Para Sempre escrita por EnmaHilder


Capítulo 1
Capítulo único




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As folhas voavam enquanto o vento da tarde soprava pelas arvores. Entediada de tanto esperar, a garota de vestido branco rodopiava de um lado para o outro, parecendo ouvir a música que a natureza lhe provinha. Em sua face, um sorriso tranquilo nos lábios e as bochechas coradas. Seus braços abertos ao lado do corpo e os pés descalços no chão. Com os pés já doloridos de pisar em cascalhos, a garota senta encostada em um grande carvalho, protegendo-se do escaldante sol. A grande arvore parecia lhe acolher com suas raízes firmes, tornando-a ainda menor do que já era, como se quisesse lhe proteger da ira e da dor que em breve lhe inundariam.

Com a cabeça encostada ao tronco e a respiração arfante, a menina olhou para o lado, na direção da onde sons de passos pesados e rápidos provinham. Levanta-se em um pulo e, mais uma vez, abre um sorriso sereno, acreditando que a espera finalmente havia acabado.

Em meio as árvores na floresta, atravessando com passos rápidos e certeiros, um pequeno garoto de olhos azuis e cabelos loiros apareceu com lagrimas nos olhos. Suas roupas estavam surradas, com corte e rasgos aqui e acolá. A camisa, outrora branca, encontrava-se encardida. Vestia apenas um pé de sapato, o outro encontrava-se com uma meia que ostentava um furo no dedão do pé. Em sua bochecha direita, um corte superficial.

Enquanto o menino parou para respirar, tomar folego pela longa caminhada que teve e que sabe que ainda terá, a garota desmanchava o sorriso aos poucos. Cada passada de olho que dava pelo corpo de seu amigo, era uma lagrima que caia de seus olhos. Uma batida frenética de seu coração, até que um suspiro pesado e dolorido saiu de seus lábios róseos. Sem nem pensar, correu e abraçou o outro.

Não exigiu explicações ou se quer esperava uma. Somente olhando para o estado dele, já sabia o que havia acontecido.

Apertou os braços envolta do corpo menor com mais força, tentando passar o suporte e carinho que ambos precisavam naquele momento.

— Ele... – O menino falava entre suas respirações. – Eles o pegaram... – murmurou baixo, passando os dois braços pela cintura dela, deixando que as lágrimas finalmente caíssem de seus olhos. – Os malvados o pegaram...

As palavras proferidas por ele, fizeram o corpo dela se retesar, se encher de tensão. Tantos planos, tantas escolhas e caminhos que fizeram, e ainda assim... Não haviam conseguido.

— Venha... – ela pegou a mão dele, deu um aperto e inclinou um pouco o tronco, para que seus olhos estivessem na altura dos olhos do outro. – Prometi à ele que cuidaria de você. Se... – engoliu em seco, tentando fazer as palavras saírem. – Se algo lhe acontecesse, eu prometi que iria tomar conta de você... – Ergueu a mão livre e passou pela bochecha que não estava machucada dele, secando as lágrimas. Forçou um sorriso no rosto. – E é exatamente isso que vou fazer.

A garota queria gritar, chorar, xingar e berrar, mas não... Não agora. Agora não era o momento para deixar que suas emoções tomassem o controle novamente. Haveria hora e lugar para tal. A dor que ela sentia não podia se comparar com a dor do menino a sua frente. Ela seguraria, aguentaria por ele. Somente quando estivesse sozinha, a menina deixaria as lágrimas correrem livre, iria bater, iria amaldiçoar e esvaziar seu coração do pesar que estava se agrupando em seu interior.

O menino entendeu. Entendeu as intenções dela e não pode deixar de se admirar. Por mais que ele fosse seu irmão, era noivo dela. Ela o amava e era amada de volta, tanto quanto ele. O sorriso que ela dava, fez o coração dele se acalmar e, com o tempo, a dor que hoje ele sentia iria virar força, coragem e, acima de tudo, determinação.

Naquele momento, em meio as arvores, os ventos pararam de soprar. O sol já não mais jogava seus raios. A noite estava lá, cobrindo os rastros dos dois humanos, impedindo que qualquer um tentasse seguir os passos deixados para trás. E na terra, as lágrimas derramadas viraram gotas de esperanças, pois uma promessa não foi proferida, mas foi feita em ambos os corações.

Um dia voltaremos para busca-lo. Isso é uma promessa!”.

Nos anos seguintes, a menina e o menino sempre voltavam para o mesmo lugar, esperando que um dia seu noivo e irmão aparecesse e fosse embora junto com eles.

Isso nunca ocorreu.

Ele nunca veio. Mas eles nunca deixaram de aparecer e de derramar uma lagrima que marcava a esperança que eles possuíam de um dia voltar de mãos dadas com mais alguém.

 


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Notas finais do capítulo

Revisada dia 04/11/2019.



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