“Por que todos dizem que eu sou muito quieto, reservado e sem amigos?”, pensava. “Bem, nunca precisei muito disso”, meu subconsciente brigava entre si. Estava ficando estressado com isso.

Eu estava sentado de lateral, num pequeno murinho da única praça que tinha em minha cidade, e abraçava meus joelhos, observando o movimento. Percebi que aquele menino de sempre estava me olhando. Por que ele não parava de me encarar?

Eu evitava olhar para aquele canto da praça, onde ele e os outros meninos costumavam a ficar, mas estava virando incômodo. Toda vez que eu olhava naquela direção, todos os dias, aquele menino alto, moreno e magrelo me observava.

Olhei novamente para a pequena lagoa onde os peixinhos nadavam. Tinha um que eu dei o apelido de “Tico”, e ele de certa forma tinha algo que me simpatizava. Divertia-me sempre olhando o Tico e aquele peixinho amarelo, eles pareciam brincar e isso me tirou a atenção dos garotos, mas não por muito tempo. Então olhei discretamente para lá e o menino loiro e o branquinho estavam lá, olhando para mim e cochichando, mas estranho... Aquele garoto que sempre me encarava não estava lá. Para a minha surpresa, quando olhei para frente, por um acaso, o moreninho estava vindo em minha direção. Fiquei desconfiado, e continuei observando, esperando o que ele iria falar.