Ela esconde as palavras que não podem ser ditas,

As escolhas que podem ser mal vistas,

Os sentimentos que fazem o seu contento,

E um amor que quase nunca usa dentro do fundo do peito,



As palavras não a abalam mais,

Toda a sua felicidade, já deixou para trás,

Os sorrisos que brilhavam,

Agora só assustavam,



A infelicidade corria pela suas artérias,

E quando chegavam ao coração simplesmente explodiam em lágrimas,

Pingos de medo, dor e sofrimento,

Mas que serviam para lhe dar um acalento,

Que lhe acariciavam pelo menos,

Quando ninguém mais o fazia por seus medos,

Que a embalavam como uma canção de ninar,

Que ela não queria mais despertar,



Vagava sozinha,

Num caminho que ninguém a seguia,

Andando por algum lugar vazio,

Procurando sentir o frio,

O frio era tudo que conseguia sentir,

Pra que valia existir?

Desse jeito sem rumo,

Sugando o veneno do mundo,

Que apenas cabia a ela tomar,

Provar, e por isso se odiar,

Por tudo ser tão injusto,

E nada para ela ser simplesmente puro,



E a escuridão que a acolhia,

Por todos os dias,

Na noite se intensifica,

E a enlaça num abraço suspeito,

Mas que ela aceita do fundo do peito,

Seu último abraço gelado,

Sua ultima demonstração de carinho recebida,

E as lágrimas caminham ao seu lado,

Avisando que estavam ali, e sempre estariam porque lhe eram queridas,

E que marcaria o chão, pra onde ela não veria mais,

Os olhos fecharam e as forças sumiram,

As palavras não ditas ecoaram, e voltavam,

A escuridão vinha mais depressa e ela percebia que perto estavam,

E com um sorriso meio esboçado,

Despediu-se de que tudo que tinha para trás deixado,

No final, as únicas que a marcaram, que a acompanharam,

Eram as lágrimas secas deixadas para trás no meio da estrada,

Que logo depois seria lavada,

Pela chuva de madrugada,

E nenhuma marca foi nunca deixada,

Do ato de coragem e de existir,

Que por um tempo durou até a motivação de repente sumir