Um Romance pra lá de Estranho escrita por Between the moon and the sun, Shinemoon


Capítulo 15
Visitando o Olimpo parte 2




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Nós andamos por vários lugares magníficos, vi coisas que eu não conseguiria expressar com palavras nem em milênios. Quantos humanos tiveram essa honra? Quantos ainda terão?

-...Naquelas mansões, alguns deuses menores vivem ali. – Disse Apolo, apontando pra um tipo totalmente diferente de organização de casas, algo magnífico, tão perfeito que nenhum engenheiro mortal conseguiria planejar sozinho. Com certeza quem fez aquilo teve toda a ajuda de Atena.

-Nossa, isso é... Lindo! -Você já disse isso algumas vezes... – Apolo disse rindo e eu o olhei estagnada.

-E o que você esperava?! – Ele riu novamente e continuamos caminhando. Já devia ser quase fim de tarde e nós ainda estávamos andando, e eu não me cansava de nada ali. Eu vi uma garotinha passar correndo na nossa frente, muito rápido e tive a impressão de ouvir fogo, sabe aquele barulho que o fogo faz no vento quando uma chama se meche muito rápido? É, acho que dá pra entender. Na rapidez que aquela garota corria, eu só via seu cabelo vermelho e ondulado voando livre e seu vestido, branco. Ela estava rindo. Eu conseguir ver a chama nas mãos dela, era... Verde.

-Que diabos é... – Apolo logo percebeu o que eu estava pra perguntar. -Fogo grego, é verde. Legal né?

Então um cara apareceu correndo atrás da garota e jogou algo nela tão rápido que eu nem pude ver o que era, mas ela desviou facilmente. O cara parou de correr e eu consegui ver ele claramente. Ele tinha a pele clara, o cabelo preto, muito escuro e arrepiado, curto. Suas roupas eram escuras, mas eram comuns, nada grego ou antigo. Calça jeans escura, camisa preta com uma cavera, tênis escuro, uma corrente no pescoço com um soco inglês. Ele tinha cara de ter uns vinte anos, talvez um pouco mais. Ele conseguia ser lindo demais, de um jeito badboy e assustador.

-VOLTA AQUI, HÉSTIA! AGORA, SUA PESTE! – A voz dele era raivosa e ele cuspia palavras de um jeito que me fez querer fugir. Então ele olhou pra Apolo. –Perdeu alguma coisa aqui? O que está olhando? – Ele parecia nem ter me notado. Então Apolo começou a rir. O cara me olhou e os olhos dele eram fixos, raivosos como se fogo queimasse em seus olhos. Eu senti um arrepio na espinha, de medo e olhei pra baixo. Então quando olhei de relance pra ele de novo, sua expressão estava mais calma, curiosa.

-Então, o que Héstia te fez? – Perguntou Apolo e foi totalmente ignorado pelo cara que ainda me fitava e se aproximou. Alguma força que eu não conseguia explicar me fez olhar nos olhos dele.

-Desculpe-me pelos maus modos. Sou Ares. Você deve ser Dafne, a humana, não? – Eu tentei responder, mas o medo parecia sufocar minhas palavras, tudo o que consegui foi sussurrar.

-É, hã... Como você... Sabe?

-Você é o novo projeto de Afrodite, como eu poderia não saber? – Ele estava perto de mim agora e passou as costas da mão direita com cuidado pela pele do meu rosto, me estudando. –Nada mal, você é até interessante pra uma humana. E não tenha medo, o máximo que eu posso fazer é chutar o traseiro do seu namorado. Eu não bato em damas, ainda mais quando são bonitas como você. – Eu já não estava sentindo tanto medo, a adrenalina não estava mais borbulhando no meu sistema, aquela adrenalina que estava fazendo com que eu congelasse de medo, sem conseguir me mover, sentindo minhas pernas presas, me sentindo fora do meu próprio corpo.

-Obrigada. – Eu disse dando um sorrisinho de lado.

-Enfim, o papo está ótimo, mas eu tenho que ir. Tchau Dafne. Foi um prazer te conhecer. – Disse Ares pegando minha mão e beijando as costas da minha mão, o que me fez perceber que ele sabia ser gentil com uma garota quando queria. Ele olhou pra Apolo. –A gente se vê por aí, otário. – Então ele deu um sorriso pra Apolo, um sorriso do tipo “Eu sou mais forte que você e vou te bater na hora da saída.” Aí ele... Desapareceu, em fumaça. Eu olhei pra Apolo.

-Não liga não, ele é um bipolar esquentadinho assim mesmo.

-Você não ficou com medo dele... Tipo assim... Me matar?!

-Ele jamais estragaria um dos projetos de Afrodite. – Então Apolo chegou perto de mim e sussurrou no meu ouvido: - Ela controla ele e ele é o cachorrinho dela. – Ele riu. Então ele pegou minha mão e começamos a caminhar de novo, eu não fazia idéia de onde eu estava e como achar o caminho pro mundo real, se bem que eu nem queria. De repente, no meio do caminho, ele segurou a minha mão com um pouco mais de força, olhando pra frente, como se estivesse espionando alguém.

-Apolo, o que... – Ele olhou pra mim e colocou o dedo indicador delicadamente nos meus lábios.

-Shhhh... Espera um pouco, ok? – Ele sussurrou pra mim e então pareceu estar estudando a situação. –Acho que devemos ir por outro caminho e... – Então ele se virou pro caminho de onde tínhamos vindo e antes que eu pudesse pensar em virar, ouvi uma voz feminina, doce.

-Ora, ora, Apolo... – Eu me virei pra descobrir quem era a dona de tão doce voz.

-Hera. – Apolo disse dando um sorriso educado.

A mulher a nossa frente era Hera, então? Ela era... Linda, estonteante. Ela sorria como uma mãe de filmes americanos, um sorriso acolhedor. Seus cabelos eram cor de chocolate e estavam trançados com alguns fios de prata se juntando aos fios naturais de seu cabelo e os tornando ainda mais atraentes, se é que era possível. Seus olhos eram castanhos e amendoados. Ela tinha a pele levemente morena, ela era linda, me sentia humilhada perto dela. Ela olhou diretamente pra mim.

-Qual seu nome, querida?

-Dafne. – Ela riu e olhou pra Apolo.

-Que sina, hein. Duas Dafnes. Mas... Essa é humana e você não devia trazê-la aqui, sabe. – Disse Hera e eu congelei.

-Acho que o dono da festa não se importa com a presença de humanos e infelizmente você não manda muito aqui, sabe... – Hera fez uma cara de ódio mortal e Apolo apenas sorriu.

-Festa? – Eu perguntei confusa.

-É, aparentemente Dionísio está dando uma festa aqui no Olimpo. E ele só costumava fazer festas pros humanos. Enfim... Hera, não se preocupe com a nossa presença, já estamos de saída.

-Ok...

Apolo me puxou pelo braço, delicadamente e fomos andando devagar de volta pelo caminho que tínhamos feito antes.

-Se não fosse fim de tarde e eu não tivesse que fazer a mudança de dia pra noite, nós ficaríamos mais aqui, sinto muito.

-Tudo bem... Hera está brava com você?

-Que nada, ela supera. – Ele disse sorrindo. Eu sei que os deuses viviam brigando e tudo mais, mas Hera não parecia estar brincando, ela parecia estar mesmo chateada com o fato de eu estar no tão preciso Olimpo. Eu sabia que isso não daria certo, mas mesmo assim, eu estava sentindo uma paz que nunca senti, não conseguia mudar isso, esconder meu sorriso. Aposto que não há SPA de luxo que faça você se sentir bem assim. Olhei pra Apolo e sorri de lado, envergonhada.

-Obrigada. – Ele sorriu olhando pra mim, ele sabia como era difícil eu engolir o meu ego e dizer aquilo ao invés de dizer “Eu sabia que ia dar problema” e tudo mais. Ele segurou minha mão e continuamos andando. Sabia que iríamos estar fora daquele lugar em instantes, o que me entristecia a cada passo. Porque o mundo real não podia ser tão perfeito?


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