Entro na sala deparando-me com Miranda quase em cima de Leon que parecia desligado, mas ao me ver ergue-se no mesmo instante vindo ao meu encontro.

-Tenho que trocar as algumas palavras com você – avisa ele quase sussurrando na minha frente.

-Uma novidade – digo sarcástica – Não estou com vontade de escutar seja lá o que tenha para dizer.

-Que tal sobre ser namorada do Aiden? – sugeri ele num tom de escárnio.

-Outra novidade – digo séria – Não sou namorada dele, fica tranqüilo que seu irmão não vai beijar essa boca aqui.

-Ele não é meu irmão – conta ele pausadamente.

-Bem, que seja – digo dando de ombros – Agora que você está namorando a Loren é fato.

-Isso não é de seu interesse – replica ele sério.

Cruzo os braços encarando-o.

-Quer dizer que eu namorar com Aiden é de interesse, mas você namorando com a Loren não? – indago retórica – Deixa te dizer uma boa, que se dane vocês dois. Merecem-se de qualquer maneira.

Encaminho-me para meu assento vendo todos conversando e nem tenho tempo de me voltar para a janela, já que Miranda pedi minha atenção.

-Selena – ela me chama com um amplo sorriso nos lábios – Steffany conseguiu que víssemos a apresentação de um grupo de dança que também estará na abertura, não é demais?

-Por que iremos vê-los? – pergunto um tanto receosa com a resposta.

-Bem provável que seja apenas para relaxar – responde ela dando de ombros – Enfim passo na sua casa hoje de tarde para irmos assistir. Tudo bem?

-Claro – concordo cruzando meus braços – Vai para festa do Riley?

-O ex da sua irmã? –indaga ela franzindo a testa querendo se lembrar.

Balanço a cabeça afirmamente.

-Vou sim com o Leon de quebra – disse ela toda reluzente.

-Foi mal – dou um sorriso de surpresa – Com quem você vai?

-Com o Leon – ela responde – Algum problema?

-Acho que não – digo erguendo-me para sair da sala.

-Selena! – ouço ela me gritar quando já estava no corredor.

Apresso o passo olhando por cada corredor, mas como encontrar aquele romeno deus da Guerra maldito?

-Selena – disse Sean entrando em foco ao meu lado.

-Já se culpou por sua apresentação? – penso meio irritada.

-Desculpe-me – murmura ele quase que inaudivelmente – Não ocorrera novamente.

-Acho bom mesmo – penso com rispidez – Me diga onde está Leon Sebastian?

-Não consigo senti-lo – disse ele sério – Estou limitado.

-Claro – trinco os dentes – Por que não chiou por Aiden ficar perto de mim?

-Ele fez o que? – indaga ele quase gritando.

-Esquece – corto o assunto vendo a minha esquerda a entrada do bosque alguns metros de distância – Volte a dormir, ou seja, lá o que estava fazendo, assunto particular.

-Selena...

-Não discuta comigo Sean – o corto já caminhando rumo ao bosque.

Ele se dispersa ao meu lado enquanto as pessoas me olhavam meio curiosas ou surpresas. Não presto muita atenção nisso, tinha que tirar satisfação com aquele romeno.

Quem ele pensa que é para ficar brincando com os sentimentos das pessoas?

Posso não ser a maior fã da Miranda, mas não ia tolerar que ele brincasse com ela de jeito nenhum.

Entro no bosque apertando meu casaco de contra o meu corpo, estava frio como da última vez, muito frio.

Puxo o ar para os meus pulmões e adentro ainda mais a floresta. Encontrei o Leon da última vez por a ajuda da Ária, se bem que ela poderia aparecer agora me guiar até ele e depois voltar para a creche onde poderia está.

Cruzo meus braços de contra o meu corpo e retomo a caminhada rápida rondando cada lugar que possa conhecer, mas ao que parecia ele estava longe, muito longe.

Giro ao redor olhando para cima a sua procura, mas é o mesmo que nada.

-Procurando algo? – indaga algo ou alguém de algum canto.

Estremeço no mesmo instante e penso em correr.

-Fique quieta – instrui Sean - Não tenho como tomar seu corpo agora, por isso não corra, fique calada, finja-se de estatua.

Não emiti nenhum som, mas minhas pernas estavam que nem vara verde. Não era de possuir medo ou qualquer outra coisa, mas agora...

Saquei, Sean não cuida mais das minhas emoções, sentimentos e blá, blá, blá. Bem que poderia fazer isso agora.

-Selena Angelique Cross – pronuncia alguém de algum lugar – O que faz aqui jovem?

Mordo meu lábio inferior.

Mantenha-se quieta, não corra e não faça absolutamente nada.

-Sean Dominique – pronuncia a pessoa novamente – O deus da Dor, o Infame. Calhorda! Como conseguiu um corpo desses?

Um frio corre minha espinha completamente ao segundo que um adolescente simplesmente aparece na minha frente me assustando.

Ele possuía o cabelo longo começando bem bagunçado e branco e da nuca para até sua cintura era liso e castanho com olhos azuis atraentes e bem chamativos na pele branca revestindo o corpo magrinho e baixo.

Diria que possivelmente deveria ter uns 14 anos.

-Vamos Sean – ele toca o meu ombro empurrando-o para trás – Me diga o que fez para ter um corpo desses.

-Andy – grita Wade aproximando-se com Seth e Dythan – O que faz aqui?

-Mamãe – disse ele indo ao encontro dela – Por que não me disse que Sean estava aqui?

Peraí.

Pausa, rebobina e repete.

Como assim Wade era mãe?

-Por que você está aqui? – ela pergunta séria cruzando os braços.

-Não está feliz em me ver? – indaga o nanico quase chorando.

-Devo ficar? – ela rebati retórica – Volte para Florença, não há nada para você aqui.

-Como não? – ele pergunta enfático – O que me diz de um corpo como esse onde Sean está?

-Preciso repetir quantas vezes Andy? – indaga ela ríspida – Volte para Itália e não discuta comigo.

-Mas...

-Não discuta Andy – Seth o corta encarando-o – Explicaremos a situação uma outra hora.

O tampinha encara o trio antes de voltar seu mar azul completamente para mim.

-Queria ter a oportunidade de conversar com você, Cross – lamenta ele direcionando seu olhar para o chão – Só que espero que algum dia apareça por Florença, será um prazer recebê-la por lá.

-Farei isso quando possível – prometo, não tão certa disso.

-Vai, Andy – apressa-o Wade cruzando os braços – Irei vê-lo logo.

-Tudo bem, mamãe – concorda ele desaparecendo em seguida.

Tenho que me acostumar com isso.

-Antes que pergunte – disse a ruivinha – Ele é o substituto de Sean, o novo deus da Dor.

-Ele te chamou de mãe – lembro meio surpresa.

-As criaturas do mar me chamam assim – explica ela ficando ao meu lado.

-O que ele é? – pergunto a olhando.

-Um tritão –responde ela olhando para frente.

-Não pedi que me xingasse – satirizo enquanto começamos a caminhar.

-O que veio fazer aqui afinal de contas? – pergunta Dythan

-Estou procurando Leon – respondi trincando os dentes.

-O que ele fez dessa vez? – pergunta Seth no tom cansando.

-Ele apronta tanto assim? – indago o olhando retórica.

-Sendo sincero – começa ele – Mais do que qualquer criança humana levada.

Sorrio rapidamente.

-Onde ele está? – pergunto correndo meus olhos por eles

-Conversando com Noelle – responde Wade me encarando.

-Por falar nela e vai direto no Aiden – disse séria – Ele e o Leon possuem alguma rixa?

-Não – nega Dythan quando passávamos por um corredor – Por que?

-Bem quando cheguei eles meio que fizeram uma...

-Teatro – me corta Seth – Loren não pode saber que vocês três possuem ligações digamos estranhas demais.

-Ah claro – concordo séria – Souberam que teremos que ir ver um grupo de dança mais tarde certo?

-Uma tortura certamente – resmunga Dythan encolhendo os ombros.

-Que foi? – pergunto curiosa – Qual o problema?

-Espere e verá – ele me responde parando encarando a porta ao meu lado – Hora de estudar mocinha.

-Sim senhor – obedeço batendo continência.

Ele forma uma careta para mim antes de abrir um sorriso e se afastar com Wade e Seth.

Entro na sala onde todos ainda mantinham-se conversando sobre o fim de semana que começava praticamente hoje e vejo como era de se esperar Leon conversando com Miranda que ria tal como ele que mostrava seu lindo sorriso, pelo menos alguma coisa ele tinha de útil no final.

Tormenta.