Eu olhava atentamente para Mirnyn enquanto ele ia me mostrando o desenho do que seria a novo computador de Morganville, ouvia cara palavra que ele pronunciava atentamente e por mais estranho que pudesse ser tudo ali, o que ele me mostrava parecia fazer cada vez mais sentido, apesar de eu ainda não gostar muito da ideia de se usar um cérebro, parecia que iria dar certo dessa vez.

Estava sentada em frente ao computador por sete horas, criando um novo programa seguindo as instruções que tinha recebido. Meus olhos já estavam começando a ficar pesados quando uma caneca de café é posta do meu lado.

- Estava vendo que você precisava.

- Obrigada Respondi bebendo um gole do café puro que estava fumegando, como eu precisava disso, já estava quase dormindo em cima do computador se meu chefe não tivesse feito isso por mim. E por falar nisso, qual seria o motivo dele estar agindo assim comigo todo carinhoso?

Mil teorias vinham na minha cabeça tentando responder a essa pergunta e nenhuma parecia se adequar corretamente a ela, Mirnyn nunca foi um ser carinhoso e desde que o conheço, essa é a primeira vez em que ele até de forma educada e carinhosa comigo. Sem perceber acabo errando uma formula no computador e com isso sou chamada de forma nada educada, por ele, o que me fez ficar assustada e me perguntar se o soro ainda estava fazendo efeito. Eu tinha muito medo quanto a duração e eficácia do soro que tínhamos criado há algum tempo, essa pergunta me fez duvidar do que estávamos fazendo e se seria prudente usar o cérebro de Mirnyn como computador central de Morganville.

- Preste mais atenção! Você não pode errar nada! Nada! - Ele estava gritando algo em uma língua que eu não conseguia entender o motivo de tanta irritação, algo devia estar acontecendo para ele estava assim...

- Mirnyn o chamei mas ele não me olhava e continuava de costas para mim, então fui até ele e lhe puxei o braço fazendo com que ele virasse para mim. Seus olhos estavam mais claros que o normal e parecia distante, precisei chamá-lo mais algumas vezes para que ele me respondesse alguma coisa.

- Por favor Claire, precisamos fazer isso corretamente, não podemos errar novamente... ele agarrou minhas mão trazendo para mais perto dele e as apertando me prometa que você não vai errar nada..prometa...

- Eu prometo Mirnyn. O que está acontecendo?

- Não sei do que está falando. Soltou minhas mãos da mesma forma que as pegou indo até um canto do laboratório e virando alguma coisa dentro de um cálice que percebi ser sangue.

Mesmo morando com um vampiro, trabalhando com um e morando numa cidade onde a maior parte da população é vampiro, ver eles bebendo sangue dessa forma despreocupada ainda me impactava.

Fui ate minha bolsa e peguei o celular vendo sete chamadas perdidas, cinco delas eram do Shane e duas do Mike, só então fui reparar na hora, que passava de meia noite. Era de se esperar que eles estivessem preocupados, retornei a ligação do Michael e pedi para que ele viesse me buscar, já estava muito cansada para conseguir pensar em alguma coisa, e mesmo que eu tomasse dois litros de café não ajudaria em nada.

Arrumei minhas coisas na mochila e fui para a sala esperar por Michael, que logo chegaria. Mirnyn vinha atrás de mim calado, tudo ali estava um enorme silêncio e isso estava me incomodando por algum motivo, sentei no sofá de veludo antigo recostando minha cabeça para trás e fechei os olhos, com a intenção de descansar um pouco até meu amigo chegar.

- Durma minha pequena Claire, estarei sempre aqui quando acordar... Não sei de aquela voz era da minha cabeça ou de Mirnyn, mas não dei atenção e dormi.