Droga, já era de manhã. Eu mesmo com os olhos fechados podia perceber isso, pois os raios do sol que entravam pela janela iluminavam o quarto. Eu comecei então a tatear a cama, ainda de olhos fechados, tentando encontrar o corpo de Light, mas estranhei quando cheguei a borda da cama e não encontrei ninguém. Será que Light havia caído da cama novamente? É que isso já havia ocorrido semana passada, eu acordei e o encontrei dormindo no chão ao lado da cama.

Abri os olhos para verificar. Nada. Comecei a olhar em volta.

-Light... Light...- Mas não o encontrava.

Percebi nessa hora que estava faltando um edredom. Depois sou eu que não dormia direito na cama!

Me levantei e me vesti, calcei os chinelos e sai do quarto para procura-lo. Não precisei andar muito, pois foi só chegar a porta da sala que avistei o edredom enrolado no sofá. 

-Parece que não sou só eu que não consigo ficar na cama.- Mas ele não me respondeu.

Filha da mãe! Quer dizer que ele me puxava para a cama e depois vinha dormir no sofá, e ainda por cima não me respondia? Mas ele ia pagar.

Eu fui correndo e dei um pulo no sofá, em cima dele. Mas o edredom afundou.

-Light?- Eu disse, revirando o edredom, mas ele não estava lá.

Será que ele resolveu brincar de esconde-esconde? Mas se eu acho ele, ele vai me pagar!

De repente um cheiro delicioso encheu minhas narinas.

-Hum... cupcakes.- Light sabia que eu adorava cupcakes.

Mas... será que ele resolveu cozinhar? Ele nunca fez isso antes, será que ele estava querendo me agradar por ter feito algo errado? Como as crianças que elogiam a mãe para depois contar que quebraram o seu vaso? Isso era muito estranho.

Eu fui até a cozinha. Da porta eu pude ver a bandeja de cupcakes de chocolate recem tirados do forno. O cheiro era maravilhoso. Mas o Light não estava lá.

-Tudo bem, eu desisto. Pode sair agora.- Mas a única coisa que ouvi foi a minha própria voz. Onde ele havia se metido?

Resolvi me aproximar da bandeja de cupcakes e pegar um, pois embora eles parecessem muito suspeitos, também pareciam estar deliciosos. Foi quando vi um bilhete ao lado da bandeja. Um bilhete escrito pelo Light.

"Dei uma saidinha.

Já volto.

Beijos

Light"

Ele saiu? Que estranho, ele não gostava de sair de casa, muito menos sozinho.

Eu peguei um dos cupcakes e mordi. Ele estava quente, tinham acabado de sair do forno, sinal de que Light também acabara de sair. Eu poderia ir atrás dele, mas se ele quisesse minha companhia teria me chamado. Então fui lentamente para a sala, meio desconfiado com a situação.

Sentei-me no sofá e liguei a TV. Não estava passando nada de interessante.

Eu olhava constantemente para os lados, para ver se Light havia chegado, confesso que estava ficando preocupado. Em uma dessas olhadas reparei que a cesta de maçãs que fica ao lado do sofá estava intacta. Onde será que Ryuk havia se metido? Não o via desde o mercado.

Tive meus pensamentos interrompidos pelo barulho da porta se abrindo. Light entrou com algumas sacolas na mão.

-Bom dia meu amor!- Ele estava alegre, alegre até de mais.

-Oi.- Respondi secamente.

Light largou as sacolas no chão e se aproximou. Parou em minha frente com a mão na cintura.

-O que foi? Não gostou dos cupcakes?

-Não é isso...- Eu disse mordendo mais um pedaço do bolinho.

-Então o que é?

-Por que você saiu sem me avisar?

-Porque você estava dormindo, e eu não queria te acordar.

-Aham...

Ele sentou-se ao meu lado.

-Nossa L, eu aqui na maior alegria e você assim comigo.

-Apenas não gosto quando você sai sem em avisar.- Eu disse olhando para a TV.

-Mas você não quer nem saber o porque da minha alegria?

-Se quiser falar...

Ele cruzou os braços e fez uma cara de bravo.

-Não, não quero mais...

Nossa primeira "briga", ficamos se nos falar um tempão... Pelo menos pra mim foram os cinco minutos mais longos da minha vida.

Eu o olhei com o canto dos olhos. Ele estava fingindo prestar atenção na TV.

-Ta, fala o motivo da sua alegria.

-Não quero!

Tava na cara que alguém iria ter que ceder, e eu o conhecia o suficiente para saber que não seria ele. Eu me ajoelhei no sofá e aproximei meus lábios de seu rosto.

-Ah Light, fala, por favor.

-Você está bravo comigo! Eu sai, comprar um bolo para nós tomarmos café e você ficou bravo comigo!

-Um bolo? De que? Morango.

-É.

Ah, vai Light, fala... Eu prometo não ficar mais bravo com você.

-Promete?

-Prometo... - E com uma das mãos virei seu rosto e beijei-lhe os lábios.- Me desculpa?

-E tem como não desculpar?- Ele agora sorria.

-Então, qual é o motivo da alegria?- Eu perguntei, escorando minha cabeça em seu ombro.

-Ryuk me ofereceu o Death Note novamente.

-O que?- Eu disse pulando do sofá.- Eu não acredito Light, eu não acredito!

-Mas eu recusei! Isso não é ótimo?

Isso foi uma surpresa. Ele recusou o Death Note? Será que ele realmente havia mudado?

-Light, eu estou... Estou muito orgulhoso de você.- Eu disse, me jogando em seus braços e o beijando.

-Fiz isso por você.

E de repente todas as preocupações que eu tinha a respeito do Light se evaporaram, agora eu confiava cegamente nele.

-É por isso que eu te amo.

-Será que eu não mereço um prêmio por isso?

-É claro que merece...- É comecei a beija-lo.