Capítulo 6: Luz, Câmera e... Coração

Música Tema: Me, myself and time

-Como você está? – Miley me perguntou por telefone.

-Bem. – respondi. – Selena me produziu como tinha prometido.

My soltou uma risada fraca do outro lado.

-E como estão as coisas? Com o seu pai? E com o vídeo? – falei rapidamente.

Miley era uma pessoa maravilhosa, porém muito fechada. Foi nisso que a fama resultou pra ela.

E quem era eu pra falar? A garota da rehab.

-Mal. Muito mal. – ela falou baixo. – Com o vídeo nem tanto, agora que já está tudo certo. Mas com o papai... realmente mal.

-Você sabe que vai dar tudo certo, não é?

-Comigo nunca dá. – ela murmurou. Sabia que uma lágrima estava escorrendo de seu rosto. – Preciso ir, tenho que gravar umas coisas.

-Tudo bem. – eu disse. – Beijos.

E o sinal de mudou tocou no telefone.

Respirei fundo.

Tudo bem, Demi. Saia do carro. Vá até o estúdio. Enfrente as perguntas. Sorria. Seja legal. Não pareça sombria. Se alguém perguntar sobre Joe, está tudo as mil maravilhas pra você e você deseja felicidades a ele e a Ashley. Se alguém perguntar sobre Sterling, NÃO core.

E se você ter um vislumbre dele, vá na outra direção.

Tudo certo agora, senhorita mente? Vamos lá.

Saí do carro devagar carregando minha bolsa e meu Iphone.

Sorri, como havia combinada comigo mesma, para todos os funcionários que passavam.

-Demi! – gritou Tiffany surgindo de algum lugar – Como você está? – ela sorria docemente.

-Tudo bem. – respondi. – E com você, Tiff?

-Também! Ai, que bom que você voltou! – e ela desandou a falar tudo o que tinha acontecido no período em que “eu havia me retirado da sociedade para buscar paz”.

Palavras dela, por favor.

E eu já disse que eu adoro essa garota?

-...Mudar o nome do programa! – ela falava com o tom ofendido. – Eu fui total contra, mas, você sabe como é! E tipo, - ela falou mais, só que aí eu tive uma visão do Sterling se aproximando e puxei-a pelo braço na direção do camarim do Brandon. – Wow, - ela se assustou – aonde é o incêndio, vaqueira?

Quase ri da piada boba.

Mas não ri porque me ocupei corando.

-Ah, queria ver o Brandon! – menti rapidamente.

-Hunhum, - seu tom era de piada – sei. Já que o Brandon já está lá pronto pra gravar, você vai procurá-lo no camarim? Claro. Suponho, que isso não tenha nada a ver com o aspirante a galã que ia passar por nós e que, segundo as notícias, você saiu com?

Eu devo ter ficado escarlate.

E, aspirante? Au. Essa doeu, hein, Sterling?

-Er... Não? – saiu em tom de pergunta. Ela parou de andar bruscamente e me olhou dura.

-Olha, eu não quero nem saber o que rolou entre vocês... – ela pareceu pensar um minuto. - Sério, não quero mesmo. Gosto de vocês dois e se eu souber, sei que mais tarde vou ter que tomar partido. Não quero isso. Por isso, só digo uma coisa: se você evitá-lo vai ser pior. Vá lá, dê seu melhor sorriso e pergunte o que ele fez na última semana. – ela voltou a sorrir doce – E pronto! Você terá passado pela pior parte.

Olhei-a bestificada.

-Cara, - eu consegui murmurar – você é demais.

Ela se virou na direção que havíamos vindo e piscou.

-Eu sei. – e seguimos. Mas não encontramos no caminho, não pelo contrário, ele já estava no cenário, pronto pra gravar.

Ele e o resto do elenco.

Isso seria tenso.

-Hey, - Sterling falou. Por favor, não pergunte sobre Joe, por favor não comente sobre o que rolou, pelo amor de Deus, não pergunte se eu estou bem, por favor... – vocês duas de atrasaram.

HEIN?!

“Hey, vocês duas se atrasaram”????????!!!!!!!!!!!!!

Não sei se choro de felicidade ou se me enterro de vergonha por viajar tanto mentalmente.

-Mals. – falei rindo. – Me perdi no caminho.

Todos sorriram e falaram um tanto comigo perguntando sobre meu bem-estar e bla. Sterling fazia piada as vezes, ele sem nunca perguntar.

Quando o pessoal foi se posicionar, Sterling chegou mais perto de mim.

-Hey, - sussurrou – como foi a última semana?

Tiff não havia sugerido essa frase pra mim?

Ela está num livro ou algo do tipo?

-Tranquila. – sorri. – E a sua?

-Bem, - ele pareceu pensar. – passei ela me perguntando se você estava bem e pronta pra voltar a gravar hoje.

Fiquei vermelha.

-Bom, não precisava, estou bem. – quis falar um desaforo pra ele, mas percebi que seria besteira de minha parte. – Olha, valeu de novo. – suspirei. – Você foi um amigo e tanto naquela noite e você estava mal também. E eu nem te dei tempo de desabafar também. Sinto muito.

Ele não me olhou. Tinha a expressão dura.

-Esquece isso. Só fiz o que qualquer cara decente faria por uma amiga. Relaxa. Você não tem que me agradecer por nada. Muito menos sentir por algo. – voltou a me olhar. Mas ainda parecia abalado. – Como está Joe e Nick?

Eu dei de ombros.

-O primeiro não tenho idéia. E o segundo ignora qualquer mensagem que eu mande. Ou telefonema. Ou sinal de fumaça. – ele riu da ultima parte.

-Bem, acho que qualquer um ignoraria o último. A menos que fosse um índio nativo americano ou sei lá. – brincou.

-Ha-ha. Você é hilário. Mas e aí? – ele ergueu as sobrancelhas. – Como está a sua ex?

-Ei, olha, temos que gravar. – e saiu me rebocando até a frente das câmeras.

Droga de ator que sabe sair de situações das quais não quer me falar algo!

Er...

Se você souber de onde eu tirei essa frase me avisa, por favor.

Ele não aparecia no início na cena. Era a volta da Sunny pro Sem Sentido, onde ela havia sumido nos primeiros episódios. Chad também havia estado fora, mas não viajando com ela ou qualquer coisa assim. Eles haviam terminado no penúltimo episodio da segunda temporada, lembram-se?

Ele apareceu depois de algumas cenas e vários “corta!”.

Mas ele havia chego.

-Sem Sentido, cena 10, take 1. – gritou o ajudante.

-Luz, câmera e ação! – gritou o diretor e a plaqueta desceu.

-Suuny? – Ele perguntou aparecendo na porta do cenário.

-É, Chad. Sou eu. – falei encarando-o cruzado, como mandava o script. E como eu me sentia em relação a ele fugir de perguntas sobre a ex.

-Sentiu minha falta? – ele sorriu. – Porque eu sentiria se fosse você.

-Não. Senti falta dos meus amigos. Daqui. Disso, eu senti falta. – continuei mexendo na mala cenográfica.

-Qual é, Sunny. Admite, você sentiu falta de mim. – ele encarava o chão. – Eu senti falta de você. Eu ainda sinto falta de você.

Andei até ele.

-Eu sinto muito. Mas não dá pra conviver com seus erros o tempo todo. Você sempre acaba bagunçando tudo. E você sempre se coloca em primeiro. Nunca sou eu.

-Mas eu te colocaria na frente agora. Eu posso tentar.

Sorri fracamente.

-Não, não conseguiria. Por mais que você tentasse. Sempre é você e quando você pensa em mim, faz tudo errado.

-Eu faria qualquer coisa por você. Porque eu te a... – ergui os olhos pra ele e ele enrolou as palavras. - ...Ah, droga. Você quase me fez dizer.

-Dizer o que? – perguntei cruzando os braços. – Que me ama?

-Não ia dizer isso. – seu tom de voz quase me fez rir. Mas Sunny não poderia rir naquele momento.

-Não, ia não. Está bem.

-Ótimo.

-Ótimo!

-Bom.

-Bom.

-Tá.

-Tá.

-Argh. – esse foi meu.

E ao invés de “argh”, ele me beijou. Foi muito rápido e surpreendente. Por quê? Porque na cena, ele dizia ‘argh’ e eu ia embora.

Então, foi bem chocante pra todo mundo. Mas o diretor não gritou corta. Deixou seguir.

Quando me soltou seu olhar estava risonho e me lembrei de deixar o meu bravo.

-Sinto muito, mas isso não muda nada. – e saí batendo os pés.

-Corta! – gritou o diretor. – Ótimo Sterling. Vamos deixar essa passar. Vai ser ótimo pra a série essas reviravoltas com vocês dois. Pausa.

Fui até a mesa de lanches e parei ao lado de Sterling.

-O que foi aquilo? – sussurrei pra ele.

-Ah, eu meio que me inspirei em você. – encarei-o com a testa franzida. Ele quase ria. – Sabe como é, tentando resolver tudo a base de beijos.

-Ha-ha. Você é hilário. – fulminando-o com os olhos.

-Acho que você já disse isso hoje. – ele falou rindo e saiu andando.

Fui atrás dele pra conversar, mas um deslumbre de Joe me parou.

Joe e Nick ao seu lado.

Que maravilha.

Sterling também os notou e recuou uns passos até mim.

-Vai querer ajuda? – olhei-o bestificada. – Escolhe rápido porque eles já devem nos ver.

Fiz que sim com a cabeça.

Droga, droga, droga...

-Ótimo. – ele falou. E me sacudiu um pouco. Voltei minha atenção a ele. – Se recomponha. Sorria. – fiz o que ele mandou. - Perfeito. Você está linda. – quase corei por isso. Teria se não estivesse branca feito papel. – Agora, vamos lá. Fale alguma coisa.

-I can make the rain stop, if I wanna, Just by my attitude. – sussurrei. - I can take my laptop, record a snapshot and change your point of view.

-Bom, - Sterling me olhava como se eu fosse louca. – Momento recuperando a auto-estima Camp Rock. Agora me fale alguma coisa sem ser uma música.

Encarei-o com a letra passando em minha cabeça.

I just entered this brand new world and I'm so open hearted I know I've got a long way to go but I'm, I'm just getting started…

…I'm over my head and, I know it, I know it, I'm doin' my best, Not to show it, to show it.

Tudo bem. Eu consigo.

Se eu posso cantar essa música e conseguir falar com o Sterling sem morrer de vergonha, eu aguento as consequências do que eu fiz. Ou quase fiz. Ou planejei fazer.

Ah, dane-se.

O importante é: eu aguento as consequências.

Eu espero.

Voltei a terra.

-Demi! Fala alguma coisa sem ser música. – ele me encarava preocupado.

-Você, - falei devagar. – não tem graça nenhuma.

Ele sorriu aliviado.

E dois caras finalmente nos acharam.