Céu e Lua escrita por Izumi Misha


Capítulo 3
You may not lay a single finger on that human...




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“...You may not lay a single finger on that human!”

As lembranças vieram de uma vez. Keine, como pude me esquecer tão facilmente dela. A única coisa que levava dela comigo era a imagem de seu sorriso. Chegava a ser cruel isso.

Sabia que uma hora ou outra acabaria esquecendo de coisas importantes para mim. Já havia esquecido como era o rosto do meu pai, nem da voz dele eu me lembrava.

Depois todos que cuidaram de mim, pareciam sumir como fumaça.

Minhas memórias mais preciosas não foram polpadas.

Keine...não foi você que se afastou de mim, eu simplesmente continuei. Eu não tinha escolha.

As engrenagens continuam a se movimentar, e eu junto delas. Enquanto eu segui em frente, você acabou por parar. Uma hora aquilo iria acontecer.

Apesar de tudo Keine, você era uma humana, e mesmo eu sendo uma também, a morte nunca irá me visitar.

Um sorriso triste aparecia em meu rosto.

- Obrigada Kaguya. – Estava me concentrando para não chorar. Mostrar-me fraca em frente a minha inimiga era vergonhoso demais.

- Moko-Tan... – Ela me olhava curiosa e preocupada, me abraçando logo em seguida.

Depois de perdermos todos aqueles que amavamos, eu e Kaguya resolvemos fazer um “acordo de paz”. Passar a eternidade sozinha era muito triste para nós, então decidimos ficar juntas, mesmo brigando ainda. Na verdade mal me lembro o porque eu ter tanta raiva dela, mas ainda assim tenho raiva.

Passamos milênios juntas, vendo o mudar de Gensokyo.

Estudamos, trabalhamos, fizemos várias coisas, mas depois de fazer tantas coisas, decidimos estabelecer uma vida simples. Kaguya preguiçosa como sempre prefere ficar em casa, mas eu não.

Continuo indo a escola, só para ter aulas de História.

Isso antes parecia um passatempo, algo que conseguia me acalmar.

Depois de algum tempo não lembrava direito o porque de fazer aquilo, mas eu continuava a assistir tais aulas.

Agora percebo o motivo.

Kaguya assustada pedia licença, me deixando sozinha em meu quarto. Deitei na minha cama e mergulhei em meus pensamentos.

- Keine, te encontrei de novo. – Acabei sorrindo. – Vou viver mais esse tempo com você... – Depois disso, acabei dormindo.

- Keine. – Olhava animada para ela. – Como foi a aula hoje?

- Ótima como sempre, apesar de não conseguir me empolgar direito quando ensino matematica. No final das contas sou uma professora de Historia né?

Apenas sorri, vendo o olhar cansado mais alegre de Keine.

Caminhamos enquanto conversavamos, era divertido passar o tempo junto dela. Seu sorriso...era a coisa que eu mais queria ver.

Todos os dias eu contava as horas para ela sair da aula e vir conversar comigo. Aquilo animava meus dias no final das contas.

Os dias foram passando, como um trem que parte da estação. Passavam tão rápidos que eu nem percebi.

- Keine? – Eu entrava na casa. – Você está ai? Eu trouxe um pouco de chá.

Adentrava na casa, até achar minha melhor amiga deitada, largada na cama.

- Keine?

Ela abria os olhos. Não era mais a mesma Keine que eu conhecia. Enquanto eu permanecia jovem, ela morria a cada segundo que se passava. Agora estava velha e fraca.

- Mokou. – Mesmo assim, aquele sorriso sincero nunca deixou seu rosto.

- Ainda doente? – Sentei-me perto dela.

- Um pouco... – Ela olhava o teto.

- Você vai ficar melhor não é? – Perguntei deixando um pouco óbvio o meu desespero.

- Claro, que bobagem sua perguntar isso. – Ela olhava para mim.

Sentou-se com um pouco de esforço e tomou o chá que eu trouxe, um pouco só. Depois acabou deitando novamente. Deitei-me ao lado dela, no chão mesmo, sem me importar. Segurei sua mão, mesmo com o passar do tempo, ela continuava delicada. Segurei o mais firme que eu podia.

- Keine, eu te amo.

- Eu também te amo Mokou. – Conseguia ouvi-la chorar. – Eu sempre te amei.

E depois daquilo, ela parava de segurar minha mão.

Sentei-me no chão, olhando o que havia restado da pessoa que eu mais amava. Um rosto tranquilo, com um sorriso angelicar e a marca de algumas lágrimas.

- Keine... – Eu a abracei. – Eu não irei te esquecer...eu irei te esperar, sempre, sempre.

“Toda vez que você se for,

Eu irei te esperar.

Não importa quanto tempo passe

Quanto tempo eu espere.

Quero viver o tempo que lhe resta, junto de você.

Por mais que você não se lembre, eu sinceramente não me importo.

Pois eu irei me lembrar do seu sorriso tranquilo,

E você sempre estara viva dentro de mim.

por mais que eu me esqueça do seu rosto e da sua voz,

E por mais que me doa saber disso,

Nunca esquecerei do amor que eu tenho por você.

Nunca.”

                Acabei acordando assustada. Levantei no desespero. Olhei meu reflexo no espelho, eu estava definitivamente horrivel.

                Fui pro banheiro lavar o rosto. Respirei fundo, e consegui me acalmar. Certo.

                - Keine, finalmente te encontrei de novo. – Olhei para o espelho, um olhar decidido aparecia em meu rosto. – Não importa, você agora pode me achar louca, estranho ou qualquer coisa, mas farei de tudo para poder te ver novamente. Todos os dias, da sua vida.

                Vesti um casaco, precisava respirar um pouco de ar puro, apesar do ar daqui não ser TÃO puro assim. Escrevi um bilhete para a Neet não se preocupar e que se ela esquecesse de fazer o jantar eu ia assar ela e comer ela de jantar.

                Sai andando, sem rumo mesmo, não importava. Estava feliz, as memórias voltavam aos poucos. Cada conversa, cada passeio, cada luar e cada luta em que ela me acompanhou. Tudo estava guardado dentro de mim, apenas esperando que ela viesse.

                Acabei sorrindo sem saber direito o porque.

                No final, cheguei na loja de conveniência. Revirei meus bolsos a procura de algumas moedas. Tinha dinheiro para um refrigerante ou suco. Melhor do que nada.

                Entrei, olhei as geladeiras e peguei um suco qualquer. Depois de mais algum tempo andando, voltei para casa me preparar para ir para a escola.

                Abri a porta, fazendo um verdadeiro estrondo. Nada melhor do que acordar a Neet com um susto.

                - EU JURO QUE NÃO TINHA NADA PARA FAZER PRO JANTAR! – Ela me olhava assustada.

                - Você é uma inútil, não esperava nada mais de você. – Joguei um chocolate para ela.

                Fui direto para o quarto. Vesti o uniforme, peguei a mochila, arrumei o cabelo e ia embora.

                - Tchau Kaguya. – Olhei espantada para ela, ver a Neet devorar um chocolate era assustador e nojento. Enfase no nojento.

                - Dchau Nhoko-Tan. – Além de nojenta era retardada.

                Fechei a porta e fui caminhando até a escola.

                Chegava no colégio. Suspirei, entrando.

                Garotas fofocando, garotos fazendo escândalo. Os colégios de Gensokyo foram por água abaixo. Ainda bem que a Keine não está vendo isso, se não já teria se transformado no demônio e teria dado uma bronca em um monte de alunos. Inclusive eu, é claro.

                Entrei na classe, sem demonstrar o minímo de interesse.

                - É falta de educação não pedir licença ao professor. – Uma voz nova.

                Olhei para a pessoa que havia me alertado e me surpreendi.

                - Keine? – Deixava minha mochila cair.

                - Ora, a garota da loja de conveniência. – Ela sorria. – Seu nome é Mokou não é? – Ela desviava seus olhos, olhando distraida para uma pasta. – Você tem um historico de faltas incrivel!

                - Obrigada. – Fui me sentar no meu lugar de costume.

                - Gostaria de falar sobre essas faltas com você depois. – Ela suspirava, deixando a pasta em cima da mesa.

                - Se é assim que quer.

                Ela me olhou como se eu estivesse a desafiando. Melhor assim. Se arranjar confusão, significa poder ficar com ela durante mais alguns minutos ou horas, eu não me importava. Eu simplesmente iria fazer isso.

                As aulas passaram, até que no final do dia, segui até a sala dos professores. Ela anotava desesperadamente em uma caderneta, fiquei algum tempo olhando para ela. Keine olhou para mim surpresa.

                - Sente-se aqui, Fujiwara-San.

                - Certo. – Me aproximei e sentei onde ela havia me apontado.

                - De acordo com que os professores me falaram, você só comparece as aulas de história, e mesmo assim vai mal na prova. Como você explica isso.

                - Nee, Keine. – Eu olhava para a janela. – Eu realmente amo história, e você?

                - Eu gosto, é tão... pare de mudar de assunto por favor.

                - Uma pessoa muito importante para mim lecionava história em uma escola. As vezes eu ficava perto daquela escola, olhando ela. A coisa que eu mais me lembro era o sorriso de satisfação dela, ao fazer o que ela mais gostava.

                - O que isso tem em relação ao assunto principal.

                - Keine, você é feliz sendo professora? – Olhei nos olhos dela.

                - Claro que sim, foi o caminho que eu escolhi não é?

                - Hmmm... – Eu me levantava e saia andando. Conseguia ouvir os protestos dela. – Keine-Sensei. – Ela parava de falar. – Você é igual a ela então. Na verdade, no fundo, você e ela são a mesma pessoa. E por isso que eu, como havia prometido, Keine... eu te esperei, e agora posso dizer novamente o que eu mais queria te dizer.

                - Do que você está falando Fujiwara?

                - Eu te amo, Keine. – Sorri para ela, fechando a porta logo em seguida.


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