Dangerous Feelings escrita por Razi


Capítulo 8
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Hora de saber o que rola por trás da Selena.
^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/111996/chapter/8

Quando o sinal tocou para o intervalo me esquivei de Wade e Seth molestando estar precisando fazer uma coisa urgente.

O que naturalmente colou fazendo-os ir sozinhos para a cantina que a essa altura deveria estar uma loucura.

Caminhei abraçando meu corpo rumo ao bosque, precisava intensamente por os meus pés lá.

Não era mais algo momentâneo, era uma necessidade estar naquele lugar calmo, cálido e aconchegante onde poderia sentar embaixo de uma arvore e relaxar me esquecendo de tudo que me cercava.

Só que hoje eu queria apenas pensar e muito sobre o meu dia anterior e como esse estava sendo. Não sabia se estava ficando louca, paranóica, perturbada...

Se bem que tudo são sinônimos.

Balanço a cabeça afastando aquele pensamento idiota que de nada me serviria agora e nem nunca.

Entro no bosque sentindo o ar meio denso.

Impressão minha ou estar mais frio que o normal para o outono?

Cruzo meus braços entrando ainda mais no bosque sentindo que não era apenas a mudança de clima que emanava das entranhas do lugar, havia algo mais, só precisava saber o que.

Andei por mais algum tempo sem saber ao certo para onde ir, até ouvir a mesma risada que permeou meus ouvidos ontem o dia quase que inteiro. E como um passe de mágica muito bem feito a imagem de uma criança de feições inocentes e gentis aparecia na minha frente, com seus lábios repuxados num sorriso amigável.

Logo depois ela começou a correr.

-Venha – sussurrou ela desaparecendo pela direita

Certamente eu estava louca por pensar em segui-la, mas fiz isso e comecei a correr para mantê-la sob minha visão. Ela ria, rodopiava, virava uma vez ou outra para me olhar e depois retornava a olhar para frente até desaparecer por completo, deixando-me atordoada em meio aquele estranho lugar do bosque.

Girei ao meu redor querendo me situar, mas tudo ali me era desconhecido, as florzinhas vermelhas rubras que cresciam em meio algumas arvores de copas altas que nem podia vê-las, uma nevoa que se arrastava por meus pés dando-me calafrios.

Senti minha respiração ficar difícil enquanto caminhava querendo retornar a algum lugar conhecido, mas o que encontrei não era nem de longe o que queria.

Um pouco mais de um metro de distancia havia alguém de costas para mim, com suas... Asas azuis brilhantes a amostra tendo seu olhar voltando para cima.

Gelei no mesmo instante.

Aquela imagem não poderia ser possível.

Devia estar sonhando.

Devia ainda estar dormindo.

Só que algo me dizia que não era.

Ainda mais depois de ver quem era o dono das asas.

Ele primeiramente virou o rosto de lado, deixando-me ver sua pele morena brilhosa e depois muito lentamente se virou completamente para mim, deixando que eu visse seus olhos cinzas esverdeados, seu cabelo.

Leon.

Senti que o ar me faltava, sentia que o chão já não estava mais sob meus pés e que tudo começava a girar ao meu redor.

-Corra – recomendou o mesmo homem enfaixado entrando em foco na minha mente.

Então tudo pareceu ganhar uma nova cor e depois só me lembro de ter começado a correr como uma louca passando por todas as arvores, pulando os troncos secos das arvores mortas que havia pelo caminho, alguns galhos menores feriram meu rosto, mas não liguei.

De toda maneira precisava ficar longe daquele romeno, o mais longe que pudesse ficar até que braços me puxaram para perto de si, fazendo-me chocar com um peitoral extremamente cheiroso.

-Me larga! – rosnei debatendo-me.

-Calma Selena – pediu Dythan pelo que constatei ao olhá-lo – Já passou.

-Temos que sair daqui, rápido – disse desesperada querendo sair de seu abraço e tirá-lo dali.

Ele não moveu um músculo me encarando com o cenho franzido.

-O que você viu? – ele perguntou meio receoso.

-Eu – Leon respondeu por mim ficando apenas alguns centímetros de nós.

Ele ainda mostrava suas asas azuladas que eram simplesmente magníficas se fosse parar analisá-las com calma, o que inacreditavelmente estava cercada pelos braços de Dythan que o encarou depois deu um suspiro fazendo seu corpo inteiro relaxar.

Leon deu um passo na minha direção, mas uma asa dourada interpôs minha visão.

-Nem mais um passo – ordenou Dythan – Sua imprudência, já nos rendeu isso.

Dessa vez tive que erguer meu olhar para ver o rosto dele que estava numa seriedade impressionante.

-O que houve? – perguntou alguém numa voz cálida e preocupada, Wade.

Viro meu rosto para ver onde ela estava, mas tive que erguer mais meu olhar, já que ela estava sentada de maneira displicente sob um galho, mas logo desci o olhar para ver Seth encostado na arvore com os braços e pernas cruzadas com os olhos fechados.

-Que burrada, Sebastian – comentou Seth sem se dar ao luxo de mudar sua posição – O que iremos fazer agora? – pergunta Wade ainda num tom de preocupada.

-Que tal contar a verdade? – sugeriu Leon numa voz entediada.

-Ah claro – disse com sarcasmo Dythan – Agora que mostrou isso á ela, não temos escolha temos?

O romeno o olhou meio serio.

-Uma hora ela iria saber – ele deu de ombros – Além do que ele está ai.

-Como é? – Wade perguntou ficando na frente do romeno em um segundo – Está querendo dizer o que com isso?

-Sean está nela – respondeu ele calmo recolhendo suas asas.

Senti um frio intenso correr por meu corpo ao ouvir aquelas simples palavras antes de entrar no estado de semiconsciência.

-Eu assumo daqui – disse o mesmo homem de corpo enfaixado pondo a mão no meu ombro.

O fitei por um segundo aturdida.

Aquele era Sean?

E o que estava acontecendo?

Parecia que todos estavam vendo outra pessoa no meu lugar...

Sean.

Ele se voltou, eu me voltei na verdade, para Dythan.

-Ela realmente deve gostar de ficar abraçada a você, mas eu não curto a idéia – disse ele meio ríspido fazendo com que Dythan se afastasse dele no mesmo segundo – Melhor assim.

Dythan revirou os olhos enquanto Sean corria os seus aos demais.

-Não imaginei que me encontrariam tão rápido – disse ele meio triste.

-Quase uma década não deveria ser classificado como rápido – replicou Wade o olhando meio aversiva.

Ele deu um sorriso antes de se voltar para Seth.

-Como vai, Seth? – ele perguntou num tom cordial, mas pude sentir sua falta de emoção – Anda se dando bem com Leon?

-Melhor do que com você – cuspiu Seth deixando seus olhos morrerem nele – Deveria tê-la deixado morrer.

-Como é? – me pronunciei trazendo meu controle sob meu corpo de volta ao que parecia.

-Deveria ter ficado de boca calada – ele murmurou, mas eu já estava na sua frente – Você deveria estar morta, Selena.

-Por qual motivo? – o instiguei sentindo-me atordoada.

-Lembra-se do acidente de avião onde seus pais morreram? – ele indagou retórico, assenti com a cabeça – Você estava com eles, você deveria ter morrido junto com eles.

Recuei um passo para trás.

-Que forma agradável de dizer uma coisa dessas – ironizou Wade ficando ao meu lado passando um de seus braços ao redor do meu pescoço, fazendo-me olhá-la – Ouça com atenção, Selena e você também, Sean.

Assenti com a cabeça, talvez saber que um homem estava dentro de mim, fosse mais assustador do que iria ouvir.

-Sean é apaixonado por você, Selena – ela contou pausadamente, medindo cada uma de suas palavras – Oito anos atrás, quando você morrera no acidente, ele ficara como um louco querendo saber para onde você seria destinada. Se iria para o céu, ou inferno.

Abri a boca para interrompê-la, mas ela pôs seu indicador nos meus lábios.

-Não interrompa minha narrativa – ela me recriminou – Mas bem, ele não esperou saber para onde você seria destinada, então resolveu ressuscitá-la tomando seu corpo para si e está ai até agora. Fim.

-Está querendo me dizer que ele me ressuscitou, mas que vive agora dentro de mim – refleti meio descrente para ser franca.

-Humana inteligente – murmurou Leon encostando-se numa arvore.

Fiz cara de poucos amigos para ele que simplesmente resolveu deixar pra lá.

-Exatamente – confirmou Wade seria – Se ele tivesse sido um pouco menos precipitado saberia que você seria enviada ao nosso domínio.

Senti meu corpo tremer, e pensei ter vislumbrado rapidamente o rosto de Sean surpreso, mas Wade me trouxe de volta à realidade contando o resto da bomba.

-E isso não é nem metade de como as coisas estão pro lado de vocês dois – continuou ela tornando seu ar solene e pomposo.

-Os anjos vão vir me pegar? – indago a olhando hesitante.

Pequenas risadas ecoam ao meu redor.

-A Bíblia de vocês está mais errada do que certa – comentou Dythan se aproximando um pouco mais de nós.

-Fique onde está, Dythan – recomendou Wade – E não somos anjos, Angelique.

-Como não? – perguntei cética. – As asas...

-Somos deuses, Angelique – ela me cortou solene – Ter asas não significa que somos aqueles piralhos.

-Piralhos? – sibilo um tanto quanto surpresa. – Você está chamando anjos de piralhos?

-Queria que eu os chamasse de que? – ela perguntou retórica – Não é porque temos asas que devemos ser catalogados como anjos.

-Se bem que somos a visão de que vocês têm dos anjos – emendou Seth ainda encostado na arvore.

-Do que vocês estão falando? – perguntei olhando-os confusa.

-Vocês nunca viram os anjos, porque eles nunca aparecem para humanos, apenas nós aparecemos – respondeu Dythan serio – Fazemos esse favor àquelas crianças adoráveis.

-Muito adoráveis – reforça Seth meio irônico.

-Preciso saber dessa historia depois – digo meio hesitante – Mas vejo que vocês estão fugindo do assunto.

-Tentamos – confirma Wade dando de ombros – Agora temos um problema sobre vocês dois no mesmo corpo.

-Que problema? – pergunto completamente hesitante.

-Isso é proibido – ela respondeu depois de um suspiro – Em outras palavras, teremos que matar você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo cap.
o/