Moonshine escrita por Carool Black


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Capítulo grandinho! hehe Não aguentei e tive que postar logo pras leitoras curiosas! :) Divirtam-se!



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*Natasha PDV*

Era realmente bom desabafar com Alice. Depois de Nessie, era com ela que eu realmente me sentia a vontade. Era como a irmã mais velha que nunca tive! Saí do banho e a avistei saltitando pelo corredor. Ela ia em direção ao seu quarto, provavelmente para trocar de roupa para o jantar. Eu a segui e perguntei se podia falar com ela. Contei tudo a ela, desde a chegada a La Push até tudo o que eu senti. Ela me ouviu com atenção e compreensão. 

- Você entende agora Alice, é o Jacob, o Jake da Nessie. Acho que me apaixonei por ele. Você entende a gravidade? Nem sei como aconteceu! Foi como se tudo tivesse sumido e eu só ligasse pra ele. Ele e mais ninguém no universo. Ninguém mais... - suspirei. Alice ainda me encarava compreensiva. - Mas eu ainda podia ver Nessie ali. Por mais que eu enxergasse Jacob eu via Nessie ao lado dele. Isso me incomodava, mas me aliviava. Eu não entendo Alice!

Alice me observou com paciência e calma. Seus lindos olhos cor de topázio me fitavam curiosos. Eu admirava a beleza dela tanto quanto admirava a de Nessie. Ela tocou a minha mão, sua mão estava fria mesmo com a luva, mas eu não liguei, foi como se aliviasse algo em mim, e simplesmente me perguntou.

- Você já falou com Ness sobre isso? - fiz que não com a cabeça. A verdade é que eu tinha medo de confessar tudo a Nessie e ela ficar com raiva. - Pois devia. Eu acho que você se sentiu atraída pelo Jacob, mas só isso. O problema é que você se sente culpada por ele ser... como você disse, o Jake da Nessie! - Olhei admirada pra ela. Fazia todo o sentido. Sorri pra ela e ela retribuiu.

- É, acho que vou fazer isso mesmo. Obrigada Alice! - ela sorriu mais radiante. Parecia uma ninfa da floresta. Foi então que o senhor Cullen, pai da Nessie, apareceu na porta com cara de desespero.

- Rennesme sumiu.

Congelei e senti meu coração parar. Como assim sumiu? Levantei de um salto e fui para a sala. Todos estavam reunidos lá e pareciam preocupados. A senhora Cullen apareceu pela porta da cozinha com uma cara que parecia prestes a chorar a qualquer instante.

- Eu liguei para Jacob e ele disse que não a viu desde que Edward foi buscá-la. Ele está procurando por ela em La Push e vai vir direto pra cá depois.

- Onde será que ela pode ter se metido! Ela estava tão bem!

Ouvi a tia de Nessie, Rosalie, dizer aquilo com pesar e eu engoli em seco. Será que ela percebeu o que eu senti por Jacob? Ou pior, será que ela tirou conclusões erradas sobre algo? Não podia ser, Nessie não era assim, então não fazia sentido. Ficamos ali na sala esperando notícias de Jake. Todos discutiam o possível paradeiro dela. Eu nem sequer prestava atenção. Eu sentei a um canto e pus-me a pensar, o que será que aconteceu com Nessie? O senhor Cullen, às vezes, me lançava alguns olhares de esguelha, como se quisesse ler os meus pensamentos em busca de pistas. Jacob entrou sem nem pedir ou anunciar. Estava só de shorts e ofegava levemente. Eu sinceramente não me incomodei com a visão dele sem camisa, apenas senti um ligeiro desconforto. Estava muito mais preocupada com Nessie. Realmente, ela era mais importante pra mim.

- Não a vi em lugar nenhum. Vocês não sabem mesmo aonde ela possa ter ido? - perguntou preocupado. Parecia à beira de um colapso assim como a senhora Cullen.

- Pior que não sabemos. Ela deve ter se escondido em algum lugar. - o Dr. Cullen, avô de Nessie, começou a argumentar, mas eu já não o ouvia mais. Pensava onde ela poderia estar. Ela me mostrou cada canto dessa cidade. Com certeza fora para algum lugar que... Um estalo veio a minha mente. Sem nem parar para pensar direito corri pra fora da casa. Como eu não pensei nisso antes?! Ignorei os Cullen que me chamavam, ignorei até mesmo Jacob. Eu sabia onde ela estava e eu iria atrás dela.

*Rennesme PDV*

As lágrimas rolavam livremente pela minha face. Corri para fora de casa sem nem notar pra onde ia e, incrivelmente, meu subconsciente me levara para o lugar que eu mais me lembrava de Nat. Era um ponto de ônibus caindo aos pedaços que ficava a beira da estrada para La Push. Parecia muito o ponto onde eu e Nat esperávamos juntas pelo ônibus da escola. Sentei-me ali e chorei como nunca antes chorara. Não sabia o que me entristecia mais, se o fato de ela gostar do Jacob ou porque não ligava mais pra mim. Eu que sempre fora sua melhor amiga, sua estrela guia. Olhei para o céu. As nuvens anunciavam uma tempestade, mas a lua continuava ali brilhante e linda. Ao seu lado uma única estrela, pequena, mas perceptível. As lembranças invadiram minha mente antes que eu pudesse evitá-las.

#FLASHBACK DA NESSIE#

A lua brilhava no céu e podíamos ver todas as estrelas possíveis. Era uma das vantagens de se morar no fim do mundo, poder ver as estrelas perfeitamente. Eu e Nat estávamos sentadas ali no ponto de ônibus a algum tempo. Às vezes gostávamos de fazer aquilo, ir para o ponto e observar as estrelas. Ninguém nos incomodava porque a estrada já era vazia, de noite parecia um cemitério. Era assustador e engraçado. Eu mostrava para Nat as constelações Quileutes que Jacob me ensinara a identificar. Cada uma tinha sua história e eu contava todas para Nat. Ela era uma ótima ouvinte.

- Aquela ali é a minha favorita! - eu apontei para a constelação ao leste. - Se chama Lupus, que é lobo em latim.

Nat riu. Eu contara a ela sobre a descendência do Quileutes. Ela adorara a história, gostava de mistérios. Depois de um tempo, virou-se para mim e me encarou com aquele olhar brilhante dela.

- Sabe qual é a constelação que eu gosto? - fiz que não com a cabeça e ela apontou para o céu. Olhei, estranhando logo de cara.

- Uma panela? - ela riu com gosto.

- Sim a panela! Ela se chama Ursa maior. - fiz cara de espanto e entendimento. Eu já ouvira falar dela. - E aquela ali, que parece uma frigideira é a Ursa menor!

Olhei para as constelações que ela me mostrava. Se você usasse sua imaginação veria mesmo as ursas. Olhei confusa para Nat. Porque ela gostava daquelas constelações exóticas? Ela pareceu ler minha mente, pois encarou o céu e começou a falar.

- Sabe Nessie, eu me lembro muito pouco sobre os meus pais já que era pequena quando eles morreram, mas o pouco que lembro eu faço questão de guardar e relembrar pra nunca esquecer nenhum detalhe. Uma dessas minhas lembranças é da minha mãe. Não sei quantos anos eu tinha, mas me lembro de estar sentada no colo dela na varanda de uma casa, ela estava em uma cadeira de balanço e me mostrava às estrelas. Era uma noite linda como a de hoje.

Ela não parava de encarar o céu estrelado e eu estava hipnotizada pela história dela. Era sempre assim quando ela resolvia me falar de seu passado. Seu olhar começou a ficar imerso em uma melancolia que eu nunca vira nela. Ela suspirou e continuou.

- Ela me disse que aquela constelação, a da ursa maior, era ela porque a mãe dela sempre disse que ela era forte e esperta como um urso. - Nat sorriu. O sorriso mais triste que eu já vira. - Eu disse a ela que se ela era a ursona eu era a ursinha, a ursa menor sabe. Ela fez que não pra mim e disse que a ursa menor era o meu pai porque ele era pequeno e fofo como um ursinho. E porque, por mais que eles estivessem de costas um pro outro, nunca se separavam. –ela voltou a sorrir com tristeza pela lembrança. - Eu emburrei e perguntei "então quem eu sou?". Ela riu pra mim. O sorriso mais lindo do mundo Nessie, parecia o sol saindo de trás das nuvens em um dia chuvoso.

Nat deixou de sorrir e eu vi em seus olhar uma expressão que nunca vira antes e que talvez nunca mais voltasse a ver, a dor da perda. Pela primeira vez eu sentia o quanto ela era só. Houve um silêncio até que ela deu um sorriso torto e apontou pro céu. Olhei para onde ela apontava. Ela mostrava a lua cheia.

- Minha mãe disse que eu era aquela ali, a mais brilhante do céu e a mais bonita. Eu apontei pra ela aquela estrela ali, a pequenina ao lado da lua e disse que aquela ali seria a minha irmã, a que ela e papai me dariam um dia. Ela seria a minha melhor amiga e sempre estaria do meu lado e eu do dela, como a lua e aquela estrela que nunca se separam. - Nat desviou o olhar do céu e encarou seus pés. Suspirou triste. - Minha mãe estava grávida de 2 meses e meio quando morreu. Eu ia chamar a minha irmãzinha de Estela, para fazer uma referência às estrelas. Mas eu nunca pude... iluminar a noite pra ela, como a lua.

Nat nunca me dera detalhes do que acontecera com sua família, e eu nunca perguntara. Era a primeira vez que ela me falava de seus pais e da morte deles. Fiquei chocada com a informação. Nat não era apenas uma órfã, ela perdera toda a família, toda a vida, toda a esperança. Os olhos dela estavam marejados. Ela nunca chorava na minha frente, sempre se fazendo de forte pra mim. O silêncio pairava entre nós e eu não sabia como quebrá-lo, não sabia como a consolaria. Ela continuou encarando o chão até que, finalmente, ergueu a cabeça e olhou novamente para a lua. Não havia mais nenhum resquício de lágrimas em seus olhos.

- Sabe Nessie, a lua sempre foi a minha melhor amiga todos esses anos que eu não tive ninguém. Toda noite eu pedia a ela que mandasse a minha estrela pra eu poder iluminá-la, pra eu não ficar mais sozinha, a minha... irmã. E sabe de uma coisa, ela me atendeu. - ela se virou pra mim com aquele sorriso que eu sempre adorei. - Ela me mandou você Nessie, minha estrela guia. É por isso que você é tão especial pra mim!

Meus olhos marejaram e a abracei. Não consegui me conter, chorei sem medo ou vergonha. Eu realmente não poderia perder Nat, não poderia perder minha luz da noite, meu brilho da lua.

#FIM DO FLASHBACK#

Eu ainda chorava sem me importar. Porque ela fizera aquilo comigo? Ouvi passos se aproximando. A noite estava escura e eu só podia ver até uma pequena distância que era iluminada pela lua cheia no céu. Eu reconhecia aquele aroma. Antes que eu pudesse reagir, alguém surgiu das sombras. Era ela, Nat. Estava ofegante e vermelha, parecendo que havia corrido até ali. Não a culparia por estar cansada, eu estava muito longe de casa, pois não queria ser ouvida pelo meu pai. Mas sinceramente, eu não estava ligando. Ela respirava fundo tentando recuperar o fôlego. Aproximou-se de mim com cuidado e se sentou ao meu lado, um pouco distante. Ficamos em silêncio por um tempo, mas ela não agüentou e falou primeiro.

- Nessie... Eu sei que você ouviu minha conversa com Alice e eu posso explicar...

- Não, você não pode. - eu disse entre os dentes, contendo um rosnado. Tentava a muito custo não explodir. - Eu sei exatamente o quê se passa Natasha. Você gosta do Jacob e daí? VOCÊ ME TROCOU PELO MEU JACOB! - explodi. Não conseguia mais segurar aquela dor dentro de mim. Sentia-me traída e abandonada por ela. Levantei-me impaciente. Ela me olhou espantada e riu nervosamente.

- Você não está entendendo Nessie! Não é nada do que você está pen...

- É EXATAMENTE O QUÊ EU ESTOU PENSANDO! VOCÊ SE APAIXONOU PELO JAKE, NÃO PRECISA MAIS DE MIM! QUER SABER... eu também...não preciso mais de você!

Aquilo doeu. Doeu demais e o pior, era mentira. Eu precisava de Nat tanto quanto ela precisava de mim, embora não soubéssemos bem o motivo, mas eu queria que ela sentisse uma ponta da dor que eu sentia por ela estar me deixando pelo Jake. Ela me olhou surpresa e eu pude ver a dor que ela também sentia. Abaixou os olhos e disse em uma voz mecânica, sem vida.

- Tudo bem. Eu sabia que você não iria mais me querer na sua vida depois disso. Eu aceito isso. - ela se levantou e veio em minha direção. Dei um passo pra trás. – Mas, por favor, Nessie volte pra casa, estão todos preocupados com você, inclusive o Jacob.

Eu apenas me afastava cada vez mais. Então era assim fácil, ela admitiria e iria embora? Eu nunca mais a veria de novo? Meu coração parou e eu me senti fria e sem vida. Uma nuvem passou em frente a lua a cobrindo e tudo ficou escuro. Um trovão cortou o céu. Eu não via mais Nat. Acho que nem se houvessem holofotes eu não a veria, minhas lágrimas não permitiam. Mas eu podia sentir ela se aproximando de mim, seu cheiro humano tão característico pra mim chegando perto. Eu me afastava cada vez mais dela.

- Por favor, Nessie, venha. Faça isso por mim... pela última vez.

Eu chorava compulsivamente. Última vez? Última? Não conseguia pensar direito. Já estava no meio da estrada sem nem perceber.

- Nessie sai daí! - seu tom foi urgente e autoritário. - Saí daí agora!

- VOCÊ NÃO É MINHA IRMÃ PRA MANDAR EM MIM! - saiu sem querer e por um instante ela paralisou, em choque. De repente gritou.

- RENNESME CUIDADO!

Foi rápido. Olhei para a estrada. Lá vinha um carro em alta velocidade com os faróis acesos. Não consegui reagir a tempo. Senti Nat se jogando em minha direção e me empurrando para longe. Caí de costas no asfalto e bati a cabeça, mas pude ouvir um barulho de batida. Fiquei levemente tonta e olhei ao meu redor. Estava tudo escuro. O carro já se distanciava. Senti um cheiro agradável no ar. Minha garganta ardeu involuntariamente.

- Natasha? - eu chamei insegura.

Uma garoa fina se iniciou e a nuvem saiu da frente da lua que iluminou um pouco a noite escura. Antes não tivesse iluminado, o que vi gelou meu coração. Ali na estrada, rodeada por uma pequena poça de sangue, estava Nat. Corri até ela e a peguei nos braços. As lágrimas que cessaram com o susto voltaram com toda força.

- Nat fala comigo! Por favor, Nat não faz isso comigo!

Ela entreabriu os olhos fracamente. Sorri pra ela feliz por saber que ainda estava viva.

- Nes... sie...- ela tinha dificuldade em falar e parecia fraca. O sangue não parava de sair de um ferimento feio em sua cabeça e vário outros arranhões que eu nem olhei direito.

- Não fala! Eu vou levar você pra casa, Carlisle pode ajudar!

- Me... des...culpe Nessie...eu nunca...quis fazer você...sofrer. Foi sem... sem querer. – ela suspirou e fez uma careta de dor.

- Eu sei Nat, não importa! Só, por favor, fica comigo.

- Eu não... gostarei mais dele...é passageiro...eu nunca te trocaria...por mais ninguém...eu juro.

Minhas lágrimas ganharam força assim como a chuva. Ela batia em meu rosto e no de Nat que ainda conseguiu sorrir. Ela tocou meu rosto e disse num sussurro.

- Eu...amo você...minha estrela...irmã! - seu sorriso afrouxou sem desaparecer e seu braço pendeu molemente.

- Não Nat, por favor....ACORDA NAT!

Eu não sabia o que fazer. Eu não queria perdê-la, não podia perdê-la. Não daquele jeito. Respirei fundo e tomei uma decisão. Eu a carregaria até um hospital. Até a lua se fosse preciso. Eu já fizera aquilo antes, quando ela me salvara da primeira vez quando nos reencontramos em Forks. Peguei seu corpo inerte nos braços, ajeitando para que não caísse, e corri. Mais rápido que uma humana, mais lenta que um vampiro. Esperava que fosse suficiente. Pensava a todo instante em meu pai, pedindo desesperadamente socorro, esperando que ele ouvisse meus pensamentos. De repente algo irrompeu do nada. Era um lobo enorme, todo molhado pela chuva, com o pêlo castanho-avermelhado. Jacob. Ele me encarou e depois encarou Nat no meu colo. Olhou-me confuso, como que perguntando "o quê aconteceu", ou pior, "o quê você fez?"

- Não dá tempo de explicar Jake, você tem que levá-la até a minha casa o mais rápido possível! – eu a ajeitei sobre os ombros largos dele de modo que não caísse. Como lobo ele era mais rápido. Ele me olhou inseguro. Acho que queria que eu fosse com ele, afinal eu que era a sumida. - Eu vou logo atrás de você, mas vá rápido!

Ele me deu uma última espiada, não podia me contrariar, e correu. Rápido e cuidadoso para ela não cair. Observei até eles sumirem de vista e cai de joelhos. Voltei a chorar com força. Olhei para o céu escuro e sem estrelas, e lá estava ela, a lua. Gritei a plenos pulmões sem saber por que, mas sem me importar, apenas querendo desafogar a angustia e o desespero que se alojara em mim.

- POR FAVOR, NÃO DEIXA A MINHA LUA PARAR DE BRILHAR!

E continuei ali, chorando. Pela primeira vez senti que realmente tinha 6 anos de idade.


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Notas finais do capítulo

Escrevi essa cena ouvindo "When you're gone" da Avril Lavigne. Juro que quase chorei! Espero sinceramente que tenham gostado, please, mandem reviews! :) Um beijos e até o próximo!



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