Segredos do Passado escrita por liligi


Capítulo 12
Capítulo 12




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Capítulo XII

Rosaly não dormira bem naquela noite. Ela havia corrido da sala de McGonagall sem mais nem menos, mas não teria forças para se explicar. Ela conhecia a si mesma bem demais, sabia que se tentasse se explicar enquanto chorava acabaria chorando mais e não diria nada coerente.

Chorou por horas no travesseiro, adormeceu quando as luzes do sol começavam a entrar pela a janela do quarto, estava com uma dor de cabeça horrível, mas o resto do seu corpo parecia entorpecido, então foi bem fácil de dormir. Duas horas depois foi acordada por uma Aislyn completamente e totalmente bem-humorada

- Bom diia, amigaa!!! - Aislyn disse praticamente pulando no lugar onde estava.

Rosaly não estava a fim de falar absolutamente nada, então apenas virou para o lado e cobriu a cara com o travesseiro.

- Ro? - Lyn perguntou sentando na beirada da cama da amiga. - O que foi?

- Nada... - Ela respondeu com a voz abafada.

- Isso com certeza não é nada! - Aislyn encarava Ro com uma cara desconfiada.

- Lyn, por favor, você pode me deixar dormir? - Rosaly pediu ainda sem encarar a amiga. Ela não queria que Aislyn visse seu rosto inchado por ter chorado a noite inteira.

- Er... Não. Temos aula, lembra?

- Ah, é, aula... Yupi... - Ela disse sarcástica. Lyn tinha certeza de que se o travesseiro não estivesse em seu rosto ela teria revirado os olhos.

- Ro, você não se lembra? - Aislyn de repente estava toda animada de novo - Hoje o professor Longbottom disse que ia nos levar para dar uma volta pelos campos do colégio, para que reconheçamos os tipos de vegetação que temos nessa região!

- Ah, é... Herbologia... - Ro disse ainda com a cara enfiada no travesseiro. Aislyn já estava ficando irritada.

- Rosaly Watson! - Aislyn havia levantado abruptamente da cama e levantado a voz, também. - A senhorita quer por favor para de me tratar como uma intrusa? Tira esse travesseiro da cara, olhe para mim, sorria e vá se arrumar ou vai se atrasar.

Aislyn tentou tirar o travesseiro da cara de Ro, mas ela não deixou de jeito nenhum.

- Okay, Aislyn, eu já vou me levantar. Me dá dez minutos!

- Tá bem. Vou te esperar no Salão Comunal, se você não descer em dez minutos eu subo aqui, okay?

- Certo!

Quando Aislyn saiu e fechou a porta, Ro levantou-se e foi direto para o banheiro. Ela teria que dar um jeito no seu rosto inchado, sabia que água gelada não iria resolver muito, e ela também sabia que seus amigos iriam ficar preocupados se a vissem com aquela aparência.

Tomou um banho rápido — Aislyn não havia lhe dado muito tempo para isso — depois pegou seu uniforme, mas notou que o dia iria ficar bem quente para uma manhã de outono, então resolveu não colocar nem o colete nem o sobretudo, ficando apenas com a blusa branca de botões e a saia que ia até os joelhos.

Olhou-se no espelho, seu rosto estava um pouco melhor, mas as olheiras ainda era notáveis, então ela resolveu usar um pouco de maquiagem para disfarçar — mesmo ela não gostando de usar muita maquiagem.

Quando terminou já não podia mais ver as olheiras, a não ser que se olhasse bem de perto, então ela pegou sua mochila e desceu. Encontrou Aislyn no meio da escada e deu um sorriso amarelo para a amiga.

- Eu já ia ver se você já tinha terminado. – A garota de cabelos vermelhos disse.

- Percebi. – Ro disse

- Bom dia. – Aislyn disse sorrindo.

- Bom dia, mamãe.

- “Mamãe”? – Lyn repetiu sem entender.

- É... Você estava parecendo com a minha mãe lá em cima. – Ro deu um sorriso maroto, Aislyn revirou os olhos.

- Vamos, os meninos e a Rosie estão nos esperando ali no Salão Comunal. – Aislyn disse enquanto pegava a Mao de Ro e a arrastava para baixo.

XxX

O dia pareceu se arrastar para Ro. Ela teve que lutar para manter os olhos abertos durante as aulas. Pelo menos o sono a impedia de pensar sobre seus pais, mas ela adoraria voltar ao dormitório se jogar na cama, e, de preferência, dormir pra sempre. Herbologia era a próxima aula e talvez ela pudesse aproveitar a distração que Longbottom provavelmente teria com alguns alunos e poderia tirar um cochilo em algum lugar.

- Eu não sou muito fã de Herbologia. – Jesse disse.

- Qual é, Jess, vai ser divertido! – Aislyn falou acotovelando Jesse.

- Ah, obrigado, Aislyn, vou ganhar outro hematoma no braço graças a você! – Jess disse esfregando o local atingido.

- Não seja tão manhoso! – Aislyn mostrou a língua para o garoto..

- Não seja tão manhoso. – Jesse imitou Aislyn.

- Que coisa, Jesse! - Aislyn revirou os olhos - Existe alguma aula que você goste?

- Quando eu descobrir eu te aviso. - Jesse disse com um sorriso maroto.

Aislyn suspirou.

- Bem, o que o senhor precisa é aprender a gostar de descobrir coisas novas, não é mesmo Ro? - Lyn perguntou - Ro? - Ela repetiu quando não houve resposta de sua a amiga.

- Rosaly? - Al balançou a mão na frente do rosto da garota que o encarou um pouco assustada.

- Hã? O que foi?

- Você está bem? - Al perguntou - Está agindo meio estranho hoje.

- Estou sim. - Rosaly respondeu. - Só um pouquinho cansada.

- Cansada por que? - Aislyn quis saber.

- Err... Pesadelos... Eu tive pesadelos. - Mentiu.

- Ah...

Aislyn não estava inteiramente convencida de que realmente fosse isso, mas preferiu deixar pra lá, sabia que Ro não a contaria assim tão facilmente.

Os cinco se juntaram ao grupo de primeiranistas que estava amontoados num espaço aberto em frente ao castelo e observavam Neville Longbottom andar agitado.

- Bom crianças, como eu havia prometido, hoje nós teremos uma aula campal. - Ele fez uma pequena pausa – Já lhes ensinei sobre vários tipos de plantas mágicas que há na Grã-Bretanha, hoje, a tarefa de vocês é encontrar plantas mágicas dentro do campo do Colégio. Mas fiquem longe da floresta negra e do Salgueiro Lutador. – Ele advertiu e continuou. – Quando encontrarem alguma planta mágica, peguem uma amostra, verifiquem de que espécie ela é em seus livros e façam um pequeno relatório para a próxima aula, certo? Se houver algum problema lancem um sinal no céu, ok?

- Certo. – Todos responderam em uníssono.

- Agora podem ir.

“Perfeito.” – Ro pensou. – “Como é só para a próxima aula eu vou poder tirar um cochilo em paz.”

Os alunos se dispersavam pelo campo Hogwarts, alguns sozinhos, outros em grupo. Como sabia que Aislyn insistiria em fazerem em grupo ela se misturou a um pequeno grupo de estudantes e desapareceu da vista dos amigos.

Foi na direção oposta ao que os alunos iam — A maioria iriam procurar suas plantas perto do Lago Negro — agora ela só precisava procurar um lugar bem afastado, em que nenhum de seus colegas a achasse e fosse delatá-la ao professor. Ela teve uma vaga idéia de onde poderia ir, lá ela sabia que ninguém iria por ser longe do local onde há muitas plantas mágicas.

Ela tentava não pensar muito nas lembranças daquele lugar, só a faria sofrer. O mesmo lugar em que vira nas lembranças, o mesmo lugar onde seus pais costumavam se encontrar, talvez o lugar onde tudo começou. Ro fechou os olhos, ela apagaria aquelas cenas de sua mente por enquanto. Ela podia, sabia que era boa nisso.

Dentou-se embaixo da sombra que a arvore proporcionava. Ali era perfeito. Era bem fresco, o que era bom já que o dia estava tão quente, fechou os olhos e ficou sentindo a brisa soprar em seu rosto, sabendo que logo mergulharia na inconsciência.

A sua noite fora horrível. Quando ela fechava os olhos, ela via as memórias do passado de seus pais, e logo via seu tio, e novamente, sentia seu corpo arder. Ela não entendia como ele poderia ter matado seu irmão gêmeo e a esposa dele, por quem, ao que parece, ele era apaixonado. Simplesmente não fazia sentido para Rosaly. Todos esses pensamentos contribuíram para que a garota não dormisse praticamente a noite inteira.

Mas agora ela estava entorpecida. Os pensamentos não a impediriam de dormir, eles simplesmente não faziam sentido algum naquele momento. Eles não a incomodariam por um tempo. Não demorou muito para que sua mente ficasse em branco e o sono a invadisse.

XxX

- Onde será que a Ro está? – Aislyn mordeu o lábio inferior enquanto olhava em volta a procura da amiga desaparecida.

- Vai ver ela quis fazer individualmente. – Jesse disse.

- Mas nós sempre fazemos em grupo. – Aislyn disse, se recusando a acreditar no que Jesse dissera. – Deve ser outra coisa.

- Ficar parados aqui não vai ajudar a encontrá-la e nem a fazer novo dever. – Rose advertiu. – Temos que ir, gente, ou então os outros vão terminar antes de nós e não teremos nenhuma planta para falar!

Aislyn suspirou.

- Eu sei, mas estou preocupado com a Ro.

- Ela já é bem grandinha pra fazer o dever sozinha, Lyn. – Jesse disse. Aislyn se virou para ele com um olhar assassino.

- Mas eu acho que ela diria se fosse fazer sozinha, não acha Jesse?

- Aislyn tem razão. – Al disse. – Ela diria se fosse fazer sozinha.

- Viu? – Aislyn disse para Jesse que revirou os olhos.

- Escutem, vão atrás das plantas, eu vou atrás da Ro. Nós encontramos vocês depois. – Al disse.

- Mas... – Aislyn tentou rebater.

- Lyn, você estava super animada por essa aula, não é? Então, vá fazer o dever, eu vou encontrar a Rosaly e depois nós nos encontramos. Não precisa se preocupar, está bem?

Sem ter outra escolha, Aislyn assentiu.

- Eu to indo. – Al disse e correu na direção oposta na qual eles estavam.

XxX

Al percebeu que a maioria dos alunos estavam se concentrando próximo ao Lago Negro, lá havia muitos tipos de plantas mágicas, mas ele não havia visto Rosaly por ali. Ele sabia que ela não iria onde tem muitos alunos, ela iria procurar onde há poucas pessoas, mas o colégio era muito grande para que ele pudesse adivinhar onde ela poderia estar. Provavelmente um lugar onde não haveria ninguém, mas onde teriam boas plantas.

- Droga... Ela deve ter ido pra floresta negra.

Ele balançou a cabeça negativamente. Seria bem do feitio dela, desobedecer o professor e ir pegar as amostras na floresta negra. Bem, ele sabia que aquela floresta tinham seres não muito amigáveis e que não gostavam de ter seu território invadido, e uma garota de onze anos não os faria parar.

Ele correu sentindo o coração bater acelerado. Se Rosaly realmente tivesse entrado naquele lugar ela estaria muito ferida, ou pior... Acelerou o passo, ele não poderia deixar que nada acontecesse a ela, ele não iria deixar nada acontecer. Correu pelos campos apressado, mal se importando com seus pulmões brasa, subiu uma colina e avistou Ro, mas ela não estava na floresta negra — para o alivio dele —, ela estava deitada sobre uma arvore, de olhos fechados, o que o deixou ainda mais alarmado. Ela estava ferida?

- Ro! – Ele chamou e correu na direção da garota, mas não houve resposta alguma, ele sentiu seu coração acelerar ainda mais, quando estava perto o suficiente ele se ajoelhou ao lado dela.

Ela estava respirando, isso era um bom sinal. Ele se acalmou um pouco e então deu uma boa olhada e nela, e felizmente não encontrou nenhum ferimento. Mas o que ela fazia ali? Ele tocou o braço dela, mas ela não se moveu, ele colou as duas mãos nos ombros dela e a chacoalhou levemente.

- Ro? – Ele chamou enquanto a chacoalhava. A garota se moveu e soltou um barulho de reclamação. – Ei, Ro...

- Al? – Ela abriu os olhos e viu o rapaz ali. – O que você faz aqui?

- Eu ia te perguntar a mesma pergunta. – Ele fez uma careta.- Eu estava achando que você tinha ido para a floresta negra.

- O que eu iria fazer na floresta negra? – Ela perguntou ainda sonolenta.

- Ir atrás de alguma amostra para o dever. – Ele disse desgostoso.

- Eu não pretendia fazer o dever hoje, Al. – Ela disse. – Além do mais, a floresta negra tem centauros...

- Isso mesmo. – Ele disse seriamente fitando os olhos dela. – Lá tem centauros. Eu estava morrendo de preocupação achando que você tinha ido lá sem saber disso.

Ela sorriu levemente.

- Eles não me assustam.

Al grunhiu.

- Não se atreva! Eu quase tive um ataque só de pensar em você machucada! E a Aislyn também está a ponto de ter um colapso nervoso! Você devia ter avisado que iria sair...

- Al... – Ro disse.

- Eu tive que correr até aqui! Eu estava pensando em ir até a floresta negra e...

- Al.. – Ro disse novamente enquanto se sentava.

- Eu não podia te deixar fica machucada!

- Al, quer calar a boca um instante! – Ro gritou. Suspirou fundo quando ele finalmente parou de falar – O que você ia fazer na floresta negra?

- Te procurar. Eu achei que você poderia estar machucada. – Ele respondeu.

- Não pensou em usar o sinal e chamar o professor?

- Er... Não... Eu não tive muito tempo para pensar. – Ro ficou irritada ao ouvir a resposta dele.

- Quer dizer então que você iria arriscar a sua vida entrando naquela floresta? Nunca faça isso, ok? Eu não quero que você se arrisque por mim! Eu sei cuidar de mim mesma! – ela podia sentir novamente o fogo ardendo. Como ele ousava?

- Não me peça isso! Eu não posso deixar que você se machuque! Eu me importo com você!

- Que momento mais lindo!

Al e Ro se viraram para ver quem havia chegado e não ficaram nada felizes ao verem que era Scorpio Malfoy. Ele exibia um sorriso que Al e Ro acreditavam que fosse de escárnio e o garoto loiro ainda estava acompanhado por seus “amigos”, Steve Crabb e Dennis Goyle.

- Não parem por nossa causa. – Scorpio disse, seus olhos cinzas brilhando. – O momento estava tão romântico.

- O que faz aqui, Malfoy? – Alvo perguntou, seu tom estava frio.

- Bem, eu não tenho que dar explicações a você, tenho Potter?

- A ele não, mas teria que dar ao professor. – Rosaly disse. – Estamos muito perto da floresta negra, sabe?

- Hum... Interessante. Se eu tivesse que dar alguma explicação àquele perdedor do Longbottom, vocês também teriam que dar.

- Do que você o chamou. – Al levantou e estava pronto para socar aquele garoto metido, Mas Ro o impediu.

Scorpio riu.

- Realmente, um defensor dos fracos e oprimidos. – Ele disse a Alvo. – Aquele professor é um idiota.

- Não... fale... assim... dele. – Al disse pausadamente.

- Oh, que gracinha. Alvo Potter declarando seu amor a garota esquisita e ao professor lesado.

- CALA A BOCA! – Al disse realmente irado.

- Ou o que?

Al levantou e aproximou-se de Scorpio, quando estavam separados por poucos centímetros Al fechou a mão em punho e acertou o rosto do garoto loiro a sua frente.

- Seu... – Scorpio disse enquanto tocava o local atingido. Aquilo deixaria uma marca,

- Al.. – Ro levantou-se e se postou ao lado do moreno.

- Huh... A princesinha veio apoiar o seu príncipe encantado, foi?

- Cala a boca, Malfoy. – Dessa vez foi Ro que o avisou.

- Não diga? Você também vai vir me acertar um soco?

Ro não disse nada.

- Oh, já sei. Você vai pedir para o seu papai vir aqui no colégio reclamar. Ah, lembrei. Você não tem um. Seus pais morreram, você foi criada por trouxas!

- Não meta meus pais nisso.

- De qual você está falando? Os mortos ou dos trouxas? – Malfoy zombou.

- Eu estou avisando, Scorpio. – Rosaly disse.

- Ah, peraí, deixa eu escrever uma carta, aí você pode mandar por uma coruja para os seus pais trouxas. – Ele abriu o caderno e tirou uma folha em branco, depois pegou uma pena e começou a escrever. – Sr. E Sra.... Hummm... Qual é o nome dos seus pais trouxas, mesmo?

- Pára, Malfoy. – Ro disse.

- Sério, qual é o nome...

- PÁRA!!!!!

Ro gritou enraivecida, e então a folha que Scorpio segurava começou a pegar fogo, o garoto logo a soltou.

- O-O que foi isso? – Scorpio perguntou enquanto olhava para Ro que parecia em transe.

- A folha pegou fogo. – Steve Crabb disse assustado.

- Isso é muito esquisito. – Dennis Goyle disse.

- Scorpio, é melhor irmos. – Goyle disse puxando a manga de Malfoy.

- Não pensem que isso acabou. – Scorpio disse antes de se afastar com seus amigos.

Quando os três estavam longe, Ro voltou a sentar e Al se ajoelhou ao lado dela.

- Foi... Foi você que fez aquilo?

- Eu acho que sim. – Ro disse balançando levemente a cabeça.


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Notas finais do capítulo

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