Diário de Um Nelliw escrita por Uriu


Capítulo 5
Parede de Escudos




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-Um fiel? Tem certeza milorde? No sãoo nada se comparados aos Pregadores ou os Peregrinos do Limiar, mas mesmo assim, um fiel?

Não era outra a pergunta que o conselho havia feito a Seyren na manhã de minha partida. Ele me contou mais tarde, claro, o que realmente conversaram. Não falavam de mim como um jovem arauto do comandante, muito menos como alguém prestes a morrer no campo de batalha. Essa honra de morrer eles no queriam me dar, pois falavam que eu maculava a mesa de Odin, por ser um Templário. Os Pregadores eram como os membros da Santa Catedral de Prontera se chamavam, e eram tidos como aqueles que convertiam os homens, tirando-lhes as forças para guerrear e as colocando na oração. Isso, claro, era um insulto aos guerreiros, e pior que eles, somente os Peregrinos do Limiar, que eram o povo de Rachel, que se diziam, no limiar da morte. Sua deusa era Freya, e portanto, inimiga dos guerreiros. Naquele dia, o conselho não aceitou a proposta para que eu fosse o comandante de uma tropa, mas com o murro de Seyren na mesa, a idéia se tornou algo inquestionável, e assim, juntei minhas coisas, guardei suprimentos e arrumei a minha mochila, para me encontrar com o grupo que iria comigo até as montanhas do oeste, onde montaríamos guarda e faríamos reconhecimento e ataques furtivos pela região.

Saímos bem cedo de manhã, e a caminhada levaria no mínimo dois dias para chegar de Juno até base da encosta das montanhas. Meu grupo era pequeno, e reparei em algumas pessoas no meio que, ao longo de minha jornada, seriam essenciais para a nossa guerra, e para a história. No meio dos nossos lanceiros, havia um homem que usava uma grossa e comprida capa por cima do corpo, deixando visível apenas parte das calças azuis e as botas aparecendo, e sua cabea era coberta por um capuz fazendo com que seu rosto ficasse coberto quase que completamente pela cabeleira verde. Em suas costas, um grande bastão de aço pendia em uma faixa amarrada, e em sua ponta algo estava completamente enrolado nos trapos, com um volume que era assustadoramente grande, sendo fácil dizer que aquilo no era uma lança. Dentre os atiradores, apenas uma mulher caminhava com eles, e parecia ser bem feliz com seu belo falcão roxo planando no ar. Seu nome era Cecil, como ela mesma havia se apresentado para mim, e ela era ótima atiradora com seu arco e flecha. Ela não sabia quem era o encapuzado, e não sabia seu nome, pois era sua primeira vez nessa tropa.

-Sinto muito. Muitos dos rostos aqui são novos para mim.

Os membros da Academia que vieram comigo eram os mais singulares para mim. Um deles, um Algoz de cabelos azuis e compridos, era altamente hiperativo, compulsivo e animado. Eremes sempre se mostrou o oposto do que ele tinha que parecer. Era o nosso investigador e especialista em mortes rápidas e assalto relâmpago, e ao longo da guerra, se mostrou o melhor de seu ramo. Sua companheira, uma Professora também do Departamento de Infiltrção, se mostrava o lado controlador da equipe. Era bela, porém, calma e tranqüila, talvez até demais, já que se especializava em desvendar as magias deixadas no nosso caminho, e era uma força mágica de combate eficiente.

-Você tem que ver. Alissia é uma ótima mestra das forças arcanas. Acabou com os caras em questão de segundos com sua magia.

No meio do caminho, Eremes vinha me explicando como ele e sua parceira se livraram de um grupo de revolucionários em Al de Baran, gesticulando exageradamente com seus braços, fazendo zunidos e barulhos estranhos com a boca enquanto andava de costas para o caminho. A Professora caminhava em um passo mais lento, de braços cruzados e olhos fechados, apenas em sua concentrção na caminhada, e em momento algum, ousou interromper o seu colega. Porém, se tinha algo que ele realmente gostava de comentar e ela sempre o interrompia, era quando falavam de sua filha. O engraçado era que os dois aparentavam ser pouco mais velhos que eu.

-E eu peguei uns caras e simplesmente transformei-os em retalhos. Mas bem, nada mais lindo que a nossa filha não é? - O Algoz pegou uma foto de seu bolso e me mostrou. Era realmente uma garotinha linda, em seus cinco anos de idade, vestida como uma boneca e montando em um peco peco de pelúcia. - Olha, que coisa mais linda, lindinha do papai...AI! Desculpa amor, eu me empolgo.

Num piscar de olhos, Alissia havia esmurrado a cara de seu marido, retornando a andar em seguida com a cara fechada. Era relativamente comum essa situção, depois de um tempo juntos todos nos acostumamos com o tipo espontâneo de Eremes e a sutileza de Alissia. Mas eu fui o que mais aproveitou a facilidade dos dois em juntar informações.

-Eremes, antes de chegarmos até o nosso posto, gostaria de pedir um favor.

-Fala chefe, você é o cara aqui. Embora alguns dos rapazes achem que ser liderados por um fiel seja ruim, nenhum se opôs. - Eu fiquei surpreso com sua revelção, mesmo sabendo que isso era inevitável. Eu estalei os dedos e me aproximei de Eremes, para que nossa conversa não fosse ouvida.

-Ento há pessoas que não se sentem acomodadas com minha presença?

-Precisamente. - Eremes rapidamente ficou com uma feição séria, como sempre fez quando o assunto era mais defícil ou que exigisse mais dele. - Então, o que quer saber?

-Me fale sobre o grupo que temos. Preciso de dados, quero saber tudo sobre eles, e o máximo possível sobre nossa posiçãoo na guerra.

O Algoz sacudiu um pouco a cabeça, fechou os olhos e respirou fundo. Normalmente, era um homem intrigante pelas suas atitudes espontâneas e animadas, porém, quando sua alma estava sóbria e com serenidade, era um ser temível e assustadoramente astuto, tanto em batalha, quanto nos períodos de tranqilidade.

-Nossa situação nunca foi boa. - A sua face serena me dava arrepios. Ele olhou sério para mim, ainda que não fosse um rosto hostil, mas mesmo assim, mostrava-se preocupado e atento. - Pelo que consegui captar, nosso grupo composto apenas de homens odiados, inexperientes, um fiel ele - apontou para mim, depois apontou para ele próprio e sua esposa - deixando dois membros da Academia infiltrados em seu grupo, além de estar levando mulheres. Mas isso foi obra do conselho. O comandante tem boas expectativas de nós, mas eu não confio no restante do conselho. São opositores e querem o poder faz algum tempo

-Mas se Seyren nos mandou assim mesmo, sabendo que foi o conselho que decretou, por que não nos disse nada?

- Simples. Ele espera que sejamos a chave da vitória. E pelo o que eu soube, nosso grupo forte.

Eremes era ótimo em espionagem, infiltrção, mas sua maior habilidade era a de recolher informações rapidamente, seja de modo furtivo, ou em uma simples conversa social. Com poucos minutos de papo furado, ele conseguia saber a vida inteira de uma pessoa, e era essa a habilidade que nos levava para frente. Ele foi apontando para cada um no grupo e me falando quem era; o que fazia; suas perícias; mas quando apontou para o misterioso homem de capa grossa, ele hesitou um pouco.

-Ele...não é um lanceiro.

-Mas quem é aquele cara afinal?

-Ele é um Ferreiro. - Ele disse como se estivesse deduzindo, mas logo confirmou com apenas um olhar sério. Eu estava surpreso. Normalmente ferreiros ficavam nas cidades para forjar, e não iam para a batalha. No momento que fui lhe dizer isso, Eremes já tinha tudo explicado. - Ele é Howard At-Elsen, o Mestre das Armas. O único ferreiro que usa suas habilidades em combates. Ele é conhecido por carregar um machado gigantesco, e capaz de desfazer uma parede de escudos em questão de dois ataques. Deve ter sido mandando escondido pra cá, pois muitos querem puni-lo por ser tão deliberado assim.

Graças ao Eremes, fiquei conhecendo pessoas incríveis, como a Cecil, o Howard, Prince, que era um dos melhores lanceiros que eu já tinha visto; Sagart Wolfborn, um cavaleiro que nunca caiu de sua montaria, e a única pessoa que me interessou naquele grupo. Uma mulher, uma jovem encapuzada que andava no meio dos lanceiros, com mechas louras saindo por entre o capuz negro. Pensei que fosse uma escrava sendo levada para trazer prazer aos lanceiros, mas ela parecia ser a comandante do pequeno grupo que a rodeava. Não levava nada aparente, estando no mesmo estado que Howard, com o corpo todo coberto por um manto grosso que escondia seu interior.

Minha tropa era silenciosa e chegamos ao anoitecer na base das montanhas do oeste. Um lugar no muito longe de uma estrada que levava para dentro dos territórios de Lighthalzen, a cidade problemática. Porém, era fortemente guardada por sentinelas, e tropas de choque faziam rondas constantes no perímetro da cidade, além disso, havia ainda mais uma pequena guarnição no caminho que se seguia para a cidade. Não era a única estrada, certamente, mas precisamos atrair a atenção deles para nossa emboscada. E assim, nossa primeira tarefa seria feita.

De nossa base até a estrada, não chegava à uma hora de caminhada, muito embora o caminho fosse estreito, pois as laterais começavam nos barrancos rochosos que ia se abrindo para logo entrar em campo aberto. Naquele dia, mandei meus homens esperarem por entre as rochas, onde eles no pudessem ser vistos, e coloquei Eremes como investigador de campo. Rapidamente ele se colocou em furtividade e avançou para a tropa de combate que fazia ronda por perto. Nossa missão era reconhecimento, porém, uma guarnição poderia interferir em nossos planos, por isso, resolvi que iria atacar de uma vez ao menos esse pelotão, e armei os lanceiros com seus escudos sobrepostos e lanças para fora da barreira que era formada. Os cavaleiros se firmavam pouco mais atrás dos lanceiros, e em cima das grandes rochas os atiradores ficaram de sentinelas. Notei que Howard estava à alguns passos atrás da segunda fila de escudos, e na primeira fila estava mulher encapuzada. Cecil, sob minhas ordens, comandaria o ataque das sentinelas contra o inimigo, e Alissia ficou atrás de todos nós, nos rogando proteção e preparando sua magia para lutar.

Eu fiquei no centro da primeira fila, com uma lança de cabo pesado e ponta bem afiada, já em prontidão para o sinal de Eremes. Fiquei do lado da mulher misteriosa e confesso que meu coração acelerou um pouquinho, pois não sabia se era o que eu realmente esperava. Claro, muitos acharam depois de um tempo que foi uma história de contos de fada, mas nada sabem o que acontece em um período de guerra. Eu era novo, jovem e cheio de energia, dando o máximo de mim para sobreviver em uma guerra, e queria receber ao menos o conforto e o perfume de um corpo feminino, seja ele apenas um prazer passageiro ou um amor duradouro. Minha mulher me perdoe por essas palavras, mas na época, era assim que acontecia.

Então, começou. Eremes veio correndo por entre as rochas com os braços para trás e cada uma segurando uma lmina escura e estranha, que ele chamava de Katar. Não estava interessado o que era sua arma, mas sim o que ele fez para atrair a guarnição.

-Nada de mais, só matei os cinco sentinelas deles e trouxe os outros vinte pra cá. - Ele dizia isso com uma tranqilidade desconcertante. Mas por bem ou por mal, aquela tropa o seguiu, rugindo e bradando canções de batalha em uma massa disforme de homens com escudos, lanças e espadas. Não vi nenhum bruxo ou atirador em meio massa, o que me deixou aliviado, mesmo estando em maior número e em terreno vantajoso, onde os víamos a poucos passos antes de entrarem na curva em que nós estávamos, e aí sim eles poderiam nos identificar. Até lá, Eremes já havia incorporado sua posição ao lado de sua esposa, e estava animado, com o sangue escorrendo em seu rosto e nas lminas da Katar.

E então eles nos viram, mas já era tarde demais. A primeira fila da parede de escudos avançou com os escudos firmes um do lado do outro e com as lanças para fora, apontadas malignamente para os inimigos. A tropa tentou organizar-se, mas o máximo que conseguiram foi fazer uma parede rival, sem espessura suficiente. Na guerra, uma parede de escudos é formada por lanceiros que apóiam seus escudos um do lado do outro, criando uma parede, e colocando suas lanças pelas brechas, atacando e perfurando ao mesmo tempo em que defende. E fora a primeira fila, logo atrás vem a segunda fileira, que além de substituir os que morrem ou se ferem da primeira fila e firmam a parede da frente, eles são a força que empurra a os companheiros da frente para que a parede não seja rompida. E essa segunda fileira foi o ponto crucial para que nós vencêssemos.

O choque das duas paredes ressoou como o som dos trovões dos deuses no alto do céu. Pude sentir o bafo de hidromel vindo da boca de um homem na frente do meu escudo, que era pressionado para trás tamanha era a nossa força.

-Vamos, seus bastardos, venham me pegar. – Eu gritava em desafio para eles, e por mais que tentassem, eles não poderiam romper ou desfazer sua parede, pois uma parede desfeita é a vitória do inimigo. E assim eles permaneceram ambos com os escudos se chocando. Minha lança perfurou a barriga de um deles, ficou cravada em suas entranhas e logo puxei minha espada. Estoquei novamente direto no olho e torci a espada, fazendo com que a alma do segundo homem que eu matava fosse levada ao Valhala. Ví um dos meus lanceiros segurar uma estocada com o escudo e logo depois levar um golpe de espada na cabeça, cortando da veia temporal até o pescoço, jorrando sangue quente em minha face. Outro lanceiro se aproximava de um escudo, e uma espada que vinha da minha direita impediu que eu fosse morto, então me virei. A jovem ao meu lado também já havia perdido a lança em um corpo qualquer e tinha sacado sua espada, porém, seu manto estava manchado de sangue, que ela ia tirando muito mais rápida e eficientemente do que eu.

-Você não tem boa coordenação motora, além de ser um tremendo atrapalhado na parede de escudos. – Ela disse-me quando viu que eu a olhava. Eu simplesmente desviei de um golpe de espada, aparei uma estocada de lança, cravei funda a minha lâmina na hombridade de um terceiro lanceiro, e encarei-a novamente.

-Achei que em uma guerra, o válido seria simplesmente matar, e não matar direito.

-Em uma guerra, se você matar direito, você não se incomoda mais. – Ela retrucou enquanto escapava por um triz de uma lança arremessada. Agora, os lanceiros que estavam atrás de nós nos empurravam com mais força, e a pressão fez muitos de nós ficarmos presos com o inimigo. Meu braço estava cheio de sangue e suor, mas ao menos o sangue não era meu.

-Então, se entregue de corpo e alma pra mim, que eu devo aprender a matar bem. - Meu corpo ficou colado com a da garota ao meu lado, e aí então percebi que nossas armaduras e os detalhes delas eram parecidos.

-Se um dia eu quiser me casar com alguém, nunca será com um homem como você. – A sua voz soava com prazer para meus ouvidos, e confesso que me deixou um tanto excitado. Mas a excitação passou e minha atenção se voltou para o centro da parede inimiga, que agora tinha alguns mortos bloqueando passagem, mas uma força sobre humana nos empurrou para avançar. A parede de escudos do inimigo se rompeu, e aí foi sua ruína.

-Vamos! Hora de matar esses malditos camponeses. – Eu ouvi uma voz grave vindo por trás de segunda fileira de nossa parede de escudos.

Homens correndo de costas para nós, e nós correndo com espadas e lanças prontas para a matança que se seguia. Eremes foi tão rápido que passou a frente do estouro dos nossos lanceiros e alcançou o primeiro a fugir, matando-o rapidamente com um golpe de sua arma exótica. Eu mesmo matei dois, após descer minha espada na coluna de um e acertar a nuca de outro, jorrando sangue em grande parte de meu rosto e braço direito. Olhei para trás e vi a massa de lanceiros que vinham da parede de escudos para os homens inimigos que saíam correndo, e depois só vi espalhado no chão os corpos, sangue, lama e as vísceras dos mortos, ágoras entregues aos corvos e suas almas prontas para serem levadas ao Valhala.

Depois fiquei sabendo que Howard era quem empurrava sozinho a segunda fileira de lanceiros, e depois que a parede inimiga se rompeu, ele saiu como um louco atrás de cada homem que pudesse matar com um machado gigantesco e vermelho como o sangue tirado naquela tarde. A garota que estava ao meu lado agora estava sem o manto pesado, coberta em sangue inimigo, e finalmente reconheci suas marcas, mas quando fui falar com ela, muitos dos meus lanceiros vieram até mim e ergueram meu braço. Eu estava com o braço direito trêmulo, pois nunca havia matado tanto em tão pouco tempo, e estava encharcado em sangue e suor, enquanto o esquerdo estava adormecido por ter sustentado o meu escudo no braço e no ombro, mas mesmo assim, eles me ergueram e vi sorriso nos olhos deles. Por tanto, foi cantada o Urro de Thor e o Anel de Nibelungos para comemorar, e começamos a nos arrumar para o dia seguinte.

Queimamos os corpos, pilhamos e pegamos seus bens, voltamos para nosso esconderijo, escrevi uma carta e mandei um de meus lanceiros de volta para entregar a Seyren, avisando de nossa primeira luta e também vitória. Não conseguimos nenhum escravo, mas conseguimos alguns suprimentos que alguns cavaleiros foram pegar das cabanas da tropa de segurança, e eu não sabia o nome da jovem lanceira, tão pouco consegui falar com ela depois. Vi Eremes e Alissia entrarem em uma cabana improvisada, saindo apenas algumas horas depois, e vi Howard limpando seu gigantesco machado com um sorriso maligno. Cecil veio conversar comigo, mas foi somente elogios e alguma coisa sobre “não esperava que usassem os arqueiros”. Eu tentei chamá-la para a cabana e fazer algo mais intenso, mas ela só riu, virou-se e foi se deitar, na companhia apenas de seu falcão. Nenhuma flecha foi gasta, nenhum cavaleiro precisou interferir contra os inimigos, somente três dos meus lanceiros morreram nessa batalha, e estávamos todos rindo, contando vantagem e nos víamos sujos e cheios de sangue e lama no corpo. E pelos deuses, como eu amei estar em uma guerra.


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