LÁGRIMAS DE CHUVA

Haru olhou para o anel em seu dedo. Sorriu, mas era um sorriso triste, ela não estava visivelmente feliz. Mas ela não podia deixar isso transparecer, prometera a si mesma que seria forte e sempre sorria para seu amado Tsuna.

Quando ele a pedira em casamento, ela pode ver nos olhos do jovem Vongola que por trás daquelas palavras doces e românticas, havia algo mais. Correu os olhos pela sala da mansão, onde todos os membros da família estavam reunidos. Os primeiros olhos que encarou foram os de Kyoko, eles pareciam tristes e enevoados, perdera o brilho habitual. Os de Bianchi pareciam doces e positivos. Para sua surpresa, Yamamoto não estava sorrindo e seu olhar parecia distante. Gokudera deu uma longa tragada no cigarro, e olhou para a janela. Então seus olhos cruzaram com o de Reborn, ele balançou a cabeça afirmativamente e Haru entendeu. Aceitou o pedido de casamento do rapaz. Mas não como ela sempre imaginara, pulando em seu pescoço e o cobrindo de beijos. Apenas deu um sorriso e estendeu a mão para que ele colocasse o anel.

- Estou feliz por você. – disse Yamamoto, aproximando-se de Haru, que estava na sacada da mansão, olhando o horizonte.

Ela não respondeu, deixou apenas que a brisa noturna lhe agitasse os cabelos e sorriu amargamente para si mesma.

- Tsuna precisa muito desse seu bom humor e brilho. – encarou o horizonte que a menina tanto olhava.

- Tsuna-san não vai ser feliz ao lado da Haru. – disse, com um suspiro.

- Por que diz isso? Tsuna gosta muito de você.

- Tsuna concordou com esse casamento para proteger a Kyoko-chan, não é? – perguntou, mas sua voz falhou, demonstrando o receio que tinha daquela resposta.

- Haru... – sabia que mentir para ela não seria a melhor saída. – Provavelmente. – balançou a cabeça afirmativamente. – Kyoko é muito doce e gentil, mas ela sofre muito cada vez que Tsuna sair para uma missão.

- A Haru também sofre. – disse encarando o céu.

Yamamoto não tinha o que responder, apenas a encarou. Desde que fora anunciado o casamento entre Tsuna e Haru, ele vinha sorrindo menos. A idéia de que Haru se casaria com o rapaz o desagradava, embora ele mesmo não soubesse responder o porquê.

Haru encarou o chão e sentiu lágrimas se formarem. Ela queria tanto ser esposa de Tsuna, mas não desse jeito, como um casamento arranjado. Sabia que Tsuna tinha um carinho muito especial por Kyoko, mas sempre ignorara o que esse carinho podia significar, mas talvez fosse mais do que seus olhos queriam ver. Só percebeu que Kyoko também nutria algo por ele, quando seus olhos se apagaram diante o pedido de casamento que Tsuna fizera a jovem Miura.

- Eu não posso fazer isso. – levantou a cabeça determinada, decidida a falar com Tsuna, mas ao se virar para voltar ao interior da mansão, Yamamoto a puxou pelo braço e a abraçou.

A garota não entendeu a reação do rapaz, mas seu corpo era quente, seu abraço reconfortante e ele a protegia do vento frio. Yamamoto sentiu Haru tremer ligeiramente, mas preferiu ficar na dúvida se era devido ao frio ou a repentina reação dele.

Ficou feliz que ela não fizesse pergunta alguma, apenas se deixou proteger por ele. Pois nem o próprio Yamamoto saberia responder por que se sentia estranho em relação a jovem nos últimos tempos.

O guardião da chuva não saberia precisar quanto tempo permaneceram abraçados. Mas a respiração dela tornou-se leve e sentiu corpo dela deslizar junto ao seu. Yamamoto segurou-a pelos cotovelos e viu que ela adormecera abraçada a ele. O rosto coberto de lágrimas secas, mas uma expressão muito mais suave do que nos dias anteriores.