A Little Bit Longer escrita por Clara B Gomez Sousa


Capítulo 11
Primeiros sinais




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Eu fiquei com uma tosse seca do nada! Isso é, no mínimo, estranho. 

Mas, enfim, tive que ir para a enfermaria, com muita falta de ar, e voltei pra casa mais cedo. Minha mãe que me levou para casa. Ela apareceu na enfermaria uns 20 minutos depois que ligaram lá pra casa.

-O quê aconteceu? - Ela perguntou, ao me ver deitado na maca, com a camisa desabotoada até o tórax, dormindo, com uma máscara de nebulização. 

-Ele começou a ter tosse seca, depois ficou com falta de ar. - A enfermeira respondeu.

-Tipo asma? -Eu tinha asma?

-É. Ele tem asma?

-Que eu saiba, não...

-Eu acho que você deveria levá-lo no hospital. Isso pode ser sério.

-Ok. Obrigada. - Ela chegou mais perto da maca em que eu estava, e mudou o tom de voz para um tom doce - Justin?

Abri os olhos de leve, e ela sorriu para mim.

-Vamos, filho? - Assenti, e tirei a máscara, agradecendo. Fui embora com metade da camisa desabotoada mesmo, estava calor, então...

Ainda estava meio zonzo e sonolento, mas nada que uma mão no ombro da mãe não resolva. Atravessei o estacionamento daquele jeito. Ela estava maior que eu! E sem salto! Eu sou um anãããão!

-Como foi a aula?

-Legal. - Minha voz estava mais rouca que antes, e minha garganta estava queimando.

-Eu soube que você escreveu uma música nova. Por que não contou pra mim?

-Sabe que eu nem pensei em te contar? Sério, esqueci! - Esqueci que eu não podia forçar a voz, e isso me fez tossir umas três vezes. Não consegui falar mais nada depois disso.

Entramos no Porsche vermelho dela, e ela disse:

-Quer comer alguma coisa antes de irmos para o hospital? - Fiz um sinal negativo com a cabeça e ela ligou o carro.

Eu queria falar com ela sobre o Tio Freddie... Se você pensou que ela que tinha me contado, engana-se, eu vi na TV, no jornal da manhã. O que aconteceu foi que, quando terminei de arrumar minha mochila, percebi que eu estava uma hora adiantado.

Praguejei meio mundo por ter esquecido de mudar o fuso-horário do meu celular desde que tinha ido ao Hawaii, mas tudo bem.

Joguei-me no sofá e liguei a TV, bem baixinho. Estava dando jornal. Desenho é que não estava passando ás 6 da manhã, então fiquei por lá mesmo.

"Um dos soldados mortos em um ataque no Irã é tio do astro teen Justin Bieber" A âncora falou.

-O quê?

"Frederick Bieber, e mais sete soldados que estavam no Irã servindo, morreram ao serem atacados com uma bomba." O cara que estava ao lado dela continuou.

Levantei-me, e dei um passo á frente.

"De acordo com a polícia Iraniana, se tratou de um ataque terrorista."

Eu não estava acreditando. Tentei dar mais um passo, mas minhas forças cessaram, e eu caí de joelhos. 

-Isso é impossível! - Tentei abrir a boca para falar mais alguma coisa que contestasse, mas nisso apareceu uma cena de um scan da certidão de óbito (N/J: Escrevi certo?) dele, como mostram na tv.

Abaixei a cabeça, incrédulo, e localizando-me nos fatos. Queria dizer que ele morreu uma semana antes de voltar pra me ver, o que não fazia há quase cinco anos.

Eu não queria chorar, eu já tinha muitos motivos pra chorar, então seria como uma bola de neve, então eu tentei me segurar um pouco, e fui para a escola, abalado.

Aí quando cheguei, toquei a minha música, chorei pacas botando tudo pra fora, falei com a Sra. Duncan, ela chorou ouvindo a música, etc, etc, etc, e naquele momento estava com a minha mãe indo para o hospital.

Que bela história, não?

Brincadeira. De bela, pra mim, não estava tendonada. Meu tio favorito morreu, eu quase fui pra perto dele de tanto tossir, meu avô estava doente, eu estava doente...

Quando chegamos ao hospital, e eu abri a porta do carro, minha voz voltou um pouco.

-Mãe… - Falei, totalmente rouco. Ela olhou para mim, e eu prossegui:

-Você sabe que o tio Freddie morreu, né?

-Sei… – Ela respondeu, triste. Olhei para baixo, e ela disse:

-Eu sei que você gostava muito dele… - Muito é pouco! Foi ele quem me ensinou a andar de skate! – Olha, nós vamos essa semana para Stratford, para ver a Tammy. – Ela deu um beijo na minha testa. – Ok?

Assenti, de leve, nisso sentamos na sala de espera. Tinha uma TV de plasma enorme, e estava na BBC News. Ou seja, jornal o dia todo. E o destaque do momento eram os americanos mortos no Irã, sendo que um deles era tio do ”astro pop Justin Bieber”. Que porcaria...

Logo chamaram o pseudônimo que eu inventei na hora. Quer dizer, inventei não, coloquei Jason Deeps, que foi o meu personagem em Saturday Nights Live.

É sério, eu amei aquele papel! Foi hilário fazer o "Christmas Elf" (Elfo de Natal), como a Tina começou a me chamar por ter feito o garoto que ela se apaixonada no episódio.

Era isso ou "Little Bunnie of the garden". (Coelhinho no jardim). Comendo cenoura, ainda por cima! Resolvi escolher o elfo mesmo, era menos queima-filme. 

Imagina! Eu, numa festa "á rigor", mega chiquerésima, que a Tina foi convidada. Eu tô de um lado do salão, ela de outro. Só música clássica tocando! Aí ela me vê, e berra:

-LITTLE BUNNIE OF THE GARDEN! JUSTIN!

Pô, minha reputação já era! Alguém com o apelido de "coelhinho" tá ferrado socialmente!

Mas, voltando ao hospital...

Levantei-me junto com a minha mãe e fui para o consultório que um pequeno letreiro luminoso apontava. Logo ao abrir a porta, me deparei com uma moça loira, com cara de uns 20 e poucos anos. Ela, ao me ver, sorriu, e disse, simpaticamente:

-Bom dia!

-Bom dia! - Pattie respondeu. Eu não falei nada, mas apontei para a minha garganta, indicando que estava rouco. A doutora assentiu e se apresentou.

O nome dela era Lea Brooks. A primeira coisa que ela me pediu pra fazer foi tirar a camisa para ela usar aquele treco que vê os batimentos e a respiração... Estetoscópio! É, estetoscópio.

Fiquei todo vermelho quando entreguei minha camisa xadrez azul-marinha para a minha mãe, e a doutora riu.

-Calma, eu não quero ver seu tanquinho!

-Se é que eu tenho um... - Respondi.

-Claro que tem! Minha irmã tem um zilhão de fotos sua sem camisa.

-É? Eu fiz tantos ensaios sem camisa?

-Não exatamente. No Hawaii você fez algum ensaio?

-Não... Paparazzis... - Minha voz estava engraçada, eu estava rouquinho...

-Pegaram em cheio seu tanquinho. Não é de se jogar fora, hahaha... 

-Isso foi um elogio? Se for, obrigado. - Ela riu e disse que era. Depois, pediu para que eu não me mexesse, e respirasse normalmente. Se eu conseguia isso, né...

Então, ela encostou o estetoscópio no meu peito, perto do meu coração.

-Gelado... - Falei.

-É. - Dra. Brooks (que chique, haha) mudou a posição do trequinho gelado mais algumas vezes, e depois, colocou-o nas minhas costas.

Quando ela tirou aquele treco gelado das minhas costas, dei uma de criança de cinco anos e perguntei se podia escutar no estetoscópio. É legal fazer isso, é infantil, mas é legal =D

Ela riu e me entregou o estetoscópio, só fazendo uma exigência:

-Cuidado. Isso não é lá tão barato.

-Eu sou cuidadoso. E, se eu quebrar, compro outro sem problemas. - Falei. - Ei, minha voz está voltando!

Sorri e coloquei aquela espécie de fone do estetoscópio no ouvido. Depois, encostei o diafragma, a parte gelada no meu peito. Depois, comecei a olhar aquilo.

Era branco, me lembrava marfim. O lado sapeca meu apitou, e eu dei um peteleco mega-forte naquilo. Foi um erro. Só ouvi um "TLOOOOOOC!" muito alto, mais alto que uma buzina. Fiz uma careta muito estranha, e tirei aquilo do meu ouvido.

-A-ai... Meu ouvido... - Me lembrei de quando eu fiz um solo de bateria num estádio lotado sem meu protetor auricular (de ouvido, te impede de ficar surdo). Resultado?

Não ouvi nada por uns dois dias, e ainda fiquei doente. Mas isso não teve nada a ver com o lance do solo, nem nada relacionado à bateria.

Foi por que eu fui maluco de pegar chuva e entrar no ar-condicionado do avião. Resfriado brabo pra não atrasar o voo. Cantor sofre pra cumprir a agenda...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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