Gay escrita por lady riot


Capítulo 1
Prólogo




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Prólogo

Ao Avesso

Eu não me lembro da primeira vez que eu vi Edward Cullen.

Eu costumava passar duas semanas em todos os verões na casa do meu pai em Forks. Edward Cullen e a irmã passavam o verão todo com o tio, o Dr. Carlisle. Eu não suportava ficar mais de duas semanas lá. Eu começava a sentir uma enorme falta do sol e do calor... Sem comentar que o ar aqui é tão úmido que da pra praticamente beber ao invés de respirar.

A única coisa que eu sabia sobre Edward Cullen é que ele tinha uma irmã gêmea, dois primos, que o pai administrava a montadora de automóveis da família, que a mãe era música e que eles moravam na Califórnia. Psicologicamente falando, a única coisa que eu sabia dele era que ele era muito seletivo com as amizades, o que para mim significa não ser muito sociável.

Quando eu olhava para Edward Cullen eu via um garoto magricela, branquelo, com cabelos cor de ferrugem, olhos injetados e que pareciam ter o dobro do tamanho por causa da cor chamativa que tinha: verde como toda aquela cidade horrenda e gosmenta.

Ele era correto demais, como os outros da família. Talvez por causa da herança burguesa que corria em suas veias em forma de sangue.

Ele não costumava sorrir e nem ficar encarando as pessoas, mas eu tinha a impressão que ele estava sempre observando, sempre me medindo, como se estivesse apenas esperando que eu tropeçasse, torcendo para que isso acontecesse para ele poder rir de mim. Porém, quando eu realmente caía, ele continuava inabalado. Como o ser inatingível que era.

Edward Cullen despertava muitas reações em mim, nenhuma favorável a ele. Sentia pena por ele ser tão feio, nojo da cara dele, medo de que os olhos dele me encarassem, náuseas do jeito superior que se movimentava e por ele eu sentia desprezo.

Ele era, na minha concepção, tudo o que eu tinha que evitar para conseguir o homem perfeito.

Eu procurei em todos os caras que eu conhecia alguma característica de Edward Cullen, física e psicologicamente. Quando eu encontrava alguma, o que raramente acontecia, o ser era banido do meu circulo de amizades.

Foi dessa forma que eu acabei me apaixonado por Jacob Black e as minhas visitas à Forks deixaram de ser tão chatas. Eu acabei abandonando os meus amigos para passar mais tempo com ele. Isso não conseguiu fazer com que eu prorrogasse as minhas visitas ao meu pai para o verão inteiro. Eu sou como uma planta, que precisa de luz solar e não de um namorado.

A minha paixão doentia por Jacob Black fez com eu, durante nove anos, só falasse com Charlie, Billy e o . Minha coordenação motora nunca foi uma das melhores...E o passar dos anos só fez ela piora ainda mais, tornando assim minhas visitas ao hospital ainda mais frequentes, quase uma rotina.

Carlisle Cullen era um médico surpreendente que poderia ganhar trinta vezes mais o que ganha trabalhando em Forks em qualquer outra cidade do mundo e trabalhando bem menos. Corriam boatos que ele recusou propostas bilionárias para poder continuar vendo os filhos crescerem saudáveis em uma cidade do interior.

O doutor Cullen sempre me convidava para ir à casa dele quando eu aparecia pelo hospital com algum machucado, mas eu nunca aceitava. Não abriria mão de ir à La Push por nada no mundo, muito menos por um lugar em que eu sabia que uma aberração chamada Edward Cullen estaria.

Isso é engraçado. Eu me lembro perfeitamente da aberração que ele era. Você não esqueceria se visse um fantasma na sua frente. Um fantasma bem feio por sinal. Então nada mais se encaixa na minha mente.

Agora é o horário de almoço, eu estou aqui sentada no aquário – que na verdade é o refeitório, mas por ter todas as paredes de vidro todos o chamam assim – com a minha amiga Renata, o namorado e os irmãos gêmeos dela: Demetrius, Alec e Jane.

Jane não gostava muito de mim. Na verdade acho que ela me odeia. Alec me disse uma vez que isso era ciúmes da Renata, mas isso não explicaria – ou talvez explicasse – os sorrisinhos falsamente meigos toda vez que eu olhava para ela.

Eu não estou protelando a minha memória por causa dela ou dos sorrisinhos dela, e sim por causa da revista que ela veio nos mostrar.

Era um exemplar de uma revista adolescente. Para ser mais exata, o ano 20, edição 241, da “Lollypop”, no valor de dois dólares e noventa e nove centavos. Mas também não foram as duas décadas, as 241 edições, o nome ou o preço da revista que me chamaram a atenção. Foi a capa. Não as cores ou as matérias. Foi a foto. Para ser mais precisa a foto do Apolo tirada por Zeus e entregue à Moises pelas mãos de Deus e que tinha sido resgatada do deserto junto com a arca dos 10 mandamentos.

Não era isso que dizia a manchete, mas foi essa a sensação que eu tive ao olhar para os cabelos cor de bronze perfeitamente desalinhado, para o nariz aristocrata, para a boca carnuda, avermelhada e incrivelmente atraente, para o maxilar agressivo e ao mesmo tempo gentil.

Nada chamou tanto a minha atenção quanto os olhos. Verdes. Incrível e indescritivelmente verdes, a não ser o nome.

Edward Cullen.

Não era possível.

Aquele anjo não podia ser o mesmo fantasma que me aterrorizava. Aquele ser perfeito não parecia ser a aberração de que eu me lembrava. O homem que pousava para dezenas de paparazzi em uma festa não parecia ser o mesmo garoto anti-social de que eu me lembrava. A minha mente parecia que iria entrar em colapso.

Podê-lo-ia ter mudado tanto em nove anos? Poderia o fantasma ter se transformado em anjo? A aberração na perfeição?

Eu sabia que a essa altura ele não era mais aquele garoto que parecia não ser desse mundo por ser tão incrivelmente feio, mas jamais imaginei que ele pudesse não parecer ser desse mundo por ser tão inumanamente lindo.

Eu procurando alguém que fosse o avesso à ele, mas nunca imaginei que ele tinha sido virado ao avesso e agora tinha se desvessado [? o.O]. Então isso quer dizer que ele é o homem que eu procurei durante os últimos nove anos em Jacob Black?

A minha mente e o meu corpo pareceram gostar mais dessa idéia do que eu acharia razoável. Mais do que eu acharia exagero também. Mas o que isso quer dizer? Que eu estou tendo uma segunda primeira impressão com Edward Cullen? Que eu estou tendo um amor à segunda vista?

-Bella você está bem?

Eu levantei o rosto e meus olhos castanhos encontraram os olhos dourados da Renata. Eu vi preocupação neles. Demetrius, sentado ao lado dela tentava não rir de mim na minha frente. Alec e Jane sorriam bondosamente, mas por de traz do de Jane eu quase pude sentir o veneno.

-Eu acho que estou chocada. – consegui responder em um sussurro rouco. O sorriso angelical de Jane aumentou.

-Ele é mesmo inumanamente lindo.

Jane disse isso em um tom tão gentil que se eu não a conhecesse até pensaria que ela estava tentando apagar da história todas as vezes que ela tentou me torturar com sapatos de salto agulha e se tornar minha amiga. Mas eu a conhecia extremamente bem. A mim não engana.

-Por isso eu comprei a revista – ela terminou.

-Eu não estou em estado de choque por causa da... – eu encontrei dificuldade em dizer a palavra. Ainda era difícil pensar que ele era lindo, imagine dizer isso em voz alta – da beleza dele.

-Não? – Jane levantou uma sobrancelha perfeita e loura. O sorrisinho falso ainda brincava em seus lábios – então foi por quê?

Eu não queria responder àquela pergunta, mas eu sabia que ao dizer que não era a beleza dele que me chocava Jane me faria respondê-la. É claro que a beleza dele é chocante, mas não foi o que me chocou mais.

Como eu poderia dizer à ela que eu o conheci antes dele se tornar um cisne sem ela me fazer provar isso? Porque eu não tenho provas, nem eu mesma acredito em mim no momento.

A pergunta de Jane tinha tanta ironia que eu desejei que ela mordesse a língua ou então morresse sufocada no próprio veneno.

Vaso ruim não quebra. Nem sei por que eu ainda tenho esperanças.

-É que... – eu comecei, mas tive que me interromper para poder respirar mais um pouco antes. – eu conheci Edward Cullen quando ele ainda era o patinho estranho e feio.

Eu disse lenta e pausadamente. Precisava ser assim já que a minha mente ainda não tinha voltado ao normal e parecia estar querendo me pregar uma peça. Eu apenas não entendia o motivo.

E então os quatro começaram a gargalhar, esmurrando a mesa e atraindo os olhares de todos os presentes no aquário.

-Bella, você é absurda.

Disse o Demetrius. Eu confesso que também ri. Aquilo era tão impossível que até eu achei que fosse piada.

De qualquer jeito, eu vou tirar um dia para aceitar um dos convites do doutor Cullen para visitar a Alice e constatar se o novo Edward Cullen é real ou não e ver se ele deixou de pertencer à esse mundo por ser ridículo e passou a não ser daqui por ser perfeito.

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-continua...



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