POV Alex

Nós, garotos, temos um radar que apita quando uma garota bonita se aproxima. Ele faz com que nossos olhos corram imediatamente na direção dela, e rapidamente fazer uma avaliação superficial, concluindo se ela é apenas mais uma garota bonita ou se vale a pena observar mais um pouco. A primeira vez que eu vi Katie, meu “radar” quase foi à loucura.

Talvez ela não fosse a garota mais bonita do mundo, ou do colégio, ou do nosso ano, mas tinha algo nela que simplesmente me encantava. Eu não gosto de me gabar, mas garotas nunca foram um problema para mim. Eu até que sou bonitinho, com meu 1,80m e cabelinho ajeitadinho. Não era como se todas as garotas me amassem ou algo assim, mas vira e mexe alguém aparecia, e eu nem me esforçava muito. Mas não Katie. Katie não tinha nem idéia que eu existia. Mesmo que eu tentasse chamar sua atenção, passar por ela diversas vezes e, por Deus, eu estava em sua turma de história há pelo menos dois anos, mas ainda assim, nada. Foi um golpe de sorte aquele dia. Pura sorte. Você acredita em destino? Por então, o destino me deu uma oportunidade de fazer com que ela me notasse. Ela quase foi parar no chão, mas funcionou. Ela foi embora antes que eu pudesse me apresentar, mas quem estava com pressa aqui? Notei que ela estava sempre com uma garota. Liz. Uma garota bonita, loira e sorridente. Não foi difícil fazer com que Josh a notasse. Ele facilitou as coisas pra mim. Nós estávamos lidando apenas com o interesse DELE, eu era apenas um coadjuvante nessa história. Ele fazia o trabalho pesado, se aproximar, criar uma amizade, etc, eu apenas acompanhava. Mas, quis o destino que, quando consegui alguma aproximação considerável, ela já estivesse namorando.E ainda pior, apaixonada pelo outro. Apaixonada mesmo, do tipo que os olhos brilham e tudo o mais. Me conformei... Eu devia ter desconfiado. Uma garota daquelas não estaria solteira.

 De qualquer forma, Josh parecia estar se dando bem com Liz, e Katie era uma garota divertida, eu continuei por perto. Eu não pretendia nada, estava apenas aproveitando o fato de que aquela história tinha me dado duas novas amigas. Não tive nada a ver com a historia dos repórteres e falar que era seu namorado realmente foi apenas uma forma de livrá-la deles. Tudo o que aconteceu depois disso já estava fora do meu controle. 

No momento, eu estava em uma das situações mais constrangedoras do dia, com toda certeza. Sentado no sofá do apartamento em que Katie morava com o irmão e os amigos, encarando o tapete e xingando mentalmente a demora das garotas para se arrumar. Kendall de um lado, James do outro, Logan e Carlos tentando (sem muito sucesso) deixar o ambiente mais descontraído. Sério, Katie me paga por isso. 

- Então... – Carlos tentou começar uma conversa pela terceira vez. - ... Você gostou do nosso show semana passada? 

- Ah, sim, foi bem divertido... – respondi sendo simpático. James se mexeu desconfortável. – Vocês, ahn, são bem bons. – tentei complementar. 

- Nós sabemos. – James resmungou. Eu fingi que não notei, olhando no relógio pela quinta vez. 

- Planos para o natal? – Kendall perguntou. 

- Provavelmente vou viajar... Passar com a família dos meus pais. – respondi, grato por poder continuar em outro assunto. – Vocês vão para Minnesota? 

- Vamos ficar em LA. – Logan respondeu. – Muito trabalho. 

- Ah sim. – falei. Silencio de novo. Olhei no relógio novamente. Ouvimos uma porta fechando e todos os olhares da sala foram para o corredor. 

- Oi. – Katie falou, sorrindo sem graça. 

- Finalmente. – Logan sussurrou. Ela fez uma careta pra ele. Adorável. 

- E aí, como eu estou? – falou sorrindo, dando uma voltinha nos saltos que fez seu vestido rodopiar junto com ela. 

- Ehm... – tentei falar algo, mas era complicado pensar em uma resposta com seu namorado ali ao meu lado. Não que ele estivesse prestando atenção no que eu responderia, ele estava olhando pra ela completamente abobalhado. 

- Você está linda. – Carlos respondeu, piscando um olho pra ela. Ela sorriu de volta pra ele.

- Vamos? – perguntou pra mim. Eu concordei imediatamente, levantando-me do sofá.

 - Comportem-se. – Kendall falou. Eu fiz minha cara de bom moço, concordando e me despedindo deles. James me lançou um olhar que dizia muito claramente que ele arrancaria meus membros do meu tronco caso eu tentasse qualquer coisa. Pode ter certeza que eu entendi o recado. 

Katie ajeitava os cabelos no espelho do elevador. O vestido preto que havia escolhido ficava muito bonito nela. Ah, ok, James não esta lendo isso, eu posso dizer: ela estava linda. Lindíssima. Do tipo que da vontade de agarrar ali mesmo. Obviamente, eu não a agarrei. Eu tenho um pouco de amor à vida e aquele James é bem mais forte que eu.

 Encontramos Liz e Josh assim que chegamos ao baile. Liz também estava bonita. Garotas normalmente ficam bonitas de salto alto e um mini vestido. Obviamente, eu não falei isso pra elas. Só disse que estavam bonitas. As duas.

Um fotógrafo contratado pelo colégio pediu para bater uma foto, nós obviamente não nos opomos a idéia. Com certeza que queria que esse momento fosse registrado.

Nós ficamos um pouco na pista de dança, mas logo Katie segurou meu braço e discretamente fez sinal par que nós fossemos para uma das mesas. Imediatamente eu entendi. Josh e Liz nem notaram que nos afastamos enquanto dançavam juntos. 

- Eu aposto um beijo como eles ficam antes do fim da próxima musica. – provoquei. Eu sei que ela tem namorado, não precisa me olhar com essa cara. Eu só gostava de provocar. Katie rolou os olhos, mas sorriu. 

- Liz não é tão fácil. – falou.

- Isso quer dizer que você topa a aposta? – perguntei surpreso. Ela deu um tapa fraquinho no meu braço, mas não respondeu. – Vamos lá Josh, estou dependendo de você. – brinquei. 

- Pare de ser bobo, Alex. Você prometeu que não tinha segundas intenções. – Katie lembrou. 

- E desde quando eu disse que sou confiável?

- Tem razão, não se pode confiar mais em ninguém mesmo. 

Eu dei ombros. Ela riu. Passamos os próximos minutos acompanhando os movimentos de Liz e Josh como uma partida de futebol. Eu perdi, claro. A musica acabou e Josh não teve nenhum avanço. Conseqüentemente, eu também não. 

- Certo. Até o fim da próxima. – tentei prorrogar meu tempo. 

- Não. – ela sorria vitoriosa.

 - Eu não tenho culpa se o Josh é um banana. – tentei justificar. 

- Nem eu. – Katie deu ombros. – Eu sabia que ele não ia conseguir. – falou. Resmunguei qualquer coisa pra fingir que estava revoltado, o que fazia ela rir. 

Estava indo tudo bem, sabe? Tudo estava sob controle, eu estava me divertindo, Katie parecia se divertindo, Josh e Liz continuavam se enrolando sem sair do lugar, mas também estavam se divertindo. Tuudo estava bem.

Havia menos pessoas na pista agora, uma boa parte já começava a ir pra casa. O DJ tocava algumas musicas mais calmas, as luzes mais baixas, sabe como é, mas Josh e Liz continuavam sentados na mesa com a gente. Katie e eu trocávamos olhares quase desesperados pela lerdeza do casal. Sério, será que eu tenho que fazer tudo por aqui

Discretamente, bati meu pé na perna de Katie, indicando a pista. Seu aceno com a cabeça foi quase imperceptível. Levantei e estendi a mão em sua direção. 

- Vamos dançar, Kat? – falei. Ela sorriu, segurando a minha mão. 

- Claro. – concordou, lançando um olhar significativo para Liz, que fingiu que não notava nada.

Eu deixei que ela passasse na minha frente e apoiei minha mão em suas costas para mostrar a direção, ficando satisfeito ao ver que Josh aproximava um pouco sua cadeira da de Liz. Agora vai!

- Eu sabia que Liz não era fácil, mas não achei que ia levar tanto tempo. – Katie comentou rindo. 

- Josh também não esta ajudando. – acrescentei. – Ele vai levar a noite toda. 

- Nah, acho que agora vai! – ela indicou a mesa em que estávamos discretamente. O braço de Josh agora estava apoiado na cadeira de Liz, e ele brincava discretamente com o cabelo dela enquanto ela ria de algo que ele tinha dito. Esse é o meu garoto! Isso soou um pouco gay, né? Ok, você me entendeu.

Katie passou o braço pelo meu pescoço, me trazendo para mais perto dela quando outro casal passou atrás de mim, me impedindo de bater neles. Foi aí que eu comecei a estragar tudo.

Ta vendo? Tava indo tudo bem, certo? Mas ela estava bonita demais, perto demais, aquilo era demais pra mim. Provavelmente eu não conseguia mais controlar minha cara de idiota ao olhar pra ela, porque ela riu ao olhar para meu rosto.

- O que foi? – perguntou.

 Pensa, Alex. O que fazer agora? Fala algo. Só não fala algo idiota. Só fala algo. 

- Eu gosto de você. – falei. Certo, isso não é exatamente a definição de “não fala algo idiota”, mas era o que eu queria falar. Seu rosto ficou sério e ela encarou o chão momentaneamente. 

- Alex, para. – ela pediu. – Eu tenho um namorado. 

- Eu sei. E eu não gosto dele. – falei. Isso fez ela rir.

 - Desculpa. – falou. Eu ri. É claro que não era culpa dela.

 - Eu sei que você tem namorado, mas eu... Não consigo evitar se a única coisa que eu quero fazer é te beijar agora.

 Eu quase senti que ela parava de respirar momentaneamente. Eu sou um idiota, eu sei, eu não devia falar aquilo pra ela. Mas era mais forte que eu. Agora que eu tinha começado, eu não conseguiria mais parar.

 - Não faça isso. – Ela pediu fraquinho. 

- Eu não vou fazer. – garanti - Mas eu quero. 

Ela ficou em silencio por uns dois segundos. 

- Eu acho que eu tenho que ir embora. – falou.

 - Não. Eu paro, prometo. – Eu não queria que ela fosse embora.

- Não, sério, eu não devia... Isso não devia estar acontecendo... – ela parecia um pouco perdida nas próprias palavras.

 - Por que? Por que é errado ou por que você não quer? – É. Foi aqui que eu passei do limite.

 -Por que é errado. – Ela respondeu. Momentaneamente, nenhum dos dois realmente entendeu o que ela estava dizendo. – Os dois. Eu tenho um namorado. – ela se corrigiu rapidamente, me soltando e dando um passo pra tras.

 - Eu sei que você tem namorado. – reclamei. 

- Não é o que parece, eu preciso te lembrar disso constantemente. – ela reclamou de volta. Como a musica estava alta, nós meio que precisávamos gritar pra que o outro pudesse ouvir. 

- Tem certeza que sou eu quem você precisa lembrar? – provoquei. Ela abriu a boca para responder, mas parou antes que pudesse falar qualquer coisa. 

- O que você está querendo dizer? – perguntou. 

- Que tem uma parte de você que também gosta de mim. - Eu juntei toda a coragem e confiança que tinha e respondi.

- Isso é ridículo. – ela falou. Ok, isso doeu. 

- Você sabe que é verdade. – falei de novo, voltando a me aproximar dela. 

- E como VOCÊ saberia? – ela sustentou meu olhar. Dei mais um passo na sua direção. 

- Por que se você não gostasse, não quisesse nem um pouquinho, já teria ido embora. – respondi. Eu agora estava tão perto que podia sentir sua respiração acelerada. 

- Eu amo James. – ela falou pausadamente, tentando garantir que eu escutasse cada palavra. 

- Pode até ser, mas neste momento, você está implorando para que eu não pare. – eu já não precisava mais gritar para que ela me escutasse. Eu achei que ela iria se afastar. Eu esperei que ela se afastasse, mas ela permaneceu ali, sustentando o meu olhar. 

- Isso não é verdade. – ela falou com a voz firme.

Eu aproximei meu rosto do seu ouvido e falei baixinho:

- Então me peça pra parar. - Ela se encolheu com um arrepio, mas ficou sem reação. - Me fale pra parar e eu paro. – Insisti.

Eu tinha o rosto a centímetros do dela. Seus olhos estavam fixos em minha boca, como se duvidasse que eu fosse realmente fazer algo.

Certo. Eu não achei que chegaria tão longe. Contei 10 segundos, esperando que ela me falasse algo, que saísse correndo, qualquer coisa, mas tudo o que ela fez foi continuar ali, sem falar nada. A ponta do meu nariz praticamente tocava o dela. Eu não pensei em mais nada. Dane-se as pessoas em volta. Dane-se o certo ou o errado. Eu a beijei. Por um momento, apenas por um momentinho, ela me beijou de volta. Seus joelhos enfraqueceram e ela teve que se apoiar em mim para não cair. Eu a segurei pela cintura, trazendo-a mais para perto e ela chegou até a passar a mão pelo meu pescoço, mas não durou nem um minuto até que ela me empurrasse com força, me largando como se eu estivesse pegando fogo ou qualquer coisa assim.

Seu rosto encarou o meu por alguns segundos, os olhos completamente perdidos, e então ela virou-se decidida e se afastou com passos firmes.

Assim. Sem falar nada. Eu tentei recuperar meu ritmo cardíaco antes de ir atrás dela, mas ela se afastava muito rápido e eu ia perder ela de vista. Só a alcancei quando já estávamos fora do salão. 

- Katie. Me espera. – Chamei. Ela me ignorou. – KATIE! – chamei de novo, segurando o seu braço. 

- O QUE É? – ela falou com raiva, arrancando o braço da minha mão. – O que você quer agora? 

- Me desculpa, ok? – falei, assustado com o tom que ela usava. Eu nunca tinha visto ela daquela forma. 

- O que você pensa que está fazendo? – Katie afastou o cabelo do rosto nervosa. – Você não pode simplesmente... Isso não pode... – ela tentou falar. Suas mãos tremiam. Certo, ela realmente estava brava comigo. 

- Eu sei que é errado. Eu sei que eu disse que não ia fazer nada, mas eu... 

- MAS VOCÊ O QUE? – ela voltou a gritar. – MAS VOCÊ NÃO SE IMPORTA?

- Não é isso, Katie. – Eu tentava manter meu tom baixo pra não chamar tanta atenção. – Eu me importo. – Ela rolou os olhos como se não acreditasse. – Katie, eu me importo. – Falei de novo. – Eu sei que isso é errado, eu sei que você gosta do seu namorado. 

- Eu AMO o James. – ela me corrigiu. – E se você realmente se importasse, você entenderia isso de uma vez. 

- Katie, eu... – tentei começar, mas ela voltou a me interromper. 

- Para com isso, Alex. – falou. – Ok? Eu estou te pedindo pra parar. 

Eu desisti de argumentar. Era isso. Eu disse que pararia se ela pedisse, não disse? 

- Ok. – concordei baixinho.Ela observou meu rosto por alguns segundos e eu esperei que ela falasse mais alguma coisa, mas ela apenas se virou e andou na direção contraria. 

- Katie. – chamei. Ela se virou assustada. – Eu te levo em casa. – falei. Afinal, ela viera comigo. Ela negou com a cabeça. 

- Eu pego um taxi. – falou. Dei ombros. Eu não iria mais insistir. 

xx