Nada mais faz sentido. Nunca fez e nunca fará. 16 anos. Faz cinco anos que sou tratada como adulta e pressionada para ser tão inteligente quanto minha mãe foi, ou é.

Pressionada a entrar na Grifinória, pressionada a inteligente, obrigada a odiar os Malfoy, obrigada a ser quem eu não quero ser. Eu nunca me importei com que casa eu ficaria. Poderia até ser Sonserina que eu não me importaria. Poderia ser burra que eu nunca me importaria. E eu nunca gostei desta briga entre as famílias. Poderia ser Sonserina, burra e amante do Malfoy que eu não me importaria. Desde que eu fosse feliz. Uma coisa que eu não sou e talvez nunca vou ser.

É por isso que estou aqui. Na torre de astronomia. A maior torre da escola. Respirei fundo e meu corpo doeu. Não agüento mais tudo isto. A pressão psicológica, a família na mesma escola como se eles tivessem te cuidando.

Não valia a pena viver. Para que? Para vivermos todo dia com um batalhão te cuidando? Ou talvez para viver todo dia com seus pais te pressionando para que você seja alguém que você não quer ser? Não muito obrigada.

Fiquei pensando em Alvo. Meu primo, meu amigo, meu irmão. O único que me ouve. O único que entende tudo. O único que me ajuda e me abraça quando eu não falo absolutamente nada. O único um em um milhão da minha vida. Mesmo sendo melhor amigo do Malfoy, é o único motivo para que eu ainda viva. Vivia. Hoje, tudo isso acaba.

Me segurei nos tijolos da grande janela e olhei para a paisagem. Iria morrer numa noite linda com uma paisagem maravilhosa. Coloquei um pé na base da janela. Esperei tanto por isso. Pela coragem. E quando eu finalmente a tenho, simplesmente não parece o certo a se fazer. Tinha que ser. Não tenho mais motivos para viver. Meus pais têm Hugo. Alvo tem os irmãos, primos e Malfoy.

E eu? Apenas a solidão, afinal, Alvo não pode ficar comigo 24 horas por dia. Tinha também uma companhia. Uma doença. Mamãe me ajudava e papai junta dinheiro para conseguir pagar o tratamento. Vou embora para sempre. E eles se verão livres desse empecilho.

Coloquei o outro pé e fiquei na janela. Era só me impulsionar para frente. Nada demais. Iria embora e me aliviar de tudo aquilo. Pressão, tristeza, solidão, obrigação, dor... Os outros ficariam bem. Todos receberam um grande bilhete ou uma pequena carta. Até mesmo Malfoy. Pedia para ele “cuidar” de Alvo caso fosse preciso.

Olhei para a lua e fechei os olhos. A lua será a última imagem que eu me lembraria. Respirei fundo e a dor tomou conta do meu corpo novamente.

Afastei minhas mãos dos lados da janela e me impulsionei. Não tinha mais motivo para viver. Nem por quem viver.

Finalmente...

Acabou.