Was Never Enough escrita por Yunaangel, Sara Caetano


Capítulo 6
I must be dreaming


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, ando com alguns "problemas" e está difícil arrumar tempo para escrever ^^



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6. I must be dreaming

We all live (and)

We all die (but)

That does not begin to justify you

It's not what it seems

Not what you think

No, I must be dreaming

It's only in my mind

Not real life

No, I must be dreaming

Todos nós vivemos (e)

Todos nós morremos (mas)

Isso não serve para te justificar

Isso não é o que parece

Não é o que você pensa

Não, eu devo estar sonhando

Isto está apenas na minha mente

Não na vida real

Não, eu devo estar sonhando

Depois de alguns minutos passamos por uma rua onde havia uma enorme casa branca, extremamente bonita. Havia um lindo jardim na frente, e pude ver que havia um enorme quintal nos fundos, possivelmente com uma linda piscina. Parei vidrada e fiquei observando a casa, senti até um pouco de inveja, era exatamente um lugar como esse onde eu gostaria de morar. Minha casa podia ser grande, mas não tinha vida. A mansão a minha frente parecia cheia de amor, por algum motivo que desconheço.

- É aqui. – Matthew deu um sorriso fraco.

- Jura? Um garoto como você, morando em um lugar lindo, comportado e arrumado como esse? – não pude evitar, perguntei surpresa.

- Sim. – ele disse sem graça. – Vamos entrar.

Ele me levou até a porta da frente, tirou uma chave de dentro do bolso de sua calça jeans e abriu a porta.

A casa era ainda mais linda por dentro, a decoração era de tons claros e que traziam paz e serenidade para o ambiente.

- Sua casa é linda. – disse sorrindo.

- Tinha de ser. Minha tia é decoradora e deu essa casa de presente de casamento para meus pais. – ele disse indiferente.

- Sua tia tem bom gosto. – sorri.

- Claro. – ele revirou os olhos. – É mesmo a sua cara gostar desse tipo de lugar. Agora vem logo, vamos pro meu quarto.

Matthew pegou na minha mão e subiu as escadas correndo, quase tropecei um dos degraus. Chegamos até um enorme corredor, Matth parou de frente para uma porta de um tom de marrom lindo, na qual estava escrito Matthew em letras de mão extremamente caprichadas.

Estava prestes a fazer mais um comentário, mas ele apenas me puxou para dentro do quarto e impediu que eu o fizesse, fechando a porta logo depois.

- Senta. – ele disse para mim.

Olhei para seu quarto timidamente, isso sim era a cara dele. As paredes tinham tons de azul caro, com exceção de uma azul escura do lado da cama dele. Havia vários pôsteres de bandas de rock diferenciadas nas paredes e um computador preto, com aparência de novo, em cima de uma escrivaninha marrom escura, toda bagunçada, com vários CDs espalhados nela. O guarda-roupa era da mesma cor que a escrivaninha e era embutido na parede. De frente para sua cama havia uma linda e enorme TV prateada.

O quarto era exatamente como eu esperava, com exceção de uma estante cheia de livros. Olhei surpresa para ele.

- Você gostar de ler?

Ele ficou em silêncio, ignorou minha pergunta e praticamente me empurrou para cima de sua cama. Cai, um pouco assustada. Sentei-me imediatamente.

- Te fiz uma pergunta, e que idéia estúpida foi essa? – reclamei.

- Cala a boca. – ele disse me fitando, sério.

Fiquei um pouco sem graça e me calei, mas continuei olhando para ele, emburrada. Ele ficou parado me olhando por mais alguns minutos, comecei a ficar um tanto desconfortável e também assustada.

Ele pegou uma chave que estava em cima da sua escrivaninha e trancou a porta, depois virou para mim e deu um sorriso maldoso, encolhi-me.

- O-O que você está fazendo? – perguntei nervosa.

A expressão dele se tornou seria quando percebeu meu nervosismo.

- Nada. Só não quero que meus pais te encontrem aqui. – ele disse indiferente.

Ele sentou-se na cadeira em frente de sua escrivaninha e ligou seu computador, ignorando totalmente minha presença.

- O que vamos fazer? – perguntei, tentando parecer mais calma.

- Você eu não sei, mas eu vou mexer no computador. – ele resmungou.

Fiquei emburrada e me levantei da cama, começando a achar que ele havia trancado a porta apenas para eu não ir embora por causa de sua chatice.

Com cuidado, para ele não reparar, fui até a estante de livros e fiquei observando ela curiosa. Logo percebi que o que estava ali não eram livros, mas sim cadernos.

Peguei um deles, de espiral e com a capa preta. Na primeira página havia um lindo desenho feito a mão, apesar de um tanto confuso. Havia uma guitarra desenhada, com várias notas musicais em volta e algumas palavras. Virei a página curiosa para descobrir do que se tratava, e me surpreendi ao perceber que era uma letra de musica escrita a mão, possivelmente por Matthew. Nunca havia visto aquela musica antes, então logo deduzi que Matth a havia inventado.

Comecei a ler um pedaço de uma delas...

Someday, somehow

I’m gonna make it all right but not right now

I know you’re wondering when

(You’re the only one who knows that)

Someday, somehow

I’m gonna make it all right but not right now

I know you’re wondering when

Algum dia, de alguma forma

Eu vou fazer tudo ficar bem, mas não agora

Eu sei que você está se perguntando quando

(Você é a única que sabe disso)

Algum dia, alguma forma

Eu vou fazer tudo ficar bem, mas não agora

Eu sei que você está se perguntando quando

(n/a: caso alguém não saiba, essa música não é da minha autoria, é Someday – Nickelback)

Em baixo havia dois nomes: Matthew e Kaitlin. Havia um coração ao lado do nome da garota.

Senti meus olhos se encherem de lágrimas, não entendi por que. De algum modo estranho, aquilo me incomodava, e muito.

- Quem é Kaitlin? – perguntei com a voz chorosa.

Matthew virou-se rapidamente para mim, levantou da cadeira em um pulo e tirou o caderno de minhas mãos.

- Quem te deixou mexer nisso? – ele gritou.

- Quem é Kaitlin? – voltei a perguntar, ainda com voz de choro.

- Não interessa quem é Kaitlin, isso não é da sua conta. Nunca mais encoste em nenhum desses cadernos, ouviu?

Fiz que não com a cabeça. Matthew pegou meus dois pulsos e os apertou com força, não pude evitar e deixei algumas lágrimas rolarem.

- Me solta! – gritei e dei um chute na sua perna, ele quase caiu para trás.

Comecei a chorar alto, tentava limpar minhas lágrimas rapidamente com minhas mãos e me acalmar, mas não conseguia. Matthew apenas ficou parado de frente para mim, me fitando.

- Sophie... – ele disse triste.

- Quero ir embora. – disse ainda chorando.

- Não quero que vá embora. Eu te machuquei?

Ele se aproximou de mim e pegou minha mão com cuidado, olhando para meus pulsos vermelhos.

- Já falei para você me soltar! – tirei meu braço com força de perto dele, que ficou me olhando com um pouco de medo e um pouco de remorso.

- Desculpa.

- Nunca mais toca em mim, nunca mais fala comigo! Na verdade, nunca mais nem olha pra mim, ok? Agora destranca essa porcaria de porta antes que eu ligue para meus pais e diga para eles chamarem a policia, daí você vai ficar cheio de processos mesmo! – berrei.

Matthew deu de ombros e continuou me olhando sério.

- Pode chamar, mas daí terá de contar para seus pais que foi expulsa da classe e ainda fugiu da escola. – ele sorriu.

- Eu te odeio. – sussurrei baixinho, mas o alto bastante para que ele ouvisse.

Joguei-me na cama dele novamente e escondi meu rosto no travesseiro que estava em cima dela.

Ouvi alguns passos se aproximando e senti Matthew deitar-se do meu lado, também de bruços. Ele cutucou meu braço, tirei o travesseiro do meu rosto e o fitei, com os olhos ainda cheio de lágrimas.

- Eu pedi desculpas. – ele disse sério.

- E eu falei que não quero mais falar com você, mas parece que você não escuta. – bufei.

- Sophie... – ele suspirou. – Você é uma garota complicada.

- Eu sou uma garota complicada? Você está agindo estranho desde que chegamos aqui, está me ignorando e quase bateu em mim só porque eu mexi nas suas coisas.

Ele deu um sorriso fraco e deu um peteleco na minha cabeça, olhei furiosa para ele.

- Senta.

Ele sentou-se na cama, fiz o mesmo, apesar de contra a vontade. Matthew pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Eu estava prestes a reclamar, mas ele colocou o dedo indicador de sua outra mão na frente de minha boca, me fazendo parar.

- Apenas me escuta, depois se ainda quiser ir embora eu deixo. – ele sorriu.

Assenti mal humorada, e ele tirou o dedo.

- Desculpe estar agindo estranho, mas seu primeiro comentário assim que chegamos também não foi lá um dos melhores. Você imaginou que eu morasse onde? Em uma favela? – ele me olhou sério.

Não respondi. Não podia dizer que sim, isso o magoaria, mas também não queria mentir para ele. Eu nunca imaginei garotos problemáticos desse tipo vivendo em mansões luxuosas, sempre os imaginei em lugares mais simples e desorganizados.

- Não vai responder? – ele bufou impaciente.

- Não. – disse séria.

- Ok... – ele deu um sorriso sem graça. – Continuando, eu não deixo ninguém mexer nesses cadernos e você não seria exceção.

- Não, você deixa a Kaitlin mexer neles. – disse seca.

Percebi que ele estava voltando a ficar irritado, então me calei.

- E se eu deixar? Qual o problema?

- Quer dizer que ela é especial para você. Quem é Kaitlin, Matthew?

- Por que isso te incomoda tanto? – ele perguntou irritado.

- Isso não me incomoda.

- Claro que incomoda. Kaitlin é uma amiga, só isso.

- Uma amiga especial que pode ler seus caderninhos com letras de músicas secretas e tem um coraçãozinho do lado do nome dela. – zombei.

Ele ficou em silêncio, depois abaixou a cabeça e ficou fitando o chão.

- O que você quer que eu diga para que pare de me atormentar com isso? – ele resmungou.

- A verdade.

Ficamos em silêncio novamente, Matthew bagunçou seu cabelo, mais ainda, parecia um tanto nervoso.

- Então? – perguntei.

- Lembra de uma coisa que eu te disse quando estávamos vindo para cá? – ele começou a falar, um tanto hesitante.

- Você me disse várias coisas.

Ele ficou um tanto sem jeito, parecia estar extremamente incomodado com o assunto.

- Algo que te incomodou. – ele olhou diretamente dentro dos meus olhos, me deixando nervosa.

- Nada do que disse me incomodou. – tentei me manter calma.

- Algo que te deixou curiosa, no mínimo.

Fiquei um pouco pensativa, realmente não conseguia me lembrar do que ele estava falando, até que finalmente caiu a ficha.

- Hm... Você disse que já gostava de outra garota, certo?

Ele apenas assentiu e ficou analisando minha expressão, tentando encontrar qualquer alteração. Devo admitir que uma tristeza repentina tomou conta de mim, mas tentei esconder o melhor que pude. Aquele assunto realmente me incomodava, só não sabia por quê.

- Continue. – disse séria.

Ele soltou um suspiro e bagunçou o cabelo mais um pouco, depois deu um sorriso estranho.

- Vamos, você já entendeu. Não quero falar sobre isso.

- Kaitlin é sua namorada? – não pude esconder um tom de tristeza em minha voz.

- Não. – uma expressão de dor tomou conta do rosto dele. – Apenas uma amiga.

- Por você seria algo mais. – tentei forçar um sorriso.

- Sim. – ele suspirou.

- Desculpe. – disse envergonhada.

- Pelo que?

- Por te perguntar. Você não parece gostar de falar sobre isso.

- Não é um dos assuntos mais agradáveis do mundo, mas tudo bem. – ele sorriu. – Ainda está brava comigo?

Fiz que não com a cabeça, apesar de ainda estar um tanto irritada, mas não com ele. Estava com raiva de Kaitlin, apesar de nem conhecê-la.

- Sei que estou sendo inconveniente, mas posso te fazer algumas perguntas sobre ela? – perguntei nervosa.

- Fique a vontade.

- Ela estuda na sua antiga escola?

- Não. Ela é de Stardust High School.

- Jura?

Fiquei surpresa. O garoto como o Matthew estava apaixonado por alguma patricinha de Stardust? Isso não me parecia certo.

- Não me lembro de nenhuma Kaitlin. De que classe ela é?

- Ela tem a nossa idade, só está na outra classe. Não me surpreendo por você não conhece-la, todos apenas a chamam de Kathy

- Kathy Winckler?

- Isso! – ele sorriu. – Conhece?

Entrei em um breve estado de choque, como não percebi antes? A garota que ele estava falando só podia ser Kaitlin Winckler.

- O que foi? – ele me olhou preocupado.

Minha respiração ficou ofegante e comecei a sentir uma onda de ódio tomando conta de mim.

- Nada. – dei um sorriso sarcástico.

- Sophie?

- Tenho que ir embora. Tchau Matthew. – despedi-me seca.

Levantei da cama e fui em direção a porta, ele se levantou também e tentou beijar meu rosto, mas desviei.

- Quer que eu te leve para casa? – ele analisou minha expressão.

- Não há necessidade. – continuei com o mesmo sorriso sarcástico, dessa vez um tanto rancoroso.

Peguei a chave que Matthew estava segurando, abri a porta de seu quarto e fui correndo em direção a porta.

Depois de abri-la, joguei a chave no chão da sala e sai da casa antes que Matthew pudesse me impedir. Sai correndo com lágrimas nos olhos, mas não de tristeza. Raiva.

Não pretendia voltar para casa, tinha outros planos em mente. Fui correndo até a escola, iria esperar Kaitlin na saída para termos uma breve conversinha.



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Notas finais do capítulo

Espero que o capítulo tenha ficado bom.
Tentarei postar o outro o mais rápido possível ^^



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