Eu Gosto de Você escrita por Kitty


Capítulo 8
Capítulo 8




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/109463/chapter/8

Capítulo oito:



1

– Está quentinho aqui dentro... Parece que o tempo está virando! – Tegoshi encostou sua mão na bochecha de Ryo, que tentou se esquivar, mas o menor foi insistente. – Olhe como estou gelado! É porque eu andei muito tempo com Okura em um parque aqui perto! Estava tão frio!

Ryo não disse nada, apenas o observava ligeiramente irritado. Não gostava do modo como Tegoshi falava de Okura com aquele sorriso e como seus olhos brilhavam naquele instante. Ryo estava indignado. Tanto o sorriso quanto os olhos de Tegoshi deveriam ser dele, não de Okura.

– E como foi o encontro? – a pergunta escapuliu antes que Ryo pudesse controlar sua boca. Não sabia porque fazia essa pergunta, sabia que não iria gostar da resposta, mas, agora que a fez, esperou que Tegoshi dissesse algo.

 – Foi muito bom! – Tegoshi sorriu com tanto carinho que seus olhos se estreitaram por um momento.

Esse carinho, Ryo também queria para si.

 – Okura me levou ao cinema. – ele explicou, ainda animado – E ele é muito gentil. Um pouco devagar, talvez... Nem ao menos tentou me beijar. – disse com bastante tranquilidade e lançou um olhar de canto, meio malicioso. – Não é raro isso hoje em dia?

Tegoshi era uma pessoa que exalava provocação. Às vezes ele diminuía o ritmo das palavras que dizia apenas para mexer com os brios de seu ouvinte, seja para irritar ou seduzir. Muito mais para irritar, diria Jin se estivesse ali. Em ambos os casos, porém, era sempre apenas para se divertir. Ryo o conhecia muito bem. Normalmente, Ryo aceitava a brincadeira e devolvia alguma resposta mal-criada, rindo em seguida.

Mas, nesta noite, ele não estava com disposição. Olhou sério quando lhe fez a pergunta:

 – Você está gostando dele?

Tegoshi o olhou surpreso e mordeu os lábios. Inclinou a cabeça para o alto, com um leve bico nos lábios, pensando naquela questão. Por fim, sorriu.

– Okura é uma pessoa fácil de se apaixonar. Ele é educado, gentil, engraçado... Não é difícil querer namorá-lo. O que será que a imprensa diria sobre isso? – ele riu ao cogitar um escândalo.

– Ridículo.

– Hã? – ele parou de rir e olhou confuso para o outro.

 –... É o que a imprensa diria. Você e Okura namorando? Isso é tão ridículo! Tsc!

 – Porque está falando assim?

– Porque é a verdade. Não tem lógica alguma vocês dois juntos! Porque ele é atencioso só por te comprar uma camisa barata? – ele cutucou Tegoshi com o indicador e o mais novo se agarrou à camisa.

– Eu achei ela muito legal, ok?! – ele emburrou.

– Porque ele te levou ao cinema?

– O filme era bom!

 – Ele nem tem atitude para te beijar!

– Isso a gente ajeita com o tempo! Ele pensa que eu sou inocente hehehe!

– Deixe de ser estúpido. Okura não é homem pra você!

– Ryo-chan, você não tem que dizer essas coisas! Não gosto quando você fala mal dos seus amigos... Bem... Só do Akanishi... Ele está bem. Mas os outros não! – e ele inflou as bochechas, irritado.

– Desculpe se eu não sou o Bonkura*. Se eu não tenho a educação de realeza que ele tem... Se eu não sou tímido o suficiente para nem ao menos pegar em sua mão em um CINEMA ESCURO!!!!

 – PORQUE VOCÊ TÁ GRITANDO COMIGO?

 – VOCÊ TAMBÉM TÁ GRITANDO!!

 – PORQUE VOCÊ GRITOU PRIMEIRO!

 – ÓTIMO! E SEREI O ÚLTIMO TAMBÉM! AGORA DESCE DO CARRO!

Tegoshi não acreditou no que estavam acontecendo. De repente, eles começaram a discutir e Ryo o estava expulsando? Fez um enorme bico, queria xingá-lo de diversas formas, mas tudo o que conseguiu fazer foi bufar, ofendido, e saiu, fechando a porta do carro com toda a sua força.

Estava tão zangado que podia descontar sua raiva com um grande soco na parede. Estava tão zangado que queria gritar. Estava tão zangado que ele nem ao menos percebeu o som de porta sendo fechada com força. Estava tão zangado que ele não ouviu os passos. E quando sentiu aquele peso e aquele calor, toda a sua zanga passou e foi substituída por espanto. Seu coração deu um salto.


Nishikido Ryo... O abraçava no meio da rua em frente ao seu prédio?

– Não sou Bonkura... – ele disse próximo ao seu ouvido e Tegoshi sentiu toda a sua nuca se arrepiar. – Não sou gentil, não sou educado como ele, não sou nem um pouco romântico.

– Ryo-chan...

–... Mas eu gosto de você, Tegoshi.

Ryo o virou, obrigando-o a olhá-lo. Tegoshi piscou repetidas vezes. E seu espanto só aumentou quando foi beijado com avidez. Os lábios de Ryo se grudaram aos seus e, determinados, abriram passagem para a língua.


Beijavam-se no meio da rua em frente ao seu prédio.


2


Ele era capaz de perceber o quanto Ryo sofreu em dizer aquelas duas palavas. Koyama sabia o quanto ele tinha ficado nervoso, constrangido e triste com toda aquela situação. Ryo fazia pose de mal, mas, no fundo, talvez fosse a pessoa mais sensível e preocupada que ele conhecia dentro de toda a agência. Ryo era tímido, não conseguia e não gostava de mostrar esse lado sensível.

Embora se sentisse penalizado por Ryo, Keii ainda sorria quando ele entrou na sala. Pode ver uma expressão séria nele e Koyama estranhou isso, deixando de sorrir. Ele disse:

– Que foi isso de abraçá-lo e sussurrar no ouvido dele? – seu tom era autoritário.

– Não era esse o meu papel?

– Não incluía contatos físicos no contrato!

– Contrato? Ora, um bom ator tem que saber improvisar!

– Você só pode improvisar comigo!

Koyama arqueou a sobrancelha, captando a piada na voz dele, e riu de leve, entrando no clima.

– Está aprendendo a ser possessivo com quem? Acha que sou sua propriedade?

– Isso não é óbvio? Você é meu, Koyama Keiichiro. – ele afirmou, sentando-se no lugar anteriormente ocupado por Ryo. Cruzou as pernas e o fitou com autoridade. – Lembre-se sempre disso.

– Então devia cuidar melhor de mim... Yamashita Tomohisa! Sinto como se tivesse sido abandonado ultimamente...

– Aprendeu a ser manhoso com quem, Koyama?

– Com o Tegoshi, é claro!

Eles riram e Yamapi trocou de assunto.

– Talvez tudo termine hoje ou amanhã! – estalou os dedos.

– Espero que sim. Espero que tudo termine hoje. Estou cansado e quero meu namorado de volta pra mim. – Koyama exigiu, olhando-o com uma expressão contrariada. Mas depois riu. – O que acha de irmos para um lugar mais tranqüilo depois de comermos?

– Eu já comi.

– Ora! Nem me esperou!

– Poderia durar horas seu encontro com Ryo! Estava faminto!

– Até parece. Não conhece Ryo? Foi bem rápido e direto. “Gomen e arigatou!”. Só isso. Se eu estivesse mesmo apaixonado, certamente levaria um tempo para me recuperar disso! Como ele pode ser tão cruel?

Riram.

– Em todo caso... Peça e coma logo. Precisamos encontrar um lugar para nossos encontros.

– Possessivo e autoritário... Está sendo influenciado demais por Kamenashi e Akanishi. Não me confunda com eles.

– Gomen, eu só estou morrendo de saudades! – e ele sorriu como uma criança.

– Ok, vou pedir. – ele cedeu ao tom carinhoso na voz dele. – O que devo comer... Ah, e porque temos que encontrar um lugar novo? Porque não vamos para o de sempre?

– Bakanishi descobriu lá. Ele me seguiu outro dia. Como é lerdo, não percebeu o que eu estava fazendo... Pensou que era algo com o Ryo. Takki colocou na cabeça dele que eu sou apaixonado pelo Ryo. Em todo caso, cedo ou tarde ele vai voltar pra lá... E nós devemos estar bem longe!

– Entendo... Akanishi acabaria descobrindo sem querer...

– É o mais provável... Já escolheu? – ele se inclinou com os cotovelos sobre a mesa.

– Não seja impaciente, Yamapi... O apressado come cru...

– O que importa é que ele come! É nisso que eu estou pensando!

Koyama só pode rir e teve a certeza de que realmente seu namorado estava passando tempo demais com Akame.


3

Jin estava parado diante da porta de sua casa. Sabia que Kamenashi estava do outro lado, pois, quando foi atender a campainha, ele o viu pelo olho mágico. Estava parado, decidindo o que dizer. Queria vê-lo. Sentia a sua falta, sentia muito a sua falta. Estava carente e doente. Queria o seu colo, o seu carinho. Queria a sua atenção como qualquer criança mimada.

Mas não podia.

Tinha que se forte, para o bem de Kame. Tinham que terminar. Tinham que ficar separado. Kame ficaria bem melhor com Koki. O rapper era mais maduro e mais atencioso, cuidaria muito bem dele. Além disso, ele também não queria passar o vírus dos porquinhos para a tartaruga.

Pensou em ficar em silêncio. Talvez Kame pensasse que ele não estava e fosse embora. Mas se lembrou de que estava doente e que não poderia sair de casa. Mas poderia estar dormindo, certo? Isso, Jin só tinha que ficar em silêncio.

E, então, seu celular tocou. Jin se assustou com o barulho e com a vibração no bolso de sua calça. Depois de conversar com Ryo, havia guardado o aparelho ali e se esquecido.

– Merda! – exclamou, desligando o aparelho. E em seguida tapou a boca com as duas mãos.

– Jin?

–... Nyan?! – ele moveu o punho como se fosse a pata de um gato.

– Jin... Você não tem gato...

– Droga!

– Jin, abre a porta. Vamos conversar.

–... Não posso.

– Porque? Perdeu a chave estando dentro de casa de novo?

– Não, baka, que tipo de pessoa você pensa que eu sou? Isso só aconteceu duas ou três vezes... – ele olhou para cima, tentando se lembrar –... Ou quatro... Enfim, não posso te deixar entrar por causa dos porquinhos!

– Porquinhos? – Kame ficou em silêncio por um momento –... Jin, eu já te falei que neste prédio eles só permitem gatos ou cães de pequeno porte.

– Não, baka! Tô falando da gripe deles!

– Ah, sim... Influenza A, você quer dizer!

– Gripe dos porquinhos! É um nome bem mais legal!

– Que seja! A sua gripe é o último dos meus problemas! Abra a porta!

Jin não acreditou no que ouviu. Encarou a porta e protestou:

–... Você nem liga mais para a minha saúde! Você quer que eu morra para você poder ficar com o Koki sem remorsos, não é?

 Jin não podia ver, mas Kame lambeu os lábios, impaciente.

– Você está com tanta febre que está delirando? Escute, tudo não passou de uma peça dos rapazes. Nada disso é verdade, ok? Eu não gosto do Koki!

– Eu não acredito!

– Não... Não acredita??? – Kame olhou para a porta, incrédulo – Mas se sou eu que estou dizendo, imbecil!

– Você só está dizendo isso para me animar!

– Você não acabou de dizer que eu não dou a mínima para a sua saúde? Porque eu mentiria para te animar se eu te quero morto?

–...

– Jin?

–... Você está me deixando confuso, tartaruga dos diabos!!!!!

– Jin, é sério, abre a porta... – ele amansou sua voz. – Sinto a sua falta...

Jin olhou com angústia para porta. Aproximou-se e espiou pelo olho mágico. Kamenashi mantinha o rosto inclinado para baixo, fitando talvez a maçaneta, uma expressão que misturava tristeza e timidez. Quis abraçá-lo, mas tudo o que pode fazer foi segurar na maçaneta.

Do lado de fora, Kamenashi notou aquele movimento. Esperançoso, pensou que a porta se abriria, mas não foi assim. Suspirou e também segurou na maçaneta, fazendo pressão contrária a de Jin, para que ele pudesse perceber que ele também a segurava.

– A gente tem discutido demais. – Kame voltou a falar – Sei que eu sou muito ciumento... Sei que boa parte das nossas brigas é por causa desse meu ciúme... E que eu posso reclamar muitas vezes estar cansado de muitas coisas, mas... Nunca quis de verdade terminar com você, Jin... Eu só quero que nosso relacionamento melhore cada vez mais... Porque eu te amo e desejo passar a minha vida com você. – apertou a maçaneta com mais força.

– Kazu... – Jin se emocionou e se aproximou ainda mais da porta, como se, ao invés da madeira, estivesse encostado ao namorado. –... Eu sou muito irresponsável!

– Eu sei... Por isso eu quero cuidar de você! Tenho responsabilidade de sobra... O suficiente para nós dois!

–... E eu sou muito distraído e relapso...

– Isso tem o seu charme. – ele riu – Gosto do seu rosto quando está relaxado... E quando você estiver nas nuvens, me deixe segurar em suas mãos para te guiar e evitar que você tropece...

– Eu sou egoísta... Eu realmente não pensei em nós quando quis o intercâmbio.

– Isso nós já resolvemos. Se eu guardasse alguma mágoa sobre isso, não teria voltado a namorar com você.

– E o Ryo disse que eu tô gordo!!

– Isso não é nenhum problema! Você não está gordo e, mesmo que estivesse, eu o amaria do mesmo jeito... Mas não vá relaxar por causa disso, ok? Jin, eu também tenho meus defeitos. Não espero e não vou cobrar de você que seja perfeito... Como disse, quando eu te critico, é apenas tentando melhorar nosso relacionamento, mas não que nosso namoro acabaria por causa deles. Eu amo você do jeito que você é. Egoísta, relapso, distraído, irresponsável, tonto...

– Ei, eu não disse tonto!!

–... É por isso que você é o Bakanishi. O baka que eu mais amo neste mundo!

– Kazu... – a voz dele estava embargada – Eu quero te beijar!!

– Então abre a porta...

– Não posso...

–... Eu não me importo em pegar a gripe... Se pegar, você vai cuidar de mim, não vai?!

– Sim, mas não é isso...

– Então??

–... Não acho a minha chave!!! – choramingou.

Kamenashi congelou. Então sorriu. O sorriso se transformou em um pequeno riso. O riso virou risada. A risada, gargalhada. Riu até não poder mais, até se contorcer com a barriga doendo.

– Ei!!! Você tá rindo de mim?

Ele nem ao menos conseguia responder.

– Não zombe de mim, tartaruga infernal!!


Aquele era o Jin. O seu Bakanishi.


– Kazu!! Pare de rir! Assim que eu abrir essa porta, você estará morto no instante seguinte!!!


A ameaça não produziu efeito algum.

4

Foi empurrado com certa força. Ryo abriu os olhos e viu o rosto enfezado de Tegoshi. Parabenizou-se em pensamento, havia conquistado a ira do caçula. Tegoshi, com um bico do tamanho da Lua, disse:

– O que pensa que está fazendo?

– Tego... Eu...

Como justificar sua ação se nem mesmo ele estava entendendo bem o que estava fazendo? Agiu por puro instinto, não pensou realmente no que fazia e, quando deu por si, estava beijando o garoto. Mas foi bom e não se arrependia disso.

–... Eu...

– Algum paparazzi pode nos flagrar! Irresponsável! Já pensou nas manchetes dos jornais?

– Gomen, Tegoshi, eu...

–... Vamos terminar isso lá em cima! – e ele sorriu malicioso.

– Eh?! – Ryo não escondeu a sua surpresa.

Tegoshi sorriu de lado e o puxou para entrar em seu prédio. Pouco depois, estavam no apartamento do caçula e, mal a porta se fechou, Tegoshi se jogou em cima do moreno para beijá-lo. Ryo teve dificuldades em segurar os braços dele, mas, ainda assim, recebeu pequenos beijos.

– Tego... Espera... Eu... Não... Estou... Entendendo!! – ele riu e o segurou com mais força.

– O que tem pra entender? Eu estou te aceitando! Vamos, pare de falar!!

Tegoshi o agarrou pelo pescoço, desabotoando com habilidade a calça de Ryo com a outra mão e tentou retomar aquele beijo da rua. Um beijo mais apaixonado e excitante.

– Mas porque? – ele quis saber quando houve uma brecha entre seus lábios e os de Tegoshi.

– Porque... Ora... Você disse que gosta de mim... Finalmente... – ele sorriu largamente. – E eu estou aceitando seu sentimento... Porque eu sempre fui apaixonado por você!

– Eh?? Mas... E Okura?

– Mou, Ryo... Porque falar nele agora? Não estrague o clima! – ele fez uma cara contrariada, mas confessou: – Eu dei um fora nele. Nunca pensei que pudesse ter o meu amor correspondido, mas também não acho justo ficar com Okura se eu penso em outra pessoa todos os dias!

Tegoshi era atrevido, sim, ele era. Que definição poderia ser melhor que essa a uma pessoa que falava sobre seus sentimentos com tanta naturalidade? E aquele modo de inclinar o rosto, algo meio provocativo e arrogante? Ryo não conseguiu mais se segurar. Era impossível resistir a esse rostinho do pequeno demônio, então, desistiu. Liberou seu desejo e sua paixão. Beijou com bastante vontade.

E Ryo não conseguia definir a sua felicidade. Era incrivelmente grande. Se soubesse que seria assim, se soubesse que seria tão bom, teria se declarado há muito tempo...

... Bom, não tinha problema. Ele tinha bastante disposição para recuperar o tempo perdido. E sabia que Tegoshi também o tinha.

5

– Ryo, estou indo...

Uma mão saiu debaixo do edredom e acenou. Isso foi o restinho de consciência que Ryo possuía naquele momento. Tegoshi apenas riu e achou melhor escrever um bilhete repetindo as informações principais: aonde ia, fazer o quê e onde estava a comida. Disse também que voltaria logo, então, era melhor Ryo economizar suas forças...

Não era raro Tegoshi sorrindo, mas até mesmo o senhor da limpeza do edifício reparou em como ele estava contente naquela manhã. Tegoshi sacudiu sua mão com velocidade e sua voz soou muito doce quando o cumprimentou.

Ele sorriu para o grupo de crianças que estava indo para o colégio com aqueles chapéus amarelos encobrindo suas cabeças quase que por inteiro. Achava apaixonantes imagens como essa. Aqueles pequenos seres que nem ao menos tem consciência do mundo e das pessoas demonstravam uma certa independência em irem para a escola sem a companhia de um adulto, apenas a de outro aluno um pouco mais velho.

Ele decidiu ir a pé. O tempo estava gostoso, fresquinho, nem muito calor, nem muito frio, afinal, estavam na primavera. Ele sorriu para uma árvore de cerejeira, agradecendo mentalmente por mais um cenário bonito em sua vida.

Levou um tempo para chegar aonde queria, mas ele não se preocupou muito com isso.

– Já estão todos aqui. – Okura sorriu ao abrir a porta. – Será que é agora que eu vou tomar um fora?

– Gomen ne, Okura-kun! – Tegoshi respondeu com bom humor. – Por ter cuidado de mim até agora, eu agradeço, mas tenho que ser sincero. Estou com outra pessoa.


Okura riu e lhe bateu na cabeça.

– Não seja tão arrogante! Vamos, entre! Estão todos ansiosos!

Ele obedeceu e, na sala, ele encontrou Yamapi, Koyama, Ueda, Maru, Koki e Tackey. Este último se levantou da poltrona e se aproximou de Tegoshi.

– Não acha que é novo demais pra causar tanta bagunça?

– Ora, senpai... – Tegoshi disse com um tom irônico. – Eu tenho certeza de que você se divertiu e muito.

– Não nego!

– Owe! – Tegoshi riu. – Minna, eu pedi a todos para virem aqui porque eu realmente quero agradecer a todos vocês. Desculpem pelos transtornos!

– Sem problemas. – Okura bateu em seu ombro – Só garanta que o Ryo não vai me bater! Sério! Quando eu perguntei o que deveria fazer com você, ele só faltou cuspir fogo! Pensei que a minha morte estivesse se aproximando!

– Não seja exagerado! – Tegoshi riu.

– E nem conte ao Ryo que tudo foi uma encenação... Também não quero ser o alvo da fúria dele! – Koyama implorou.

– Em todo caso... Algum dia Tegoshi terá que contar a verdade. – Ueda disse. – Ryo pode descobrir sozinho e isso será muito pior.

– Sim, não desperdice o trabalho que tivemos! – Koki pediu.

– O seu único trabalho foi provocar o Bakanishi. – Tackey o lembrou. – Aliás, alguém sabe dele?

– Kame ia revelar tudo a ele. Daqui uns dias ele volta a ser o mesmo de sempre. – Yamapi disse, tranquilamente.

– E isso foi mesmo necessário? Acho que vocês foram muito cruéis com Akanishi. – comentou Koyama. – Se bem que eu esperava que ele reagisse como o Ryo regiu ao ficar enciumado de Tegoshi. Libertaria seu amor e lutaria por ele.

– Sim, nós também. – Yamapi afirmou – Mas o Jin é imprevisível... Ele é... Inacreditável!

Sim, todos concordaram com aquela descrição.

– Mas foi necessário... Se ele descobrisse que era o Tegoshi por trás de tudo... Ele estragaria todo o plano! – explicou PI. – E o Ryo ainda não estava “maduro” o suficiente para essa revelação... Ele tinha que estar sensível, pensando ter magoado o Koyama, assim ele estaria com a gaurda baixa para o ataque do Tegoshi.

– Tem a sua lógica. – Koyama teve que admitir. – Bem, o que importa é que tudo terminou bem, não é Tego? Está feliz?

– Muito!!! Né... Um dia eu vou contar ao Ryo... Mas, por enquanto, deixem ele acreditar que foi ele quem me conquistou. – ele piscou e fez sinal de vitória.

Os demais riram. Tegoshi não tinha jeito. Ele nunca perderia seu jeito sapeca.


6


Ryo estava deitado na cama, com o braço atrás da cabeça, observando o céu pela janela aberta. Esperava Tegoshi voltar do encontro com Okura. O caçula escreveu no bilhete que precisava ser correto com o integrante do Kanjani 8 e queria ele próprio contar sobre o que tinha acontecido.


– Você é meu namorado.

– Eh? Você não vai me pedir primeiro?

– Não. Você é meu. Meu. Meu!    


Ryo teve que rir de si próprio. Não estava nem bêbado para colocar a culpa no álcool. Ele disse aquilo. Ele declarou Tegoshi como seu. E isso era vergonhoso e engraçado. Mordeu os lábios. Que se dane. Agora já estava feito, mas ele também não se arrependia. Era um sentimento muito bom o que estava sentindo agora e ele o manteria para si ao máximo possível. Não deixaria Tegoshi livre novamente para que outro cretino como Okura viesse jogar suas asinhas para cima dele.


Seu celular tocou e ele viu que era Jin. Atendeu com bom humor.


– Ei, Ryo! Me desculpe por ter sumido... Assim que eu me livrar dos porquinhos eu vou voltar a investigar quem é o seu admirador secreto, ok?

– Se livrar dos porquinhos? Do que você tá falando?!

– Da gripe...

– Ah... Mas não se preocupe, Jin. Eu já resolvi isso. Não era o Tegoshi, afinal.

– Eh? Claro que não! É o Pi!

– O Pi?

– Sim! Vamos, namore logo com o Pi, Ryo!

– Baka, você tomou muito remédios esses dias? Não é o Pi. Era o Koyama!

– Koyama?? Por essa eu não esperava... Como você tem certeza disso?

– Marcamos um encontro ontem a noite e abrimos o jogo.

– E...

– E que eu dei um fora nele!

– Que ótimo, isso quer dizer que você tá livre pra namorar o Pi???

– Jin...

– Isso é uma boa notícia!

– Não, Jin, eu não tô livre.

– Eh?? Você tá pegando alguma garota?

– Jin, eu tô namorando o Tegoshi agora. Ok? E nem pense em falar mal dele!

–... Eu não ia... – disse tão baixo que Ryo mal o compreendeu. – Bah, Ryo... Que droga, você hein? Saco! Acabou com meu bom humor e... Ai... Aieeee... Não me bate, Kame! É claro que meu bom humor continua pelo nós fizemos, mas não é uma notícia agradável esta que eu recebi e...

Ryo olhou para o celular e suspirou. Não queria ouvir as brigas de Akame naquele momento. Desligou o aparelho e voltou a relembrar os bons momentos daquela noite.

É.

Ele estava apaixonado.


Epílogo


– Alô! Alô! Owe! Ryo! Aquele desgraçado desligou na minha cara de novo!!!!!!!!!

– Deixa ele de lado, Jin... – Kamenashi se acomodou no tórax do namorado e tentou voltar a dormir.

– Mas que coisa... O Tegoshi e o Ryo namorando...

– Pare de resmungar sobre o relacionamento alheio...

– Mas Kame... Você não percebe? Ryo e Pi namorando seria perfeito!


Kamenashi franziu o cenho. Não compreendi aquela linha de pensamento e disse isso.


– Ora, você não ficaria mais com ciúmes do Pi e nossas brigas cairiam pela metade!

– Hum... Tem algo de lógico nisso. Aí só você ficaria de paranóia com o Koki...

– Não é paranóia, aquele rapper dos infernos te toca sempre que tem chance e você sabe disso! – ele disse rápido, com o dedo indicador acusadoramente próxima da face de Kamenashi, que apenas engoliu contrariado.

– Em todo caso... Qual o mal do Ryo namorar o Tegoshi? O Tegoshi é uma boa pessoa...

– Não se aproxime demais dele, ouviu? Eu sei que vocês fecharam um dorama para o ano que vem!

– Ah, Jin... Não começa... – ele apertou o corpo do namorado em um abraço torto.

– Mas seria bem mais legal se o Ryo e o Pi namorassem. Nós poderíamos sair nós quatro juntos...


A mente de Jin voltou a funcionar depois de um longo período de depressão e fatiga causada pela doença.

– Hehehehehe...


Kamenashi o olhou com receio daquele rosto.


– Jin... Você por acaso...


O alerta de incêndio funcionou dentro da cabeça de Jin.


– NÃO KAME!! EU JAMAIS PENSARIA EM NÓS QUATRO FAZENDO SEXO! QUE TIPO DE PESSOA VOCÊ PENSA QUE EU SOU????

– E quem está dizendo isso, imbecil? – Kame o olhou horrizado. – E isso quer dizer... Oh, não acredito nisso, Jin!!!! Como você pode pensar em sexo com outras pessoas depois de transar comigo?? Eu vou embora seu imbecil! Você sempre estraga tudo!

– Não, Kame, eu não fiz por malllllllllllllllll! Espera, deixa eu me explicar!!


Mas a tartaruga escapuliu da cama.


– Kame, a minha febre tá voltando... – ele tentou a chantagem emocional. – Kame... Kame... Tá tudo rodando... – fechou os olhos por um momento e depois abriu apenas um. Ele viu o garoto colocando a roupa. – Kame, não leve essas coisas tão a sério... – não teve nem resposta. – KAME!! EU GOSTO DE VOCÊ!!!!!!!!!!!


Kamenashi ergueu o rosto para ele finalmente. Sorria de canto.


– Eu só vou preparar algo para comermos, imbecil. – terminou de abotoar a calça e saiu do quarto.

–... Não me assuste desse jeito, cretino! – Jin rangeu os dentes. E sorriu também.


­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Apelido que Ryo deu a Okura. É junção de Bonbon (jovem mestre) com Okura, segundo a fonte de informações Mitsuki Ushi xD

1 – É isso pessoas, a fic termina aqui. Ela teve bem mais capítulos do que eu pretendia, mas, em se tratando de minha pessoa, ela foi curta! Hahaha.

2 – Espero que tenham gostado do final! o/

3 - Obrigada por terem lido!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu Gosto de Você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.