Four Seasons escrita por Karol Oliveira


Capítulo 5
Capitulo V - O mar que apaga o passado


Notas iniciais do capítulo

"Assim deve ser nossas lembranças, guardar no coração os momentos alegres, em que estamos juntos de quem agente ama. As nossas dores, e todas as recordações devemos deixar ser levadas pelo mar da nossa vida."



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Nosso segundo dia não teve nada de extraordinário. Logo cedo nos arrumamos para ir a praia. Só que as coisas não estão como antes entre mim e o Keisuke. Depois do que aconteceu ontem, ele ta sempre atrás de mim, com medo de eu me afogar de novo, e está realmente muito estranho, mais calado, não sei. 

À noite, meu pai pediu uma pizza e depois de comer, chamei o Kei para ir numa feirinha ali pertinho. Não que eu estivesse louca pra torrar o dinheiro que recebi antes da viagem, também, mas o principal motivo era que eu não estava com sono, e nem um pouco de vontade de assistir aquele filme do século passado com meus pais. 

Enfim, chegamos. Estava cheia de gente, o que tornava as coisas muito mais divertidas. Depois de comprar algumas quinquilharias inúteis e comer yakissoba , caminhando pelas ruas movimentadas, vimos uma aglomeração de pessoas logo a frente. Curiosa, arrastei o Kei pra ver o que era. E mesmo com o trauma físico que meus pobres pés sofreram depois de serem pisoteados, amassados, esmagados e muitos outros "ados", conseguimos um lugar privilegiado na multidão. 

- Venham ver o seu futuro! Oportunidade imperdível ! Venham, venham! - Gritava um senhor com roupas coloridas. Ele olhou para mim e o Kei e disse sorrindo - O futuro de vocês já está traçado, apesar dos obstáculos, o amor dos dois vencerá no final. 

Ficamos igualmente corados e sob os olhares e sorrisos dos que estavam assistindo, saímos de lá correndo. Já longe dali, sentados na areia da praia, permanecemos calados, até que eu resolvi falar:

- Nossa aquele vidente deve ser maluco né? Imagina, achar que a gente é namorado...Kei, você ta me escutando ? 

- Hãn...O que foi Yukari? O que você disse mesmo? Ele falou, sem me encarar. 

- Kesuke! O que aconteceu com você? Por que está tão estranho desde ontem...Fica evitando olhar para mim...Qual o problema? Por favor, me conta. 

-...

-...Ainda ta bravo comigo...Por causa de ontem? - Arrisquei. - Foi alguma coisa que eu falei e você não gostou...Fala !

Agora, olhando fixamente nos meus olhos, disse:

- Yukari-Chan...Ontem, quando você estava se afogando, eu...Achei que fosse te perder para sempre. Me perdoe se te tratei mal ou se parecia irritado com você, na verdade, eu estava com raiva de mim mesmo...Você não tem culpa de nada! 

- Kei...

- Há muito tempo no meu mundo...Um vilarejo pegou fogo, e todos os aldeões morreram, exceto um garoto, responsável pela tragédia...Esse garoto era eu...

A sensação que senti foi indescritível, podia sentir a dor com que ele dizia aquelas palavras, eu não falei nada, apenas continuei escutando-o.

- Eu tinha pouco mais de oito anos na época e não era o que se chamava de "bom garoto", vivia me metendo em confusões com meus amigos. Naquele dia, eles resolveram fazer uma fogueira, achei que não daria certo e disse que era muito perigoso, mas não me ouviram. Tudo deu errado, o vento de outono soprava forte e o fogo logo se espalhou pela vila. Todos estavam desesperados tentando salvar suas vidas, mas eu corri, e fugi para o mais longe que pude. - Então, Keisuke parou de falar, e lágrimas surgiram em seus olhos, lagrimas que ele não tentou esconder. - Quando voltei para lá no dia seguinte, não havia mais nada, corpos queimados pelo chão e destroços do que um dia foi meu lar. Caminhei até o lugar onde ficava minha casa, mas não tive coragem de me aproximar, e acabei indo embora...

- E você...Nunca mais voltou lá ? 

- Não. 

Minha reação foi imediata, abracei-o com força, e choramos juntos. Agora eu entendia, por que era sempre tão quieto, e nunca falava nada sobre seu passado. Me separei dele, e limpando as lágrimas, apontei para um castelo de areia, prestes a ser engolido pelo oceano.

- Está...Está vendo Kei, aquele castelo de areia, agora, está firme, mas logo as águas do mar o cobrirão, mas quem o construiu, guardará na memória apenas a sua imagem bonita. - Sorri. - Assim deve ser com nossas lembranças, guardar no coração os momentos alegres, em que estamos juntos de quem agente ama. As nossas dores, e todas as recordações devemos deixar ser levadas pelo mar da nossa vida. 

A maré subiu de repente e levou para sempre aquela figura de areia. Toda a praia foi tomada pelo silêncio e tudo que se ouvia era o barulho das ondas. 

- Nossa, quando você diz essas coisas bonitas, nem parece à mesma garota histérica e burra que eu conheço... - Ele disse Rindo.

- Hei, isso não teve a menor graça! Retire o que disse agora se não...

- Se não o que? Vai me jogar no mar e me fazer virar comida de tubarão? 

- È uma boa idéia sabia?

- Ah é? Então agora quem vai vira comida de tubarão é você srta Yukari Higurashi.

- E eu posso saber como Keisuke? - Fiz uma careta zombando dele.

- Assim! - Ele começou a correr atrás de mim. 

Areia, risadas, tombos e tabefes. Quando chegados em casa, nada mais nada menos que ás duas da manhã, tivemos que dar uma bela e convincente desculpa aos meus pais. Mas valeu a pena, disso eu não tenho duvidas. 

Entretanto, naquela noite, não pude parar de pensar na historia que o Kei me contou, e aquele pensamento não me deixou dormir nem por um minuto.

                                                                                                                


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Notas finais do capítulo

Capitulo VI Sengoku Jidai

Preview : Uma viagem para a o outro mundo pode revelar muitas coisas. Os sentimentos de Yukari por Keisuke esão deixando a garota confusa. O que irá acontecer ?



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