Draco eram simulados, assim como seus sorrisos de zombaria. Pouco o traía através dos olhos frios e cinzentos.

No entanto, aquele Harry Potter, com a guarda baixa, e olhando intensamente para um completo estranho, era novo. Em seu estado alterado não percebia o embaraço do outro, continuando perigosamente tão próximo e apertando os olhos para ver melhor.

- Mas eu te conheço. – continuou levando um dedo para a testa do outro, afastando uma mecha de cabelo escuro e descobrindo a peculiar cicatriz.

- Ah... – ele levou a mão ao lugar tocado, soltando um muxoxo – Hermione tentou dar um jeito nisso, mas não adiantou.

Por Merlin, o que estava fazendo ali sentado, conversando com Harry como se fosse algo corriqueiro! Ora, o objetivo da festa era encontrar e se relacionar com estranhos mascarados, não era? "Mas não conversar tranquilamente com seu inimigo, sabendo perfeitamente quem ele é!", algo sibilou dentro dele.

- Posso perguntar qual é sua fantasia? – Potter interrompeu sua pequena batalha interna.

"Vencê-lo e humilhá-lo no quadribol, subjugá-lo ao meu bel prazer ou simplesmente voltar ao primeiro ano e definitivamente fazer aceitar minha mão." Oh, o vinho estava começando a fazer efeito.

- Um príncipe italiano da Renascença. – disse, com um floreio.

- É... Você parece mesmo com um... – sorriu e pendeu a cabeça para o lado, olhando-o de forma sonhadora.

"Merda Potter, não sorria desse jeito para um completo estranho". Draco desviou o olhar e deu mais um gole da sua garrafa, rezando para que a meia escuridão escondesse suas faces coradas e seu embaraço. Mas ele continuava tão perto, que podia sentir o hálito quente.

- Sou algum gentleman inglês da época vitoriana. – Potter continuou, mostrando suas vestes também pretas, a gravata estava desfeita e havia aberto alguns botões da camisa – Deveria ter um chapéu, mas perdi em algum lugar. – fez um gesto vago com a mão.

- Acredite, foi uma sorte não ter perdido as calças.

Ele riu com gosto do seu comentário, e estranhamente isso fez apertar seu peito. Realmente aquela cabeça rachada não sabia com quem falava, sabia? Não reconhecia sua própria voz, ao menos que estivesse carregada de sarcasmo? Era possível que apenas ele era o obcecado ali? Potter não lhe dava a importância que queria, Draco Malfoy era apenas uma pedra no seu sapato.

- Não vai me oferecer? – o grifinório apontou para a garrafa.

- Não acha que bebeu demais para uma noite? – replicou no mesmo tom.

- Eu não... – mas então suspirou resignado – Só me dê essa garrafa sim? Quero esquecer certas coisas. Muitas coisas...

Draco a cedeu sem pestanejar, sabia muito bem a que se referia. Ou imaginava que sabia. Tão injusto ser apenas o inimigo e não saber o que realmente importava e acontecia a ele. O garoto do seu lado sorveu bons goles de seu vinho e fixou seu olhar na parede na frente deles, ficando em silêncio.

- Essa festa é completamente sem propósito. – disse finalmente, com um tom amargo.

- Se acha isso, porque está aqui e não a salvo dentro de Hogwarts? – olhou para o perfil iluminado do moreno – Não teme que Aquele-que-não-deve-ser-nomeado acabe aproveitando e aparecendo no meio dela?

- Eu não tenho medo dele. Não mais. – balançou a cabeça.

O tom firme da sua voz surpreendeu Draco. Definitivamente não tinha a mesma coragem que ele, era justamente por medo que talvez estivesse prestes a cometer um erro irreparável.

- Todos estão usando máscaras e disfarces, é difícil distinguir quem é quem. Posso ser um comensal da morte, bebendo e conversando tranquilamente com meu alvo.

- E você é? – não se abalou, voltando a olhá-lo intensamente – Pode ser que debaixo dessa capa, há um braço com a marca negra tatuada?

- Não sei, pode ser. – Draco deu de ombros e lançou-lhe um sorriso malicioso – Isso que está bebendo pode ser uma poção de amor, para poder levá-lo facilmente até meu mestre.

- Então posso me apaixonar por você a qualquer minuto. – olhou para a garrafa quase vazia na sua mão, e bebeu o resto – Isso significa que você pode já estar apaixonado por mim.

- Possivelmente. – cruzou os dedos e relaxou-se contra a parede atrás de si.

O moreno gargalhou. Ali estava algo que nunca vira de perto, Potter rindo de algo que ele havia dito.

- Você é engaçado. – disse com lágrimas nos olhos.

- Sim eu sou. – suspirou – Pena que alguns não apreciem meu humor.

Os olhos violeta de Draco pousaram nos lábios do outro, havia vestígio de vinho neles. Como se lesse seus pensamentos, o garoto passou a língua pelos lábios, recolhendo a bebida. Fora o bastante. Antes que pudesse ter consciência do que estava fazendo, diminuiu a pouca distância entre os dois. Foi apenas um roçar de lábios, mas Draco sentiu uma corrente elétrica percorrer seus membros.

Talvez aquela garrafa tivesse mesmo uma poção do amor. Ou algo com efeito semelhante.

Ele recuou imediatamente, percebendo o que fazia. Potter tinha os olhos arregalados e as faces coradas, e logo imaginou que devia estar com a mesma expressão.

- Você... É um garoto, não é? – balbuciou, estarrecido.

- Por favor, não leve a sério. – tentou consertar. Merlin, ele acabara de falar "por favor" a Harry Potter? – É carnaval, podemos fazer o que quisermos e não nos arrepender.

Viu o garoto lamber os lábios, e teve certeza que não era para recolher qualquer vestígio de vinho. O canto da sua boca se curvou em um sorriso hesitante.

- Eu acho que está certo. – disse decidido.

E a próxima coisa que viu foi seu rosto se aproximar perigosamente e ter seus lábios cobertos pelos dele. Sentiu os ombros serem apertados e pressionados contra a parede. Outra pequena batalha interna aconteceu de novo na cabeça do loiro. O Malfoy gritava indignado e lhe mandava jogar maldições imperdoáveis ao invés de deixá-lo fazer aquilo. Seu outro lado, não se importava...

Realmente, não importava. Saindo do estupor enterrou os dedos nos cabelos que pareciam estar sempre despenteados, retribuindo fervorosamente. Ele cheirava a firewhisky e tinha um gosto doce, um gosto que ele sempre imaginou que tivesse.

Potter estava definitivamente embriagado. A manhã seguinte lhe brindaria com uma bela ressaca, uma dor de cabeça tremenda e quando se lembrasse disso, se odiaria. Seu lado sonserino ficou feliz com o pensamento, mas logo se lembrou que ocorreria o mesmo a ele.

Ouviu vozes chamando alguém, e só então percebeu que a música havia encerrado. Reconheceu alguma das vozes, gritavam o nome de Potter. Com relutância afastou o corpo em cima de si, ele parecia estar tão absorto que ouvia nada.

- Acho que seus amigos finalmente perceberam que você desapareceu.

- Hum? – uma confusão trespassou seu rosto, mas então se refez, ouvindo finalmente seu nome – Ah droga. Que horas são?

- Não sei, mas deve estar muito tarde. Não há mais música, e já faz um tempo que não passa gente por essa rua.

Draco ergueu-se, arrumando sua roupa e cabelo, espanando uma sujeira inexistente da roupa, apenas para não ter de encarar o grifinório a seu lado. Viu uma mão ser estendida para ele, e não pode evitar encará-lo de forma confusa.

- O que foi? Não vai voltar para a escola?

- Ah, não. Eu não sou de Hogwarts. – mentiu, vendo o ar um tanto decepcionado do outro.

- Posso ao menos saber seu nome?

- Prefiro não dizer. – apressou-se em responder.

- Não é justo, você sabe o meu...

- Eu adivinhei quem você é. – corrigiu-o – E acredite, é melhor que não saiba.

Sem lhe dar tempo para responder, Draco passou por ele e seguiu pela primeira rua que lhe apareceu. Ouviu passos e as vozes preocupadas daqueles grifinórios, logo elas se distanciaram.

Perambulou por mais meia hora antes de voltar para Hogwarts, alguns foliões insistiam em continuar sua própria festa. Em uma esquina os músicos descansavam, enquanto um violinista solitário tocava uma melodia melancólica.

Have I been wrong?
Have I been wise to shut my eyes and play along?
Hypnotized, paralyzed, by what my eyes have found
By what my eyes have seen
What they have seen?

Nas masmorras foi recepcionado por um Snape nada satisfeito, de braços cruzados e olhando-o como um pai nervoso que havia esperado várias horas da madrugada. Ouviu o pequeno sermão de cabeça baixa e olhando para o chão, até que lhe mandou dormir.

Ignorou a vozinha sonolenta e preocupada de Pansy, dirigindo-se direto para o dormitório masculino. No seu quarto, Goyle e Crabbe roncavam pregados no sono, como de costume. Jogou a capa e a máscara dentro de um baú, se largando na cadeira em frente à escrivaninha. Seus olhos, agora de volta a sua cor cinzenta, voltaram-se inevitavelmente para a carta aberta.

Molhou a pena no tinteiro e puxou um pedaço de pergaminho em branco, rabiscando uma nota de poucas palavras:

"Eu não fugirei dos meus deveres, pai. Farei vosso desejo e aceitarei receber as honras, quando voltar para casa nas férias de verão, como o senhor já havia me alertado.

Seu filho,

D.M."

Depois de dobrar e selar a carta, Draco meteu-se debaixo das cobertas, já vestindo seu pijama. No dia seguinte ela carregaria sua sentença através de uma coruja.

Quando amanhecesse, a noite não passaria de um sonho. O gosto e o formigamento nos seus lábios sumiriam. Voltaria a atuar como Draco Malfoy, o filho de um comensal da morte. Harry Potter continuaria no seu papel de menino-que-sobreviveu, o "herói" dos bruxos.

Have I been blind?
Have I been lost?
Have I been wrong?
Have I been wise?
Have I been strong?
Have I been hypnotized, mesmerized
By what my eyes have found?

In that great street carnival, in that carnival?

E a próxima vez que usaria uma máscara seria como um servo. E a próxima celebração que participaria seria um banquete de sangue.

Finite Incantatum

09/03/2006

 

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Notas finais do capítulo

1 - Música de Natalie Merchant.
2 - Sobre os olhos violeta de Draco: Sim, eu gosto dessa cor e variantes como púrpura, lilás, roxo... :-Þ