Imperfeição escrita por GabrielleBriant


Capítulo 11
Dúvidas e Dívidas




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XI

DÚVIDAS E DÍVIDAS

ROSALIE

Dançar com Andrew era estranho. Nas últimas semanas, eu tinha me acostumado a estar perto dele, e até a certa quantidade de contato físico... mas nunca como naquela noite.

Enquanto ele me abraçava e deslizava as mãos nas minhas costas, eu apenas consegui sentir medo. Ele era possessivo demais. E, no ângulo em que eu me encontrava, podia apenas enxergar os cabelos dele, tão loiros quanto os de Royce.

Em minha mente, as lembranças do meu antigo noivo – e algoz – ficavam mais cristalinas. Lembranças de uma época em que eu era inocente e estupidamente feliz. Suspirei, começando a me sentir ligeiramente deprimida.

- Você quer que eu te salve? – O sussurro de Edward deve ter sido inaudível para todos os humanos do local. Eu não pude evitar uma pequena risada: não era sempre que Edward bancava o irmão protetor.

"Eu estou bem, Edward. Pode guardar a espada e a armadura, porque eu não estou precisando de um herói!"

- O que foi? – Andrew perguntou no meu ouvido.

- Nada. Eu apenas... lembrei de uma coisa.

- Rose eu... Eu estive pensando... Nós passamos muito tempo juntos e... Sabe, eu acho que estou gostando de você. Então, talvez, nós pudéssemos sair juntos algum dia?

A música acabou, e eu não podia ser mais agradecida. Eu gostava da companhia de Andrew; não queria ter que rejeitá-lo e ferir os seus sentimentos. Assim, sorri educadamente e tentei sair, mas Andrew segurou a minha mão com mais força. Em seus olhos, ele exigia uma resposta.

- Rosalie, eu estou perguntando se você quer ser a minha namorada.

Desviei o meu olhar – e, fosse por uma coincidência ou por uma deliberação diabólica do meu inconsciente, acabei olhando para Emmett mais uma vez. Ele estava na mesa de Edward, tomando uma cerveja. Os seus braços grossos e fortes evidenciados pelas mangas apertadas da camisa.

E eu o queria! Eu o queria mais do que era imaginável! Por Deus, eu queria que ele fosse transformado num vampiro! Eu queria que ele se tornasse um vampiro, para que ele pudesse se casar comigo e, eu tinha certeza, nós seríamos tão felizes juntos! Eu poderia fazê-lo feliz!

Em pouquíssimos segundos – embora ele tenha mantido a sua velocidade suficientemente humana – Edward chegava ao meu lado.

- Meia noite, Rosalie. Você se lembra do nosso toque de recolher?

- O quê?

- Esme disse que tínhamos que estar em casa antes da uma da madrugada. Vamos!

Eu suspirei e olhei para Andrew.

- Desculpe-me. Eu tenho que ir.

- Rose!

- Eu falo com você amanhã, Andrew!

E Edward segurou a minha mão, praticamente me arrastando para o lado de fora.

- Você não tem direito de pensar essas coisas, Rosalie! – Edward disse, baixo suficiente para ninguém no bar ouvir, porém obviamente irritado. – Você não pode!

Dentro do bar, ouvi Emmett perguntar o que tinha acontecido... perguntar por que eu tinha ido embora tão rapidamente. Era óbvio que ele me queria lá. Ele me queria ao seu lado!

- Eu não vou fazer nada, Edward! – Defendi-me. – Eu não posso, esqueceu? O que eu faria com Emmett, se eu sequer posso beijá-lo?

- Você estava pensando em transformá-lo!

- Era só um pensamento! Um desejo! Isso não quer dizer que eu o quero realizado!

- Então por que você o deixa pensar que algo pode acontecer entre vocês?

- Eu jamais-!

- Essa tarde! Eu não ouvi a conversa inteira, mas Emmett fica repassando-a o tempo inteiro na cabeça dele! Rosalie, ele está apaixonado por você! Se você tivesse ficado longe, como eu adverti, nada disso estaria acontecendo! Emmett ainda estaria feliz, ao lado de Louise e-

- Você apenas fala de Emmett! Andrew também está apaixonado por mim!

Edward trincou os dentes e a sua expressou tornou-se absolutamente desgostosa.

- Não. Ele não está.

Abri a boca, me perguntando se eu queria descobrir o que se passava na mente de Edward. Temi que as semelhanças entre Andrew e Royce, que eu há pouco notara, fossem mais que meramente física.

- Ele não é como Royce – Edward disse rapidamente, em resposta aos meus pensamentos. – Mas ele sempre imagina... coisas. O tempo inteiro. – Ele bufou. – O seu namoradinho está vindo!

Assim que Edward falou isso, ouvi a porta do bar se abrir e o cheiro inconfundível de Emmett se tornou mais forte.

- Rosalie! – Me virei. Emmett vinha correndo em minha direção e, naquele momento, desejei que ele tivesse velocidade vampírica: os poucos segundos que ele demorou a chegar até mim pareceram uma eternidade. – Por que você está indo embora?

Dei um sorriso simpático.

- Nós prometemos a Esme que chegaríamos cedo em casa.

- Mas eu cheguei agora! Nós sequer... nós sequer dançamos!

Eu suspirei e o cheiro de Emmett fez com que a minha boca se enchesse de veneno; mas não foi fome o que eu senti. Eu queria sentir aquele cheiro mais de perto... eu queria sentir a pele dele sobre a minha.

Será que ele ainda teria um cheiro tão perfeito, quando se tornasse vampiro?

Me assustei com o rumo dos meus pensamentos e dei um passo involuntário para trás.

- Emmett... você deveria estar dançando apenas com Louise.

- O que você está querendo me dizer?

- Eu não acho que nós devamos ser amigos.

- Eu não quero ser só um amigo.

Eu mordi o meu lábio inferior, sentindo uma angústia começar a se acumular em mim... vinda diretamente do meu coração morto. Senti o ímpeto de tocá-lo, mas eu sabia que- que eu simplesmente não podia.

- Apenas... fique longe de mim, Emmett.

E dar as costas para ele foi fisicamente doloroso. Eu sabia, no entanto, que estava fazendo a coisa certa. Quando entrei no carro, Edward tinha um sorriso no rosto – mais uma vez dando uma de irmão mais velho, querendo me apoiar.

- No que ele está pensado?

Edward suspirou.

- Ele quer obedecer você, Rosalie. Quer ficar longe. – Ele mordeu o lábio inferior. – Eu não s- E o Andrew? Você vai sair com ele?

- Para que, Edward? Eu não posso sequer beijar!

"Próxima vez que nos mudarmos, eu vou fingir ser sua esposa!"

Edward riu-se.

- Esme ficaria exultante!

Eu também não pude evitar uma risada. Em minha mente, já conseguia visualizar Esme insistindo para que a nossa pequena farsa virasse realidade... e a quantidade de brigas que aconteceriam, já que eu teria que passar muito mais tempo ao lado de Edward.

- Nós nos mataríamos em menos de um mês!

- Rosalie, eu juro: eu preferiria morrer, a ter que sentar ao seu lado sempre que formos à igreja!

- Está vendo? Já somos praticamente casados, Edward! Até já não nos suportamos!

Ele riu.

- Vamos para casa.

- É... vamos.

XxXxXxX

Terça-Feira, 1º de Outubro de 1935.

Eu estava... bem. Mais ou menos.

Eu sabia que estava muito cedo para voltar a andar com Emmett e os seus amigos; e também estava sem nenhuma vontade de lidar com o Andrew, então eu peguei a saída mais fácil e mandei Carlisle dizer a quem perguntasse que eu estava doente.

Pela primeira vez desde que tínhamos chegado à Riverside, era Edward quem me dizia o que estava acontecendo na cidade – e não o contrário. Claro que eu sentia falta de estar cercada de gente viva... mas eu sabia que aquela era a melhor atitude a se tomar, no momento.

Os meus dias se passaram lentamente. Eu não tinha visitas, já que as pessoas da cidade presumiram que eu estava com cólera – havia boatos de uma epidemia assolando as redondezas. Aquilo acabou sendo uma coisa boa, pois eu pude manter a minha cabeça ocupada, aprendendo cada vez mais como aprimorar os meus carros e desenvolvendo com Edward planos para ir à Universidade.

A única pessoa da cidade que não desistiu de mim foi Andrew; ele me telefonava quase todos os dias para saber como estava a minha saúde e eu, finalmente, me vi começar a gostar dele de verdade. Edward me censurava por isso – ele dizia que eu apenas tinha desistido da minha obsessão por Emmett para me jogar noutra.

Como sempre, eu ignorava as opiniões do meu querido irmão.

.-.

Naquele dia, eu decidi caçar. Nos últimos tempos, um dia como aquele era uma raridade: não chovia, e, apesar de estar nublado o suficiente para permitir que a minha família saísse em público, o céu estava claro. A idéia de conseguir me alimentar sem ter que sujar as minhas botas com lama era tentadora demais – e eu nunca consegui resistir às tentações por muito tempo.

E talvez tenha sido a minha inabilidade de resistir às tentações o que me fez, quase inconscientemente, correr até a fazenda dos McCarty. Quando dei por mim, já estava invadindo a propriedade. E, antes que eu pudesse fugir, a mãe de Emmett me viu.

- Rosalie? Eu pensei que você estivesse doente!

Mordi o meu lábio inferior e dei um passo à frente. Dei de ombros.

- Eu já estou bem, obrigada. O Emmett está em casa?

A Sra. McCarty de um sorriso sarcástico e rolou os olhos.

- Não.

- Oh... Então... Eu já vou!

- Você não quer saber onde ele está?

- Não precisa... O que eu tinha pra falar com ele não é importante!

- Ah, mas precisa, sim! Emmett está em Appalachia, na fazenda do tio de Louise. Ele vai pedi-la em casamento, Rosalie. A festa de noivado será esse domingo!

O ar deixou os meus pulmões e, apesar de eu não ter a necessidade de respirar, me senti sufocar. Eu não queria ficar com Emmett McCarty... Mas também não queria que ele tornasse outra mulher a sua esposa! Não quando eu estava tão perto; não depois do que ele me dissera. Não depois de saber que era por mim que o coração dele batia mais forte!

Ainda assim, forcei um sorriso a aparecer em meus lábios.

- Quando ele voltar, diga que lhe mandei felicitações.

- Claro. Mas eu quero pedir, Rosalie, para que você fique longe dele. – Ergui a minha sobrancelha, enquanto ela se aproximava. – O meu filho era mais feliz antes de você chegar, sabia? Louise e ele se amavam. Eles se amam. Eu sei que você e o meu filho passaram muito tempo juntos, e eu também sei que ele se sente atraído por você. Não é culpa de Emmett; todos se sentem atraídos por você! Você é uma garota muito bonita, Rosalie! Mas o que Emmett sente não é amor! A sua beleza não vai durar para sempre e apenas sobrará o que tem dentro da sua carcaça bonita.

"Sabe, Rosalie, se eu realmente acreditasse que existe algo bom em você, eu apoiaria os sentimentos do meu filho... mas eu não acredito. Eu sequer acredito que existe algo em você!"

Eu apenas assenti, me perguntado se ela estava certa.

- Eu entendo, Sra. McCarty.

- Espero que sim. Eu não lhe quero o mal, Rosalie. Ao contrário! Você é irmã de Esme, e isso faz com que você seja uma pessoa querida por mim. Mas você não é mulher para o meu filho!

- Ficar com Emmett nunca foi minha intenção.

- Claro que foi! Ainda é! Eu conheço o olhar que você lança para ele... eu já fui jovem, Rosalie, e O Senhor é testemunha de que eu tive a minha cota de amores! Mas lhe asseguro que Emmett não a ama! Se você se afastar agora, vai evitar que três corações sejam partidos, não?

XxXxXxX


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