Coração em Conflito escrita por Chibieska


Capítulo 11
Quando a Primavera Floresce


Notas iniciais do capítulo

Nota: finalmente é o fim! Espero que gostem!



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QUANDO A PRIMAVERA FLORESCE

Seus pés queriam tocar a grama verdejante, mas não seria adequado estar descalça em um encontro, com os pés sujos de terra. Tentava afastar o infantil desejo apenas batendo os pés no chão.

Miura Haru estava nervosa, sentia o estômago revirar e as mãos tremerem. Logo ele estaria ali, ela poderia olhar aqueles olhos reveladores e ter certeza do real significado das palavras que passara dias ensaiando.

Deixou que pensamentos aleatórios tomassem conta de sua mente enquanto esperava. Chegara muito cedo, não queria se atrasar, não queria que ele achasse que tomara o “bolo” e fosse embora.

Seu pensamento a levou até Tsuna e de como ele parecia feliz e aliviado da última vez que o viu. Sorriu cordial, a abraçou com carinho, até deu um sorriso cúmplice como se soubesse de coisas que Haru não gostaria de comentar. Talvez fosse a hiper intuição. Fora em um jantar organizado por Kyoko, que parecia vivaz e iluminada ao lado do amado. Ryohei e Hana também tinham participado, era um casal estranho a sua maneira, ele gritava e sempre chamava atenção para si, já Hana era reservada e até mesmo ranzinza, como uma velha, mas apesar dessa diferença não podia ser mais visível a felicidade de ambos por estarem juntos. Haru era a única solteira a mesa e toda vez que o assunto pendia para arranjar-lhe um namorado, a jovem desconversava e recebia mais um sorrisinho condescendente do chefe da família.

Afastou o pensamento e tentou se concentrar em outra coisa, seu trabalho, um pouco atrasado ou em móveis novos para o apartamento. Sentiu o rosto corar furiosamente, quando ao pensar em seu pequeno lar lhe veio a cena do Gokudera sem camisa, envolvendo-a.

- Haru você está bem? – uma voz interrompeu seus pensamentos. – Você está com febre? Está vermelha como uma pimenta.

Haru balançou a cabeça tentando retirar à força a imagem de seus pensamentos e respirou fundo, abriu um enorme sorriso e levantou-se do banco, na qual esperava.

- Boa tarde, Yamamoto-kun! – cumprimentou.

- Ah... você está bem? Seu rosto...

- Está tudo bem, estou ótima. – interrompeu, evitando que ele fizesse perguntas e ela tivesse que inventar uma mirabolante resposta.

- Então vamos nos sentar? – disse o rapaz indicando o banco e eles se sentaram lado a lado.

Ficaram um bom tempo em silêncio, observando a paisagem do parque e as pessoas que passavam por ali.

- Por que não foi me visitar? – questionou ela, quebrando o silêncio.

- Andei ocupado – respondeu brevemente

- Fiquei esperando você aparecer – ela tentou continuar, impedindo o assunto de morrer.

- Imagino que sim – respondeu o rapaz sem animo, fitando o lago próximo.

- Alguma coisa errada, Yamamoto-kun? – perguntou encarando-o.

- Nada... – mas ele ainda encarava o lago, absorto em seus próprios pensamentos, mergulhado num misto de vergonha e frustração. Fracasso, não se podia ganhar todas, tampouco o coração de uma mulher. – Você e o Gokudera... se acertaram, não? – perguntou melancólico.

- Ahn... de certa forma. – respondeu Haru ligeiramente confusa. Sempre que conversava com Gokudera, principalmente nos últimos tempos, o assunto era Yamamoto. Agora toda vez que falava com o maníaco do baseball o assunto tinha que ser o Smoking Bomb?

- Fico... feliz por vocês – mas ele não parecia nada feliz. – Bem, o assunto que provavelmente a fez me ligar... nós dois já sabemos a resposta. Não precisamos tornar as coisas mais... – ele deu de ombros. – Você entende.

Haru nada respondeu, apenas abaixou a cabeça e ficou remexendo na terra com o bico do sapato. Sua mente tentava reorganizar as coisas que tinha ensaiado, seu discurso inicial tinha ido pro ralo. Contava com o bom humor e amizade de Takeshi, infelizmente, ele parecia tê-los deixado em casa. Miura estava tão preocupada no que iria dizer, e como impedir que ele se levantasse e fosse embora que se assuntou quando sentiu a mão dele envolver seu tornozelo.

Ela o encarou por alguns segundos, mas ele estava tão concentrado retirando os sapatos dela, que sequer percebeu.

- Assim é melhor? – perguntou ele, parecia ligeiramente conformado. Haru o olhou aturdida, sem saber o que responder. – Você gosta de andar descalça, eu já tinha visto quando você morava na mansão.

Haru sentiu o rosto corar, ela sempre achara Yamamoto tão desligado, mas na verdade era extremamente observador.

- Yamamoto eu já tenho a resposta para sua pergunta – disse apertando as mãos contra o vestido.

- Haru, eu não...  – ele não estava nem um pouco disposto a ouvi-la explanar seus sentimentos por Gokudera.

- A resposta é: sim! – disse com firmeza, interrompendo.

- Sim? – Yamamoto girou os olhos, confuso, afinal a pergunta que fizera a Haru não podia ser respondida apenas por sim ou não.

- É... sim! – disse duas vezes mais convicta, sorrindo abertamente.

Então se ajoelhou na grama, tirou o tênis que Yamamoto usava e o puxou pela mão, fazendo-o caminhar ao seu lado, com os pés em contato direto com grama verdinha e gelada. Andaram um bom tempo pela grama, passos lentos de mãos dadas.

Yamamoto se sentia acolhido e aconchegado, mas algo ainda o incomodava. Sim não respondia suas perguntas, não sanava suas dúvidas, nem tampouco o fazia realmente entender o que Haru sentia por ele, afinal, o que Haru sentia por ele?

- Você está com o Gokudera – disse puxando-a pela mão e fazendo voltar-se para ele.

A garota dos cabelos castanhos o olhou confuso, sentiu o aperto na mão afrouxar e tentou buscar uma resposta.

- Gokudera?

- Você gosta dele, não é? – falou mais alto do que gostaria, soltando as mãos dela.

- Eu gosto muito do Gokudera – disse, encarando-o.

- Então... – Yamamoto deixou o que iria dizer morrer nos lábios entreabertos.

- Gokudera é alguém muito importante pra mim, mas o que eu sinto por ele não é amor.

Yamamoto ficou parado, encarando-o. Como não era amor? Todas aquelas brigas, discussões, todas aquelas estranhas trocas de olhares. Mas pensando melhor, Gokudera brigava com todos daquela forma, inclusive com o próprio espadachim, talvez fosse apenas sua maneira de demonstrar afeto.

- Eu não sei qualificar o que sinto por ele, mas sei que não é amor, não esse tipo de amor – disse tentando argumentar, mas a mente de Yamamoto era muito simples para entender todas as estranhas facetas do amor.

=8=

Haru passou os dias que seguiram ao seu encontro com Gokudera pensando no que havia vivido, no que tinham conversado, no que sentia por ele. Gostava dele, muito, mas no final ainda faltava algo. Gostava de Yamamoto, era amigo, companheiro, doce, calmo e fiel, protetor e bonito, mas com ele também sentia que faltava algo, provavelmente algo que só Tsuna poderia despertar nela.  Mas não podia se prender a ele, do que sentia por ele, nutrir alguma esperança. Yamamoto era o que melhor se encaixava em suas expectativas.

Era muito egoísmo de sua parte apenas ver se ele se enquadrava em seus critérios, estar com ele apenas porque temia terminar sozinha seria muito errado. Mas começara a gostar de Tsuna por sua gentileza e docilidade e isso aos poucos se tornou algo muito maior. E sentia por Yamamoto muito mais do que sentira por Tsuna no começo. Sorriu para si mesmo, e intimamente agradeceu ao Gokudera.

=8=

- Haru... – Yamamoto não sabia que a declaração da garota realmente significava, mas sentiu algo em seu intimo remexer de alegria.

- Sim, sim, sim! – disse sorrindo ainda mais, aproximando-se dele. – Sim, você é incrível. Sim, eu gosto muito de você. E sim, eu quero estar sempre com você! – disse, apoiando as mãos sobre o peito dele.

- Haru, você me ama? – perguntou feliz e confuso.

Haru sabia que tipo de amor Yamamoto se referia, mas aquele tipo de amor ela só sentiria por Tsuna. Mas o amava sim, era um tipo de amor diferente, que ela só poderia sentir pelo guardião da chuva.

- Hahi, Haru ama Yamamoto, mas do jeito da Haru.

Yamamoto sorriu, mas imaginava que se ela dissesse que o amava, pularia em seu pescoço e a cobriria de beijos. Mas tudo o que conseguiu fazer foi encará-la, com um sorriso bobo estampado no rosto e um enorme sentimento de felicidade preenchendo cada parte do seu corpo.

OMAKE 1

- Cuide bem da mulher estúpida, maníaco do baseball, ou vou partir a sua cara! – disse Gokudera, irritado, após uma longa tragada no cigarro, parando ao lado de Yamamoto.

Yamamoto olhou para o amigo e sorriu, o que deixou Gokudera mais irritado. O pianista deu muxoxo e foi para o centro do salão, adular Tsuna.

Os olhos de Yamamoto correram pelo salão cheio, a festa estava animada e todos estavam alegres com o noivado de Tsuna e Kyoko. O casal tentava dançar, sem muito sucesso, pois Gokudera falava sem parar. Lambo e I-Pin se serviam das mais variadas comidas e Chrome conversava com Fuuta e Gianinni, parecendo terrivelmente entediada, enquanto esvaziava mais uma garrafa.

Seus olhos só descansaram quando pousaram em Haru, que conversava com Bianchi. A garota pareceu perceber olhos sobre si e olhou na direção do namorado, sorriu e acenou. Fazia poucos meses que Takeshi e Haru estavam efetivamente juntos, mas o japonês queria passar o resto da sua vida com a jovem. Acenou de volta, ainda com as palavras grosseiras de Hayato ecoando nos ouvidos, ele cuidaria muito bem da sua amada.

OMAKE 2

Kurokawa soltou um muxoxo chateado, cruzando os braços diante do corpo. Ela não parecia nada feliz com a festa.

- Hana, o que foi? – perguntou Ryohei olhando inocentemente para a namorada.

- Há quanto tempo estamos namorando, cabeça de capim? – perguntou sarcástica. Só o chamava de cabeça de capim quando estava furiosa.

- Ahn faz uns... – ele começou a contar nos dedos, mas se perdeu no meio do processo.

- Kyoko e o bom-em-nada estão juntos há menos de um ano e ela já ganhou um anel.

- Ah, isso. – disse Ryohei como se fosse iluminada por uma luz divina. – Tome! – disse retirando seu anel do sol e entregando a namorada. – Só não entendo porquê...

Hana jogou o anel de volta no namorado, lançou-lhe um olhar fuzilante e saiu dando passos pesados no salão. O boxeador viu a namorada se afastar, quase derrubando os outros convidados ao passar. Encarou o próprio anel sem entender e se lembrou... fazia 6 anos que estavam juntos.


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Notas finais do capítulo

O capítulo não foi betado, então desculpe os erros.
Esse é o fim!!! Demorou, mais saiu, espero que tenham gostado. Surpresos com o final? Até eu me surpreendi. Mas não consegui ver o Gokudera como um bom partido para Haru, no final não resisti ao charme responsável do Yamamoto. Agradeço a todos os meus leitores, principalmente aos que deixaram reviews. E um beijo muito especial para Hitachiin, muito obrigada por suas sugestões!



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