Moonshine escrita por Carool Black


Capítulo 25
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, espero que se divirtam com esse capítulo! Vou tagarelar mais nas notas finais pra vocês aproveitarem! =)



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*Natasha PDV*

O vento batia fortemente no meu rosto. Não sabia quanto tempo havia se passado desde que fugi de casa, mas eu não havia diminuído a velocidade um instante sequer. Sabia que se hesitasse um segundo, iria querer voltar para minha família, meus pais, Nessie, para Seth. Eu segui sem um rumo certo. Não sabia como encontrar os Volturi, mas sabia que eles logo saberiam como me encontrar.

E eu estava certa.

Vi um vulto se mover ao meu lado. Tentei ver quem era, mas não consegui. Até que vi, bem a minha frente na estrada, ela, a mesma garota que estava no meu aniversário. Jane. Instintivamente apertei os freios. Os pneus riscaram o asfalto, mas a moto parou bem em tempo, evitando bater na, aparentemente, frágil menina. Um sorriso imperceptível surgiu em seu rosto, como se zombasse de mim. Ela se virou e correu. Devagar demais para uma vampira, rápida demais para uma humana, e eu soube que ela queria que eu a seguisse. Respirei fundo. Dei partida novamente e a segui. Não sabia aonde iríamos, mas não poderia questionar (nem que quisesse, ela estava a quilômetros na minha frente.), eu me propusera àquilo, então iria enfrentar.

Mais cedo do que eu imaginei ela parou, aguardando que eu me aproximasse, e se embrenhou na floresta. Desliguei o motor e desmontei, não poderia entrar naquele mato fechado com a moto, então teria que seguir a pé. Talvez fosse só uma emboscada para que eu não caísse na tentação de fugir, mas isso seria impossível. Fugir significava permitir um ataque aos Cullen e era justamente o que eu queria evitar. Em uma atitude talvez inútil, levei a moto até a orla da floresta e a escondi. Bem, pensei após cobri-la com alguns galhos, ninguém a roubaria. Ri nervosamente do meu pensamento fútil. Ouvi galhos se partirem, alguém estava impaciente. Virei-me para seguir o destino que havia escolhido.

Andamos por pouco tempo, pelo que me pareceu, e saímos em uma clareira imensa. Reconheci das lembranças de Nessie. Contudo, parecia vazia desta vez, exceto por um grupo do outro lado. Eram seis: os três mais velhos, Aro, Marcus e Caius, um cara tão grande quanto Emmett que eu não me lembrava o nome e o irmão de Jane, Alec.  Jane já se reunira a eles. Estranhei a falta de pessoas, talvez eles achassem que era algo mais pessoal desta vez. Andei até o meio da clareira, de modo que eles pudessem me ver e eu os pudesse ver. Meu coração batia calmamente, embora eu me sentisse nervosa. Suspirei. Uma brisa perpassou a clareira e o céu escureceu em um aviso de chuva. Percebi que alguns suspiravam pelo perfume de meu sangue. Aguardei.

- Você veio só. – constatou o vampiro que estava no meio. O reconheci como sendo Aro. – Estou curioso, embora não surpreso. Porque você deixou a segurança do seu... lar?

- Não queria expô-los a mais perigo por minha culpa. – eu disse calma. Não tinha medo deles. Bem, só um pouquinho, mas eu já lidara com coisas ruins uma vida inteira, então aquilo não era problema. – O problema sou eu. Eu sou a ameaça ao seu segredo. Me mate então, mas deixe os Cullen em paz.

Aro me analisou lentamente. Parecia realmente intrigado comigo, como se eu fosse uma obra de arte num museu. Aquilo me deixou levemente irritada. Um raio cortou o céu.

- Interessante. – ele disse se aproximando de mim e me analisando. – Você é uma humana peculiar, tanto quanto a anterior. – ele continuou se aproximando de mim. Sabia que ele se referia a Bella e de quando ela era a “humana dos Cullen”. Me irritei com isso também e outro raio cortou o céu. Aro pareceu notar essa coincidência. – Você sabe que iremos matá-la não é?! – fiz que sim com a cabeça, embora meu coração tenha acelerado levemente ao ouvir aquela afirmação vinda dele. Ele sorriu diante disso, mas não comentou. – Contudo, você me intriga e eu gostaria de saber um pouco mais antes desta inevitável... tragédia.

Ele estendeu a mão para mim e eu soube o que ele queria, já que os conhecia bem pelas lembranças de Nessie. Queria ver minhas lembranças, queria conhecer sua vítima porque eu era... interessante. Um raio cortou o céu seguido de um trovão intenso, mas Aro não hesitou. Continuou com a mão estendida pra mim, e mesmo hesitando um pouco, eu o toquei.

Sua pele dura e fria não amenizou o calor que envolveu meus dedos. Eu vi toda a minha vida passar por mim, como num filme. Meu aniversário com Nessie, o dia que conheci Seth, quando encontrei Nessie em Forks, quando fugi do orfanato, Nessie me dizendo que mudaria, o dia que a conheci, meus momentos sozinha no orfanato, o dia em que cheguei lá há muito tempo...

Não! Uma voz disse em minha cabeça, ele não pode ver isso, ele não pode conhecer meu segredo! Tentei afastar minha mão dele, mas ele a segurou. Seus olhos exibiam a mais cruel curiosidade. Ele veria até o fim. Fechei os olhos e as lágrimas rolaram pelo meu rosto antecipando o que eu veria, o que eu tanto quis esconder.

Lá estava, a casa de meus sonhos, minha casa. Minha mãe estava na cozinha e uma criança brincava na sala. Uma vela caindo, fogo nas cortinas, gritos. Mamãe tirou a criança de casa e voltou, papai estava preso no porão. A pequena criancinha assistia tudo sem se mover, o fogo consumindo sua casa, sua família, sua vida...

Sem que percebesse, caí de joelhos. As lágrimas jorravam de meus olhos enquanto uma fina garoa caia. Aro me soltara e se afastara lentamente, de volta ao grupo.

- Então esta é a questão, culpa. Você não quer que a história se repita não é? – continuei caída, chorando, enquanto ele expunha meu segredo. – Você matou sua família em um acidente e não fez nada para ajudar a socorrê-los. Por isso está ajudando os Cullen agora. Você os considera sua família.

Seu tom, embora desprovido de emoção, exibia certo desprezo. Uma raiva saltou de mim como um animal enfurecido, não me admirava que os trovões tivessem se tornado mais intensos. Levantei com um pouco de dificuldade e não impedi que as lágrimas continuassem caindo, se misturando com a chuva.

- Você diz isso porque não sabe o que é ter uma família de verdade. Você tem inveja de Carlisle porque nunca terá o que ele tem. Você tenta a todo custo impedi-lo e frustrá-lo, mas você é o frustrado aqui. Você é um ignorante Volturi, porque nunca terá isso, o amor de uma família! – eu sabia que estava cruzando uma linha proibida, mas não me importava, ia morrer mesmo. Mas não deixaria aquele branquelo idiota zombar da minha família. Jane me olhava assassinamente e eu senti pontadas de dor no corpo. Contudo, Aro não mudou sua expressão enquanto eu falava. – Eu não ligo para o quê você diz. Eles são minha família, são tudo que tenho e eu não vou permitir que você faça qualquer mal a eles.

- Você não está em posição de barganhar, humana. – disse um dos vampiros que reconheci como Caius. – Você vai morrer hoje.

Encarei o vampiro intensamente. Espera aí, ‘hoje’? Mas era óbvio, como eu não tinha percebido antes!

- Foram vocês! Vocês provocaram a parada cardíaca do Charlie. Vocês quase atropelaram Nessie duas vezes. Vocês vêm tentando fazê-la se revelar pra mim só pra ter um motivo para atacá-la! – eles nem se mexeram diante das minhas afirmações, o quê só as tornava mais verdadeiras. Respirei fundo tentando me acalmar. Aquilo era desprezível. – Mas não importa mais. Sim eu vou morrer mesmo, mas não há nenhum motivo para vocês atacarem os Cullen depois disso. Eu sou o único problema. Me matem e poderão voltar a Itália tendo cumprido sua justiça.

Os três mais velhos se entreolharam. Até a cara entediada de Marcus se modificou um pouco. Eu estava certa. Se eles me matassem, não haveria mais nenhuma punição severa aos Cullen, a não ser um misero alerta. Sorri em triunfo. Eu os salvaria.

- Está certo humana, vamos acabar logo com isso então. – disse Aro levemente irritado, mas sem deixar de sorrir com o assassinato que ocorreria. – É uma pena. Você seria uma ótima adição ao nosso grupo.

- Não estou interessada, obrigada. – disse com desdém. Ele riu.

- Que pena. Então, Felix, tenha a bondade de acabar com essa questão. E seja rápido, não queremos que ela sofra.

O grandão forte sorriu sadicamente e veio em minha direção, eu o vi durante pouco tempo, até ele tomar velocidade e fechei meus olhos, seria rápido. Adeus Nessie, pensei, aguardando o impacto.

Mas ele não ocorreu.

Ao invés disso ouvi outro impacto no ar e o som de um rosnado conhecido. Abri os olhos, temerosa, e o que vi fez meu sangue gelar. La está um inconfundível lobo cor de areia. Seth, meu Seth estava lutando com o vampiro grande chamado Felix. O vampiro agarrara Seth e o jogara no chão, produzindo um estrondo pavoroso. Eu não podia suportar ficar ali assistindo. Corri em direção a luta, decidida a acabar com aquilo, mas um abraço quente me impediu. Percebi quem era antes de ver.

- O quê faz aqui? – perguntei desesperada. Olhei para os lados e vi todos os Cullen ali, além dos Quileutes, liderados por Jake e Sam, e alguns dos vampiros amigos de Carlisle. Eles formaram uma linha defensiva a minha frente, como uma barreira. Aquilo afundava todo o meu plano de proteger os Cullen se eles estivessem ali para me proteger.

- Viemos te proteger, sua ingrata! – disse Nessie. Parecia aliviada em me ver, mas também muito irritada.

- Nessie, eu não posso permitir que vocês...

– Se sacrifiquem? Você é parte da família agora e vamos te proteger! Não importa o que tenha acontecido no seu passado, aqui e agora você é uma Cullen! – Aquelas palavras me fizeram paralisar e olhar pra ela incrédula e temerosa.

- Você o-ouviu a...

- Bem, tenho super audição né! – disse envergonhada, se desculpando. – Mas não importa. Eu te conheço Nat, você não é assassina, nada daquilo é culpa sua!

- Mas... – como eu a faria entender que era culpa minha?! Que eu causei o incêndio que matou meus pais, que eu sai de casa e não voltei para ajudar minha mãe, que eu não fiz nada para protegê-los...

- Pare de se torturar, Natasha. – disse Edward se aproximando. Ele me abraçou também e senti parte do peso que carreguei até ali se dissipar naquele abraço paternal. – Foi acidente e é passado. Ness tem razão, não vamos te abandonar. Você é parte da família agora!

E ali estavam eles. Todos os Cullen reunidos para me salvar, mesmo que isso significasse a destruição deles. Uma lágrima rolou por minha face. Eu não suportaria perdê-los. Nessie bateu no meu braço, embora tivesse se contido, foi capaz de me provocar um roxo, e disse severamente.

- Nunca mais fuja de mim ouviu, Natasha Alice Cullen!

O som de meu novo nome despertou algo em mim. Como eu poderia abandoná-los? Como não pensei na dor que infligiria a eles se morresse? Sim, eu fora meio egoísta, mas não podia suportar vê-los morrer por mim. Mas eles não se importavam. Ali estavam eles, me protegendo. Abracei Nessie fortemente e ela correspondeu. Pude ouvir um soluço abafado vindo dela.

- Desculpe minha irmã.

Um rosnado interrompeu nosso momento e me virei em tempo de ver Felix ser arremessado longe. Ele pareceu furioso com isso, mas Aro o conteve e Seth voltou para perto de mim. Estava cansado, e provavelmente ferido, mas ainda assim lambeu meu rosto, e aquilo ascendeu em mim nova esperança.

- Carlisle, que prazer revê-lo. – disse Aro sorrindo. Ele deveria estar mesmo feliz de agora ter um motivo para atacar os Cullen.

- Olá Aro. É uma pena não poder dizer o mesmo. Não quando você insiste em atacar a minha família.

- Sinto muito, mas conhece as regras Carlisle, não podia contar nosso segredo a uma humana...

- Não contamos. – interrompeu Esme. – Ela descobriu sozinha.

- Mesmo assim. – respondeu Caius. Marcus ao seu lado voltou com a cara de tédio de antes. – Vocês sabem que nenhum humano deve conhecer o nosso segredo.

O ar ficou pesado. Senti Jasper gemer diante da tensão no ambiente. Eu não podia permitir que algo acontecesse a eles, mas também não queria que sofressem por mim. Então a solução veio a mim como raios em uma tempestade. Era simples, embora...

Alice me olhou exasperada, ela vira minha decisão, assim como Edward.

- Nat...

- Por favor, é o único jeito, pai. – eu não pretendia dizer aquela última palavra, mas foi inevitável. Vi seus olhos surpresos e comovidos, e ele não disse nada.

- Eu tenho uma opção. – disse em voz alta. Saí de atrás da barreira dos vampiros e lobos. Seth rosnou e me seguiu, assim como Nessie. Sentia que eles não me deixariam nem que eu implorasse. Aro pareceu aguçar sua atenção. – E se eu... Se eu me tornasse parte do segredo?

Seth rosnou mais alto, assim como Jake. Eles sabiam o quê aquilo significava, embora eu não tivesse pesado o que seria para eles. Será que Seth me perdoaria?

- Você diz se tornar uma de nós? – perguntou Aro com vivo interesse.

- Sim. Se eu me tornar uma vampira, serei obrigada a guardar um segredo meu não é?! – Seth rosnou de novo, embora agora o motivo não fosse claro, já que ele olhava avidamente para o outro lado, onde Felix também o encarava. Aro parecia alheio a isso e avaliava minha proposta.

- Acho que isso seria possível... – disse lentamente.

- Ótimo! Então quando o fizermos avisaremos. – disse Alice com um falso entusiasmo. – Eu posso garantir que ocorrerá.

- Sinto muito, cara Alice, mas já vivi essa história antes e olhe só no que deu. – Ele apontou para Nessie que fez uma careta. – Prefiro garantir isso por mim mesmo, se ela tiver a bondade de vir até aqui.

Todos se mexeram ao mesmo tempo para me impedir, mas eu levantei os braços, fazendo com que se acalmassem.

- Está tudo bem. – eu disse.

- Natasha, pense melhor. É uma decisão séria. – disse Carlisle meio exasperado.

- Eu sei, vovô! Mas já me decidi. – e sorri diante de sua expressão surpresa pelo “vovô”. Eles não estavam tão acostumado a ouvir aquilo de mim, tanto quanto eu de dizer.

Jake bufou em uma orelha minha. Eu ri por causa do arrepio que me deu.

- Ainda vai gostar de mim mesmo que vire uma pedra de mármore? – ele rosnou baixo e eu interpretei como um sim. Senti outro bufar na minha outra orelha e dessa vez o arrepio foi mais intenso. Encarei aqueles negros olhos de Seth, pedindo que eu não fizesse aquilo. – Não há outro jeito, eu preciso. – ele ganiu tristemente e eu o abracei pelo pescoço. Senti seu pelo arrepiar ao meu toque. – Desculpe Seth.

Afastei-me deles e me dirigi aos Volturi. Podia sentir a aura de excitação que saia dali, principalmente de Aro. Já estava no meio da clareira quando Jane interrompeu minha caminhada.

- Espere. E o outro crime dela?

- Outro crime? - Ouvi Carlisle perguntar, curioso.

- Ela desrespeitou Aro! Isso já é o suficiente para provocar sua morte! – ela parecia uma fanática falando. Aro, porém, fez um sinal em desdém.

- Oras Jane querida, tenho certeza que isso pode ser resolvido com um acordo. – disse maroto virando-se pra mim com um sorriso. –Acho que a senhorita não se importaria de pagar essa pequena falta com alguns anos na Itália.

Foi quando eu entendi. Ele estava me usando. Queria que eu me tornasse uma deles, pois via em mim algum poder que ele queria. Nessie me falara que ele tentava recrutar papai e Alice há anos. Ele me encarou lentamente e eu fiz que não, sem hesitar. Ele suspirou.

- Sendo assim, acho que não há alternativas. Felix?!

Foi a deixa que estava esperando. Felix se deslocou, mas ao invés de vir a mim, ele ia em direção a Nessie e Seth. Foi rápido, e eu não pensei. Um grito, dor, rosnados. E eu estava no chão da clareira... sangrando.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam desse capítulo? Tenso demais? E o passado da Nat, alguém imaginava isso? Espero que tenham gostado e comentem muito! Como eu disse, estamos chegando ao fim e ainda teremos algumas surpresinhas! =)
Desculpem mesmo a demora, espero ter compensado!
Beijos e até o próximo!