Elas trouxeram algumas bolsas de gelo. Aki entregou a Endou, Fuyuka a Edgar e Natsumi jogou a outra em minha direção.

Com muito jogo de cintura de todas as partes foi conseguido que Endou e Edgar parecem de ficar se encarando em pé um de frente para o outro.

Com muito cuidado eu e Tsunami tateamos pelo salão até encontrar uma cadeira longe do tumultuo das mesas, perto de um refletor que passava de silde.

-Calma se senta aqui. – Falei puxando duas cadeiras para nós nos sentarmos. Segurei o gelo em sua bochecha quando finalmente sentamos nas cadeiras. – Você é um bobo, não devia ter se jogado no meio para apanhar daquele jeito.

-Eu estava tentando ajudar. – Desci o gelo para a parte de baixo da sua bochecha perto do queixo, ele gritou de dor e em um pulo se levantou. –Isso dói!

Eu o puxei de volta e o sentei de novo. Ele me olhou com a testa enrugada.

-Se está doendo agora espere por amanhã. – Soltei voltando a colocar o gelo sobre seu rosto.

Ele puxou um bico para o outro lado da boca.

Enquanto tentava ignorar a infantilidade de Tsunami a tela de sidle começou a passar alguns jogadores fazendo praticamente malabarismos com a bola de futebol nos pés.

Eu suspirei ao ver todas aquelas magníficas jogadas dos antigos torneios de futebol fronteira.

-Você sente saudades de jogar? – Eu pensei que ele não estava prestando atenção no sidle nem em mim. Balancei a cabeça de forma positiva e suspirei novamente olhando para tela.

-Eu gostava de jogar, era divertido. – Senti uma lágrima se forma no meu olho. Eu sentia saudade do gramado, da bola correndo e de todas as vezes que ia tentar marcar um gol, a atrevida da lágrima de forma descarada escorreu no meu rosto.

-Você jogava bem.  – Ele de forma meiga e simples, com um encanto divino limpou a lágrima do meu rosto. O toque dele sobre minha pele foi doce e suave e os segundos efêmeros que passou com o dedo deslizando sobre meu rosto senti o céu ficar mais próximo.

Agora era algo incontestável, eu estava me tornando uma tola apaixonada.

~♥~

Vi as coisas finalmente se acalmarem,  Endou e Aki estavam afastados da mesa e das pessoas. Como eu, ela e Fuyuka seguram as bolsas de gelo nos rosto de Endou e Edgar, respectivamente.

Não dava para escutar o que se passava, eu apenas via caramente uma feição com misto de raiva e desgosto de Endou olhando para os dois. E no rosto de Edgar um olhar inocente para Fuyuka, como se o lobo estivesse se comportando como um cachorrinho inocente para ganhar a confiança da presa e depois dar o bote.

Aki tinha o rosto desanimado, se notava claramente que ela não estava gostando muito da aparência enciumada de Endou para Fuyuka. Totalmente compreensível.

Senti um toque quente em minha mão gelada pela bolsa fria que continha em minha mãos. Olhei para Tsunami que de forma doce e suave a tirou da sua face acompanhada com o saco de gelo.

-Obrigada Toko, acho que já está melhor.

Eu olhei para sua bochecha, a pele morena deixa o vermelho quase invisível. Mesmo assim, si via uma pequena elevação no canto do queixo que estava um pouco molhado pelo gelo.

-Está certo. Amanhã quando estiver roxo e dolorido não venha correndo pedir para colocar alguma pomada.

-Está certo. - Ele segurou minha mão e já ia me puxando quando eu coloco força em meu calcanhar e o faço parar.

-Espera, para onde a gente vai?

-Aonde nós vamos? - Ele deu de ombros. -Para a pista de dança, não é? - Eu realmente queria sentir raiva quando ele respondia minhas perguntas com outras, só que era tão inocente, de uma forma tão meiga, tão doce e tão cativante, que não importava minha pose, eu me derretia por dentro.

-Você tem cada vontade inoportuna. - Soltei nos deixando seguir pelo salão.

-O que? - Sorri para ele e continuei andando como se ele não tivesse falado nada.

Já que estávamos na ponta do salão e a pista de dança se encontrava no outro extremo quando começamos a andar os olhares se voltaram para nós. Fui perceber naquele momento que a festa para todos havia parado quando aconteceu aquele incidente.

Olhei para uma lateral do Salão vi Goenji e Natsumi escorados na parede transpirando tédio. Logo eles que podiam ser coroados os reis do baile da forma como dançavam. Estavam agora lá, parados, olham eu e Tsunami avançar pelo salão.

Eu balancei a cabeça de forma brusca para a pista olhando para Natsumi, ela entendeu logo que insinuava irmos até a ‘boate’ e voltar a dançar. Recebi uma balançada de cabeça negativa por parte dela.

Foi quando eu pensei que seria algo sem noção do bom senso voltar para lá e dançarmos como se nada tivesse acontecido. Por um momento desconsiderei o fato de Tsunami não ter bom senso.

Na hora que iria consumar o ato de fazê-lo parar de se dirigir a pista vi Goenji segurar a mão de Natsumi e balançar cabeça positivamente.

Os dois se juntaram a mim e a Tsunami nas passadas até a retomada da animação da cerimônia.

~♥~

Quando chegamos lá só as luzes estavam ligadas, um silêncio quase sombrio se fazia presente no local. Goenji olhou para o DJ que estava debruçado sobre os aparelhos e ele logo entendeu que devia animar logo aquela festa.

Uma música animada foi colocada, não prestei atenção de quem é só sei que ela tinha uma batida forte, rápida e era muito agitada. Quando começamos a nos mexer em meio as luzes e o ambiente vazio os olharem do salão não se concentravam em outro canto a não ser em nós quatro.

Eu estava um pouco envergonhada, mas quando olhei para Natsumi e Goenji eu senti um ânimo a mais, ela estava vermelha que nem pimenta, não fazia questão de demonstrar seu constrangimento ou vergonha da situação, só que ela não estava nem aí para o olhar dos outros, ela estava se divertindo e era isso que importava.

Por um minuto comparei a nossa situação como quando eu jogava futebol, eu não me importava com os olhares, com os comentários, muito menos com as opiniões dos outros, eu só me divertia fazendo aquilo e me sentia realizada com isso.

Talvez dançar não fosse tão ruim assim, eu deveria fazer mais vezes. E olha que eu ganhei uma coisa a mais que antes não tinha, a companhia de Tsunami e seus braços a minha volta.