Um Romance pra lá de Estranho escrita por Between the moon and the sun, Shinemoon


Capítulo 14
Visitando o Olimpo parte 1




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Eu abri os olhos lentamente e tudo que eu vi foram olhos cor de mel, me fitando. Apesar de eu já conhecer aqueles olhos muito bem, levei um belo susto e quase caí da cama.

-Apolo, mas que droga! Tem que ficar me encarando desse jeito?

-Assim como?

-Com esse olhar ansioso. Parece um psicopata prestes a matar alguém. –Ele riu.

-Desculpa, amor. – Ele falou com aquela voz maravilhosa e tão doce, tão doce que me deixou constrangida por ter gritado com ele alguns segundos antes.

-Tudo bem... – Olhei bem pra ele e dei um sorriso forçado, pra ser gentil. A questão é que de manhã eu não costumo acordar de bom humor... –Bom dia.

-Bom mesmo, hoje é sábado. – Me espreguicei na cama e bocejei.

-Finalmente descanso... – Deitei a cabeça no peito de Apolo de novo e fechei os olhos, estava com preguiça de me mover e estava tão quentinho debaixo das cobertas, e...

-Descanso? Não foi isso que eu quis dizer com “bom mesmo, hoje é sábado.” – Eu conheço esse tom de voz, tão animado... Ele não vai me deixar ficar o dia todo na cama nem matando. Suspirei. –Hoje nós vamos ao Olimpo, esqueceu?

-Eu não esqueci... Mas esperei que você tivesse esquecido essa idéia. – Eu murmurei.

-Você devia se animar, tenho certeza que vai gostar de lá.

-Claro que vou. A pergunta é se a minha presença não vai causar confusão.

-Relaxa, você vai estar comigo. – Ele piscou pra mim, sorrindo.

Eu sentei na cama e fechei os olhos com força, massageei minhas têmporas, pra espantar o sono. Olhei pro relógio, 10 da manhã.

Me levantei, tomei café da manhã e meu humor já estava melhorando. Apolo sempre fazia meu humor melhorar. Depois eu fui me trocar, pra ir... Ao Olimpo. Pois é.

Que tipo de roupa eu devia vestir? Peguei um vestido lilás, solto e leve.

Quando cheguei à sala, lá estava Apolo sentado, todo sorridente, me esperando. Lembrei que ele me disse algo sobre o Olimpo ficar em Nova York... Eu estava imaginando como chegaríamos lá.

-Vamos? – Ele disse, andando até mim e segurando uma das minhas mãos. Eu olhei pra ele e assenti.

-Vamos. Mas como chegaremos à Nova York?

-Com o meu carro.

-Mas ele...

-Ele serve pra transporte pessoal também, mesmo que fora de hora, porém eu só costumo usar ele pra trabalhar mesmo.

-Ah.

A viagem foi rápida e não falamos quase nada. Chegamos ao empire state e ele falou pro porteiro que queria ir pro 600º andar. Eu olhei pra ele e sussurrei.

-Você está doido? Não existe 600º andar. – Ele apenas piscou pra mim e moveu os lábios dizendo “Confia em mim.” Eu rolei os olhos.

O porteiro pelo jeito já conhecia Apolo e pegou um cartão dourado o mais rápido possível, dando o cartão nas mãos de Apolo, sem falar uma palavra. Entramos no elevador e eu olhei botão por botão.

-Viu? – Eu disse apontando pro painel. –Nada de andar 600º.

Então ele pegou o cartão dourado que tinha colocado no bolso e colocou numa fenda abaixo do painel. Então ele passou os braços em volta do meu corpo e o elevador deu um solavanco, eu teria caído se Apolo não estivesse me segurando. O elevador subiu rápido e uma música ridícula estava tocando, uma bem velha mesmo, estilo discoteca. As portas do elevador se abriram, Apolo pegou o cartão da fenda em que tinha colocado e eu saí do elevador com medo, olhando em volta. Era tudo... Divino.

Nuvens, tinha nuvens abaixo dos meus pés, não é todo dia que você pode falar isso. Era alto, alto demais, lá devia ser muito frio, eu não deixa estar conseguindo respirar e a pressão devia ser insuportável, mas não era nada disso.

Era tudo branco e dourado e iluminado. Nada frio ou algo assim, era... Perfeito.

Por um momento eu me esqueci de tudo e vi uma ninfa - ou seja lá o que ela fosse – tocando harpa ao lado de uma árvore, perto de um riacho e a música me chamava, eu corri até a garota sem pensar. Ela me olhou com curiosidade, parando de tocar por um momento. Depois de alguns segundos me fitando, abriu um sorriso aparentemente gentil. Ela tinha os cabelos escuros e compridos, lisos e finos até uma certa parte, mas as pontas eram levemente enroladas. Seus olhos eram azuis e brilhantes, azuis MUITO claros, tipo aqueles de photoshop, mas dava pra ver que não era lente nem nada disso. Sua pele era clara e seus lábios eram rosados e cheios. Ela tinha algumas poucas sardas salpicadas no rosto e ela vestia uma túnica grega. O nariz dela era encantadoramente pequeno e arrebitado, perfeito.

Senti Apolo segurar o meu braço gentilmente e olhei pra ele.

-Hey, não saia correndo por aí desse jeito, Dafne. – Ele disse, mas não estava irritado. Era só preocupação. Então ele olhou pra garota da harpa, que olhou pra ele e acenou levemente com a mão direita, sorrindo. –Euterpe, oi.

-Oi, Apolo! E aí... Não vai me apresentar a sua nova amiga?

-Dafne, essa é a Euterpe. Euterpe, essa é a Dafne.

-Euterpe? Tipo... Uma das nove musas? –Ela olhou pra Apolo, como se ele fosse o pai dela ou como se falasse por ela e ele logo completou minha observação sobre ela ser uma das nove musas.

-Ela é a musa da música. – Ela olhou pra mim, sorriu orgulhosa e piscou um olho.

-Sou eu mesma, você é bem esperta pra uma americana moderna, não? Quase ninguém se lembra das musas... Ah, humanos... – Disse Euterpe e suspirou.

-Obrigada... Eu acho.- Ela deu uma risadinha que soou encantadora como sua música.

-Sem problemas e bem-vinda ao Olimpo. – Então ela voltou a olhar pra harpa, colocou o longo cabelo escuro de lado, em um dos ombros, e começou a tocar a harpa de novo, me deixando sem palavras e de boca aberta. A música era... Encantadora, no mínimo. Apolo não parecia nem ao menos impressionado, já que estava acostumado com isso.

-Venha, Dafne. – Ele disse, segurando a minha mão e andando devagar em outra direção, eu o segui, ainda sem saber o que eu estava fazendo, entorpecida pela música.

-E-ela... A harpa, a música e...

-Ah... – Ele disse e deu risada ao olhar pra mim, eu devia estar com cara de idiota. –Você ainda não viu nada. Se Euterpe está aqui, as outras musas também estão, você logo vai conhecer as outras. Mas vamos ver outras coisas. Eu disse que você ia gostar daqui.

Ele continuou segurando a minha mão e me guiando por caminhos maravilhosos e eu esqueci de todos os medos e as neuras que eu tinha. Quando as portas daquele elevador se abrem e você vê algo tão magnífico quanto o Olimpo, você corre o risco de esquecer até seu próprio nome. Eu sempre imaginei que esse lugar era magnífico, mas nada que você possa imaginar pode se igualar ao que isso realmente é. Tão lindo, divino, simples, maravilhoso. Eu não tinha nem palavras. Estava fascinada pra conhecer todo o resto.


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