Capitulo 07

- INFERNO! – bradou Edward esmurrando a parede do celeiro a receber a noticia de Seth que ainda não haviam achado Havena e o Corcel. O ele não havia conseguido pregar os olhos a noite inteira apenas pensando no ocorrido na colina. O que tinha acontecido lá - segundo o seu entender - era doentio e insano.

Seth se afastou assustado e foi fazer seus afazeres. Todos da fazenda já estavam cientes que o Patrão não estava tendo um de seus melhores dias, tanto que nem as moscas ousavam a passar perto.

- Eddie! – Edward fechou os olhos e cerrou o punho ao escutar a voz melodiosa de Alice.

Embry encarou a baixinha com os olhos esbugalhados. Alice achou a situação divertida. Na sua concepção era engraçado ver como aqueles caras temiam o poderoso “Patrão”.

“Alice” – Paul sussurrou –“Acho melhor não! Ele tá muito puto da vida hoje!”

A pequena apenas sorriu e continuou em direção ao seu Eddie.

- Eddie querido, temos que conversar sobre aquele nosso acordo! – ela disse se sentando em cima de uns amontoados de fenos amarrados e apoiou as costas na parede.

- Que acordo? – as palavras saíram como um rosnado, Alice achou aquilo estranho, mas continuou.

- Nosso acordo, eu te conto o que sei sobre o que me perguntou e você em troca me dá o prazer de vê-lo participando do rodeio!

Edward se virou lentamente para Alice que tinha um lindo sorriso enfeitando seu rosto delicado, abriu o canivete que fez um barulho agudo, seu olhar era sombrio.

- Você realmente acha que estou interessado nessa porcaria de informação? – Alice começou a se preocupar, abriu a boca para responder, mas ele a cortou – Não! – ele arqueou as duas sobrancelhas – Não estou! E agora eu vou falar pela ultima vez: meu nome é Edward, Edward Cullen!

A voz do Cullen era baixa e sombria.

- Uau Eddie que bicho te mordeu? – disse Alice espantada e num ato de fúria ele cravou o canivete na parede de madeira onde Alice se encostava e se inclinou sobre ela. A garota se encolheu.

- Eu tenho certeza que voce não é surda! – cuspiu as palavras. O Cullen naquele momento não estava em seu estado normal constatou Alice que respirava ofegante e assustada. – Para! Para de ficar atrás de mim! Eu não gosto de você! Eu não suporto você! Quando chega essa época do ano eu sei que estou sendo cobrado por minhas dividas com o diabo! A sua voz – ele a encarou com profundo asco – a sua voz me causa nojo, a sua cara me faz ter vontade de morrer de tão desprezível que você é para mim!

Alice absorveu o impacto daquelas palavras duras, frias e cruéis! Edward começou a se afastar com a expressão de ódio estampada na face. Ela engoliu seco e respirou fundo, seus pulmões doíam e seu coração batia rápido. Não acreditava que aquele momento estava acontecendo.

- Sinto muito! – ela disse se levantando com as pernas bambas – Não sabia, eu realmente não sabia que você me odiava assim! Porque se eu soubesse tenha certeza que eu nunca ficaria atrás de uma pessoa que sente nojo por mim! Mesmo que eu gostasse dela como o irmão que eu nunca tive! – buscou respirar, Alice não esperava por aquilo – Sinto muito, não vou mais te incomodar Edward Cullen!

Ela começou a se afastar. Edward fechou os olhos dando conta do que tinha acabado de fazer. Havia descontando o ódio de si mesmo em cima de Alice, que não tinha absolutamente nada a ver com a história. Se espancou mentalmente, aquelas palavras eram para serem ditas quando ele estivesse diante de um espelho.

- Alice! – ele a chamou com a voz torturada, os funcionários mantinham as cabeças abaixadas, Edward se arrependia profundamente. Ela se virou séria com os braços em torno de si para não desmoronar.

- Foi ano passado! Estávamos na loja de sapatos trocando o presente que eu comprei para Isabella, então nós vimos você sair da casa dela. Era muito cedo para estar chegando e sabíamos que não tinha dormido na fazenda!

Alice saiu do celeiro. Edward sabia que esta era a resposta de sua pergunta feita sobre como Isabella sabia sobre Tânia.

Sentou-se no lugar onde Alice estivera á alguns instantes. Levou as mãos a cabeça, o que ele tinha feito?

Sentiu uma estúpida vontade de chorar. E ele nunca chorava. Nem mesmo quando seu pai estava completamente embriagado e lhe acusava que ter matado a própria mãe. Não chorou quando seu pai a única coisa que tinha; faleceu. Ele nunca havia chorado em sua vida a não ser; que se no instante em que veio ao mundo contasse. Nem quando menino, aquele menininho de cabelos de um loiro diferente e olhos bem esverdeados, nem quando esse menino caia e se machucava. Nem quando se sentia sozinho ao assistir a sua ridícula realidade.

Nunca. Ele nunca sentido tanta vontade de chorar e assim e rendendo-se; chorou dolorosamnte. Os funcionários saíram em silêncio completamente despercebidos pelo Cullen.

Escorregou até ao chão e derramou as lágrimas que guardou durante toda a sua vida, seus soluços se misturavam com os resmungos dos cavalos, as lágrimas lavavam a sua face e consecutivamente sua alma.

Ali se ia ao chão a teoria de que homem não chora!

Ele não era o grosseirão, bruto, estúpido, mal educado, cruel, insensível e muitas outras “qualidades” porque queria ser, mas porque precisava ser.

Se não fosse, nem vivo estaria mais.

Era um indispensável dispositivo de defesa.

Edward dobrou um joelho encostando sua testa lá. Ele sentia que tinha o dom de afastar as pessoas que o amava.

Primeiro se livrou de Sue Clearwater a mulher que lhe criou. Ela sempre tão atenciosa e querida com ele, mas o Cullen fez questão de tirá-la de sua medíocre vida.

Então foi a vez de seu pai, ele não precisou ser estúpido ao ponto de como foi com Sue, o próprio fazia questão de ficar longe do suposto assassino de sua esposa amada Esme, fazendo da bebida seu mundo particular.

Renée e Charlie ele nem deixou se aproximar. Já Isabella era um caso complicado de se entender, gostava de sofrer, acreditava que ela fosse algum tipo de masoquista maluca que quanto mais ele exigia distância mais ela se aproximava.

Emmett era seu amigo. Mas ele nunca admitiria isso nem pra si mesmo e por esse motivo e outros; o mantinha distante.

Agora Alice? Talvez fosse a única que ele gostasse de ter por perto.

Ela era a irmã que nunca teve. A coisa mais próxima que ele considerava ser uma família. Com a baixinha do lado as coisas pareciam não fazer muito sentido e isso era bom. Ele não precisava falar. Apenas escutar! Não precisava pensar apenas fazer o que ela dizia. Alice era incoerente e pirada. Fazia-o sorrir com muita facilidade. Era a sua irmãzinha! Entretanto ele estava correndo o risco de jamais ter esses momentos de felicidade de volta, de não ter o perdão, a alegria e o sorriso da baixinha novamente em sua vida.

Edward Cullen enfim admitiu que era incapaz de amar!

E principalmente: Incapaz de deixar ser amado!

Alice entrou branca feito cera na cozinha. Seu estômago se remexia, ela precisava vomitar. Vomitar aquele sentimento que latejava em seu peito de tal forma a fazer querer arrancar seu coração com as próprias mãos!

O momento aparentava ser o seu pior pesadelo. As palavras tinham um poder desconhecido sobre as pessoas. Elas poderiam construir muralhas inabaláveis e destruí-las apenas em alguns segundos. Alice se inclinou sobre a pia vomitando e começou a chorar incontrolavelmente.

- Hey Alice o que houve? – Jasper se aproximou e segurou os cabelos de Alice enquanto ela colocava para fora toda aquela angústia.

Alice afastou as mãos de Jasper e limpou a boca na manga de sua blusa. Entretanto continuava a chorar, chorar ao ponto de seus olhos não conseguirem ver um milímetro a sua frente por causa das lagrimas.

-Alice? – Paul entrou desesperado pela porta da cozinha – Alice não fique assim! Edward – Paul não sabia o que dizer diante do estado da baixinha – olha Edward é desse jeito mesmo! Tenho a absoluta certeza que ele está arrependido! Eu sei que está!

- O que aconteceu? – disse Jasper já meio que deduzindo.

- Edward a destratou! Disse coisas muito cruéis para ela! Mas eu sei que não fez de propósito! – Jasper riu irônico indo abraçar Alice que pouco ouvia o que eles diziam, apenas as palavras de Edward latejavam em sua cabeça.

- Edward é uma pessoa que não se deve confiar. Se ele não a feriu de propósito imagino quando ele decidir fazê-lo! Esse cara não tem respeito nem pelos pais que já estão mortos!

Jasper não ia muito com a cara de Edward. O que ele fazia questão de não esconder. Paul respirou fundo.

- Alice – disse Paul constrangido – não liga pra isso não! Logo, logo vocês se acertam e serão amigos de novo!

Alice limpou as lágrimas e encarou Paul.

- Não! A Bella vivia me falando desse comportamento sem escrúpulos dele! Paul confiança só se perde uma vez! Não confio mais nele, não quero mais a amizade dele! Não de uma pessoa que afirma não me suportar e sentir nojo de mim! Muito obrigada eu passo a diante!

Alice saiu da cozinha e foi para o quarto se trancando no mesmo. Se jogou na cama abraçando o travesseiro. Doía. Doía demais! Edward era seu irmão. Sempre tinha sido assim! Então porque só agora ele vinha lhe dizer essas coisas? Seria mais fácil se ele tivesse sido sincero desde o começo. Doeria menos. Bem menos!

- Bella os laços são menores! – Isabella rolou os olhos e fez um laço menor.

- Assim? – ela disse mostrando a mãe o que tinha feito.

- Isso, isso mesmo! – Renée voltou a prestar atenção na toalha que bordava.

Mãe e filha terminavam a nova toalha gigante para enfeitar a mesa onde ficaria os comes e bebes da festa anual.

- Cretino! Esse Cullen é um cretino sem coração! – Isabella olhou Jasper assustada. E pensou imediatamente na noite passada. Não! Não tinha como o Jasper saber disso. Não mesmo!

- O que houve? – Perguntou Renée preocupada.

- Ele maltratou Alice! Fez dela pior que um cão sarnento! Se você visse o estado da garota estaria mais furiosa do que eu! A menina chegou a vomitar de tanto que chorava! – Isabella nem pensou. Se levantou e saiu mancando em direção ao seu quarto.

Bateu na porta, mas Alice disse que precisava ficar sozinha. Assentiu e se sentou de frente a porta horrorizada com o que o Cullen seria capaz de fazer.

Nesse instante estava muito difícil continuar amando-o. Muito!

*~*

Sexta feira havia chegado e com ela a abertura do rodeio. Fazia exatamente três dias desde os ocorridos. Edward parecia ter evaporado ninguém o via ou tinha sequer noção de onde estava, mas pelo menos na cidade eles achavam que Edward não se encontrava, a teoria mais provável era que ele estivesse sem rumo pela fazenda.

- O que acha? – disse Isabella dando um giro de 360 graus para a prima avaliar seu visual!

- Você está linda Bellinha! – Alice bateu palminhas.

Isabella não havia contado a Alice sobre o beijo no Cullen e Alice por sua vez não havia contado como foi a briga com o Cullen. Edward havia se tornado assunto proibido entre as duas. Um verdadeiro tabu.

Isabella fez bico.

- Bells o que foi? – Alice estranhou a expressão da prima tinha testa enrugada.

- Estou morta de inveja da sua roupa Alice! Mortinha da silva! – Alice gargalhou e se levantou fazendo poses e mais posses só para provocar a sangue doce.

As duas desceram Isabella ainda mancava, mas era um incomodo suportável. Jasper estava sentado no sofá vestido no seu estilo perfeito de playboy de cidade grande invocado. Isabella suspirou, não tinha se acostumado com esse novo estilo do irmão, lhe soava tão artificial!

Jasper fez uma careta para o tamanho da saia de Alice, mas não disse nada preferindo ficar quieto evitando assim as acusações de Isabella. Chegaram ao local. Tudo estava movimentado, tinha barulho, luzes, pessoas. Até parecia que a civilização havia os alcançado!

- Nossa Alice eu achei que voce ficaria mais empolgada! – Comentou Isabella ao perceber que Alice se segurava para não chorar. Ela havia se lembrado da conversa com o Cullen na colina e do maldito acordo. Instantaneamente não queria estar mais ali só que também não queria ser estraga prazeres.

- Bella eu estou tão empolgada que chego estar emocionada! – Alice estampou um sorriso tão convincente que Isabella não viu como contestar. A baixinha piscou varias vezes dissipando as lágrimas que se acumulavam no globo ocular.

Os três começaram a caminhar entre as barracas. Comeram de maça do amor á creeps de queijo. Brincaram de tiro ao alvo, pesca brinde, assistiram algumas competições, apostaram de quem bebia mais coca-cola. Realmente se divertiram e Alice conseguiu esquecer a nostalgia até o momento que viu seu ex-irmão encostado em uma barraca. 

Edward tinha uma garrafa de gim na mão e os observava há algum tempo. Enrijeceu quando seu olhar arrependido se encontrou com o de Alice que estava ferido, amargurado e triste. Ele queria falar com ela, mas sabia que ainda estava magoada com ele. Tinha que dar um tempo. Um frio percorreu seu estômago. Sentiu medo.

- Alice eu consegui! – disse Isabella toda animada por ter acertado um patinho e ganhado um pequeno urso de pelúcia muito fofo.

Isabella se virou para a prima que tinha o olhar fixo em algum lugar.

- Hey menina estou falando com voce! – Isabella entrou na sua frente sorrindo e mostrando seu urso - Olha que eu ganhei, fofo né? Vou deixar você amadrinhar! Qual vai ser o nome dele?

- Vamos embora! – Alice ignorou totalmente o que Isabella dizia e começou caminhar em direção ao estacionamento.

(Música não tão obrigatória! =])

Isabella se virou para onde Alice encarava. Edward estava ali com carinha de cachorro que caiu de caminhão de mudança. Não imaginou que vê-lo a deixaria tão mexida, tinha prometido a si mesma que faria das tripas o coração, um novo coração que fosse capaz de odiá-lo. Ela voltou seu olhar para Alice, mas apenas viu sua silueta sumir entre a multidão. Voltou seu olhar para Edward, mas ele também havia sumido. Bufou. Ótimo!

- Jazz vamos! – puxou o irmão pelo casaco ridículo que vestia.

- Ah não eu estou batendo o Record! – ele disse ainda apertando os botões da maquina de jogos.

- Jasper é serio! Alice viu Edward e parece que as coisas não estão nada bem!

Seu irmão parou de jogar e a acompanhou até o carro onde Alice estava encostada com a maior cara de enterro. Entraram na caminhonete e o trajeto começou a ser percorrido em um perfeito silencio. Isabella apesar de não confessar; se sentia culpada pelo ocorrido entre Edward e Alice porque afinal de contas se ela não tivesse o beijado ele não estaria furioso e não descontaria a raiva em Alice. Pronto estava resolvido; toda essa situação era sua culpa.

- Eu beijei... – Isabella respirou fundo e confessou em alto e bom som – Eu beijei Edward Cullen!