Two Sins, One Passion escrita por nandahh


Capítulo 3
III - Two sins


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! ♥~~
Mil desculpas pela demora, mas eu pretendo manter esse ritmo de atualizações nas minhas fics. Um capítulo por mês. Está ruim? /canto
Logo eu atualizarei as outras :)
Deixemos para as notas finais~~

Perceberam que os capítulos anteriores foram narrados em 1ª pessoa? Vamos sair desse estilo, sim? -Q
Voltemos à nossa visão da história :D

Boa leitura :)



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         - Você vai descer, Rygel?

         - Essa é a única chance que eu tenho de salvá-la, Michael. Aparecendo para ela em sonho, tentarei mudar sua decisão.

         - E se você não conseguir persuadi-la?

         Permaneceu em silêncio.

         - O que vai fazer, Rygel...?

         Mas ele já havia feito sua escolha.

         Ela também.

         Tão mutáveis, tão egoístas. Os olhos humanos sempre estão voltados para seu próprio ser. E eles acabam por não enxergar que as pessoas mais importantes sempre estão ao seu lado. Então, o que leva alguém a tomar caminhos tão inesperados? Desespero? Sofrimento? Solidão...?

         Mizuho acabara de pousar o diário sobre a pequena cômoda de se quarto. Guardou cuidadosamente a foto do pai dentro do pequeno e inseparável amigo. Aquele que sempre permaneceu ao lado da garota. Sempre a ouviu. Sempre a compreendeu.

         O amanhã seria absurdamente inesquecível.

         Porém, o desespero lhe foi maior. Pode não parecer, mas um suicida é aquele que mais teme a morte. A angústia tomou conta de seu coração, e uma crise de choro atingiu a garota com toda sua força. As lágrimas brotavam de seus olhos como por impulso, e não cessavam de cair. Por que justo agora?

         Afinal, sua decisão estava tomada.

         As pessoas chamam isso de arrependimento. Mas eu creio fielmente que ela estava com medo. Talvez quisesse se despedir de alguém, tocar mais uma vez, sorrir novamente. Mas se fizesse qualquer uma dessas coisas poderia voltar atrás com sua decisão. E ela não queria isso.

        

         Iria fugir.

         De qualquer jeito.

         O cansaço lhe foi maior e acabou por adormecer. Sua carta de despedida – com o endereço de onde ela privar-se-ia de sua vida – já estava perto de si. O melhor seria se ela não fizesse nenhum alarde e que ninguém a visse. Mas resolveu por mostrar a todos que seu desespero não fora mero problema de sua idade.

         Dizem que os sonhos se nutrem do nosso sub-consciente. Talvez, Mizuho quisesse ser salva.

         Não acham?

         (...)

         Escutou um som belo. Uma melodia harmoniosa, perfeitamente executada em um piano de cauda – ela conhecia. Abriu os olhos, mas não viu absolutamente nada. Um branco incrível varria toda imensidão daquele estranho lugar.

         - Eu... já estou morta? – Perguntou para si mesma.

         - Não, se você quiser. – Alguém lhe respondeu.

         A jovem garota rapidamente virou-se para trás, de onde viera aquela voz, tão doce. Seus olhos encontraram um garoto. Não se lembrava de tê-lo visto, jamais, em qualquer lugar.

         - Quem é você?

         - Não se assuste, Mizuho.

         - C-Como sabe meu nome? E que lugar é esse?

         - Não devia se preocupar com questionamentos sem importância como esses... – Imediatamente aquele mesmo garoto estava ao seu lado.

         Mizuho assustou-se com tal fato, e afastou-se rapidamente daquela... criatura? Ficou a observar aquele jovem a sua frente. Não podia negar que ele era muito belo. Um estranho castanho índigo cobria os fios de seus cabelos, e os olhos mantinham a mesma cor. Usava aparentemente uma roupa normal. Mas tinha algo de especial nele.

         - Estou sonhando. Só pode ser, estou sonhando... – Mizuho bateu na própria cabeça, com os olhos fechados.

         - Na verdade, está mesmo. – O garoto respondeu.

         - O quê?! – Levantou o rosto e olhou para ele.

         - Esse era o único momento que eu tinha para vir lhe impedir, Mizuho.

         - Me impedir?

         - Sim. Te impedir de tirar a própria vida.

         Suas pupilas contraíram-se com a fala daquele garoto. Como ele poderia saber o nome dela? E ainda por cima, saber que ela se suicidaria? Tudo era um sonho...

         Mas...

         Pois ela resolveu fazer parte dele.

         - E por que você me impediria?

         - Não sabe como está sendo egoísta, Mizuho?

         - Como ousa? – Estava irritando-se.

         - Não sabe que lá fora existem pessoas que realmente te amam? Que se preocupam com você?

         - O que você sabe sobre isso? Se eles realmente me amassem, não deixariam a minha vida ser um inferno!!! Yuki—

         - Yuki não é seu pai, mas você não sabe como é difícil para ele ser aceito por você! – O jovem interrompeu Mizuho, fazendo com que ela ficasse em silêncio por alguns instantes.

         - Você...

         - Sua mãe está grávida, Mizuho. Quando ela souber de sua morte, acha mesmo que vai ficar tudo bem? Além de perder o marido, perder a única filha... Você acha que ela será capaz de ter seu pequeno irmãozinho sem sofrimento algum?

         - Eu só quero que mamãe pare de se preocupar comigo! – Virou o rosto para o lado. Não queria mais encarar aqueles exorbitantes olhos castanhos.

         - E privar-se de sua vida vai adiantar alguma coisa?

         - Você não sabe o que diz...

         - Você tem uma vida inteira pela frente, Mizuho! A morte não é um refúgio, e sim uma porta que se abre para mais sofrimento! Você não tem culpas, não tem remorsos! Então por que—

         - Cale a boca! – As lágrimas já brotavam em seus olhos.

         O jovem parou de falar. Apenas ficou a observar Mizuho a chorar, desesperadamente, à sua frente. Talvez fosse hora de parar para ouvi-la.

         - Quem... Quem é você?         Por que está aqui, a me angustiar mais ainda? Eu... Eu estou sofrendo. Não posso mais agüentar toda a pressão que colocaram sobre minhas costas. Eu só quero que eles não se preocupem mais comigo. Eu quero que sejam felizes. Só...

         Não conseguia mais parar de chorar. Seu coração nunca doera tanto quanto naquele momento. Queria fugir dali. Talvez, quisesse morrer agora.

         - Mizuho... – O jovem começou a caminhar na direção da garota – Seus sentimentos são nobres. Você tem um bom coração, mas não sabe disso. Você pode não perceber, mas a pessoa que mais sofre com sua decisão é seu próprio pai.

         - O quê...?

         - Hiro queria descer e te salvar, Mizuho. Ele era a pessoa que estava mais angustiada, desde que você decidiu se matar. – Parou, bem próximo de Mizuho – O amor que ele sente por você é incondicional. Desde que ele partiu, a única coisa que anseia para poder ficar em paz é a sua felicidade. Se você o ama realmente, não faça isso...

         Quem era ele, afinal? Como poderia saber tanto sobre seu próprio pai?

         As lágrimas continuavam a cair, mas a voz daquele jovem e desconhecido garoto soava-lhe como refúgio.

         - Quem é você? Como pode saber isso de papai? – Sua voz estava trêmula.

         Nesse instante, Mizuho sentiu algo apalpar-lhe o rosto. Suave, leve. Uma pena, de um branco incrível. A sua volta, mais delas caiam. Quando a garota deu por si, o jovem a sua frente sorria, serenamente.

         - A-Asas...? – Admirou-se.

         - Meu nome é Rygel, Mizuho. Sou seu anjo da guarda.

         - Anjo...?

         E antes que pudesse questionar-se ou pensar sobre qualquer outra coisa, sentiu ser envolvida por um calor antes nunca experimentado. Um abraço, afável, absurdamente aconchegante.

         - O quê—

         - Se você não encontra razão para viver, saiba que você é a razão de alguém viver... – Rygel envolvia-a em seus braços. – Por favor, não vá...

         Sentimentos humanos.

         Sentimentos mundanos.

         Sentimentos comuns...

         - Rygel...? – A garota parara de chorar. Ainda estava confusa com tudo aquilo.

         - Zelei por você por tanto tempo. Não posso simplesmente deixar que você deixe ruir tudo que construiu. Eles te amam...

         - Eles...?

         - Eu te amo... – E envolveu sobre ela suas próprias asas.

         Mizuho sentiu-se envolvida como nunca antes. Corou com as singelas palavras daquele anjo. Seu anjo.

        

Singelas, mas verdadeiras.

         Ele a amava, incondicionalmente.

         Seu coração palpitou diante do que seus ouvidos escutaram.

         E então ela correspondeu ao abraço do jovem.

         - Estarei sempre contigo... – Foi a última coisa que ele pronunciou, e que ela pôde ouvir, antes de abrir os olhos.

         A manhã já penetrava por sua janela, que dormira aberta. Mizuho sentou-se em sua cama e pousou a mão no peito. Seu coração ainda estava acelerado. Em sua mente, passaram todas as imagens do sonho que acabara de ter. Ainda sentia-se protegida, segura, envolvida...

         Amada.

         Mas o erro de Rygel foi ter afirmado que tudo não passava de um sonho...

         ... E sonhos são apenas...

         Sonhos.

         Levantou-se, saiu do quarto com certa pressa e não percebeu um pequeno detalhe novo, que poderia explicar muitas coisas. Um objeto leve, branco, doce, pousado ao lado de seu diário.

        

         Apenas... uma pena?

         Caminhou em silêncio até o quarto da mãe, onde ela e o padrasto ainda dormiam, e sobre a pequena cômoda de madeira pousou sua carta. Já chorava. Já estava angustiada novamente.

         Mas com a decisão tomada...

         - Eu sinto muito, Rygel...

         - Por que, Michael? Eu... Eu... – O anjo também angustiara-se.

         - Você tentou, meu jovem anjo. Sua aparição foi bela. Mas talvez o peso que esteja sobre as costas de Mizuho seja maior do que qualquer sentimento que você nutra por ela. Eu sinto muito... – E pousou a mão sobre os ombros de Rygel.

         A decisão dele também já estava tomada...

         (...)

        

         Sirenes policiais. Várias fitas amarelas com a escrita de “afaste-se” contornavam aquela construção. Bombeiros, oficiais, espectadores curiosos. Uma incrível multidão havia se formado em volta daquele prédio, que outrora não recebera atenção de ninguém.

         Mas agora, todos os olhares voltavam-se para a cobertura da empresa. Lá, estava sentada uma garota, com os pés ao ar, apenas esperando que todos chegassem para o espetáculo que executaria em alguns momentos.

         A altura era realmente grande. Lá de cima, talvez, Mizuho não enxergava a mãe aos prantos, o padrasto a implorar aos bombeiros que a salvassem, as pessoas a comentar, tão superficialmente seu ato. Talvez não devesse ter escrito aquela carta.

         Sofreria menos, quem sabe.

         A hora havia chegado.

         Mizuho levantou-se calmamente e colocou-se sobre o parapeito da cobertura. Qualquer movimento e já estaria em queda livre. Sabia que seria algo rápido, pois a velocidade com que sua lágrima caíra de seu rosto em direção ao chão foi absurdamente grande. Era a última vez que choraria.

         Talvez fosse inútil, mas pediu perdão a todos que ela achava que mereciam. Desejou intensamente que todos fossem felizes...

         - Como eles serão felizes sem você, Mizuho?

         - Rygel? – Michael estranhara o comportamento do amigo.

         - Como eu vou ser feliz sem você, Mizuho! – Suas lágrimas também caíam, acompanhando o movimento do choro da jovem.

         - Rygel, você vai cometer este pecado? – O outro anjo já sabia qual seria a ação do jovem à sua frente.

         - Eu não posso deixar que ela morra, Michael... – Caminhou um pouco mais a frente.

         - Sabe o que lhe acontecerá se salvá-la, não é?

         - Sei.

         - Então, meu amigo, – Pousou novamente as mãos sobre os ombros de Rygel – eu desejo que tudo dê certo. Tenha a certeza que eu zelarei por ela, meu pequeno corajoso.

         - Michael... Muito obrigado. Mas eu preciso ir, antes que seja tarde.

         - Força, meu jovem anjo.

         No alto do prédio, Mizuho ainda pronunciou suas últimas palavras.

         - Rygel, se você existe mesmo... Obrigada... – Fechou os olhos.

         E saltou.

         No mesmo instante em que Rygel desceu.

         Gritos, correria, fechar de olhos.

         A garota caía, e todos observavam atônitos.

         Enquanto Rygel voava, em sua direção, o mais rápido que podia, para abraçá-la.

         E enfim, salvá-la.

         Suas asas envolveram-na.

         E os dois pecados estavam, enfim, cometidos.

         - Quem sabe eu não zele por vocês dois, não é mesmo? – E Michael sorriu.

Os problemas da pessoa não desaparecem. Apenas são colocados sobre as costas de quem a ama.


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Notas finais do capítulo

Ohyeah~~/
Tensão total agora hein? /tijoladas
Próximo capítulo é o último né? Pois é~~

Obrigada a todos os reviews e a Kiki-chan, pela recomendação~~ [que não está aparecendo ==']

Então, eu estou com muitas coisas acumuladas para fazer, para ler e para escrever. Tentarei postar um capítulo por mês, ou algo similar. Espero que entendam ♥~~

Responderei a todos em breve :D /reviewsacumulados

Obrigada a todos e até o último capítulo ;**